domingo, 1 de fevereiro de 2009

O Padrão (Mensagem)


O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
este padrão ao pé do areal moreno
e para deante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão signala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por fazer é só com Deus.

E ao immenso e possível oceano
Ensinam estas quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é portuguez.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.



Comentários:
Este é outro dos poemas mais conhecidos de Mensagem e tal como os seus pares (Infante, Mar Português, e Mostrengo) a linguagem é clara e quase não requer explicações.
"o mar com fim..."- o Mediterrâneo; "o mar sem fim..."- o Oceano.
"o que me há na alma (...) só encontrará, de Deus na eterna calma, o porto sempre por achar"- irei sempre mais longe porque, por mais longe que vá, haverá sempre um porto por descobrir; só descansarei (só encontrarei esse porto) depois de morrer.
palavras mantidas em ortografia antiga: deante= diante; signala= sinala (assinala); immenso= imenso; portuguez= português.

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