tag:blogger.com,1999:blog-76838623841922153442024-02-19T06:46:38.121-08:00Estudar Portuguêsos autores, o estilo, as obras, a matéria de Português para exames.... blocos de notas para alunos...Unknownnoreply@blogger.comBlogger134125tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-89697809609160064802020-06-23T17:28:00.003-07:002022-11-12T12:04:51.641-08:00Memorial do Convento<br>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPA-53SaY6JsBsxJBa0VmYFRMJgJHvNtPf9RRQuvKDdSp_dDBl3lXasGqjxCmPGB9sbwv7wqn11TDlm14560GYu1IWQI7QIFAhpd7FbnvHiC55RyJzc_jQb2J2BGRVpGmovbaDePFmWaA/s450/passarola.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="450" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPA-53SaY6JsBsxJBa0VmYFRMJgJHvNtPf9RRQuvKDdSp_dDBl3lXasGqjxCmPGB9sbwv7wqn11TDlm14560GYu1IWQI7QIFAhpd7FbnvHiC55RyJzc_jQb2J2BGRVpGmovbaDePFmWaA/s320/passarola.jpg" width="320"></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin-bottom: 18.75pt; mso-outline-level: 2; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><b><span style="color: #404041; font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O rei D. João V mandou erguer um
convento em Mafra, o Padre Bartolomeu sonha com máquinas voadoras, Blimunda e
Baltazar apaixonam-se enquanto a Inquisição faz autos de fé e o povo,
empobrecido, vive faminto. Este é um resumo do enredo de "Memorial do
Convento", uma das obras mais importante de José Saramago.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="border: 1pt none; font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; padding: 0cm;">O “Memorial do Convento” foi p</span><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">ublicado em 1982. Nele, José Saramago
cruza a História, a ficção e o fantástico, com personagens inventadas e
figuras históricas de carácter exagerado ou e<span style="border: 1pt none; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">xcêntrico como o rei
D.João V, sua consorte a princesa austríaca D. Josefa ou o Padre Bartolomeu de
Gusmão. a quem foi atribuída a invenção da passarola.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><a href="https://ensina.rtp.pt/artigo/joao-v-um-reinado-de-ouro/" target="_blank"><span style="border: 1pt none; color: blue; font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-border-alt: none windowtext 0cm; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; padding: 0cm;">D. João V</span></a><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> promete a Deus e à Igreja a
construção de um convento caso tenha um filho com D. Josefa. A rainha
engravida e o Convento é construído por vontade do rei, sacrificando o tesouro
do reino e o povo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Do povo vêm os dois personagens centrais
do “Memorial do Convento”: Bal<span style="border: 1pt none; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">tazar, um ex-militar que perdeu
uma mão na guerra, e Blimunda, que vê o interior das pessoas quando está em
jejum.</span> Conhecem-se num julgamento da Santa Igreja onde,
normalmente, os hereges eram condenados ao degredo ou à fogueira. <span style="border: 1pt none; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Os dois formam um dos pares mais extraordinários da literatura
portuguesa, e vivem uma história de amor imediato e sem reservas.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Apaixonados, vivem marginais às leis de
Deus, pois não são casados. Mesmo assim, são</span><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">abençoados por um homem da Igreja: o
padre </span><a href="https://ensina.rtp.pt/artigo/bartolomeu-de-gusmao-o-inventor-da-passarola/" target="_blank"><span style="border: 1pt none; color: blue; font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-border-alt: none windowtext 0cm; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; padding: 0cm;">Bartolomeu de Gusmão</span></a><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">, brasileiro com uma educação jesuíta, mas
liberto de convenções. Sonhador, pretende criar uma máquina voadora e
encontra em </span><a href="https://ensina.rtp.pt/artigo/baltasar-sete-sois-e-blimunda-sete-luas/" target="_blank"><span style="border: 1pt none; color: blue; font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-border-alt: none windowtext 0cm; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; padding: 0cm;">Blimunda e Baltazar</span></a><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">, eco para os seus sonhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin: 15pt 0cm 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "century schoolbook", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O final do romance é trágico, como trágica foi a vida do povo anónimo,
oprimido pelo capricho do rei, pela Igreja, numa época em que a fogueira era o
castigo por decreto divino, mas fundamentalmente, por vontade dos homens.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "century schoolbook", serif;">A ação deste romance publicado pela
primeira vez em 1982, desenvolve-se no Portugal de D. João V, em pleno
barroco e sob a égide do </span><a href="https://ensina.rtp.pt/artigo/fim-da-inquisicao-em-portugal/" target="_blank" title="Fim da Inquisição em Portugal"><span style="color: black; font-family: "century schoolbook", serif; text-decoration-line: none;">Santo Ofício</span></a><span style="font-family: "century schoolbook", serif;">. O livro abre com a história deste rei
que tenta com vigor fecundar a rainha que não ama porque precisa de um
herdeiro. A narrativa depressa troca o mundo da nobreza pelas tragédias reais
do povo. No meio da multidão, escolhe um homem que perdeu uma mão na Guerra de
Sucessão, e uma mulher que tem o dom miraculoso de ver o que não se vê. <o:p></o:p></span></p>
<p style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "century schoolbook", serif;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Resumo</span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo I</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Já há dois anos que D. João V está casado com D. Maria e até agora ela
ainda não engravidou. A rainha reza novenas e, duas vezes por semana, recebe o
rei nos seus aposentos. Quando ambos se casaram, o rei dormia com a rainha
todos os dias, mas devido ao cobertor de penas que ela trouxe da Áustria e
porque com o passar do tempo, os odores de ambos faziam com que o cobertor
ficasse com um cheiro insuportável, o rei deixou de dormir com a rainha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">El-rei está a montar em puzzle a Basílica de S. Pedro de Roma para se
distrair e porque gosta. Mas a rainha está á espera do rei para que ele cumpra
o seu dever conjugal. E para os aposentos da rainha o rei se dirige, mas
entretanto chegou ao castelo D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor, e traz consigo
um franciscano velho. Afirma o bispo que o frei António de S. José assegurou
que se o rei se dignasse a construir um convento em Mafra, teria descendência.
Enquanto isso, a rainha conversa com a marquesa de Unhão, rezam jaculatórias e
proferem nomes de santos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Após a saída do bispo e do frei, o rei anuncia-se e, consumado o acto, D.
Maria tem que "guardar o choco", a conselho dos médicos e murmura
orações, pedindo ao menos um filho que seja. D. Maria sonha com o infante D.
Francisco, seu cunhado e dorme em paz, adormecida, invisível sob a montanha de
penas, enquanto os percevejos começam a sair das fendas, dos refegos, e se
deixam cair do alto dossel, assim tornando mais rápida a viagem. D João também
sonhará esta noite, nos seus aposentos. Sonhará com o filho que poderá advir da
promessa da construção do convento de Mafra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo II</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Se a concepção da rainha ocorresse, seria vista como mais um entre os
vários milagres tradicionalmente relacionados à ordem de São Francisco. Diz-se,
por exemplo, que um tal frei Miguel da Anunciação, mesmo depois de morto,
conservara o seu corpo intacto durante dias, atraindo, desde então, uma grande
quantidade de devotos para a sua igreja. Noutra ocasião, a imagem de Santo
António, que vigiava uma igreja franciscana, locomovera-se até à janela, onde
ladrões tentavam entrar, pregando-lhes assim um grande susto. Este caíra ao
chão, tendo sido socorrido por fiéis, onde acabou por se recuperar. Outro caso,
é o do furto de três lâmpadas de prata do convento de S. Francisco de Xabregas
no qual entraram gatunos pela clarabóia e, passando junto à capela de Santo
António, nada ali roubaram. Entrando na igreja, os frades deram com ele às
escuras, e verificaram que não era o azeite que faltava, mas as lâmpadas que
haviam sido levadas; os religiosos ainda puderam ver as correntes de onde
pendiam as lâmpadas se balançando e saíram em patrulhas pelas estradas, atrás
dos ladrões. E então, desconfiados de que os ladrões pudessem estar ainda
escondidos na igreja, deram a volta, percorreram-na e só então, viram que no
altar de Santo António, rico em prata, nada havia sido mexido. O frade,
inflamado pelo zelo, culpou Santo António por ter deixado ali passar alguém,
sem que nada lhe tirasse, e ir roubar ao altar-mor: O frade deixou que o Menino
"como fiador", até que o santo se dignasse a devolver as lâmpadas.
Dormiram os frades, alguns temerosos que o santo se desforrasse do insulto...
Na manhã seguinte, apareceu na portaria do convento um estudante que, querendo
falar ao prelado (bispo), revelou estarem as lâmpadas no Mosteiro da Cotovia,
dos padres da Companhia de Jesus. Desta forma, faz-nos desconfiar que o tal
estudante, apesar de querer ser padre, fora o autor do furto e que,
arrependido, deixara lá as lâmpadas, por não ter coragem de as devolver
pessoalmente. Voltaram as lâmpadas a S. Francisco de Xabregas, e o responsável
não foi descoberto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><br>
De referir, que o narrador volta ao caso do frei António de S. José, e faz-nos
de novo desconfiar de que o frei, através do confessor de D. Maria Ana, tinha
sabido da gravidez da rainha muito antes do rei.<br>
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br>
<!--[endif]--></span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo III</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Passado o "Entrudo", como de costume, durante a Quaresma as ruas
encheram-se de gente que fazia cada uma as suas penitências. Segundo a
tradição, a Quaresma era a única época em que as mulheres podiam percorrer as
igrejas sozinhas e assim gozar de uma rara liberdade que lhes permitia até
mesmo encontrarem-se com os seus amantes secretos. Porém, D. Maria Ana não
podia gozar dessas liberdades pois, além de ser rainha, agora estava grávida.
Assim, tendo ido para a cama cedo, consolou-se em sonhar outra vez com D.
Francisco, seu cunhado. Passada a Quaresma, todas as mulheres retornaram para a
reclusão das suas casas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><br>
<b>Capítulo IV</b><br>
Baltasar regressa a Lisboa, vindo da guerra, onde perdeu a mão esquerda numa
batalha contra Espanha, para decidir a quem pertencia o trono espanhol. Ao
voltar a Lisboa traz consigo os ferros que mandara fazer para substituir a mão
que perdera na guerra. A caminho de Lisboa Baltasar mata um homem de dois que o
tentaram assaltar. Não sabia se ficaria em Lisboa ou se seguiria para Mafra
onde estavam os seus pais, enquanto não se decide vagueia pelas ruas da
capital, onde conhece João Elvas, que também fora soldado, com quem passa a
noite junto de outros mendigos num telheiro abandonado. Antes de dormirem todos
contaram histórias de assassinatos e mortes que ocorreram na cidade, as quais
compararam com mortes que alguns presenciaram na guerra.<br>
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br>
<!--[endif]--></span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo V</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">D. Maria Ana está de luto pela morte do seu irmão José, imperador da
Áustria. Apesar de o rei ter declarado luto, a cidade está alegre, pois vai
haver um auto-de-fé. É domingo e os moradores gostam de ver as torturas
impostas aos condenados. O rei não irá participar na festa mas jantará na
inquisição juntamente com os irmãos, infantes e a rainha. Mesa recheada de
comida, o rei não bebe, dando o exemplo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Nas ruas o povo furioso grita impropérios aos condenados e as mulheres nas
varandas guincham dizendo que a procissão é uma serpente enorme. Entre este mar
de gente encontra-se Sebastiana Maria de Jesus, mãe de Blimunda, procurando sua
filha. Sebastiana imaginava que Blimunda estaria também condenada a degredo.
Acaba por ver a filha entre as pessoas que acompanham o auto, mas sabe que ela
não poderá falar-lhe, sob pena de condenação. Blimunda acompanha o padre
Bartolomeu Lourenço. Perto dela está um homem, Baltasar Mateus, o Sete-Sóis, a
quem ela se dirige e cujo nome procura saber. Voltando a sua casa, Blimunda
leva consigo o padre e deixa a porta aberta para que o recém conhecido também
possa entrar. Jantaram... Antes de sair o padre deitou a bênção em tudo o que
cercava o casal. Blimunda convida Baltasar para que fique morando na sua casa,
pelo menos até que ele tivesse que voltar a Mafra. Deitaram-se, Blimunda era
virgem e entrega-se a ele. Com o sangue escorrido ela desenhou uma cruz no
peito de Baltasar. No dia seguinte, ao acordar, Blimunda, sem abrir os olhos,
come um pedaço de pão e promete a Baltasar que nunca o olharia "por
dentro".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo VI</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Este capítulo começa com Baltasar Sete-Sóis a realçar a importância do pão
para os portugueses e o facto dos estrangeiros que vivem em Portugal estarem
fartos de comer pão. Assim eles produziram e trouxeram dos seus países os seus
alimentos e vendiam-nos muito mais caros sendo difícil aos portugueses
comprarem-nos. Depois Baltasar conta a história caricata de uma frota francesa;
quando ela chegou a Portugal, os portugueses pensavam que vinha invadir o nosso
país, afinal tratava-se de um carregamento de bacalhau.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">No decorrer do capítulo Baltasar fala com o padre Bartolomeu Lourenço,
Bartolomeu diz sonhar que um dia conseguirá voar e disse a Baltasar que o Homem
primeiro tropeça, depois anda, depois corre e um dia voará. Baltasar dá a sua
opinião argumentando que para o homem voar terá que nascer com asas. O padre
Bartolomeu alerta Baltasar para o facto de ser um pecado ele dormir com
Blimunda sem serem casados. Depois Baltasar e Bartolomeu vão para S. Sebastião
da Pedreira para verem a máquina que Bartolomeu inventou para um dia poder voar
e à qual chamou passarola. Quando chegaram, Bartolomeu mostrou o desenho da
passarola a Baltasar explicando-lhe como é que tencionava fazê-Ia voar. Após a
explicação, Bartolomeu pede-lhe para o ajudar na construção da passarola.
Inicialmente Baltasar mostra-se receoso em aceitar a proposta, mas depois de
Bartolomeu dizer que o facto de Baltasar ser maneta não tem importância, então
este aceita o desafio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo VII</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">No início deste capítulo a falta de dinheiro é o grande obstáculo que
Baltasar tem de ultrapassar para começar a construção da passarola. Então
Baltasar começa a trabalhar para ganhar o dinheiro necessário para poderem
realizar o seu sonho, fazer a passarola voar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">No decorrer deste capítulo o narrador relata os assaltos que os portugueses
sofreram durante as suas viagens marítimas. Fala também sobre a gravidez de D.
Maria Ana que teve uma menina, embora D. João quisesse um rapaz; mas o mais
importante é que a menina nasceu saudável. Na altura do nascimento a seca que
durava há oito meses acabou, vindo assim muita chuva. Mais à frente o narrador
narra o baptizado da princesa, a quem chamaram Maria Xavier Francisca Leonor
Bárbara e no fim deste capítulo anuncia a morte de Frei António de S. José.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo VIII</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar e Blimunda estão a dormir na sua cama. Entretanto Blimunda acorda,
e estende a mão para o saquitel onde costuma guardar o pão, mas apenas acha o
lugar; então procura por baixo do travesseiro e no chão, no entanto Baltasar
diz-lhe para não procurar mais, porque não irá encontrar o pão. Blimunda com os
olhos fechados, tapando-os com as mãos, implora a Baltasar para que lhe de o
pão, mas este só lhe dará o pão depois de Blimunda lhe contar que segredos
esconde. Esta tenta sair da cama mas Baltasar não deixa, e acaba por haver um
conflito entre eles e ele acaba por lhe dar o pão. Passados uns breves momentos
após Blimunda ter comido o pão virou-se para Baltasar e diz-lhe: "Eu posso
ver as pessoas por dentro, mas só o faço quando estou em jejum e promete nunca
ver Baltasar por dentro. Ele não acredita. Então ela diz a Baltasar que lhe irá
provar, que no dia seguinte quando acordassem iriam os dois à rua e ele iria
atrás para que Blimunda não o pudesse ver, e Blimunda iria à frente de olhos
fechados e que lhe diria o que veria por dentro das pessoas, o que estaria no
interior da terra, por baixo da pele e até por baixo das roupas, mas tudo isto
acabaria quando o quarto da lua mudasse. E assim foi... Entretanto nasceu o
infante D. Pedro, segundo filho dos reis D. João e D. Maria Ana Josefa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo IX</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar e Blimunda mudam-se para a quinta do Duque de Aveiro, em S.
Sebastião da Pedreira, para trabalhar na construção da máquina de voar do Padre
Bartolomeu Lourenço. Apesar de não ter a mão esquerda, Baltasar tem a ajuda de
Blimunda, uma mulher vidente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">El-rei que ainda gosta de brinquedos protege o padre da Inquisição. Este
decide partir para a Holanda, terra de muitos sábios sobre alquimia e éter,
elemento que faz com que os corpos se libertem do peso da terra.<br>
<br>
Nesta altura as freiras de Santa Mónica manifestam-se contra a ordem de D. João
V de que elas só podem falar com familiares.<br>
<br>
O padre abençoou o soldado e a vidente, despediu-se e partiu, deixando a quinta
e a máquina de voar ao cuidado deles. Antes de partir para Mafra, o par decide
não ir ao auto-de-fé e vão assistir às touradas, que é um bom divertimento. As
touradas é como assar o touro em vida, tortura-se o touro enquanto o público
aplaude a mísera morte. Cheira a carne queimada mas o povo nem nota pois está
habituado ao churrasco do auto-de-fé.<br>
<br>
Na madrugada seguinte Baltasar e Blimunda partem para Mafra com uma trouxa e
alguma comida.<br>
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br>
<!--[endif]--></span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo X</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar e Blimunda chegam a Mafra a casa dos pais de Baltasar, mas só
encontram sua mãe em casa; o pai foi trabalhar. Sua mãe fica chocada por ver
seu filho e ver que tinha perdido a mão. Blimunda fica entre portas a espera
que seu marido chame para conhecer a sua nova família. Ela entra e fica a falar
um pouco com sua sogra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">No fim do dia chega o seu pai João Francisco e conversam sobre o que tinha
acontecido na guerra. Blimunda fala um pouco sobre a sua família e a uma dada
altura diz que sua mãe foi degredada porque a tinham denunciado ao Santo
Oficio. O pai de Baltasar fica preocupado, porque pensa que ela é judia ou
cristã nova, mas Baltasar diz ao seu pai que sua sogra tinha sido degredada por
ter visões e ouvir vozes, diz ainda que pretendem ficar em Mafra e que estão a
pensar em comprar casa. Seu pai conta-lhe que vendeu as terras que tinha na
vela, ao rei, porque queria construir um convento de frades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">João e Sete-Sois foram à salgadeira e tiraram um bocado de toucinho, que
dividiram em quatro tiras e colocaram uma em cada fatia de pão e distribuíram
por todos. Ficam a olhar Blimunda para verem se ela come a sua fatia, seu pai
já podia tirar sua dúvida se ela era ou não judia, mas ela come-a e assim o
sogro fica mais descansado. Baltasar diz a seu pai que precisa de arranjar um
emprego para si e para sua mulher, todos ficaram com dúvidas se ele conseguiria
arranjar trabalho devido à mão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">No outro dia, conheceram a nova parente, Inês e seu marido que falaram
sobre a morte do filho do el-rei e do seu filho que está doente. Baltasar
caminha sobre as terras da vela e relembra os momentos que ali passou, encontra
o seu cunhado e conversa sobre o convento que ali se construirá, e sobre os
frades que irão vir viver para ali. Ao chegar a casa encontra sua mãe a falar
com sua mulher sobre a rainha que agora visita muitas igrejas e muitos
conventos onde reza pelo seu marido que está muito doente. D. Maria fica em
Lisboa a rezar enquanto seu marido se acaba de curar naqueles campos de
Azeitão, onde os franciscanos da Arrábida estão a assistir. O infante D.
Francisco sozinho em Lisboa tenta fazer a corte a sua cunhada deitando contas à
morte do rei. D. Maria diz-lhe que seu marido ainda não morreu e que não pensa
em se casar de novo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XI</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O padre Bartolomeu regressou da Holanda, não sabemos se trouxe ou não os
segredos que buscava. Foi à Quinta de S. Sebastião da Pedreira; três anos
inteiros haviam se passado e tudo estava abandonado, o material que trabalhara
disperso pelo chão, "ninguém adivinharia o que ali andar
perpetrando." O padre vê rastos de Baltasar, mas não vê os de Blimunda e
julga que ela morrera.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Depois, parte para Coimbra, não sem antes passar por Mafra, onde vai ver os
homens que iniciam o trabalho do Convento. Procurou por Baltasar e Blimunda,
junto do pároco que informa que os casara em Lisboa. Blimunda veio abrir a
porta e reconheceu-o pelo vulto, quando desmontava. Beijou-lhe a mão. Marta
Maria estranhou que a sua nora fosse abrir a porta a quem não batesse ainda.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Mais tarde, chegam Baltasar e o pai e aquele, por convivência com Blimunda,
ao ver a mula adivinha tratar-se do padre. Marta Maria, que já desconfiava ter
uma "nascida" (tumor) no ventre, lamenta nada ter a oferecer ao
padre, nem comida, nem abrigo para passar a noite. O padre Bartolomeu dorme na
casa do pároco e, pela madrugada, chegam Blimunda e Baltasar. Ela sem comer.
Bartolomeu ama-os, eles sabem; Baltasar pergunta se o éter é a alma e o padre
diz que não, que é da vontade dos vivos que ele se compõe. Blimunda espantou-se
e o padre pediu que ela o olhasse por dentro. Ela viu uma nuvem escura, à
altura do estômago. Era da vontade, diferente da alma, o que faria voar a
passarola. Bartolomeu montou na mula, disse que ia a Coimbra e que, quando
voltasse a Lisboa, mandaria avisar os dois para que lá estivessem. Baltasar
ofereceu o pão a Blimunda, mas ela pediu, primeiro, para ver a vontade dos
homens que trabalhavam no convento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XII</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O filho mais velho de Inês Antónia e Álvaro Diogo morreu há três meses de
bexigas; Álvaro tem a promessa de conseguir emprego na construção do convento;
Marta Maria sofre de dores terríveis no ventre. João Francisco está infeliz
porque o filho partirá novamente para Lisboa, e o convento dará trabalho a
muitos homens. Blimunda foi à missa em jejum e viu que dentro da hóstia também
havia a tal nuvem fechada, vontade dos homens...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O padre Bartolomeu de Gusmão escreve de Coimbra e diz ter chegado bem, mas
agora viera uma nova carta para que seguissem para Lisboa "tão cedo
pudessem". Partiram em dois meses, porque o rei vinha a Mafra inaugurar a
obra do convento. Sete-Sóis e Blimunda conseguiram lugar na igreja. No dia
seguinte formou-se a procissão, o rei apareceu. A pedra principal foi benzida;
foi tanta a pompa que gastaram-se nisso duzentos miI cruzados. Partiram
Baltasar e Blimunda para Lisboa. A mãe Marta Maria despede-se do filho dizendo
que não o tornará a ver. Blimunda e Sete-Sóis dormem na estrada: Por fim
chegaram à quinta onde esperariam o padre voador. Mal chegaram, choveu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XIII</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Os arames e os ferros enferrujaram-se e os panos da passarola cobrem-se de
mofo; o vime, ressequido, destrança-se. Baltasar experimenta os ferros, tudo
perdido, é melhor começar outra vez. Enquanto o padre não chega, constrói-se a
forja, vão a um ferreiro e vêem como se faz o fole.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Quando Bartolomeu de Gusmão chegou e viu o fole pronto, peça por peça
desenhada e feita por Sete-Sóis, ficou contente e disse; "Um dia voarão os
filhos do homem." Encomendou a Blimunda duas mil vontades dos homens e
mulheres que morreriam a fim de que, junto com âmbar e imãs, pudessem fazer
subir a nau que construíam. O padre distribui tarefas, indica a Sete-Sóis onde
comprar ferro, vime e peles para os foles, pede segredo absoluto de tudo o que
estão a fazer. Trabalham na passarola quase um ano inteiro, procissões passam
em delírio pelas ruas, povo misturado ao clero, clero misturado aos nobres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XIV</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O padre Bartolomeu Lourenço voltou a Coimbra já doutor em cânones, e agora
pode ser visto na casa de uma viúva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">D. João manda vir da Itália o maestro barroco Domenico Scarlatti, a fim de
dar lições de música à sua filha, a infanta D. Maria Bárbara. Scarlatti e
Bartolomeu tornam-se amigos, partilhando as mesmas ideias e sonhos. Confiante
em Scarlatti, o padre leva-o a S. Sebastião da Pedreira e apresenta os amigos e
a passarola a Scarlatti. Blimunda chega da horta trazendo "brincos de
cereja", a fim de brincar com Baltasar. Quando os viu, o músico pensou:
Vénus e Vulcano... O padre diz a Scarlatti que ele e Baltasar têm ambos 35 anos
e que não poderiam ser pai e filho. Mas poderiam ser irmãos, portanto, desde o
começo da história, o tempo que se passou pode ser contado, nove anos. Mostrada
a passarola por dentro, retira-se Scarlatti, mas promete voltar e trazer o cravo,
que tocará enquanto Blimunda e Baltasar trabalham. O padre lá permaneceu, onde
treinou o seu sermão para que os dois ouvissem. Discutem sobre Deus uno, trino.
Blimunda adormeceu com a cabeça apoiada no ombro de Baltasar. Um pouco mais
tarde ele levou-a para dormir. O padre saiu para o pátio, e toda a noite ali
permaneceu, tomado por tentações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XV</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Scarlatti voltou muitas vezes à quinta e pedia que não parassem o trabalho;
ali, em meio aos ruídos e grandes barulhos, confusão, tocava o cravo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Há um surto de varíola em Lisboa, oriundo de uma nau vinda do Brasil. O
padre pede à Blimunda que vá à cidade e recolha as vontades das pessoas. É
assim que ela, em jejum, durante um dia inteiro se põe a recolher tais
vontades. Um mês depois, são mais de mil vontades presas ao frasco em que
Blimunda as recolhia. E quando a epidemia terminou, ela tinha aprisionado duas
mil vontades. Foi então que caiu doente. Nada a curava da extrema magreza; mas
um dia, Scarlatti pôs-se a tocar e ela abriu os olhos e chorou. O maestro veio,
então, todos os dias, quer fizesse chuva ou sol; e a saúde de Blimunda voltou
depressa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Um dia, Baltasar e Blimunda vão a Lisboa e encontram Bartolomeu doente,
magro e pálido. Parecia ter medo de algo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XVI</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Neste capítulo, comenta-se fortemente a governação do reino, criticando a
maneira de se fazer justiça, onde o poder e a riqueza se sobrepõem sempre
àqueles que nada têm nem podem... Até mesmo o destino, se calhar, foi injusto
ao deixar morrer afogado o Infante D. Miguel, poupando a vida ao seu irmão o
Infante D. Francisco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Entretanto, criada pelo Padre Bartolomeu Lourenço, a passarola, a máquina
de voar, está pronta. Em S. Sebastião da Pedreira, Baltasar e Blimunda, têm de
deixar a quinta que foi perdida por El-rei para o Duque de Aveiro. O Padre
Bartolomeu Lourenço, aguarda a vinda de El-rei para provar a máquina e quer
dividir a glória e a fama do seu invento com Blimunda e Baltasar. Porém o Padre
anda agitado e receoso de que o acusem de feiticeiro e judeu, embora conte com
o apoio de El-rei.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O tempo passa, El-rei não chega; já é Outono e a máquina necessita de sol
para se erguer do chão! Certo dia, eis que o Padre Bartolomeu Lourenço chega
pálido e assustado dizendo que tinha de fugir, pois o Santo Ofício já andava à
sua procura para o prender! Apontou a passarola e disse que iriam fugir nela!
Depois de preparada pedem ajuda ao Anjo Custódio para aquela
"viagem"... e partiram pelos ares sacudidos pelos ventos até onde o
destino os quis levar. Passam por momentos de medo, euforia, deslumbramento e
felicidade, considerando-se loucos. Lá do alto avistam Lisboa, o Terreiro do
Paço, as ruas, etc... Nesta altura procuram o padre para o prender e percebem
que este fugiu. A noite chega, sem sol a máquina começa a perder altitude...
Estão assustados. O Padre Bartolomeu Lourenço, resignado, espera o fim mas
Blimunda como que inspirada, consegue controlar a máquina com a ajuda de
Baltasar e evitam o pior. Uma vez em terra firme, deixam-se escorregar para
fora e consideram um milagre terem-se salvo sem qualquer ferimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Não sabem onde estão. O Padre acha que vão encontrá-los e que morrerão.
Blimunda e Baltasar, confiantes, acreditam que se se salvaram daquele perigo,
salvar-se-ão dos próximos, e estão prontos para fazer a máquina voar no dia
seguinte. Cansados e depois de comerem algo, adormecem, Blimunda e Baltasar. O
Padre está doente, tenta pegar lume na passarola mas os dois não o permitem.
Afasta-se para umas moitas e nunca mais é visto. Baltasar vai procurá-lo, mas
em vão. Cobriram a máquina de ramos e folhas para impedi-la de voar. Na manhã
seguinte, desceram pelo mesmo sítio onde o Padre desaparecera sem deixar rasto,
mas nem sombra dele. E lá partiram os dois. Ao fim de dois dias chegam a Mafra,
onde havia uma Procissão na rua que dava graças a Deus por haver mandado voar
sobre as obras da Basílica o seu Espírito Santo!...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><br>
<b>Capítulo XVII</b></span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Numa altura em que se passam tantos prodígios, Blimunda e Sete-Sóis têm que
guardar segredo porque se assim não fosse algo lhes aconteceria. Na casa dos
pais de Baltasar, o par estava infeliz pela perda da mãe, mas Inês Antónia
contou-lhes maravilhada os benefícios do Espírito Santo. No dia seguinte
Baltasar saiu de casa com o cunhado à procura de emprego na obra de construção
do convento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A Mafra chegaram notícias que tinha ocorrido um pequeno terramoto em Lisboa
derrubando beirais e chaminés. Passados mais de dois meses, Baltasar e Blimunda
foram viver para Mafra. Baltasar fez uma jornada e foi ver que a máquina de
voar estava no mesmo sítio, na mesma posição, descaída para um lado e apoiada
na asa debaixo de uma cobertura de ramagens já secas. Dois meses mais tarde,
Blimunda vem esperá-lo ao caminho e conta-lhe que Scarlatti está na casa do
Visconde. Scarlatti tinha feito um pedido ao rei para poder visitar as obras do
convento e o Visconde hospedara-o, apesar de não gostar de música.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Scarlatti disse a Baltasar que o padre Bartolomeu teria morrido em Toledo
para onde tinha fugido e como não falavam de Baltasar nem Blimunda resolveu vir
a Mafra verificar se estavam vivos. Nessa noite soube-se que quando a máquina
caiu o padre havia fugido e nunca mais voltara. No dia seguinte Scarlatti
partiu para Lisboa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XVIII</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">D. João V estava sentado numa cadeira escrevendo os seus bens e riquezas no
rol. El-rei meditou acerca do que iria fazer às tão grandes somas de dinheiro,
chegando à conclusão que a alma seria a primeira atenção, mandando construir o
convento de Mafra, pagando com o ouro das suas minas e fazendas. Todos os
materiais utilizados no convento eram de qualidade. De Portugal a pedra, o
tijolo e a lenha para queimar, o arquitecto alemão, italianos mestres dos
carpinteiros e da Holanda os sinos e os carrilhões. O convento levou 8 anos a
ser construído.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda, Inês Antónia, Álvaro Diogo e o filho esperavam Baltasar, para
jantarem com o velho João Francisco que mal mexe as suas pernas. Acabado o
jantar Álvaro Diogo dorme a sesta. Baltasar bebe desde que soube da morte do
padre Bartolomeu Lourenço e da sua passarola, foi um choque muito grande.
Baltasar e seus amigos conversam acerca das suas vidas e falam de como eram as
suas vidas antes de trabalharem em Mafra. Baltasar tem 40 anos, sua mãe já
morreu e seu pai mal pode andar. Esteve na guerra e aí perdeu a sua mão,
voltando a Mafra mais tarde. Sete Sois comenta que nem sabe se perdeu a sua mão
na guerra ou se foi o Sol que a queimou, porque afirma que subiu uma serra tão
alta que quando estendeu a mão tocou no Sol e queimou-o. Seus colegas
comentaram que era impossível visto que só tocaria no Sol 'Se voasse como os
pássaros, ou então seria bruxo. Baltasar nega dizendo que não é bruxo e também
diz que ninguém o ouviu dizer que voou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XIX</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Durante muito tempo Baltasar puxou e empurrou carros de mão e um dia, com a
ajuda de João Pequeno, puxou uma junta de bois, fazendo companhia ao seu amigo
corcunda.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Houve notícia que era preciso ir a Pêro Pinheiro buscar uma pedra muito
grande que lá estava. Construíram lá um carro para carregar a pedra, como se
fosse uma nau da Índia com calhas. Foram para lá 400 bois e mais de vinte
carros. Ao amanhecer os homens partiram para cumprir 3 léguas até onde estava a
pedra. Diziam que nunca tinham visto uma coisa como aquelas. Escavaram junto à
pedra de forma a levá-la inteira para Mafra. A pedra vinha puxada a braços e
Baltasar viu, num átimo de segundo, sangue e viu que um dos homens se ferira.
No primeiro dia não andaram mais de 500 passos. No segundo dia foi pior porque
o caminho era a descer e foi preciso meter calços nos carros. Um homem chamado Francisco
Marques morreu atropelado por um carro, a roda passou-lhe sobre o ventre,
quando chegou ao fundo do vale, o carro que transportava a pedra desandou
atingindo 2 animais, a seguir tiveram que os matar. Gastaram 8 dias entre Pêro
Pinheiro e Mafra, quando chegaram parecia que tinham vindo da guerra, vinham
sujos e esfarrapados. Todos se admiraram com o tamanho da pedra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XX</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Era a sexta ou sétima vez que Baltasar se deslocava a Monte Junto para
consertar a máquina que se ia destruindo com o tempo. Mesmo protegida por mato
e silvado, as lâminas da máquina voadora ficavam enferrujadas. Baltasar
aproveitava a viagem para colher vimes, que serviam para consertar os rasgões
que encontrava no entrançado da máquina.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Chegou o dia em que Blimunda decidiu acompanhar Baltasar na viagem.
Justificando-se que gostaria de conhecer o percurso para o caso de necessitar
deslocar-se até ao local sozinha poder fazê-lo sem problemas. Puseram-se a
caminho depois das despedidas, com o burro que Baltasar arranjara para os
ajudar na longa viagem que tinham pela frente. Foram passando pelas vilas que
Blimunda ia decorando, até chegarem ao destino.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Durante o dia tentaram consertar a máquina até ao pôr-do-sol. Passaram a
noite na passarola e voltaram no dia seguinte a Mafra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Mesmo depois da longa viagem ainda não tinham passado pelo pior, pois foi à
hora do jantar, quando todos se juntaram, que morreu o pai de Baltasar, João
Francisco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XXI</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">D. João V queria construir uma basílica de S. Pedro em Lisboa, mas o
arquitecto de Mafra, que foi chamado pelo rei, João Frederico Ludwig,
aconselhou-o a não construir a basílica, porque demorava muito tempo a
construir e D. João V poderia já não estar vivo quando acontecesse a
inauguração desta. Então o rei decidiu aumentar o convento de Mafra de oitenta
para trezentos frades, e assim foi, foram chamados o tesoureiro, o mestre dos
carpinteiros, o mestre dos alvenéus, o abegão-mor e o engenheiro das minas.
Então começaram as obras, mas depois o rei decidiu que a inauguração do novo
convento seria no dia dos seus anos, que calhava num domingo, daí a dois anos;
após essa data, o seu próximo dia de anos, que calhasse num domingo só seria
daí dez anos e poderia ser muito tarde. Como dois anos seria pouco tempo para a
construção do novo convento, D. João V mandou os seus homens irem buscar outros
homens a todas as partes do país; estes eram recrutados contra a sua vontade,
como escravos, indo assim trabalhar para as obras do convento, para este estar
pronto a tempo. Alguns destes homens chegaram até a morrer com fome e perdidos
a tentar voltar para casa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XXII</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Este capítulo versa essencialmente sobre as famílias reais portuguesa e
espanhola. Desde muito cedo foram organizados casamentos entre as duas como os que
agora se vão realizar, o de Maria Vitória, espanhola, que casou com o português
José e o de Maria Bárbara, portuguesa, com o espanhol Fernando.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Maria Bárbara tem 17 anos, não é formosa nem bonita mas é boa rapariga. No
decorrer do capítulo apercebemo-nos que iremos assistir ao percurso de Maria
Bárbara e da família real até Espanha, onde ela e vai casar. Durante a viagem,
a comitiva real passa por várias cidades portuguesas e depara-se com alguns
problemas, principalmente os meteorológicos, visto a chuva tornar os caminhos
muito complicados para passar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><br>
Também podemos referir a construção de várias propriedades reais para que se
pudessem acolher durante a viagem.<br>
<br>
É de salientar que Maria Bárbara vai para Espanha sem nunca ter visitado o convento
de Mafra que estava a ser construído em sua honra (por causa do seu
nascimento).</span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XXIII</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">De Portugal todo chegam homens e são escolhidos um por um. A infanta Maria
Bárbara casa-se com Fernando de Espanha. Esta é a marca do tempo narrativo de
Saramago, ou seja os factos históricos. O noivo é dois anos mais novo que a
noiva, e ele nunca poderá vir a ser rei, porque este é o sexto na linha
sucessória. Domenico Scarlatti toca no seu cravo para a multidão de ignorantes,
por ocasião do casamento da Infanta Dona Maria Bárbara, na fronteira com a
Espanha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Aqui, neste capítulo, o narrador menciona a procissão que levará os santos
para serem colocados nos altares do convento de Mafra: S. Francisco, Santa
Teresa, Santa Clara, S. Vicente, S. Sebastião e Santa Isabel. Seguem também
para Mafra frei Manuel da Cruz e os seus noviços; trinta, e ali, quando chegam
cansados, são recebidos em triunfo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar vai para casa, o narrador anuncia-nos que ele está muito
debilitado. Depois já ceia, quando todos dormem, Baltasar pega em Blimunda e
leva-a a ver as estátuas, juntos, vêem a lua nascer enorme e vermelha. Ele
anuncia-lhe que vai ao Monte Junto na manhã seguinte, ver como está a
passarola. Ela pede-lhe para ter cuidado e ele responde que ela fique sossegada,
que o seu dia ainda não chegou. Olham os santos inertes, o que seria aquilo?
Morte, santidade ou condenação? Quando amanheceu, Blimunda levantou-se e juntou
comida para o farnel do marido que ia ao Monte e acompanhou-o até fora da vila:
"Adeus Blimunda, Adeus Baltasar", e separaram-se. Ao chegar ao lugar
onde estava a passarola, Baltasar come as sardinhas que Blimunda lhe tinha
colocado no alforge: havia tanto trabalho a fazer...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XXIV</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltazar não voltou para casa, o que fez Blimunda não dormir aquela noite.
Esperara que ele voltasse ao cair do dia, haveria os festejos da sagração da
basílica, mas ele não voltara. Em jejum, olhando as pessoas que passavam para a
festa, estava sentada numa vala e ali ficou, vendo o que os que passavam
carregavam por dentro; recebendo insultos, dizendo outros. Voltou para casa,
ceou com os cunhados e o sobrinho. Não conseguiu dormir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Não verá o rei quando ele vier a Mafra, vai esperar Baltazar pelos
caminhos, desesperadamente tentando encontrá-lo, chegou até ao Monte Junto e
encontra o alforge mas nem sinal de Baltasar nem da passarola, chora sem saber
se ele morreu ou vive. Encontra um frade que tenta violá-la e mata-o com o
espigão de Baltazar. Parte em busca do seu amado. Voltou a Mafra pensando que
se tinham desencontrado, mas ele não estava lá.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">À tardinha, chegaram Inês António e Álvaro Diogo e encontraram-na a dormir.
De manhã, ela esquece-se de comer o pão e vê-os por dentro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">D. João V faz quarenta e um anos e é 22 de Outubro de 1730. Inaugura-se o
convento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Capítulo XXV</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Durante nove anos, Blimunda andou pelos caminhos sempre à procura de
Baltazar que sabia estar. Perguntou por ele em todo o lado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Julgavam-na doida, mas ouvindo-lhe as demais sensatas palavras e acções,
ficavam indecisos se aquilo que dizia era ou não falta de juízo completo.
Passou a ser chamada de A Voadora, e sentava-se, então, às portas, ouvindo as
queixas das mulheres que lamentavam, depois, que os seus homens não tivessem
também desaparecido, para que elas pudessem, ao menos, devotar-lhes um amor tão
grande como o de Blimunda a Baltazar. E os homens, quando ela partia, ficavam
tristes inexplicavelmente tristes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Voltava aos lugares por onde passara, sempre perguntando. Seis vezes
passara por Lisboa, esta, a que vinha agora, era a sétima. Sem comer, o tempo
era chegado para ela. No Rossio, finalmente encontrou Baltazar. Havia lá um
auto-de-fé. Eram onze os condenados à fogueira; entre eles, estava António José
da Silva, o Judeu, comediógrafo autor das Guerras de Alecrim e Manjerona e
Baltasar, ela olhou-o, recolheu a sua vontade, porque ele lhe pertencia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Memorial</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">As Transgressões na obra - Transgressão do código religioso</span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sumptuosidade do convento vs a simplicidade e a humildade (essência
dos valores cristãos);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Recrutamento à força;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Construção da passarola vs a proibição de ascender a um plano
superior/divino - 4 bases de solidez do projecto: Bartolomeu, Baltasar,
Blimunda e Scarlatti;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A castidade vs as relações sexuais nos conventos ;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">As estátuas dos santos vs a santidade humana ;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Missa, espaço de vivência espiritual vs missa, espaço de namoros e de
encontros clandestinos<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A benção de Deus vs a benção dos homens;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Funeral do Infante D. Pedro, espectáculo de pompa e circunstância vs
funeral do sobrinho de Baltasar, manifestação isolada de dor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Transgressão do código sexual<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sexo ritual protocolar para procriação vs sexo, entrega permanente e
mútua de corpos e almas. Transgressão linguística<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Inversão de expressões bíblicas:</span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Jogos de palavras "os santos no oratório... não há melhor";<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Desconstrução e reconstrução das regras de pontuação;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Aforismos "Não está o homem livre... com a verdade";<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Confluência de registos de língua:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Popular "Queres tu dizer na tua que a merda é dinheiro, Não,
majestade, é o dinheiro que é merda";<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Familiar "correram o reino de ponta a ponta e não os apanharam";<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Cuidado "Tirando as expressões enfáticas esta mesma ordem já fora dada
antes (...)".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Transgressão ficcional<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A Música vence a Doença;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A história vence a História;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O espaço da ficção é o espaço da Utopia, da Liberdade Suprema;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O Sonho é a Transcendência Humana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Espaço</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Evocação de dois espaços principais determinantes no desenrolar da acção:
Mafra e Lisboa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Mafra: passa da vila velha e do antigo castelo nas proximidades da Igreja
de Santo André para a vila nova em cujas imediações se vai construir o
convento. A vila nova cria-se justamente por causa da construção do convento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Lisboa: descrevem-se vários espaços dos quais se destacam o Terreiro do
Paço, o Rossio e S. Sebastião da Pedreira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Portugal beneficiava da riqueza proveniente do ouro do Brasil. D. João V em
decreto de 26 de Novembro de 1711 autorizou que se fundasse, na vila de Mafra,
um convento dedicado a Santo António e pertencente à Província dos Capuchos
Arrábidos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Ludwig, arquitecto alemão, estava em Lisboa, em 1700, contratado como
decorador-ourives, pelos Jesuítas. Foi a ele que entregaram o projecto do
Mosteiro, destinado a albergar 300 frades. A traça do edifício terá sido
executada por volta de 1714-1715 ao passo que a igreja, avançada ate ao
zimbório, foi sagrada em 1730. Outras dependências foram construídas para além
da igreja: portaria, refeitório, enfermaria, cozinha, claustros, biblioteca.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Terreiro do Paço: local onde primeiramente trabalha Baltasar na sua chegada
a Lisboa, descrição pormenorizada e sugestiva da procissão do Corpo de Deus, em
Junho. É um espaço fulgurante de vida, com grande importância no contexto da
sociedade lisboeta da época.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Rossio: surge no início da obra, relacionado com o auto-de-fé que aí se
realiza. A reconstituição do auto-de-fé é fidedigna, a cerimónia tinha por base
as sentenças proferidas pelo Tribunal do Santo Ofício e nela figuravam não só
reconciliados, mas também relaxados, aqueles que eram entregues à justiça
secular para a execução da pena de morte. O dia da publicação do auto era
festivo, segundo se pode constatar das defesas efectuadas. A procissão
propriamente dita saía na manhã de domingo da sede do Santo Ofício e percorria
a cidade de Lisboa antes de chegar ao local da leitura das sentenças, numa das
praças centrais. À frente seguiam os frades de S. Domingos com o pendão da
Inquisição. Atrás destes os penitentes por ordem de gravidade das culpas, cada um
ladeado por dois guardas. Depois, os condenados à morte, acompanhados por
frades, seguidos das estátuas dos que iam ser queimados em efígie. Finalmente
os altos dignitários da Inquisição, precedendo o Inquisidor-Geral. A sorte dos
réus vinha estampada nos sambenitos (hábito em forma de saco, de baeta amarela
e vermelha que se vestia aos penitentes dos autos-de-fé) para que a compacta
multidão que se aglomerava soubesse o destino dos condenados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">S. Sebastião da Pedreira: local mágico ao qual só acedem o padre,
Bartolomeu Lourenço, o Voador, Baltasar e Blimunda. É lá que se encontra a
máquina voadora que está a ser construída em simultâneo com o Convento de
Mafra. A passarola insere-se na narrativa como um mito, do qual o homem depende
para viver, mito proibido mas que se evidenciará e se deixará ver pelo voo
espectacular que se realizará, mostrando que ao homem nada é impossível e que a
vida é uma grande aventura. S. Sebastião da Pedreira era, àquele tempo, um
espaço rural, onde não faltavam fontes, terras de olival, burros, noras, e onde
se situava a quinta abandonada. Ali irão as personagens, variadíssimas vezes e
pelas razões mais diversas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Personagens</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">D. João V:</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> proclamado rei a 1 de Janeiro de 1707, casou, no ano seguinte, com a
princesa Maria Ana de Aústria e vive um dos mais longos reinados da nossa
história. Surge na obra só pela sua promessa de erguer um convento se tivesse
um filho varão do seu casamento. O casal real cumpre, no início da obra, com
artificialismo, os rituais de acasalamento. O autor escreverá o memorial para
resgatar o papel dos oprimidos que o construíram. Rei e rainha são
representantes do poder, da ordem e da repressão absolutista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar e Blimunda:</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> são o casal que, simbolicamente, guardará os
segredos dos infelizes, dos humilhados, dos condenados, enfim, dos oprimidos.
Conhecem-se durante um auto-de-fé, levado a cabo pela Inquisição, o de 26 de
Julho de 1711 e não mais deixam de se amar. Vivem um amor sem regras, natural e
instintivo, entregando-se a jogos eróticos. A plenitude do amor é sentida no
momento em que se amam e a procriação não é sonho que os atormente como sucede
com os reis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda:</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> com poderes que a tornavam conhecedora dos outros nos seus bens e nos
seus males, recusando-se, no entanto, a olhar Baltasar por dentro. Vai ser ela
quem, com Baltasar, guardará a passarola quando o padre Bartolomeu vai para
Espanha onde, afinal, acabará por morrer. Ela e Baltasar sentir-se-ão obrigados
a guardá-la como sua, quando, após uma aventura voadora, conseguira aterrar na
serra do Barregudo, não longe de Monte Junto, perdido o rasto do padre que
desaparecera como fumo. Quando voltaram a Mafra, dois dias depois, todos
achavam que tinha voado sobre as obras da basílica o Espírito Santo e fizeram
uma procissão de agradecimento. Começaram a voltar ao local onde a passarola
dormia para cuidar dela, remendá-la, compô-la e limpá-la.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Um dia Baltasar foi verificar os efeitos do tempo na passarola mas Blimunda
não o acompanhou e ele não voltou. Procurou-o durante 9 anos, infeliz de
saudade, na sua sétima passagem por Lisboa encontrou-o entre os supliciados da
Inquisição, a arder numa das fogueiras, disse-lhe "Vem" e a vontade
dele não subiu para as estrelas pois pertencia à terra e a Blimunda.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Povo:</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> todos os anónimos que construíram a História são representados
através daqueles a quem o autor dá nome: Alcino, Brás, Nicanor, etc.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Padre Bartolomeu de Gusmão:</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> tem por alcunha O Voador, gosto
pelas viagens, estrangeirado, a ciência era, para ele, a preocupação
verdadeiramente nobre. O rei mostra-se muito empenhado no progresso do seu
invento. A populaça troça dele, Baltasar e Blimunda serão ouvintes atentos das
suas histórias e sermões. A amizade destes dois seres, simples, enigmáticos,
mas verdadeiros protagonistas do Memorial, é tão valiosa para o padre como
necessária à representatividade da obra como símbolo de solidariedade e beleza
em dicotomia com egoísmo e poder.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu Lourenço formam um trio que vai pôr
em prática o sonho de voar. Assim, o trabalho físico e artesanal, de Baltasar,
liga-se à capacidade mágica de Blimunda e aos conhecimentos científicos do
padre. Todos partilham do entusiasmo na construção da passarola, aos quais se
junta um quarto elemento, o músico Domenico Scarlatti, que passa a tocar
enquanto os outros trabalham. O saber artístico junta-se aos outros saberes e
todos corporizam o sonho de voar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Scarlatti:</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> veio como professor do irmão de D. João V, o infante D. António, passando
depois a ser professor da infanta D. Maria Bárbara. Exerceu as funções de
mestre-de-capela e professor da casa real de 1720 a 1729, tendo escrito
inúmeras peças musicais durante esse tempo. No contexto do romance, para além
do seu contributo na construção da passarola é determinante na cura da doença
de Blimunda; durante uma semana tocou cravo para ela, até ela ter forças para
se levantar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Crítica da guerra: absurda, sacrifica homens em nome de um interesse que
lhes é completamente estranho e abandona-os à sua sorte quando doentes ou
estropiados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Narrador</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sentencia: segue ou inventa provérbios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Dialoga: com o Narrador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Manipula: as personagens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Apaga-se: face às personagens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Ironiza / Assume-se /Compromete-se.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Domina e Autolimita-se: face ao conhecimento da história.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Profetiza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Descreve: paisagens, situações, factos acontecidos (e a acontecer).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Ele é:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Antiépico;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Histórico: contrapõe-se ao discurso do poder que valoriza o empreendimento
megalómano do rei, um discurso que revela o absurdo das imposições reais, um
discurso dessacralizador do poder régio;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Religioso: o narrador incorpora referências religiosas, inclusivamente o
texto bíblico. A originalidade ressalta das marcas transgressoras do sagrado
que balançam entre o sagrado e o profano como um jogo a explorar e a partir do
qual se pretende tirar dividendos ideológicos;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Cultural: exploração da intertextualidade e da multiplicidade de discursos
referentes quer à História quer à ficção - referências a diversos outros
autores, Camões e Pessoa, por exemplo; recorrência aos jogos de palavras e de
conceitos identificadores do estilo da época a que o texto se reporta - o
estilo barroco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Amor, Sexo, Casamento e Sonho<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Relações amorosas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">A Utopia do Amor</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A Dimensão Simbólica das Personagens</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Em Memorial do Convento há dois grupos antagónicos de personagens: a classe
opressora, representada pela aristocracia e alto clero, e os oprimidos, o povo.
No primeiro grupo destaca-se a actuação do Rei, enquanto que no segundo, além
de Baltasar e Blimunda, se integram o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão,
perseguido pela Inquisição, pela modernidade do seu espírito científico, e
Domenico Scarlatti que, pela liberdade de espírito e pelo poder subversivo da
sua música, é uma figura incómoda para o Poder. É ainda importante referir que,
em Memorial do Convento, as personagens históricas convivem com as fictícias,
conduzindo à fusão entre realidade e ficção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">D. João V</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Rei de Portugal de 1706 a 1750, desempenha o papel de monarca de setecentos
que quer deixar como marca do seu reinado uma obra grandiosa e magnificente - o
Convento de Mafra. Este é construído sob o pretexto de que cumpre uma promessa
feita ao clero, classe que "santifica" e justifica o seu poder.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">É símbolo do monarca absoluto, vaidoso, megalómano, egocêntrico, e mantém
com a rainha apenas uma relação de "cumprimento do dever" e, em
alguns momentos, pretende ser um déspota esclarecido, à semelhança dos monarcas
europeus da sua época (favorece, durante algum tempo, o projecto do padre Bartolomeu
de Gusmão e contrata Domenico Scarlatti para ensinar música a sua filha, a
infanta Maria Bárbara). Dado aos prazeres da carne e a destemperos vários (teve
muitos bastardos e a sua amante favorita era a Madre Pauta do Convento de
Odivelas). Sacrificou todos os homens válidos e a riqueza do país na construção
do convento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Maria Ana Josefa</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">De origem austríaca, a rainha, surge como uma pobre mulher cuja única
missão é dar herdeiros ao rei para glória do reino e alegria de todos. É
símbolo do papel da mulher da época: submissa, simples procriadora, objecto da
vontade masculina.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar Sete-Sóis</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar Mateus, de alcunha Sete-Sóis, deixa o exército depois de ter
ficado maneta em combate contra os espanhóis, conhece Blimunda em Lisboa, e com
ela partilha a vida e os sonhos. De ex-soldado passa a açougueiro em Lisboa e,
posteriormente, integra a legião de operários das obras do convento. A sua
tarefa máxima vai ser a construção da passarola, idealizada pelo padre
Bartolomeu de Gusmão, passando a ser o garante da continuidade do projecto,
quando o padre Bartolomeu desaparece em Espanha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar acaba por se constituir como a personagem principal do romance,
sendo quase "divinizado" pela construção da passarola: "maneta é
Deus, e fez o universo. (...) Se Deus é maneta e fez o universo, este homem sem
mão pode atar a vela e o arame que hão-de voar. " (p. 69) - diz o padre
Bartolomeu a propósito do seu companheiro de sonhos. Após a morte do padre,
Baltasar ocupa-se da passarola e, um dia, num descuido, desaparece com ela nos
céus. Só é reencontrado, nove anos depois, em Lisboa, a ser queimado no último
auto-de-fé realizado em Portugal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O simbolismo desta personagem é evidente, a começar pelo seu nome: sete é
um número mágico, aponta para uma totalidade (sete dias da criação do mundo,
sete dias da semana, sete cores do arco-íris, sete pecados mortais, sete
virtudes); o Sol é o símbolo da vida, da força, do poder do conhecimento, daí
que a morte de Baltasar no fogo da Inquisição signifique, também, o regresso às
trevas, a negação do progresso. Baltasar transcende, então, a imagem do povo
oprimido e espezinhado, sendo o seu percurso marcado por uma aura de magia,
presente na relação amorosa com Blimunda, na afinidade de "saberes"
com o padre Bartolomeu e no trabalho de construção da passarola.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar é uma das personagens mais bem conseguidas de todo o romance
porque descrever a ambição de um rei, as intrigas duns frades e a loucura de um
cientista é relativamente fácil, mas escolher uma personagem do povo, maneta e
vagabunda, que aparentemente não tem muito para dizer e convertê-la no fio
condutor da narrativa e no protagonista duma das mais belas e sentidas
histórias de amor, é algo que só conseguem autores como Cervantes, que de um
criado como Sancho Pança criou um arquétipo e um digno "antagonista"
de Dom Quixote.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar é um homem simples, elementar, fiel, terno e maneta, que confina a
capacidade de surpresa com a resignação típica das pessoas humildes de coração
e de condição. Aceita a vida que lhe foi dado viver e a mulher que o destino
lhe ofereceu, sem assombro nem protestos; acata as suas circunstâncias e não
tem medo nem do trabalho nem da morte. Não é um herói nem um anti-herói, é
simplesmente um homem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda de Jesus<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda de Jesus é "baptizada" de Sete-Luas pelo padre
Bartolomeu de Gusmão ("Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, (...)
Blimunda, que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo
Sete-Luas, e bem baptizada estava, que o baptismo foi de padre, não alcunha de
qualquer um" - pág. 94).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Conhece Baltasar quando assiste à partida de sua mãe, acusada de feitiçaria,
para o degredo. Logo os dois se apaixonam, e este amor puro e verdadeiro foge
às convenções, subvertendo a moral tradicional e entrando no domínio do
maravilhoso - cf. primeira noite de amor (pp. 56-57).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda tem um dom: vê o interior das pessoas quando está em jejum, herdou
da mãe um "outro saber" e integra-se no projecto da passarola,
porque, para o engenho voar, era preciso "prender" vontades, coisa
que só Blimunda, com o seu poder mágico, era capaz de fazer. Blimunda é, simultaneamente,
uma personagem que releva o domínio do maravilhoso, pelo dom que tem de ver
"o interior" das pessoas (poder que nunca exerce sobre Baltasar:
"Nunca te olharei por dentro" - p. 57), porque amar alguém é
aceitá-lo sem reservas. Blimunda encerra uma dimensão trágica na vivência da
morte de Baltasar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Simbolicamente, o nome da personagem acaba por funcionar como uma espécie
de reverso do de Baltasar. Para além da presença do sete, Sol e Lua
completam-se: são a luz e a sombra que compõem o dia - Baltasar e Blimunda são,
pelo amor que os une, um só. A relação entre os dois é também subversiva,
porque não existe casamento oficial e porque os dois têm os mesmos direitos,
facto inverosímil em pleno século XVIII.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Como outras personagens femininas de Saramago, também Blimunda tem uma
grande firmeza interior, uma forma de oferecer-se em silêncio e de aceitar a
vida e os seus desígnios sem orgulho nem submissão, com a naturalidade de quem
sabe onde está e para quê.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 7.5pt;">Glória Hervás Fernandez, in Uma leitura espanhola de Memorial do Convento
de José Saramago, in revista Palavras, n.º 21, Primavera de 2002.</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O padre Bartolomeu, personagem real da História, forma com Baltasar e
Blimunda o núcleo mágico e trágico do romance. Vive com uma obsessão, construir
a máquina de voar, o que o leva a encetar uma investigação científica na
Holanda. Como cientista ignora os fanatismos religiosos da época e questiona
todos os principias dogmáticos da Igreja. O seu sonho de voar e as suas
inabaláveis certezas científicas revelam orgulho, "ambição de elevar-se um
dia no ar, onde até agora só subiram Cristo, a Virgem e alguns santos
eleitos" e tornam-no persona non grata para a Inquisição que o acusa de
bruxaria, obrigando-o a fugir para Espanha e a deixar o seu sonho/projecto nas
mãos de Baltasar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A sua obsessão de voar domina-o de tal forma, que ele não se inibe de
integrar no seu projecto um casal não abençoado pela Igreja e de aceitar e
usufruir das capacidades heréticas de Blimunda, que farão a passarola voar. A
passarola, símbolo da concretização do sonho de um visionário, funciona de uma
forma antagónica ao longo da narrativa: é ela que une Baltasar, Blimunda e o
padre Bartolomeu, mas também é ela que vai acabar por separá-los.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Domenico Scarlatti</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Artista estrangeiro contratado por D. João V para iniciar a infanta Maria
Bárbara na arte musical. O poder curativo da sua música liberta Blimunda da sua
estranha doença, permitindo-lhe cumprir a sua tarefa ("Durante uma semana
(...) o músico foi tocar duas, três horas, até que Blimunda teve forças para
levantar-se, sentava-se ao pé do Cravo, pálida ainda, rodeada de música como se
mergulhasse num profundo mar, (...) Depois, a saúde voltou depressa" - pp.
191-2).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Scarlatti é cúmplice silencioso do projecto da passarola ("Saiu o
músico a visitar o convento e viu Blimunda, disfarçou um, o outro disfarçou,
que em Mafra não haveria morador que não estranhasse, e (...) fizesse logo seus
juízos muito duvidosos" p. 231).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">É, ainda, Scarlatti que dá a notícia a Baltasar e Blimunda da morte do
padre Bartolomeu. A música do cravo de Scarlatti simboliza o ultrapassar, por
parte do homem, de uma materialidade excessiva, e o atingir da plenitude da
vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Bartolomeu de Gusmão, esse, aliado em diálogo excepcional com o músico
Scarlatti, o único que pode de raiz compreender as suas congeminações aladas,
representa a possibilidade de articulação entre a cultura e o humano, entre o
saber e o sonho, entre o conhecimento e o desejo (...) São os caminhos da
ficção os que mais justificadamente conduzem ao encontro da verdade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 7.5pt;">Maria Alzira Seixo, in O Essencial sobre José Saramago, INCM.</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Alguns intertextos do Memorial do Convento</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A propósito da procissão do Corpo de Deus e da preocupação do narrador com
o vestuário, faz-se notar que "só os lírios do campo não sabem fiar nem
tecer e por isso estão nus", o que vem de encontro ao Salmo bíblico:
"Olhai os lírios do campo, não fiam nem tecem...". Outra referência
bíblica surge ainda aquando da decisão do Rei de imprimir maior velocidade às
obras do convento, marcando a data da sagração da basílica coincidente com o
seu aniversário. A ironia do narrador leva-o a comparar a decisão do Rei com
outras proclamações históricas, como "Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">É também ainda a ironia do narrador que o faz exclamar, perante, mais uma
vez, as exigências do Rei quanto à data de sagração do convento, "vós me
direis qual é mais excelente, se ser do mundo rei, se desta gente",
invertendo completamente (...) a mensagem de Os Lusíadas, na Dedicatória, de
onde, com ligeira adaptação, este passo foi retirado. E que, se em Os Lusíadas
era a grandeza, a coragem e a determinação de um povo que orgulhava e
engrandecia o seu rei, aqui é justamente a capacidade de obedecer sem limites e
a subserviência total que elevam o rei a quem todas as vontades, por mais
inconcebíveis que sejam, são imediata e inquestionavelmente satisfeitas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Referências soltas a episódios de <b>Os Lusíadas</b> também vão
surgindo num ou noutro momento da narrativa, sobretudo quando se trata de
comparar a epopeia da descoberta do caminho marítimo para a índia com a epopeia
da viagem na passarola, também ela de descoberta, rumo à aventura e ao
desconhecido. Assim, toda a descrição da viagem de Lisboa a Mafra mantém
estreitas semelhanças com uma viagem marítima, estabelecendo o narrador
comparações várias como a que se segue, enumerando episódios da viagem que
marcam as dificuldades por que tiveram de passar os navegadores: "é como
se finalmente tivessem abandonado o porto e as suas amarras para ir descobrir
os caminhos ocultos, por isso se lhes aperta o coração tanto, quem sabe que
perigos os esperam, que adamastores, que fogos de santelmo, acaso se levantam
do mar, que ao longe se vê, trombas de água que vão sugar os ares e o tornam a
dar salgado".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Nova referência ao <b>Adamastor</b> surge já perto do local onde
vão aterrar e com o qual estiveram prestes a chocar e a desfazerem-se: "Na
frente deles ergue-se um vulto escuro, será o adamastor desta viagem, montes
que se erguem redondos da terra, ainda riscados de luz vermelha na
cumeada". Mas uma outra referência ao Adamastor também já tinha sido feita
no momento em que grandes ventos destroem a Igreja de madeira que tinha sido
especialmente construída para a cerimónia de sagração da primeira pedra do
Convento de Mafra. O narrador afirma que a grande tempestade ocorrida "foi
como o sopro gigantesco de Adamastor, se Adamastor soprou, quando lhe dobravam
o cabo dos seus e nossos trabalhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Também a descrição da "caça" aos homens para trabalhar nas obras
do convento de Mafra segue de muito perto o episódio de Os Lusíadas das
despedidas em Belém e da fala do Velho do Restelo. As mulheres, ao verem os
homens partir sob o jugo dos quadrilheiros, vão clamando, qual em cabelo,
"Ó doce e amado esposo e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só
para refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha". E, face a
esta cena, faz-se ouvir a voz da oposição a esta epopeia que era a construção
do convento: "Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem
justiça", para sempre silenciada por uma "cacetada na cabeça" de
um quadrilheiro, mostrando até que ponto a História é circular e os seus
episódios se repetem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Um estilo híbrido: a convergência do Património Cultural</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Registo de língua<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Popular: "de boca à banda"<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Familiar: "Meu querido filho, como foi isso, quem te fez Isto..."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Cuidado: "não havendo portanto mediano termo entre a papada pletórica
e o pescoço engelhado, entre o nariz rubicundo e o outro héctico"<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Interacção com a literatura portuguesa<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Quadras populares: "Aqui me traz minha pena com bastante sobressalto,
porque quer voar mais alto, a mais queda se condena"<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Contos tradicionais: "Era uma vez uma rainha que vivia com o seu real
marido em palácio..."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Luís de Camões, Os Lusíadas: "O homem, bicho da terra"<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes: "Estão
parados diante do último pano da história de Tobias, aquele onde o amargo fel
do peixe restitui a vista ao cego, A amargura é o olhar dos videntes, senhor
Domenico Scarlatti,..."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Fernando Pessoa, Mensagem: "Em seu trono entre o brilho das estrelas,
com seu manto de noite. solidão, tem aos seus pés o mar novo e as mortas eras,
o único imperador que tem, deveras, o globo mundo em sua mão, este tal foi o
infante D. Henrique, consoante o louvará o poeta por ora ainda não nascido...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Estilo barroco: "Parece apenas um gracioso jogo de palavras, um
brincar com os sentidos que elas têm, como nesta época se usa, sem que extrema
mente importe o entendimento ou propositadamente o escurecendo."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Introdução do fantástico</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">"Entre S. Sebastião da Pedreira e a Ribeira entrou Blimunda em trinta
e duas casas, colheu vinte e quatro nuvens fechadas, em seis doente já as não
havia, talvez as tivessem perdido há muito tempo, e as restantes duas estavam
tão agarradas ao corpo que, provavelmente, só a morte as seria capaz de
arrancar de lá. Em cinco outras casas que visitou, já não havia vontade nem
alma, apenas o corpo morto, algumas lágrimas ou muito alarido."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A música como metáfora da obra literária</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">"Se a música pode ser tão excelente mestra de argumentação, quero já
ser músico e não pregador. Fico obrigado pelo cumprimento, mas quisera eu que a
minha música fosse um dia capaz de expor, contrapor e concluir como fazem
sermão e discurso" .<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Do sonho à concretização</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O paralelismo simbólico dos episódios iniciais e finais<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Auto-de-fé de Sebastiana Maria de Jesus, mãe de Blimunda As últimas
páginas... Auto-de-fé de Baltasar Sete-Sóis<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Primeiro encontro entre Blimunda e Baltasar - Blimunda "repetia um
itinerário de há vinte e oito anos".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- O rio como imagem da precariedade da vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- Blimunda está em Lisboa pela sétima vez: encerramento de um ciclo de
vida. Último encontro de Blimunda e Baltasar<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- "Que nome é o seu, e o homem disse, naturalmente, assim reconhecendo
o direito de esta mulher lhe fazer perguntas". - "Naquele extremo
arde um homem a quem falta a mão esquerda".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Espaço - Rossio Espaço - Rossio<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- "O Rossio está cheio de povo". - "Meteu-se pela Rua Nova
dos Ferros, virou para a direita na igreja de Nossa Senhora de Oliveira, em direção
ao Rossio"<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Ambiente soturno: Ambiente soturno:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- "sobre o Rossio caem as grandes sombras do convento do Carmo;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- "e as pessoas voltarão às suas casas, refeitas na fé, levando
agarrada à sola dos sapatos alguma fuligem, pegajosa poeiras de carnes negras,
sangue acaso ainda viscoso se nas brasas não se evaporou". -
"caminhava no meio de fantasmas, de neblinas que eram gente";<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- "Entre os mil cheiros fétidos da cidade, a aragem noturna trouxe-lhe
o da carne queimada".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A multidão reúne-se A multidão reúne-se<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- "O Rossio está cheio de povo". - "havia multidão em S.
Domingos"<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">As condenações da Inquisição: As condenações da Inquisição:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- condenação da mãe de Blimunda (ao degredo). - condenação de António José
da Silva, "autor de comédias de bonifrates";<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- condenação de Baltasar Sete-Sóis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Ritual de morte<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda comunica enigmaticamente com a mãe Blimunda que, no primeiro
encontro com Baltasar, prometera que nunca o veria por dentro, usa os seus dons
nos momentos finais da vida de Baltasar e vê uma nuvem fechada que está no
centro do seu corpo - RECOLHE A SUA VONTADE. Blimunda comunica enigmaticamente
com Baltasar<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- "não fales, Blimunda, olha só com esses olhos que tudo são capazes
de ver;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">- "adeus Blimunda que não te verei mais". - "Então Blimunda
disse, Vem. Desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Lisboa é o último (grande) espaço a ganhar importância e a fechar o círculo
iniciado no capítulo V, verdadeiro incipit do romance (funcionando os primeiros
capítulos como amostras das peças de encaixe do romance como construção). É num
dia de auto-de-fé que Blimunda (re)encontra Baltasar, agora no lugar de
condenado, a arder na fogueira, e acolhe a sua vontade comungada com ela. Esta
vontade acolhida em si transforma o momento em espaço de encontro e de
partilha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Elementos simbólicos</span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 18pt;">Sete</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Para a cultura cristã, o algarismo 7 corresponde a:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sete céus, sete sóis, sete esferas da antiga astrologia hermética: Sol,
Lua, Mercúrio, Marte, Vénus, Júpiter e Saturno;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sete virtudes cristãs (as teologais: fé, esperança e caridade; as cardeais:
força, temperança, justiça e prudência);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sete pecados capitais: orgulho, preguiça, inveja, cólera, luxúria, gula e
avareza;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sete sacramentos baptismo, eucaristia, ordem, confirmação, casamento,
penitência e extrema-unção;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sete dias da criação do mundo narrados no Génesis;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sete tabernáculos e sete trombetas de Jericó;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">No Apocalipse: sete candelabros; sete estrelas; sete selos; sete cornos;
sete pragas; sete raios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Pode ainda corresponder a: Sete cores do arco-íris; Sete notas da escala
musical.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Sol<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O Sol identifica-se com fonte de vida, com a própria vida - o que faz
corresponder Sete-Sóis a Sete Vidas, que, por sua vez, significaria que
Baltasar encarna simbolicamente a vida de todos os homens do povo, sempre
labutando e sempre perdendo o fruto do seu trabalho, independentemente de
épocas históricas e de regiões geográficas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">O Sol percorre um ciclo celeste diurno de Oriente para Ocidente - assim
Baltasar percorre, no interior da Passarola, um ciclo entre Lisboa e
Montejunto; e tal como o Sol, para nascer, segundo a antiga mitologia, tem que
vencer todos os dias todos os guardiães da noite/morte, Assim Baltasar terá que
vencer os guardiães da "noite histórica": a Inquisição, a credulidade
popular, as forças espirituais retrógradas da Escolástica. E, assim como o Sol
atravessa o céu, mas nele não se detém nem o conquista definitivamente para si,
Baltasar atravessa o céu, rompe os céus, rasga a imagem pura de um céu morada
de Deus. Neste aspeto, Baltasar, sob as ordens científicas do padre Bartolomeu
de Gusmão, assume o estatuto de herói mítico que ousa desafiar a estabilidade
aparentemente eterna da ideologia cristã. E, para que o simbolismo clássico do
herói maravilhoso e trágico que ousa desafiar os deuses seja cumprido na
totalidade, Baltasar morre pelo fogo, como herético, o padre Bartolomeu de
Gusmão morre louco, em Toledo, e Blimunda vagueia pelo mundo sem destino.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Baltasar, Blimunda e o padre Bartolomeu de Gusmão repetem o desejo de
Faetonte, filho mortal de Apoio, que, querendo imitar o pai, conseguiu deste a
promessa de o deixar guiar o carro do Sol por um só dia. Porém, Faetonte não
conseguiu manobrar os cavalos e sustentar o carro do Sol na abóbada celeste e o
carro despenhou-se sobre a Terra, incendiando-a e matando o jovem ousado. Do
mesmo modo, o padre Bartolomeu de Gusmão e Baltasar morrerão devido ao seu
desejo de voar e Blimunda tornar-se-á em mulher errante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Lua</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Se o nome de Sete-Sóis torna esta personagem num quase herói mítico, o nome
de Blimunda de Jesus, Sete-Luas, faz de igual modo repercutir ecos
mítico-ancestrais. Antes de mais, o nome próprio, Blimunda, deriva-nos de
imediato para as narrativas baseadas na matéria da Bretanha e para os ciclos
celtas do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Porém, o apelido Jesus
integra desde logo estas possíveis derivações semânticas no quadro do
pensamento cristão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda não é de origem Sete-Luas; é o padre Bartolomeu de Gusmão que a
crisma assim por ela ser companheira de Sete -Sóis: "... o padre virou-se
para ela, sorriu, olhou um e olhou outro, e declarou: Tu és Sete-Sóis porque
vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras, e, assim, Blimunda,
que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem
baptizada estava, que o batismo foi de padre, não alcunha de qualquer um."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">No romance, Sete-Luas só se compreende por direta relação com Sete-Sóis e,
de facto, a Lua, porque não tem luz própria, é o princípio passivo do Sol.
Porém, na intriga romanesca de Memorial do Convento, o narrador histórico
revoluciona este princípio simbólico da passividade feminina e atribui a
Blimunda capacidades intuitivas e eco visionárias, dependentes das fases da
Lua, que a tornam, como elemento ativo, tão importante quanto Baltasar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda não se compreende sem Baltasar, mas este também não tem existência
romanesca sem Blimunda, exatamente como o par antitético mas intimamente
complementar de dia-noite, claro-escuro, Sol-Lua; porém, em Memorial do Convento
existe uma substancial diferença: enquanto mitológica e religiosamente a nossa
civilização confere um peso ontológico superior ao primeiro elemento dos pares
antitéticos (o que se explica naturalmente por os olhos humanos terem sido
feitos para receber a luz e não a escuridão), neste romance, Baltasar e
Blimunda sofrem de igual nível de protagonismo, nenhum deles sendo superior ao
outro. Esta característica subversiva do estatuto social feminino no século
XVIII, estatuto então perfeitamente passivo e submisso face ao poder masculino,
é subsidiária do modo de vida a dois do casal, sem casamento oficial e com
igualdade de mando e obediência entre ambos. Mas a Lua, devido às suas fases,
que aliás condicionam o poder de Blimunda, é também símbolo do ritmo biológico
da Terra, é medida do tempo, frutificadora da vida, guardadora da morte,
dispensadora de geração. E é deste modo que Blimunda, devido aos seus poderes,
é aquela que acolhe as vontades humanas dos moribundos, as junta nas duas
esferas para com elas e com estas gerar energia vital ("O ar que Deus
respira") que, em conjunto com âmbar e o íman, movem a Passarola. A junção
das vontades humanas, teorizadas pela nova ciência, que produzem mais força,
mais vontade, tão imensa que faz os Homens subirem aos céus, significa aqui,
simbolicamente, a Primavera mítica que arranca a Humanidade do dogma da
religião, do terror inquisitorial e da teologia supersticiosa, três símbolos
que designam uma só realidade: a morte humana, o pensamento falso e passivo, a
vontade resignada que enquadrava o Portugal da época.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Blimunda é a mulher liberta do futuro, que trabalha ao lado do marido e em
ele tudo vive e decide, é a nova mulher, é a não-mulher coquete-objeto (de
notar que nunca é descrito o corpo de Blimunda, a não ser uma ligeira
referência à sua altura e à sua magreza , é aquela em que, à imitação de
Julieta, de Inês, de Isolda, de Heloísa, de Mariana Alcoforado, o amor vence, e
vence ao ponto de durante nove anos não desistir de procurar o seu amado até
que, encontrando-o, permite-se ficar deste "grávida" espiritualmente,
comungando em si a vontade de Baltasar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">A pedra</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Uma outra situação-acontecimento de cariz mítico em Memorial do Convento
constitui-se com a gesta heróica, epopeica, do transporte da pedra gigante de
mármore, a mãe da pedra, de Pêro Pinheiro para Mafra. Desde o início, a
narração apresenta as situações descritivas como coisas extraordinárias: o
tamanho gigantesco da pedra, o carro especialmente construído para o seu
transporte (uma "nau da Índia"), as duzentas juntas de bois e os
seiscentos homens necessários para o puxarem, os difíceis obstáculos do caminho,
à semelhança das narrativas de heróis clássicos, em que se anunciam os
"trabalhos" fabulosos que terão de ser contornados e o esforço
imperioso, mais do que humano, que terá de ser despendido.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "century schoolbook", serif;"> </span></p>
<p style="background: rgb(240, 240, 240); line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "century schoolbook", serif;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;">Questionário global "Memorial do Convento"</span></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><br></p><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">
1. Na ação da obra distinguem-se três histórias. Identifica-as.<br>
2. A construção do Convento de Mafra teve origem numa promessa. Refere-a.<br>
3. Indica dois traços caracterizadores de D. João V, D. Ana de Áustria e de D.
Francisco.<br>
4. Baltasar estabelece a ligação entre as narrativas da construção do Convento
e da passarola. De que modo?<br>
5. Considera as personagens Baltasar Sete-Sóis e Bartolomeu Lourenço.<br>
5.1. Quando se conhecem?<br>
5.2. Que tipo de relação se estabelece entre os dois?<br>
6. Caracteriza Blimunda.<br>
6.1. Em que se distingue das outras pessoas?<br>
6.2. Como se torna útil a Bartolomeu Lourenço?<br>
7. Interpreta o fim trágico das personagens ligadas à passarola.<br>
8. O sonho é uma linha de força da obra. Fundamenta a afirmação.<br>
9. Distingue personagens referenciais de personagens ficcionais.<br>
10. A construção do convento assenta no sacrifício de heróis anónimos.
Caracteriza-os.<br>
10.1. Regista um acontecimento marcante na vida desses trabalhadores.<br>
11. Apresenta o ponto de vista do narrador sobre a construção do Convento de
Mafra.<br>
12. Os espaços Mafra e Lisboa são privilegiados na obra. Que imagem física e
social nos é dada da capital?<br>
13. O clero é observado de forma crítica e irónica. Justifica, recorrendo a
exemplos concretos.<br>
14. Delimita cronologicamente a ação principal</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-13078292382427285772014-06-16T05:00:00.000-07:002022-11-12T12:03:53.122-08:00Resumo de toda a matéria do 12º ano<div style="border-bottom: solid #4F81BD 1.0pt; border: none; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 4.0pt 0cm;">
<div class="MsoTitle" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Análise
de texto<o:p></o:p></span></div>
</div>
<h2 style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Grupo
A<o:p></o:p></span></h2>
<div style="border-bottom: solid #4F81BD 1.0pt; border: none; margin-left: 46.8pt; margin-right: 46.8pt; mso-border-bottom-alt: solid #4F81BD .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 4.0pt 0cm;">
<div class="MsoIntenseQuote" style="margin: 10pt 0cm 14pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Fernando Pessoa<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Fernando
Pessoa Ortónimo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<u><span style="font-size: 10.0pt;">Características temáticas<o:p></o:p></span></u></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Identidade perdida e incapacidade de
definição-Consciência do absurdo da existência-Para ele a realidade não é
apenas aquilo que se vê superficialmente-Tensão sinceridade / fingimento,
consciência /inconsciência-Oposição: sentir / pensar, pensamento / vontade,
esperança 7 desilusão-Anti-sensacionismo: intelectualização da emoção-Estados
negativos: solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, náusea, desespero - Inquietação
metafísica-Neoplatonismo - Tentativa de superação da dor, do presente, etc.,
através da evocação da infância, idade de ouro, onde a felicidade ficou perdida
e onde não existia o doloroso sentir -refúgio no sonho, no ocultismo
(correspondência entre o visível e o invisível)-criação dos heterónimos (“Sê
plural como o Universo!”)-Intuição de um destino colectivo e épico para o seu
País (Mensagem)-Renovador de mitos -a visão do mundo exterior é fabricada em
função do sentimento interior -Reflexão sobre o problema do tempo como vivência
e como factor de fragmentação do “eu”- O presente é o único tempo por ele
experimentado (em cada momento se é diferente do que se foi)-Tem uma visão
negativa e pessimista da existência; o futuro aumentará a sua angústia porque é
o resultado de sucessivos presentes carregados de negatividade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Características
estilísticas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-simplicidade formal; rimas externas e internas;
redondilha maior (gosto pelo popular) dá uma ideia de simplicidade e
espontaneidade-Grande sensibilidade musical:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">eufonia –
harmonia de sons<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">aliterações,
encavalgamentos, transportes, rimas, ritmo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">verso geralmente
curto (2 a 7 sílabas)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">predomínio da
quadra e da quintilha-Adjectivação expressiva-Economia de meios:3<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;"> Linguagem
sóbria e nobre – equilíbrio clássico-Pontuação emotiva-Uso frequente de frases
nominais-Associações inesperadas [por vezes desvios sintácticos –
enálage-Comparações, metáforas originais, oximoros -Uso de
símbolos-Reaproveitamento de símbolos tradicionais (água, rio, mar...)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Temáticas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">O sonho, a
intersecção entre o sonho e a realidade (exemplo: Chuva oblíqua – “<i>E os navios passam por dentro dos troncos
das árvores</i><span lang="EN-US">”</span>); <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">A angústia
existencial e a nostalgia da infância (exemplo: Pobre velha música – “<i>Recordo
outro ouvir-te./Não sei se te ouvi/Nessa minha infância/Que me lembra em ti</i>.”
;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">Distância entre o
idealizado e o realizado – e a consequente frustração (“<i>Tudo o que faço ou medito</i>”);<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">A máscara e o
fingimento como elaboração mental dos conceitos que exprimem as emoções ou o
que quer comunicar (“Autopsicografia”, verso “<i>O poeta é um fingidor</i>”); <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">A
intelectualização das emoções e dos sentimentos para a elaboração da
arte(exemplo: <i>Não sei quantas almas tenho – “O
que julguei que senti</i>”) ;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">ocultismo e o
hermetismo (exemplo: Eros e Psique)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">O sebastianismo
(a que chamou o seu nacionalismo místico e a que deu forma na obra Mensagem<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">Tradução dos
sentimentos nas linguagem do leitor, pois o que se sente é incomunicável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">Sinceridade/fingimento
: - Intelectualização do sentimento para exprimir a arte -> poeta fingidor -
despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria
criação poética- uso da ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria
sinceridade- Crítica de sinceridade ou teoria do fingimento está bem patente na
união decontrários- Mentira: linguagem ideal da alma, pois usamos as palavras
para traduzir emoções e pensamentos (incomunicável)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">Consciência/inconsciência
- Aumento da autoconsciência humana (despersonalização)- tentativa de resposta
a várias inquietações que perturbam o poeta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">Sentir/pensar -
concilia o pensar e o sentir - nega o que as suas percepções lhe transmitem-
recusa o mundo sensível, privilegiando o mundo inteligível- Fragmentação do eu<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">Interseccionismo
entre o material e o sonho; a realidade e a idealidade; realidades psíquicas e físicas;
interiores e exteriores; sonhos e paisagens reais; espiritual e material;
tempos e espaços; horizontalidade e verticalidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">O tempo e a
degradação: o regresso à infância<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">- desencanto e angústia acompanham o sentido da
brevidade da vida e da passagem dos dias- busca múltiplas emoções e abraça
sonhos impossíveis, mas acaba “sem alegria nem aspirações”, inquieto, só e
ansioso.- o passado pesa “como a realidade de nada” e o futuro “como a
possibilidade de tudo”. O tempo é para ele um factor de desagregação na medida
em que tudo é breve e efémero.- procura superar a angústia existencial através
da evocação da infância e de saudade desse tempo feliz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">O tédio, o
cansaço de viver<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O poeta constata que não é ninguém, ele é nada – o
sonho de ir mais além desaparece. Diz que não sabe nada, não sabe sentir, não
sabe pensar, não sabe querer, ele é um livro que ficou por escrever. Ele é o
tédio de si próprio: está cansado da sua vida, está cansado de si.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Poemas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-“Meu coração é 1 pórtico partido”- fragmentação do
“eu”- “Hora Absurda” - fragmentação do “eu”- interseccionismo- “Chuva Oblíqua”-
fragmentação do “eu”: o sujeito poético revela-se duplo, na busca de sensações
que lhe permitem antever a felicidade ansiada, mas inacessível.- Interseccionismo
impressionista: recria vivências que se interseccionam com outra que, por sua
vez, dão origem a novas combinações de realidade/idealidade.-“Autopsicografia”-
dialéctica entre o eu do escritor e o eu poético, personalidade fictícia e
criadora.- criação de 1 personalidade livre nos seus sentidos e emoções
<> sinceridadede sentimento - o poeta codifica o poema q o receptor
descodifica à sua maneira, sem necessidade de encontrar a pessoa real do
escritor - o acto poético apenas comunica 1 dor fingida, pois a dor real
continua no sujeito que tenta 1 representação.- os leitores tendem a considerar
uma dor que não é sua, mas que apreendem de acordo com a sua experiência de
dor.- A dor surge em 3 níveis: a dor real, a dor fingida e a “dor lida”</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">۰</span><span style="font-size: 10.0pt;">A arte nasce da realidade</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">۰</span><span style="font-size: 10.0pt;">A poesia consiste no fingimento dessa realidade: a
dor fingida ou intelectualizada</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">۰</span><span style="font-size: 10.0pt;">A
intelectualização é expressa de forma tão artística que parece mais autêntica
que a realidade</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">۰</span><span style="font-size: 10.0pt;">Relação do leitor com a obra de arte: Não sente a dor
real (inicial): essa pertence ao poeta Não sente a dor imaginária: essa
pertence ao criador (poeta) Não sente a dor que ele (leitor) tem . Sente o que
o objecto artístico lhe desperta: uma quarta dor, a dor lida<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A obra é autónoma, quer em relação ao leitor, quer em
relação ao autor (vale por si). Há uma intelectualização da emoção: é recebido
um estímulo (emoção) – dado pelo coração – que é intelectualizado – pela razão
; o que surge na criação são as emoções intelectualizadas. Ou seja, o pensar
domina o sentir – a poesia é um acto intelectual-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;"> Ela canta pobre ceifeira<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">– a ceifeira representa os sensacionistas e o seu
canto seduz o poeta, que mesmo assim não consegue deixar de pensar; o poeta
quer o impossível: ser inconsciente mas saber que o é, sentir sem deixar de
pensar – o seu ideal de felicidade; acaba por verificar que só os
sensacionistas são felizes, pois limitam-se a sentir, e tem então um desejo de
aniquilamento; musicalidade produzida pelas aliterações, transporte, metáfora e
quadra-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;"> Não sei se é sonho, se realidade<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">– Exprime um tensão entre o apelo do sonho (caracterizado
pela tranquilidade, sossego, serenidade e afastamento) e o peso da realidade; a
realidade fica sempre aquém do sonho e mesmo no sonho o mal permanece –
frustração; conclui que a felicidade, a cura da dor de viver, de pensar, não se
encontra no exterior mas no interior de cada um.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">- Não sei
quantas almas tenho<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">– o poeta confessa a sua desfragmentação em múltiplos
“eus”, revelando a sua dor de pensar, porque esta divisão provém do facto de ele
intelectualizar as emoções; a sucessiva mudança leva-o a ser estranho de si
mesmo (não reconhece aquilo que escreveu); metáfora da vida como um livro: lê a
sua própria história (despersonalização, distancia-se para se ver)-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;"> Entre o sono e o sonho<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-símbolo do rio: divisão, separação, fluir da vida –
percurso da vida; é a imagem permanente da divisão e evidencia a incapacidade
de alterar essa situação (o rio corre sem fim – efemeridade da vida); no
presente, tal como no passado e no futuro (fatalidade), o eu está condenado à
divisão porque condenado ao pensamento (se fosse inconsciente não pensava e por
isso não havia possibilidade de haver divisão); tristeza, angústia por não
poder fazer nada em relação à divisão que há dentro de si; metáfora da casa
como a vida: o seu eu é uma casa com várias divisões – fragmentação-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;"> Bóiam leves, desatentos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">- poema apresenta um conjunto de elementos que sugerem
indefinição e estagnação, estados que provocam o tédio e o cansaço de viver
(“bóiam”, “sono”, “corpo morto”, folhas mortas”, águas paradas”, casa
abandonada”); todos estes elementos apontam para a dor, a incapacidade de
viver, a angústia, o tédio; os seus pensamentos andam como que à deriva, não
têm onde ficar, pois ele é nada; são insignificantes, sem consistência, vagos,
sem conteúdo; impossibilidade do sujeito sair do estado de estagnação em que se
encontra (entre a vida e a não vida); musicalidade: transporte, anáfora
(repetição duma palavra), ritmo (lento, parado – como ele)-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;"> <b>Aqui na orla da praia, mudo e contente do
mar <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">- sujeito não quer desejar muito mais para além do que
é natural e espontâneo na vida; tudo aquilo a que o homem se pode agarrar é
imperfeito e inútil (ex: amor); a melhor maneira de passar pela vida é não
desejar, não se sentir atraído por nada (apatia, cansaço total); revela um
certo desejo de morte porque já n quer nada; desejo de comunhão com a natureza<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Fernando Pessoa canta e chora a insatisfação da alma
humana. A sua precariedade, a sua limitação, a dor de pensar, a fome de se
ultrapassar, a tristeza, a dor da alma humana que se sente incapaz de construir
e que, comparando as possibilidades miseráveis com a ambição desmedida,
desiste, adormece “num mar de sargaço” e dissipa a vida no tédio. Os remédios
para esse mal são o sonho, a evasão pela viagem, o refúgio na infância, a crença
num mundo ideal e oculto, situado no passado, a aventura do Sebastianismo messiânico,
o estoicismo de Ricardo Reis, etc.. Todos estes remédios são tentativas frustradas
porque o mal é a própria natureza humana e o tempo a sua condição fatal. É uma
poesia cheia de desesperos e de entusiasmos febris, de náusea, tédios e
angústias iluminados por uma inteligência lúcida – febre de absoluto e
insatisfação do relativo. A poesia está não na dor experimentada ou sentida mas
no fingimento dela, apesar do poeta partir da dor real “a dor que deveras
sente”. Não há arte sem imaginação, sem que o real seja imaginado de maneira a
exprimir-se artisticamente e ser concretizado em arte. Esta concretização opera
na memória a dor inicial fazendo parecer a dor imaginada mais autêntica do que
a dor real. Podemos chegar à conclusão de que há 4 dores: <b>a real</b> (inicial), a que <b>o
poeta imagina</b> (finge), <b>a dor real</b>
do leitor e <b>a dor lida</b>, ou seja,
intelectualizada, que provém da interpretação do leitor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<h1>
“Mensagem”<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Integra-se na corrente modernista, transmitindo uma
visão épico-lírica do destino português, nela se salientando o Sebastianismo, o
Mito do Encoberto e o V Império.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">“</span><span style="font-size: 10.0pt;">Criar
um novo Portugal, ou melhor, ressuscitar a Pátria Portuguesa, arrancando-ado
túmulo onde a sepultaram alguns séculos de obscuridade (...) E isto leva a crer
que deve estar para breve o inevitável aparecimento do poeta ou poetas
supremos[...] porque fatalmente o Grande Poeta, que este movimento gerará, deslocará
para segundo plano a figura até aqui principal de Camões<span lang="EN-US">”</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A citação transcrita aponta, logo de início, para o
estado de desagregação em que se encontra a Nação portuguesa e que, de algum
modo, fará despoletar a ânsia de renovação desejada por Fernando Pessoa e
operacionalizada nos textos da Mensagem. Fernando Pessoa acreditava que,
através dos seus textos, poderia despertar as consciências e fazê-las acreditar
e desejar a grandeza outrora vivenciada. Espera poder contribuir parar o
reerguer da Pátria, relembrando, nas 1ª e 2ª partes da Mensagem, o passado
histórico grandioso e anunciando a vinda do Encoberto (3ª parte), na figura
mítica de D. Sebastião, que anunciaria o advento do Quinto Império. Preconizava
para Portugal a construção de um novo império, espiritual, capaz de elevar os
Portugueses ao lugar de destaque que outrora ocuparam a nível mundial. Esta
projecção ficar-se-ia a dever a um “poeta ou poetas supremos” que, pela sua genialidade,
colocariam Portugal, um país culturalmente evoluído, como líder de todos os
outros. Na realidade, Fernando Pessoa antevê a possibilidade da supremacia de Portugal,
não em termos materiais, como no tempo de Camões, mas em termos espirituais É
nesta nova concepção de Império que assenta o carácter simbólico e mítico que
enforma a epopeia pessoana e que, inevitavelmente, destacará a figura deste
super poeta, em detrimento da de Camões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">O
Sebastianismo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O sebastianismo é um mito nacional de tipo religioso. «D.
Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de névoa, no seu cavalo
branco...» <i><u>O sebastianismo,
fundamentalmente, o que é?</u></i> É um movimento religioso, feito em volta
duma figura nacional, no sentido dum mito. No sentido simbólico D. Sebastião é Portugal:
Portugal que perdeu a sua grandeza com D. Sebastião, e que só voltará a tê-la
com o regresso dele, regresso simbólico ( como, por um mistério espantoso e divino,
a própria vida dele fora simbólica (mas
em que não é absurdo confiar. D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã
de névoa, no seu cavalo branco, vindo da ilha longínqua onde esteve esperando a
hora da volta. A manhã de névoa indica, evidentemente, um renascimento anuviado
por elementos de decadência, por restos da Noite onde viveu a nacionalidade. D.
Sebastião não morreu porque os símbolos não morrem. O desaparecimento físico de
D. Sebastião proporciona a libertação da alma portuguesa. D. Sebastião aparece
cinco vezes explicitamente na Mensagem - (uma vez nas Quinas, outra em Mar
português e três vezes nos Símbolos). Aliás, pode mesmo dizer-se que o Brasão e
o Mar português são a preparação para a chegada do Encoberto, na sua qualidade
de Messias de Portugal. D. Sebastião faz uma espécie de elogio da loucura
(condenação da matéria e sublimação do espírito). A vinda do Encoberto era
apenas por ele encarada «no seu alto sentido simbólico» e não literal, como
faziam os Sebastianistas tradicionais, de quem toma distância, e que esse
Desejado não seria mais do que um «estimulador de almas. O Quinto Império era
afinal «o Império Português, subordinado ao espírito definido pela língua
portuguesa. O Quinto Império será «cultural», ou não será. E se diz, como
Vieira, que o Império será português, isso significa que Portugal desempenhará
um papel determinante na difusão dessa ideia apolínea e órfica do homem que
toda a sua obra proclama.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Os Símbolos
e os Mitos - </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">Estrutura simbólica de
Mensagem<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Mensagem é a expressão poética dos mitos – não se
trata de uma narrativa sobre os grandes feitos dos portugueses no passado, como
em Os Lusíadas, mas sim, de um cantar de um Império de teor espiritual, da
construção de uma supra-nação, através da ligação ocidente/oriente: não são os
factos históricos propriamente ditos sobre os nossos reis que mais importam;
são sim as suas atitudes e o que eles representam sendo o assunto de Mensagem a
essência de Portugal e a sua missão a cumprir. Daí se interpretem as figuras
dos reis nos poemas de Mensagem como heróis mas mais que isso, como símbolos,
de diferentes significados. O três é um número que exprime a ordem intelectual
e espiritual (o cosmos no homem). O 3 é a soma do um (céu) e do dois (a Terra).
Trata-se da manifestação da divindade, é a manifestação da perfeição, da
totalidade. O <b>Sete</b> assume também uma
extrema relevância, senão vejamos, sete foram os Castelos que D. Afonso III
conquistou aos mouros, sete são os poemas de Os Castelos. O sete corresponde
aos 7 dias da criação, assim como as 7 figuras evocadas são também as
fundadoras da nacionalidade (Ulisses fundou Lisboa, Viriato uma nação, Conde D.
Henrique um Condado, D. Dinis uma cultura, D. João uma dinastia, D. Tareja e D.
Filipa fundaram duas dinastias). Pessoa manteve na sua obra a ideia do número
sete como número da criação. O sete é o número da perfeição dinâmica. É o número
de um ciclo completo. O <b>cinco </b>está
ligado às chagas de Cristo, às Quinas e aos cinco impérios sonhados por
Nabucodonosar. Os quatro impérios já havidos foram a Grécia, roma, a Cristandade e a Europa
pós-renascentista. Se o 5º império fosse material, Pessoa não teria dúvidas em
apontar Inglaterra, mas como o 5º Império é o do ser, da essência, do imaterial,
o poeta não tem dúvidas em apontar Portugal. Também os nomes dados a cada parte
e alguns nomes referidos nos poemas são também simbólicos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">• </span><span style="font-size: 10.0pt;">Brasão:
o passado inalterável <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Campo:espaço
de vida de de acção<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Castelo:refúgio
e segurança<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Quinas:
chagas de Cristo – dimensão espiritual <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Coroa:
perfeição e poder <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Timbre:
marca – sagração do herói para missão transcendente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Grifo:
terra e céu – criação de uma obra terrestre e celeste<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Mar:
vida e morte; ponto de partida; reflexo do céu; princípio masculino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Terra:casa
do homem; espelho do céu; paraíso mítico; princípio feminino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Padrão:
marco; sinal de presença; obra da civilização cristã <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">• </span><span style="font-size: 10.0pt;">Mostrengo:
o desconhecido; as lendas do mar; os obstáculos a vencer <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">• </span><span style="font-size: 10.0pt;"> Nau: viagem; iniciação; aquisição de
conhecimentos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Ilha:
refúgio espiritual; espaço de conquista; recompensa do sacrifício<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">• </span><span style="font-size: 10.0pt;"> Noite: morte; tempo de inércia; tempo de
germinação; certeza da vida<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">• </span><span style="font-size: 10.0pt;">Manhã:
luz; felicidade; vida; o novo mundo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;"> Nevoeiro: indefinição;
promessa de vida; força criadora; novo dia<o:p></o:p></span></div>
<h1>
Síntese Temática da “Mensagem”<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">O
mito é tudo: sem ele a realidade não existe, pois é dele que ela parte<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Deus
é o agente da história; ou seja, é ele quem tem as vontades; nós somos os seus
instrumentos que realizam a sua vontade. É assim que a obra nasce e se atinge a
perfeição<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">O
sonho é aquilo que dá vida ao homem: sem ele a vida não tem sentido e limita-se
à mediocridade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">A
verdadeira grandeza está na alma; É através do sonho e da vontade de lutar que se
alcança a glória<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">Portugal
encontra-se num estado de decadência. Por isso, é necessário voltar a sonhar,
voltar a arriscar, de modo a que se possa construir um outro império, um império
que não se destrói, por não ser material: é o Quinto Império, o Império Civilizacional-Espiritual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">•</span><span style="font-size: 10.0pt;">D. Sebastião,
além de ser o exemplo a seguir (pois deixa-se levar pela loucura/sonho), é
também visto como o salvador, aquele que trará de novo a glória ao povo
português e que virá completar o sonho, cumprindo-se assim Portugal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A estrutura
tripartida da “Mensagem”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">1ª Parte<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">–</span><span style="font-size: 10.0pt;">
BRASÃO: o princípio da nacionalidade (em que fundadores e antepassados criaram
a pátria) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">“Ulisses”- –
símbolo da renovação dos mitos: Ulisses de facto não existiu mas bastou a sua
lenda para nos inspirar. A lenda, ao penetrar na realidade, faz o milagre de
tornar a vida “cá em baixo” insignificante. É irrelevante que as figuras de
quem o poeta se vai ocupar tenham tido ou não existência histórica!(“Sem
existir nos bastou/Por não ter vindo foi vindo/E nos criou.”). O que importa é
o que elas representam. Daí serem figuras incorpóreas, que servem para ilustrar
o ideal de ser português.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">“</span><span style="font-size: 10.0pt;">D. Dinis” <span lang="EN-US">–</span> símbolo da
importância da poesia na construção do Mundo: Pessoa vê D. Dinis como o rei
capaz de antever o futuro e interpreta isso através das suas acções – ele
plantou o pinhal de Leiria, de onde foi retirada amadeira para as caravelas, e
falou da “voz da terra ansiando pelo mar”, ou seja, do desejo de que a aventura
ultrapasse a mediocridade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
<br></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">“</span><span style="font-size: 10.0pt;">D. Sebastião, rei de Portugal” <span lang="EN-US">–</span>
símbolo da loucura audaciosa e aventureira: o Homem sem a loucura não é nada; é
simplesmente uma besta que nasce, procria e morre, sem viver! Ora, D.
Sebastião, apesar de ter falhado o empreendimento épico, FOI em frente, e morreu
por uma ideia de grandeza ,e essa é a ideia que deve persistir, mesmo após sua
morte (“Ficou meu ser que houve, não o que há./Minha loucura, outros que a
tomem/Com o que nela ia.”)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">2ª Parte<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">–</span><span style="font-size: 10.0pt;"> MAR
PORTUGUÊS: a realização através do mar (em que heróis empossados da grande
missão de descobrir foram construtores do grande destino da Nação)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">O Infante” <span lang="EN-US">–</span> símbolo do Homem universal, que realiza o sonho por vontade
divina: ele reúne todas as qualidades, virtudes e valores para ser o intermediário
entre os homens e Deus (“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">“</span><span style="font-size: 10.0pt;">Mar Português” <span lang="EN-US">–</span> símbolo do
sofrimento por que passaram todos os portugueses: a construção de uma
supra-nação, de uma Nação mítica implica o sacrifício do povo (“Ó mar salgado,
quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!”)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">O Mostrengo” <span lang="EN-US">–</span> símbolo dos obstáculos, dos perigos e dos medos que os
portugueses tiveram que enfrentar para realizar o seu sonho: revoltado por
alguém usurpar os seus domínios, “O Mostrengo” é uma alegoria do medo, que
tenta impedir os portugueses de completarem o seu destino (“Quem é que ousou
entrar/Nas minhas cavernas que não desvendo,/Meus tectos negros do fim do
mundo?”)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">3ª Parte<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">– </span><b><span style="font-size: 10.0pt;">O ENCOBERTO</span></b><span style="font-size: 10.0pt;">: a morte ou fim das energias latentes (é o novo ciclo
que se anuncia que trará a regeneração e instaurará um novo tempo)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">“</span><span style="font-size: 10.0pt;">O Quinto Império” <span lang="EN-US">–</span> símbolo da
inquietação necessária ao progresso, assim como o sonho: não se pode ficar
sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado, curioso, corajoso
e aventureiro; há que estar inquieto e descontente com o que se tem e o que se
é! (“Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar/Sem um sonho, no erguer
da asa.../Triste de que mé feliz!”) O Quinto Império de Pessoa é a mística
certeza do vir a ser pela lição do ter sido, o Portugal-espírito, ente de
cultura e esperança, tanto mais forte quanto a hora da decadência a estimula.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;">“</span><span style="font-size: 10.0pt;">Nevoeiro” <span lang="EN-US">–</span> símbolo da nossa
confusão, do estado caótico em que nos encontramos, tanto como um Estado, como
emocionalmente, mentalmente, etc.: algo ficou consubstanciado, pois temos o
desejo de voltarmos a ser o que éramos (“(Que ânsia distante perto chora?)”),
mas não temos os meios (“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra...”)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">O carácter
épico-lírico <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">-Lírico - </span></b><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Forma fragmentária<span lang="EN-US"></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Atitude introspectiva<span lang="EN-US"></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A interiorização<span lang="EN-US"></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O simbolismo (3ªparte)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-<b>Épico:</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O tom heróico (“O Monstrengo”)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A evocação da história Trágico-Marítima (2ªparte)´<o:p></o:p></span></div>
<h1>
<o:p> </o:p></h1>
<h1>
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ascii-font-family: Cambria; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: major-bidi; mso-hansi-font-family: Cambria; mso-hansi-theme-font: major-latin;">“</span>Mensagem” vs. “Os Lusíadas” – Semelhanças
<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">concepção mística e missionária/missionante da
história portuguesa, preocupação arquitectónica: ambas obedecem a um plano
cuidadosamente elaborado, o reverso da vitória são as lágrimas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Diferenças:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">1.<span style="font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">Os Lusíadas foram
compostos no início do processo de dissolução do império e a Mensagem publicada
na fase terminal de dissolução do império; Os Lusíadas têm um carácter
predominantemente narrativo e pouco abstractizante, enquanto que Mensagem tem
um carácter menos narrativo e mais interpretativo e cerebral; no primeiro o
Adamastor é sinónimo de lágrimas e mortes, sofrimento e audácia que as
navegações exigiram, enquanto que no segundo simboliza os medos e terrores
vencidos pela ousadia; nos Lusíadas o tema é o real, o histórico, o factual (os
acontecimentos, os lugares),em Mensagem o tema é a essência de Portugal e a
necessidade de cumprir uma missão;</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-size: 10.0pt;">para
Camões os deuses olímpicos regem os acidentes e as peripécias do real quotidiano,
para Pessoa os deuses são superados pelo destino, que é força abstracta e
inexorável;</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">۰</span><span style="font-size: 10.0pt;"> nos Lusíadas os heróis são pessoas com limitações
próprias da condição humana, mesmo se ajudados nos sonhos pela intervenção
divina cristã ou pelos deuses do Olimpo, em Mensagem os heróis são mitificados
e encarnam valores simbólicos, assumindo proporções gigantescas;</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">۰</span><span style="font-size: 10.0pt;"> Lusíadas: narrativa comentada da história de
Portugal, Mensagem: metafísica do ser português; Lusíadas: heróis e mitos que
narram as grandezas passadas. Mensagem: heróis e mitos que exaltam as façanhas
do passado em função de um desesperado apelo para grandezas futuras; A
comparação entre "Os Lusíadas" e a "Mensagem" impõe-se pelo
próprio facto de esta ser, a alguns séculos de distância e num tempo de
decadência - o novo mito de pátria portuguesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Os Lusíadas/
Mensagem<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">Homens
reais com dimensões heróicas mas verosímeis;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">Heróis
mitificados, carregando dimensões simbólicas;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O projecto da Mensagem é o de superar o carácter
obsessivo e nacional d’Os Lusíadas no imaginário mítico-poético nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Os Lusíadas conquistaram o título de “evangelho nacional”
e foram elevados à categoria de símbolo nacional. A Mensagem logo no seu título
aponta para um novo evangelho, num sentido místico, ideia de missão e de
vocação universal. O próprio título indicia uma revelação, uma iniciação. Pessoa
previa para breve o aparecimento do “Supra-Camões” que anunciará
o“Supra-Portugal de amanhã”, a “busca de uma Índia Nova”, o tal “porto sempre
por achar”. A Mensagem entrelaça-se, através de um complexo processo
intertextual, com Os Lusíadas , que por sua vez são já um reflexo intertextual
da Eneida e da Odisseia. Estabelece-se portanto um diálogo que perpassa
múltiplos tempos históricos. Pessoa transforma-se num arquitecto que edifica
uma obra nova, com modernidade, mas também com a herança da memória. Em Camões
memória e esperança estão no mesmo plano. Em Pessoa, o objecto da esperança
transferiu-se para o sonho, daí a diferente concepção de heroísmo. Pessoa
identifica-se com os heróis da Mensagem ou neles se desdobra num processo
lírico-dramático. O amor da pátria converte-se numa atitude metafísica, definível
pela decepção do real, por uma loucura consciente. Revivendo a fé no Quinto
Império, Pessoa reinventou um razão de ser, um destino para fugir a um quotidiano
absurdo. O assunto da Mensagem é a essência de Portugal e a sua missão por
cumprir .Portugal é reduzido a um pensamento que descarna e espectraliza as
personagens da história nacional. A Mensagem é o sonho de um império sem
fronteiras nem ocaso. A viagem real é metamorfoseada na busca do “porto sempre
por achar”. “A Mensagem comparada com Os
Lusíadas é um passo em frente. Enquanto Camões, em Os Lusíadas , conseguiu fazer a síntese entre o mundo
pagão e o mundo cristão, Pessoa na Mensagem conseguiu ir mais longe estabelecendo
uma harmonia total, perfeita, entre o mundo pagão, o mundo cristão e o mundo
esotérico.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<h1>
Heterónimos<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal">
<br></div>
<h3>
Comparação entre Alberto Caeiro e Ricardo Reis: <o:p></o:p></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A nível de conteúdo estes dois heterónimos aproximam-se
principalmente pelo modo como tentam encarar a vida: tanto Caeiro como Reis, além
de considerarem que a felicidade só se alcança através de uma vida serena e em
comunhão com a natureza (<i>aurea
mediocritas</i>), defendem a vivência plena do presente, sem preocupação nem
com o passado nem com o futuro (<i>carpe
diem</i>, desfrutar de cada momento). No entanto, pode verificar-se que são
grandes as diferenças entre eles. Enquanto que Reis é caracterizado pela
intelectualização das emoções e pelo medo perante a morte, Caeiro é exactamente
o poeta das sensações, considerando o pensamento como uma entrave à observação
da natureza, e é o poeta que não se preocupa com a passagem do tempo. Outra
grande diferença é que Caeiro acredita (num só) Deus enquanto elemento da
natureza (tudo é divino), ao passo que Ricardo Reis crê em vários deuses pois
identifica-se com a civilização grega. A nível formal estes dois heterónimos
são o oposto: de um lado temos Caeiro com a sua linguagem simples e familiar, a
sua despreocupação a nível fónico, a sua irregularidade estrófica, métrica e
rítmica e as suas frases essencialmente coordenadas; e, de outro, temos RR com
toda a sua complexidade – estrofes e métrica regulares, predomínio da
subordinação e linguagem erudita, cheia de simbolismos clássicos<o:p></o:p></span></div>
<h3>
Comparação entre Alberto Caeiro e Álvaro de Campos: <o:p></o:p></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;"> Não é de
estranhar que estes dois poetas não tenham muito em comum, uma vez que um é o
poeta natural e pacífico, e o outro é o poeta da modernidade, da técnica e é
caracterizado por um certa violência e agressividade. No entanto, apesar destes
contrastes, têm alguns pontos em comum, considerando a 2ªfase de A. Campos:
ambos são poetas solitários, rejeitam a subjectividade da lírica tradicional,
tentando ser objectivos na observação do real, e neles predominam as sensações
visuais. As maiores divergências, a nível temático, verificam-se na concepção
do tempo (para Caeiro só existe o presente, para Campos o presente é a
concentração de todos os tempos), no objecto da sua poesia (Caeiro exulta as
qualidades da natureza e Campos, na 2ªfase, exulta as da civilização moderna),
e na atitude perante a vida (enquanto Caeiro é feliz, Campos – na 3ªfase – é um
homem sem identidade e cansado de viver, pois a vida nunca lhe trouxe nada de
bom).A nível formal, apesar de ambos se caracterizarem pela irregularidade estrófica,
métrica e rítmica, verifica-se que, enquanto Caeiro utiliza uma linguagem simples
e com poucos artifícios, Campos distingue-se pelo recurso a um grande número de
figuras de estilo (que tornam a compreensão da mensagem mais difícil), e por
uma exuberância que choca evidentemente com a simplicidade e serenidade dos versos
do mestre Caeiro.<o:p></o:p></span></div>
<h3>
Comparação entre Álvaro de Campos e Ricardo Reis: <o:p></o:p></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Álvaro de Campos foi um poeta que, pelo seu estilo
eufórico e, mais tarde, disfórico, se afastou dos outros heterónimos, já que
estes procuravam a serenidade, que Campos também procurava, de uma forma mais
tranquila. Assim, são poucas as semelhanças entre RR e Campos: tanto Campos (na
3ªfase) como Reis se angustiam perante a efemeridade da vida, consideram a
infância como momento de maior felicidade e aceitam o seu destino (conformismo).
No entanto, neste último ponto, os motivos para essa aceitação são diferentes:
enquanto que Reis o aceita pois considera que essa é a melhor forma de ser
feliz, Campos fá-lo numa atitude de resignação perante a vida, não deixando de
se sentir infeliz por aquilo que ela lhe reservou. Aquilo que mais os distancia
é a sua relação com a realidade – campos vive em eterno conflito com a
humanidade e reis“ dá-lhe conselhos” (através da 1ªpessoa do plural no
imperativo) – e a solidão que caracteriza campos na 3ªfase.A nível formal tanto
um como outro apresentam versos brancos, embora Reis seja regular a nível
estrófico e métrico. Pode verificar-se que Álvaro de campos, na2ªfase, utiliza
a ode como forma de expressão, tal como Ricardo Reis. Nestes dos heterónimos
pode encontrar-se grande riqueza a nível estilístico, nomeadamente no que
respeita `assonância e aliteração, e uma utilização frequente do modo
imperativo. No entanto, enquanto que RR submete a expressão ao conteúdo, Campos
valoriza mais a expressividade dos seus poemas, sendo que esta acaba por se sobrepor
ao seu conteúdo – ou acabar por resumir o último.<o:p></o:p></span></div>
<h2>
Características comuns aos três: <o:p></o:p></h2>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Encontram-se, nos heterónimos, dois factores comuns a
todos eles. Primeiro, a descoberta de um equilíbrio entre o sentir e o pensar: Caeiro
encontra-se através da natureza; reis encontra-se através do equilíbrio entre dor e o prazer; e campos não se encontra. Em
segundo lugar, verifica-se que todos associam à infância o momento em que foram
verdadeiramente felizes – porque ingénuos e inocentes. No entanto, enquanto que
reis e Caeiro acreditam poder voltar a ser felizes como foram em criança,
campos considera essa felicidade perdida, pois só é feliz se for inconsciente,
o que só aconteceu na sua infância, na pré-consciência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Alberto
Caeiro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária,
espontânea, pois vive no presente, não querendo saber de outros tempos, e de
impressões, sobretudo visuais, e porque recusa a introspecção, a subjectividade,
sendo o poeta do real objectivo. Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem
angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o
combate ao vício de pensar, o ser um ser uno, enão fragmentado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Discurso poético de características oralizantes (de
acordo com a simplicidade das ideias que apresenta): vocabulário corrente,
simples, frases curtas ,repetições, frases interrogativas, recurso a perguntas
e respostas, reticências;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Apologia da visão como valor essencial (ciência de
ver)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Relação de harmonia com a Natureza (poeta da
natureza)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem
porque desvirtuam a realidade (a nostalgia, o anseio, o receio são emoções que
perturbam a nitidez da visão de que depende a clareza de espírito)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Características
da escrita<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Verso livre-Métrica irregular -Pobreza
lexical-Adjectivação objectiva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Pontuação lógica -Predomínio da
coordenação-Comparações simples- <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Características orais: vocabulário corrente, simples,
frases curtas, repetições, frases interrogativas, recursos a perguntas e
respostas, reticências-Pouca subordinação-Ausência de preocupações
estilísticas-Número reduzido de vocábulos e de classes de palavras: pouca
adjectivação, predomínio de substantivos concretos, uso de verbos no presente
do indicativo ou no gerúndio-Polissíndeto-Frases incorrectas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Objectivismo</span></b><span style="font-size: 10.0pt;"> -apagamento do sujeito-atitude anti lírica -atenção à
“eterna novidade do mundo”-integração e comunhão com a Natureza-poeta
deambulatório<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Sensacionismo
</span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-poeta das sensações tal como elas
são-poeta do olhar -predomínio das sensações visuais e das auditivas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Anti-metafísico
</span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-recusa do pensamento-recusa do
mistério-recusa do misticismo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Panteísmo
Naturalista- </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">tudo é Deus, as coisas
são divinas-paganismo-desvalorização do tempo enquanto categoria
conceptual-contradição entre “teoria” e a “prática”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Ideologia da
poesia de Caeiro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária,
espontânea e de impressões visuais, sobretudo-Recusa a introspecção e a
subjectividade, sendo poeta do real objectivo. -Caeiro “canta” o viver sem dor,
o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com
o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser uno e não fragmentado. -Apologia
da visão como valor essencial (ciência de ver)- Relação de harmonia com a
natureza , poeta da natureza)-Rejeita o pensamento e a linguagem porque alteram
a realidade-Inocência e constante novidade das coisas-Mestre de pessoa e dos
outros heterónimos-Elimina a dor de pensar de Pessoa. Ele não quer pensar, mas
não consegue evitar -Escreve intuitivamente-Para ele a natureza é para usufruir
não para pensar -Desejo de despersonificação (de fusão com a natureza) -Valorização
das sensações-Preocupação apenas com o presente- é anti-religião-é
anti-metafísica-é anti-filosofia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Características
estilísticas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Verso livre-Métrica irregular -Despreocupação a nível
fónico-Pobreza lexical (linguagem simples, familiar) -Adjectivação
objectiva-Pontuação lógica-Predomínio do presente do indicativo-Frases
simples-Predomínio da coordenação-Comparações simples-Raras metáforas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<h1>
Ricardo Reis<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Biografia:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Nasce a 1887 no Porto -É um pouco baixo, mais seco e
mais forte que Caeiro. Tem a cara rapada eé moreno mate-Surge como produto do
pensamento abstracto de Pessoa-Frequentou um colégio Jesuíta e estudou
medicina; é latinista e semi -helenista por auto – didactismo-Habita no Brasil
desde 1919<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Características
de escrita:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Exagerado-Purismo da língua-Pagão-Disciplinado
mentalmente -O Verso não tem rima, porque se os pensamentos são elevados as
palavras também fluem superiormente-Todos os seus poemas são Odes-Recurso à
assonância, à rima interior e à aliteração. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Uso frequente do gerúndio e do imperativo-Uso de
latinismos-Metáforas, eufemismos, comparações, imagens-Importância dada ao
ritmo-Estilo construído com muito rigor e muito denso (Ode)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Ode:-Versos decassílabos e hexassílabos (geralmente
alternados)-Linguagem erudita (próxima do latim, muito cuidada)-Hipérbato
(desorganização dos elementos da frase)-Transporte-Tom Elevado<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Filosofia: *”epicurista triste”- (Carpe Diem)- busca
do prazer moderado a da ataraxia;* busca do prazer relativo;*estoicismo –
aceitação calma e serena da ordem das coisas;*moralista – pretende levar os
outros a adoptar a sua filosofia de vida;*intelectualiza as emoções;*temática
da miséria da condição humana do FATUM (destino), da velhice, da irreversibilidade
da morte e da efemeridade da vida, do tempo;*espirito grave, ansioso de
perfeição;*aceitação do Fado, da ordem natural das coisas; A filosofia de Reis
rege-se pelo ideal “<i>Carpe Diem</i>”, a
sabedoria consiste em saber-se aproveitar o presente, porque se sabe que a vida
é breve. Há que nos contentarmos com o que o destino nos trouxe. Há que viver
com moderação, sem nos apegarmos Às coisas, e por isso as paixões devem ser
comedidas, para que a hora da morte não seja demasiado dolorosa. Aceita a
relatividade e fugacidade das coisas.I intelectualiza as emoções. Temática da
miséria da condição humana do destino, da velhice, da irreversibilidade da
morte e da efemeridade da vida, do tempo. Espírito grave, ansioso de perfeição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Neoclassicismo
</span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-poesia construída com base em ideias
elevada-Odes (forma métrica por excelência<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Paganismo </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-crença nos deuses-crença na civilização da
Grécia-sente-se um “estrangeiro” fora da sua pátria, a Grécia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Horacianismo
</span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-carpe diem : vive o momento-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">aurea
mediocritas </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">: a felicidade possível
no sossego do campo(proximidade de Caeiro)-Culto do Belo, como forma de superar
a efermeridade dos bens e amiséria da vida-Intelectualização das emoções-Medo
da morte-Quase ausência de erotismo, em contraste com o seu mestre Horácio<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Estoicismo </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-aceitação das leis do destino (“... a vida/ passa e
não fica, nada deixa e nunca regressa.”)-indiferença face às paixões e à dor
-abdicação de lutar -autodisciplina-Considera ser possível encontrar a
felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o
mundo permanecendo indiferente aos males e ás paixões, que são a perturbação da
razão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Classicismo
erudito: </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-Precisão verbal-Recurso à mitologia
(crença e culto aos deuses)- Princípio de moral e da estética epicurista e
estóica-Tranquila resignação ao destino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Epicurismo: </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-Prazer do momento-Caminho da felicidade, alcançada
pela indiferença à perturbação-Não cede aos impulsos dos instintos-Ataraxia
(tranquilidade sem qualquer perturbação)- Calma, ou pelo menos a sua
ilusão-Ideal ético de apatia que permite a ausência da paixão e a
liberdade-Busca da felicidade relativa-moderação nos prazeres-fuga à dor
-ataraxia (tranquilidade capaz de evitar a perturbação “ Reis […] manifesta uma
aguda mas estóica sensibilidade em relação ao tema da passagem do tempo. ” Ricardo
Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, é o poeta clássico, da serenidade
epicurista, que aceita, com calma lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas
as coisas. “Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio”, “Prefiro rosas, meu amor,
à pátria” ou “Segue o teu destino” são poemas que nos mostram que este discípulo
de Caeiro aceita a antiga crença nos deuses, enquanto disciplinadora das nossas
emoções e sentimentos, mas defende, sobretudo, a busca de uma felicidade relativa
alcançada pela indiferença à perturbação. A filosofia de Ricardo Reis é a de um
epicurismo triste, pois defende o prazer do momento, o “<i>carpe diem</i>”, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos
dos instintos. Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar,
considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade – ataraxia. Ricardo
Reis propõe, pois, uma filosofia moral de acordo com os princípios do epicurismo
e uma filosofia estóica:- “Carpe diem” (aproveitai o dia), ou seja, aproveitai
a vida em cada dia, como caminho da felicidade;- Buscar a felicidade com
tranquilidade (ataraxia);- Não ceder aos impulsos dos instintos (estoicismo); Procurar
a calma, ou pelo menos, a sua ilusão;- Seguir o ideal ético da apatia que
permite a ausência da paixão e a liberdade(sobre esta apenas pesa o
Fado).Ricardo Reis, que adquiriu a lição do paganismo espontâneo de Caeiro,
cultiva um neoclassicismo neopagão (crê nos deuses e nas presenças quase
divinas que habitam todas as coisas), recorrendo à mitologia greco-latina, e
considera a brevidade ,a fugacidade e a transitoriedade da vida, pois sabe que
o tempo passa e tudo é efémero. Daí fazer a apologia da indiferença solene
diante o poder dos teus e do destino inelutável. Considera que a verdadeira
sabedoria de vida é viver de forma equilibrada e serena, “sem desassossegos
grandes”. A precisão verbal e o recurso à mitologia, associados aos princípios
da moral e da estética epicuristas e estóicas ou à tranquila resignação ao
destino, são marcas do classicismo erudito de Reis. Poeta clássico da
serenidade, Ricardo Reis privilegia a ode, o epigrama e a elegia. A frase
concisa e a sintaxe clássica latina, frequentemente com a inversão da ordem
lógica (hipérbatos), favorecem o ritmo das suas ideias lúcidas e disciplinadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Cabealho1Carcter"><span style="font-size: 14.0pt;">Álvaro de Campos</span></span><span style="font-size: 10.0pt;"> surge quando Fernando Pessoa sente “um impulso para escrever”.
O próprio Pessoa considera que Campos se encontra no «extremo oposto, inteiramente
oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de Caeiro. Campos
é o “filho indisciplinado da sensação e para ele a sensação é tudo. O sensacionismo
faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. O eu do poeta tenta
integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de
existir. Este heterónimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe
basta a «sensação das coisas como são»: procura a totalização das sensações e
das percepções conforme as sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de
todas as maneiras”. Engenheiro naval e viajante, Álvaro de Campos é figurado
“biograficamente” por Pessoa como vanguardista e cosmopolita, espelhando-se
este seu perfil particularmente nos poemas em que exalta, em tom futurista, a
civilização moderna e os valores do progresso. Cantor do mundo moderno, o poeta
procura incessantemente “sentir tudo de todas as maneiras”, seja a força
explosiva dos mecanismos, seja a velocidade, seja o próprio desejo de partir.
“Poeta da modernidade”, Campos tanto celebra, em poemas de estilo torrencial,
amplo, delirante e até violento, a civilização industrial e mecânica, como expressa
o desencanto do quotidiano citadino, adoptando sempre o ponto de vista do homem
da cidade. O drama de Álvaro Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o
amor do mundo e da humanidade; é uma espécie de frustração total feita de
incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, mundo exterior e mundo
interior. Revela, como Pessoa, a mesma inadaptação à existência e a mesma
demissão da personalidade íntegra., o cepticismo, a dor de pensar e a nostalgia
da infância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Biografia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Nasce em
Tavira, em 1890<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Estuda engenharia mecânica e naval na Escócia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•“Filho indisciplinado da sensação e para ele a
sensação é tudo. Osensacionismo faz da sensação a realidade da vida e a base da
arte.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• “Sentir tudo de todas as maneiras”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Vanguardista e cosmopolita<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Único heterónimo que comparticipa da vida extra
literária de Fernando Pessoa heterónimo<o:p></o:p></span></div>
<h1>
Fases<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Cabealho1Carcter"><span style="font-size: 14.0pt;">Primeira – decadentismo
(1914)</span></span><span style="font-size: 10.0pt;"> - Exprime o tédio, o
cansaço e a necessidade de novas sensações (“Opiário”); o decadentismo surge
como uma atitude estética finissecular que exprime o tédio, o enfado, a náusea,
o cansaço, o abatimento e a necessidade de novas sensações. Traduza falta de um
sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia. Com rebuscamento,
preciosismo, símbolos e imagens apresenta-se marcado pelo Romantismo e pelo
Simbolismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Tédio, cansaço, necessidade de novas sensações<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Falta de um sentido para a vida<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Romantismo e simbolismo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Nostalgia
, Saturação, Embriaguez do ópio, Horror à vida, Realismo satírico, Vocabulário precioso e
vulgar , Imagens, Símbolos, Estilo confessional brusco, Decassílabos agrupados
em quadras, •<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">“Opiário “</span><span class="Cabealho2Carcter"><span style="font-size: 13.0pt;">Segunda – Futurismo (1914 a 1916</span></span><span style="font-size: 10.0pt;">) Nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da
máquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma
atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Campos apresenta
a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza
tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico, essa “nova revelação metálica
e dinâmica de Deus”. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo
desta intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há
a náusea, a neurastenia provocada pela poluição física e moral da vida moderna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Elogio da civilização industrial e da técnica<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Triunfo da máquina, beleza dos “maquinistas em fúria”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Intelectualização das sensações, delírio sensorial<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Não aristotélica<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Sado masoquismo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Cantar lúcido do mundo moderno<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Influência de Walt Whitman<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Vertigem das sensações modernas , Volúpia da
imaginação, Hipertrofia ilimitada do eu, Energia explosiva , Impulsos
inconscientes<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Verso livre, longo, Estilo esfuziante, torrencial, Anáforas,
exclamações, interjeições, apóstrofes e enumerações, Fantasia verbal<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• “Ode triunfal”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">)</span><span class="Cabealho1Carcter"><span style="font-size: 14.0pt;"> Terceira fase – pessoal ou intimista (1916 a 1935 - </span></span><span style="font-size: 10.0pt;">Perante a incapacidade das realizações, traz de volta
o abatimento, que provoca “Um supremíssimo cansaço, /íssimo, íssimo, íssimo,
/Cansaço…”. Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido.
Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. (“Esta velha angústia”;
“Apontamento”; “Lisbon revisited”).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Melancolia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Devaneio<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Cosmopolitismo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Cepticismo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Dor de pensar <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Saudades da Infância ou do Irreal<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Dissolução do eu<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Conflito entre a realidade e o poeta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Cansaço, tédio e abulia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Angustia existencial<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Solidão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•“Aniversário” e a “Tabacaria”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<h1>
Traços da sua poesia<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">• Poeta modernista<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Poeta sensacionista<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Cultor das sensações sem limite<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Poeta de verso livre<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Poeta de angustia existencial e da auto ironia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Traços
estilísticos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Verso livre em geral muito longo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Assonâncias, onomatopeias, aliterações<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Grafismos expressivos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Mistura de níveis de língua<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Enumerações excessivas, exclamações, interjeições e
pontuação emotiva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Estrangeirismos e neologismos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">•Metáforas ousadas, oximoros, personificações,
hipérboles<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br clear="all" style="mso-special-character: line-break; page-break-before: always;">
</span>
<br>
<div class="MsoNormal">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<h1>
Características do género épico em “Os Lusíadas”:<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">a)A acção é a
descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco daGama, como
acontecimento culminante da História de Portugal até à datada composição da
obra e definidor do perfil do herói, isto é, o Povo Português, “o peito ilustre
lusitano” Havia determinadas qualidades que a acção de uma epopeia devia reunir:
a unidade, a variedade, a verdade e a integridade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A unidade é, porventura, a característica fundamental,
dado que exige que todas as suas partes ou séries de acontecimentos constituam
um todo harmonioso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">.A variedade é conseguida através da inserção de
episódios, cuja função é embelezar a acção e quebrar a monotonia de uma
narração continuada, mas sempre sem prejudicar a unidade, através do estabelecimento
hábil de uma relação como o acontecimento ou afigura de que a acção se ocupa em
cada momento. São variados os tipos de episódios que encontramos em “Os
Lusíadas”:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">Mitológicos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">Bélicos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">Líricos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">
Naturalistas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">Simbólicos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">Humorístico
ou herói-cómico<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 10.0pt;"></span><span style="font-size: 10.0pt;">Cavalheiresco<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A verdade consiste no tratamento de um assunto real
ou, pelo menos,verosímil4.A integridade exige a estruturação de uma narrativa
com princípio, meio e fim ( introdução, desenvolvimento e conclusão)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">b) A personagem -
(os sujeitos ou heróis da acção) – o povo português, um herói colectivo, que na
obra é simbolicamente representado por vasco da Gama <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">c)O maravilhoso,
que consiste na intervenção, de entidades sobrenaturais na acção, umas
favorecendo, outras dificultando. Cada interventor tem as suas razões para
desejar o sucesso ou o insucesso dos marinheiros portugueses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-size: 10.0pt;">d)A forma: “Os
Lusíadas” são uma narrativa em verso, dividida em dez cantos, com um número
aproximado de cento e dez estrofes cada. As estrofes são oitavas em verso
decassilábico, geralmente heróico O esquema rimático é fixo – ABABABCC – sendo,
portanto, a rima cruzada A acção – acontecimentos representados ao longo da obra-
viagem de Vasco da Gama, acontecimento culminante
da história de Portugal-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Unidade -</span></b><span style="font-size: 10.0pt;"> ligação entre as diversas partes-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Variedade </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">- inserção de episódios para quebrar a monotonia e
embelezar a acção-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Verdade </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">- assunto real, ou, pelo menos, verosímil-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Integridade
-</span></b><span style="font-size: 10.0pt;"> criação de uma intriga com
principio, meio e fim-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Personagens</span></b><span style="font-size: 10.0pt;"> - os agentes ou heróis da acção-Vasco da gama-O Povo Português-Camões-Etc-individual
e principal, comum a dimensão simbólica (um povo de marinheiros)-herói
colectivo, fundamental numa epopeia-herói individual-Não são meros símbolos,
têm paixões humaníssimas, identificam o êxito e o fracasso, a vitoria e a
derrota-O<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Maravilhoso
- </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">intervenção de seres sobrenaturais
na acção-Júpiter, Vénus,Marte, Baco,etc.-Deus (A Divina Providência Cristã)-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Pagão</span></b><span style="font-size: 10.0pt;"> - deuses pagãos-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Cristão – </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">Deus do cristianismo-<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A forma - </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">-dez cantos-narrativa em versos decassilábicos,
geralmente heróicos, agrupados em oitavas -rima cruzada nos seis primeiros
versos e emparelhada nos dois últimos31<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A estrutura
externa - </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">A obra distribui-se por dez
cantos, cada um deles com um número variável de estrofes ( em média cento e
dez). O número total de estrofes da epopeia é de mil cento e duas. As estrofes
são oitavas, isto é, constituídas por oito versos. Os versos são
decassilábicos, na sua maioria heróicos (acentuados nas 6º e 10ª sílabas),
surgindo, também, por vezes, o verso sáfico (acentuado nas 4º, 8ª e
10ªsílabas).O esquema rimático é o mesmo em todas as estrofes da obra
-ABABABCC, sendo, portanto, a rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada
nos dois últimos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A estrutura
interna<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">“Os Lusíadas” apresenta as tradicionais três partes
lógicas: introdução, desenvolvimento e conclusão. Assim, das quatro partes de
uma epopeia clássica (proposição, invocação, dedicatória e narração) constituem
as três primeiras a introdução( I, 1-18 ); a narração constituirá o
desenvolvimento; e considerar-se-á concluída quando os marinheiros entrarem
“pela foz do Tejo ameno” ( X,144). A conclusão, ou epílogo, inclui as restantes
doze estrofes do canto X(145-156) e exprime um desabafo desencantado perante a
Musa e uma exortação final a D.Sebastião, prometendo cantar-lhe os feitos
futuros<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Introdução </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">(proposição, invocação e dedicatória) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A proposição<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Consiste na apresentação do assunto (Canto I, 1-3), em
que Camões proclama cantar as grandes vitórias e os homens ilustres (“As armas
e os barões assinalados”), as conquistas e navegações no Oriente (reinados de D.
Manuel e de D. João III), as vitórias em África e na Ásia (desde D. João I aD.
Manuel), que dilataram “a Fé e o Império” e, por último, todos aqueles que “por
obras valerosas se vão da lei Morte libertando”, todos aqueles que, no passado,
no presente e no futuro, mereceram, merecem ou vieram a merecer a imortalidade”
na memória dos homens. Predomínio da função apelativa, pelo uso do conjuntivo
com sentido de imperativo (cessem, cale-se, cesse) e pela repetição daquelas
formas verbais sinónimas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A invocação<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Consiste em pedir ajuda a entidades mitológicas,
chamadas Musas. Isso acontece várias vezes ao longo do poema, sempre que o
sujeito da enunciação sente faltar-lhe a inspiração suficiente, seja em
resultado da grandeza da tarefa que se lhe impõe, seja porque as condições são
adversas. Todavia, no canto X, estrofe 145, Camões dirige-se, finalmente, à
Musas(Calíope) para um lamento sincero e a confissão de “não mais” poder
“cantar agente surda e endurecida”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;"> Predomínio,
ainda, da função apelativa da linguagem, pelo uso do imperativo, do vocativo, e
da repetição anafórica- Pretende Camões, nestas duas estrofes, que as tágides
lhe dêem um estilo sublime, à altura dos
feitos que se propõe narrar e de forma que a gesta lusíada se torne conhecida
em todo o universo. Não lhe interessa, agora, a inspiração lírica e bucólica
que as Musas lhe prodigalizaram. Pretende agora voar mais alto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A
dedicatória - </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">A dedicatória (I, 6-18)
é o oferecimento do poema a D. Sebastião. O carácter oratório do discurso é que
determina o uso da 2ª pessoa do plural (“vós”), do modo imperativo (“inclinai”,
“ponde”) e de numerosas apóstrofes. D. Sebastião encarna toda a esperança do
poeta que quer ver nele um monarca poderoso, capaz de retomar a “dilatação da
Fé e do Império” e de ultrapassar a crise do momento. Camões dirige-se a D.
Sebastião, usando repetidamente a cerimoniosa 2ª pessoa do plural e sucessivas
apóstrofes e perífrases altamente elogiosas, vendo nele o depositário
providencial da independência da Pátria e a garantia da dilatação da Fé Cristã
e da construção dum Império onde sempre haveria Sol, porque se estenderia de
Leste a Oeste do Universo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Desenvolvimento
</span></b><u><span style="font-size: 10.0pt;">– os quatro planos de organização
da narrativa: A viagem</span></u><span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A quarta parte da epopeia, a narração, é que constitui
a acção principal que, à maneira clássica, se inicia “in media res”, isto é,
quando a viagem já vai a meio, encontrado-se já os marinheiros em pleno Oceano
Índico. Este começo da acção central, a viagem de descoberta do caminho marítimo
para a Índia, quando os Portugueses se encontram já a meio do percurso, no
Canal de Moçambique, vai permitir:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">a narração do percurso até Melinde pelo narrador
heterodiegético (cantos I e II)- a narração da História de Portugal até à
viagem (cantos III, IV e V,85), em forma de discurso do Gama, dirigido ao Rei
de Melinde e a pedido deste-A inclusão da narração da primeira parte da viagem
e ao surgimento da “doença crua e feia” (escorbuto) na retrospectiva histórica
atrás referida-A apresentação do último troço da viagem (canto VI), entre
Melinde e Calecute, de novo por um narrador heterodiegético. Mas,
simultaneamente, os deuses reúnem em consílio, para decidir “sobre as cousas
futuras do Oriente” e, de vez em quando, tece o poeta considerações pessoais. A
narrativa organiza-se em quatro planos: o da viagem e dos deuses, em
alternância, ocupam uma posição fulcral; a História passada de Portugalestá
encaixada na viagem; as considerações pessoais aparecem normalmente nos fins de
cantos e constituem, de um modo geral, a visão crítica do Poeta sobre o seu
tempo. Já a Proposição aponta para os quatro planos do poema: a celebração de
uma viagem a glorificação de um povo do poema: a celebração de uma viagem, a
glorificação de um povo cuja histórica será narrada, por traduzir a vitória
sobre os deuses, na interpretação pessoal do poeta: “Cantando espalharei por
toda a parte”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A Histórica
de Portugal: os discursos e as profecias<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A História de Portugal, exposta em discurso (de Vasco
da Gama ao rei de Melinde e de Paulo da Gama ao Catual, para a histórica
passada em relação à viagem – 1498) e em profecias ( de Júpiter, de Adamastor,
da ninfa Sirena e de Tétis, em relação à história futura em relação à viagem),
não tem uma unidade intrínseca. Uma parte dessa história é dada em sequência
cronológica e consta do discurso de vasco da Gama ao rei de Melinde. Outra
parte é dada em quadros soltos, como são as pinturas (“bandeiras”) que Paulo da
Gama explica ao Catual ou as profecias de Júpiter, do gigante Adamastor, de
Tétis ou da Ninfa Sirena. Abundam, os discursos, ora dos narradores, ora dos
protagonistas das histórias: o da “formosísima Maria”, a seu pai; o de Inês de
Castro ao sogro(Afonso IV); o de Nuno Álvares Pereira, no canto IV.A exposição
dos feitos dos Portugueses caracteriza-se pela ausência de uma acção de
conjunto. Não é, portanto, que encontrámos a mola do poema.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Os deuses<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A intriga dos deuses abre com o consílio, com que se
inicia a acção do poema (I; 20-41) e fecha na ilha de Vénus, com que ele,
praticamente, se encerra. Formalmente, a unidade de “Os Lusíadas” é
estabelecida pela intrigados deuses. Eles estão em cena desde o princípio até
ao fim do poema, o qual abre com o consílio dos deuses e termina com a Ilha dos
Amores. Não se trata de mero quadro externo, ou de uma sobreposição, mas da
mola real do poema, que não tem outra. As personagens mitológicas têm uma vida
que falta às personagens históricas: são elas as verdadeiras criaturas humanas,
que sentem, que se apaixonam, intrigam e fazem rebuliço. O Gama é muito mais
hirto e frio que o Gigante Adamastor, apesar de este ser um cabo, uma rocha. E ninguém
tem o vulto, a irradiação, a força, a personalidade provocante de Vénus. Através
da mitologia, Camões exprime algumas tendências profundas do Renascimento:-a
vitória dos homens sobre os deuses, que personificam os limites opostos pela
tradição à iniciativa humana-a confiança na capacidade humana para dominar a
natureza -a concepção da natureza como um ser vivo-a afirmação (apenas virtual)
de Deus coo uma imanência -a crença na bondade da natureza -a identificação da
lei da razão com a lei da liberdade -a proscrição da noção de pecado<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">As considerações
pessoais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Este plano, é aquele em que o autor se permite tecer
considerações, na maior parte das vezes de carácter satírico, sobre matérias
muito diferenciadas: -a fragilidade da vida humana face ais “grandes e
gravíssimos perigos” tanto no mar como na terra (I, 105-106 -o desprezo a que
as Artes e as Letras muitas vezes são votadas pelos Portugueses (V, 91-100) , o
valor da glória e das honras por mérito próprio (VI, 95-99)-a ingratidão de que
se sente vítima por parte da sociedade (VII, 78-87)-o poder corruptor do ouro,
o “metal luzente e louro”, também motor de traições (VIII, 96-99)-os modos de
atingir a imortalidade, condenado a cobiça, a ambição e a tirania (IX, 92-95)-a
decadência da Pátria, a “austera, apagada e vil tristeza” (X, 145)-a invectiva
ao Rei, renovando os apelos da Dedicatória, e incentivando-o a tomar medidas no
sentido de corrigir e repor o país na senda do êxito (X, 146-156)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Conclusão<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Camões lamenta perante a Musa (Calíope) a inutilidade
do seu canto face à indiferença da sociedade do seu tempo (“gente surda e
endurecida”),afogada que está “no gosto da cobiça e na rudeza/Duma austera,
apagada e vil tristeza”; da estrofe 146 até ao fim do , Camões dirige-se ao
novo Rei, última esperança de regeneração da Pátria, aconselha-o a “favorecer”
todos aqueles que estejam dispostos a servir desinteressadamente e conclui a
sua obra oferecendo-se para cantar os feitos que D. Sebastião venha a praticar
em África.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A
universalidade e actualidade da mensagem da obra<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">“os Lusíadas” são o poema do mar, dos descobrimentos,
das trocas internacionais? Sim, sem qualquer dúvida. Mas Camões defende, simultaneamente,
o amor e a guerra, o império do amor e o amor do império. Tem-se a impressão de
que Camões, poeta lírio, faz uma aposta – a aposta de escrever uma epopeia –
cumpriu a sua palavra até ao fim, mas durante a realização de um trabalho de
muitos anos sofreu momentos de dúvida e pôs em causa aquilo que exaltava. As
contradições do poema são as contradições do seu século, e desta conclusão
podemos inferir da sua universalidade, pois “OS Lusíadas” não são
exclusivamente o canto do nacionalismo que se estruturava – mas também uma
meditação sobre os valores. Trata-se, com efeito, das contradições dialécticas
de uma voz que exprime a consciência moral, social e política da Europa num
momento da sua evolução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">“Os Lusíadas,. Poema simultaneamente épico e crítico,
veiculam pois uma mensagem universal de humanismo generoso que contrabalança e ultrapassa
a tolerância religiosa e um patriotismo estreito. A sua problemática, bem como
a sua arte, interessa ainda aos nosso dias, aos homens de todo o mundo. Nele se
descobre já a aspiração profunda ao conhecimento e ao amor do próximo, condição
necessária quer para o desenvolvimento harmonioso do indivíduo quer para a criação
cultural e o triunfo da paz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br clear="all" style="mso-special-character: line-break; page-break-before: always;">
</span>
<br>
<div class="MsoNormal">
<br></div>
<div style="border-bottom: solid #4F81BD 1.0pt; border: none; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 4.0pt 0cm;">
<div class="MsoTitle">
Felizmente há luar<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A influência do teatro de Brecht em “Felizmente há Luar!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;"> No teatro
clássico pretende-se despertar as emoções, levando o espectador a identificar-se
com as personagens. No teatro de épico de Brecht, defende-se a “distanciação” a
fim de levar o espectador a pensar e a desenvolver o espírito crítico. Em
“Felizmente há Luar!” pode-se estabelecer um paralelismo histórico-metafórico
entre o tempo representado e o da escrita. Nas tragédias clássicas, a acção é
marcada pelo Destino, ao contrário do teatro épico onde esta se deve a causas
políticas e sociais que a sociedade pode combater. Na epígrafe, invoca-se um
texto em que existe um conflito entre o indivíduo inconformista e a sociedade
corrupta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoSubtitle">
Felizmente há luar!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">é um drama narrativo de carácter social dentro dos
princípios do teatro épico. Defende as capacidades do homem, que tem o direito
e o dever de transformar o mundo em que vive, oferecendo-nos uma análise
crítica da sociedade em procurando mostrar a realidade em vez de a representar,
para levar o espectador a reagir criticamente e a tomar posição<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Intenção didáctica: o espectador sai consciente de que
há algo a mudar, o que levará a uma consciência crítica, socialmente empenhada,
por exemplo, através da personagem de Matilde. Apoteose trágica (climax):
desfecho trágico mas também apoteótico, transfigurador, de homenagem a Gomes
Freire transformado em herói, dando esperança ao povo. Encenação: cenários
neutros, pouco aparatosos; jogo de luzes; projecção de diapositivos –
cicloramas: silhueta da cidade de lisboa ( situação espacial)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A estrutura
externa e interna da peça<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O texto principal é constituído pelas falas ou
réplicas das personagens; o texto secundário fornece informações várias. O
texto principal permite analisar a estrutura interna e a didascália, a
estrutura externa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Estrutura
externa:</span></b><span style="font-size: 10.0pt;"> peça em dois actos, sem
divisão gráfica de cenas. O primeiro acto divide-se em onze momentos O segundo
acto começa precisamente como o primeiro e possui treze momentos. A obra
apresenta todo o processo que conduziu à execução do general Gomes Freire de
Andrade. No primeiro acto trama-se a sua prisão e, no segundo, verifica-se a sua
execução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 10.0pt;">Primeiro Acto:<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-o povo, vítima da miséria e da opressão, sonha com a
sua salvação, motivado pela esperança que lhe inspira o general Gomes Freire de
Andrade, figura que define como “amigo do Povo”- Vicente, um homem do povo,
considera Gomes Freire um “estrangeirado” e tenta convencer os populares que o
ouvem de que o general nunca será aliado do povo; mais tarde, será levado por
dois polícias junto do governador, D. Miguel de Forjaz, manifestando-se um
traidor para com a classe social a que pertence (esta atitude valer-lhe-á a
ascensão social, pois o governador alicia-o com a promessa de que lhe dará o
cargo de chefe da polícia) -D. Miguel, preocupado com a hipótese (para ele,
eminente) de uma revolução, manda Vicente vigiar a casa de Gomes
Freire-Beresford, governador do reino, informa D. Miguel e o Principal Sousa
deque, em Lisboa, se prepara, efectivamente, uma revolução contra o poder
instituído (o seu informador é o capitão Andrade Corvo, um ex-maçon, amigo de
Morais Sarmento, também maçon).Os governadores do reino tomam a decisão de
destruir o líder dos conspiradores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Morais sarmento e Andrade Corvo dispõem-se a
denunciar o chefe da conspiração em Lisboa,. Mediante a intimação de D. Miguel,
no sentido do cumprimento de um “missão”.-Vicente informa os governadores
(Beresford, D. Miguel e o Principal Sousa) do número de pessoas que entram em
casa de Gomes Freire e anuncia a identidade de algumas; Andrade Corvo, por sua
vez, revela aos governadores que são muitas as pessoas que partilham o ideal de
revolução, afirmando que já tinham sido enviados emissários desta causa para a província;
Andrade Corvo adianta o nome do chefe dos conspiradores: o general Gomes Freire
de Andrade. -D. Miguel ordena que se prendam os conspiradores, abarcando um
número significativo de pessoas; por outro lado, tenta que a sua atitude surja
de uma forma justificada, pensando, assim, impedir a estranheza perante a sua
decisão, cujo objectivo é a repressão e a eliminação de Gomes Freire ( os seus argumento
baseiam-se no patriotismo e na defesa do nome e da vontade de Deus).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 10.0pt;">Segunda Acto:<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-o acto inicia-se exactamente como o anterior, ou
seja, Manuel interroga-se ”Que posso eu fazer? Sim, que posso eu fazer?”
através do seu monólogo, o espectador (ou o leitor) tem conhecimento da prisão
de Gomes Freire ocorrida na madrugada anterior -a polícia proíbe os aglomerados
populares-Matilde exprime a sua dor revolta face À situação do marido, o
general Gomes Freire; contudo, decide intervir, de modo a conseguir a sua
libertação-António Sousa falcão, o “inseparável amigo” de Matilde e do general,
surge como a voz que critica o poder instituído e o comportamento abusivo dos governantes,
que tentam enganar o povo, mencionando o nome de Deus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Matilde procura Beresford, a fim de interceder pelo
marido; objectivo que não alcança, pois, através do diálogo com Matilde, o governador
humilha Gomes Freire. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-O padre dá a informação de que seria feita uma acção
de graças em todas as paróquias e igrejas das conventos por todos aqueles que
se tinham insurgido contra o governo (esta ocorreria num domingo)-Matilde
apercebe-se da indiferença dos populares perante a situação em que se encontra
Gomes Freire (na realidade, eles não têm qualquer hipótese de o ajudar; a
traição a que povo é obrigado é simbolizada na moeda que Manuel oferece a
Matilde); sabe-se, entretanto, que Vicente é chefe da polícia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-António de Sousa Falcão transmite a notícia de que a
situação de Gomes Freire é cada vez mais crítica (não são autorizadas visitas,
encontra-se numa masmorra às escuras, não lhe permitiram escolher um advogado,
descuida-se a sua higiene física e a sua alimentação)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Matilde tenta pedir a D. Miguel que liberte o marido;
o governador não a recebe-Matilde pede ao Principal Sousa que liberte Gomes
Freire; o Principal Sousa evoca “as razões de estado” como o motivo da morte do
general, apesar de Matilde o acusar de cumplicidade em relação ao destino do
seu marido<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Frei Digo, que confessara Gomes Freire, revela a sua
solidariedade para com Matilde<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Matilde acusa o Principal Sousa de não adoptar o
comportamento que seria de esperar de um bispo-Sousa Falcão informa a esposa do
general de que já havia fogueiras em S. Julião da Barra, para onde Gomes Freire
tinha sido levado, o que leva Matilde a implorar, de novo, ao Principal Sousa a
vida do marido-Matilde tenta consolar-se através da religião; depois, lançará
aos pés do Principal Sousa a moeda que Manuel lhe dera-Matilde assiste À
execução do marido, vendo o seu corpo ser devorado pelas chamas, ainda que
imagine que o seu espírito vem abraça-la; profetiza uma nova vida para
Portugal, simboliza no clarão da fogueira, fruto de uma revolução que
encerraria o período de ditadura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Paralelismo
estrutural:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-Manuel interroga-se sobre o que fazer para alterar a
sua situação e da sua classe social<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O povo lamenta a sua miséria- A chegada dos polícias
faz dispersas os populares (no primeiro acto, dois polícias procuram Vicente
para que este traia a sua classe; no segundo acto, a policia proíbe os
“ajuntamentos”)- No primeiro acto, os diálogos entre os governadores, Vicente,
Andrade Corvo, e Morais Sarmento funcionam como o plano de preparação para a
condenação de Gomes Freire; no segundo acto, os diálogos entre os governadores
e Matilde significam a efectivação das intenções dos representantes do poder –
destruir Gomes Freire. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">-O primeiro acto termina com a prisão de populares que
conspiravam contra o governo e com apelo de “morte ao traidor Gomes Freire
d’Andrade”, feito por D. Miguel; o final do segundo acto apresenta-nos a morte
do general ( ainda que, em simultâneo, ecoe o grito de esperança de Matilde)<o:p></o:p></span></div>
<h1>
As personagens<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Gomes Freire
de Andrade:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Gomes Freire aparece-nos como um homem instruído,
letrado, um estrangeirado, um militar que sempre lutou em prol da honestidade e
da justiça. É também o símbolo da modernidade e do progresso, adepto das novas
ideias liberais e, por isso, considerado subversivo e perigoso para o poder
instituído. Assim, quando é necessário encontrar uma vítima que simbolize uma
situação de revolta que se advinha, Gomes Freire é a personagem ideal. Ele é
símbolo da luta pela liberdade, da defesa intransigente dos ideais – daí que a
sua presença se torne incómoda não só para os reis do Rossio, mas também para
os senhores do regime para os senhores do regime fascizante dos anos 60. A sua
morte, duplamente aviltante para um militar seria o fuzilamento), servirá de lição
a todos aqueles que ousem afrontar o poder político e também, de certa forma,
económica representado pela tença que Beresford recebe e que se arriscaria a
perder se Gomes Freire chegasse ao poder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Matilde de
Melo:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Todas as tiradas de Matilde revelam uma clara lucidez
e uma verdadeira coragem na análise que toda a teia que envolve a prisão e condenação
de Gomes freire. No entanto, a consciência da inevitabilidade do martírio do
seu homem ( e daí o carácter épico personagem Gomes Freire) arrasta-a para um
delírio final em que, envergando a saia verde que o general lhe oferecera em
paris (símbolo esperança num futuro diferente?), Matilde dialoga com Gomes
Freire, vivendo momentos de alucinação intensa e dramática. Estes momentos
finais, pelo carácter surreal que transmitem, são também a denúncia do absurdo
a que a intolerância e a violência dos homens conduzem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Sousa
Falcão:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Sousa Falcão é o amigo de todas as horas, é amigo fiel
em que se pode confiar e que está sempre pronto a exprimir a sua solidariedade
e amizade. No entanto, ele próprio tem a consciência de que, muitas vezes, não actuou
de forma consentânea com os seus ideias, faltando-lhe coragem para passar à
acção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Vicente, o
traidor:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Apesar da repulsa/ antipatia que as atitudes de Vicente
possam provocar no público/leito, o que é facto é não se lhe pode negar nem lucidez
nem acuidade na análise que faz da sua situação de origem e da força corruptora
do poder. Vicente é uma personagem incómoda, talvez porque nos faça olhar para
dentro de nós próprios, acordando más consciências adormecidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Manuel e
Rita:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Manuel e Rita acabam também por simbolizar a desesperança,
a desilusão, a frustração de toda uma legião face à quase impossibilidade de
mudança da situação opressiva em que vivem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Beresford:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Personagem cínica e controversa, aparece como alguém
que, desassombradamente, assume o processo de Gomes Freire, não como um imperativo
nacional ou militar, mas apenas motivado por interesses individuais: a manutenção
do seu posto e da sua tença anual. A sua posição, face a toda a trama que
evolve Gomes Freire, é nitidamente de distanciamento crítico e irónico,
acabando por revelar a sua antipatia face ao catolicismo caduco e ao exercício
incompetente do poder, que marcam a realidade portuguesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">D.Miguel:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">é o protótipo do pequeno tirano, inseguro e
prepotente, avesso ao progresso, insensível à injustiça e à miséria. Todo o seu
discurso gira em torno de uma lógica oca e demagógica, construindo verdades
falsas em que talvez acabe mesmo por acreditar. Os argumentos do ardor
patriótico, da construção de um Portugal próspero e feliz, com um povo simples,
bom e confiante, que viva lavrando e defendendo a terra, com os olhos postos no
senhor, são o eco fiel dos discursos políticos dos anos 60. D.Miguel e o
Principal Sousa são talvez as duas personagens mais detestáveis de todo o texto
pela falsidade e hipocrisia que veiculam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Principal
Sousa:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Para além da hipocrisia e da falta de valores éticos
que esta personagem transmite, o Principal Sousa simboliza também o arranjo
entre a Igreja, enquanto, enquanto instituição, e o poder e a demissão da
primeira relação à denúncia das verdadeiras injustiças. Nas palavras do
principal Sousa é igualmente possível detectar os fundamentos da política do
“orgulhosamente sós”dos anos 60. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Andrade Corvo
e Morais Sarmento </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">: São os delatores
por excelência, aqueles a quem não repugna trair ou abdicar dos ideias para
servirem obscuros propósitos patrióticos.<o:p></o:p></span></div>
<h1>
O espaço<o:p></o:p></h1>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">O espaço
cénico – outras linguagens estéticas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O cenário assume, nesta peça, um valor fundamental e
integra a construção do sentido do texto, pelas conotações implícitas à sua
concepção. Os jogos de sombra/luz e a posição que as personagens cumprem em
palco constituem formas de enfatizar aspectos que se pretendem relevantes em
várias situações, ao longo da peça, e que servem a caracterização do espaço
social, revelando a dimensão ideológica da obra<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">O espaço
físico<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">É, por vezes, a partir das didascálias e das falas das
personagens que retiramos algumas ilações em relação aos espaços onde decorre a
acção. Assim surge um macro espaço – Lisboa -, a Baixa, o Rato, o campo de
Sant’Ana, a serra de Santo António e a zona do Tejo. Lisboa surge, pois, como o
centro e símbolo do país, a capital do reino, onde está instalado o governo e
onde se inicia a rebelião do povo contra a opressão: é deste espaço que emana a
voz da revolução e a conspiração inicia-se em Lisboa e só depois se alarga à
província.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">O espaço
social<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O clima de opressão, de pobreza, de revolta está
presente ao longo de toda a peça e é visível a intenção do autor, ao propor, à
maneira de Brecht, que assistamos, distantes, a episódios que fizeram a nossa
História e que merecem a nossa reflexão e a nossa análise crítica. E a
repressão fazia-se sentir a todos os níveis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Paralelismo
entre o passado e as condições históricas do anos 60<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Em “Felizmente há luar!” percebe-se, facilmente, que a
história serve de pretexto para uma reflexão sobre os anos 60 do século XX.
Sttau Monteiro, também ele perseguido pela PIDE, denuncia assim a situação portuguesa
durante o regime de Salazar, interpretando as condições históricas que, anos
mais tarde, contribuiriam para a “revolução dos Cravos”, em 25 de Abril de
1974. Tal como a agitação e conspiração de 1817, em vez de desaparecer com medo
dos opressores, permitiu o triunfo do liberalismo em 1834, após uma guerra
civil, também a oposição ao regime vigente nos anos 60, em vez de ceder perante
ameaça e a mordaça, resistiu e levou à implantação da democracia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">A
ambiguidade do título<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O título da peça de Sttau Monteiro reveste-se de um
sentido ambíguo marcado pela dupla simbologia do fogo, que remete
simultaneamente para a destruição e para a purificação, do luar que se liga à
morte mas também à vida e dos diferentes pontos de vista das personagens que
profere ma frase: ”felizmente há luar!”: D.Miguel e Matilde<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">As
didascálias<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A peça é rica de marcações com referências concretas
(sarcasmo, ironia, escárnio, indiferença, galhofa, desprezo, irritação –
normalmente relacionadas com os opressores; tristeza, esperança, medo, desânimo
– relacionadas com os oprimidos). As marcações são abundantes: tons de voz,
movimentos, posições, cenários, gestos, vestuário, sons (o som dos tambores, o
silêncio, a voz que fala antes de entrar no palco, o sino k toca a rebate, um
murmúrio de vozes,...) e efeitos de luz (o contraste entre escuridão e luz: os
dois actos terminam em sombra, de acordo com o desenlace trágico). De realçar
que a peça termina ao som de fanfarra (“Ouve-se ao longe uma fanfarronada que
vai num crescendo de intensidade ate ao cair do pano”) em oposição à luz
(“Desaparece o clarão da fogueira”), no entanto, a escuridão não é total porque
“felizmente há luar”. As didascálias funcionam na obra como:-Explicações do
autor -Referência à posição das personagens em cena-Indicações aos actores-Caracterização
do tom de voz das personagens e suas flexões-Indicação das pausas-Saída ou
entrada de personagens-Apresentação da dimensão interior das
personagens-Indicações sonoras ou ausência de som-Ilações que funcionam como
informações e como forma de caracterização das personagens-Sugestão do
aspecto-Exterior das personagens-Movimentação cénica das personagens-Expressão
fisionómica dos actores; linguagem gestual a que, por vezes, se acrescenta a
visão do autor -Expressão do estado de espírito das personagens<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Os símbolos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A saia verde: a felicidade (a prenda comprada em Paris
– terra da liberdade -, no Inverno, com o dinheiro da venda das duas medalhas);
sendo um presente de Gomes Freire para a sua amada em “tempos de crise”,
simboliza a sua coragem, altruísmo e o seu amor e carinho por Matilde; ao
escolher aquela saia para esperar o companheiro após a morte, destaca a
“alegria” do reencontro (“agora que se acabaram as batalhas, vem apertar-me
contra o peito”); o facto de ser verde remete para a esperança e é uma cor
tranquilizadora, refrescante e humana; O título/a luz/a noite/o luar: o título
surge por duas vezes, ao longo da peça, inserido nas falas das personagens: D.
Miguel salienta o efeito dissuasor que aquelas execuções poderão exercer sobre
todos os k discutem as ordens dos Governadores (“Lisboa há-de cheirar toda a
noite a carne assada, Excelência, e o cheiro há-de-lhes ficar na memória
durante muitos anos...Sempre k pensarem em discutir as nossas ordens,
lembra-se-ão do cheiro...” Logo de seguida afirma “é verdade que a execução se
prolongará pela noite mas felizmente há luar...”); esta primeira referência ao
título da peça, colocada na fala do governador, está relacionada com o desejo
expresso de garantir a eficácia da execução pública: a noite é mais assustadora,
as chamas seriam visíveis de vários pontos da cidade e o luar atrairia as
pessoas à rua para assistirem ao castigo que se pretendia exemplar Na altura da execução, as últimas palavras de
Matilde são de estímulo para k o povo se revolte contra a tirania dos
governantes (“Olhem bem! Limpem os olhos no clarão (...)”)A luz, simbolicamente
está associada à vida, à saúde, à felicidade, enquanto a noite e as trevas se
associam ao mal, à infelicidade, ao castigo, à perdição e à morte. A lua,
simbolicamente, por estar privada de luz própria, na dependência do sol, e por
atravessar fases, mudando de forma, representa a dependência, a periodicidade e
a renovação. Assim, é símbolo de transformação e de crescimento. A lua é ainda considerada
como “o primeiro morto”, dado que durante três noites em cada ciclo lunar ela
está desaparecida, como morta, depois reaparece e vai crescendo em tamanha e em
luz... ao acreditar na vida para além da morte, o homem vê nela o símbolo desta
passagem da vida para a morte e da morte para a vida...Por isso, na peça,
nestes dois momentos em k se faz referência directa ao título, a expressão
“felizmente há luar” pode indiciar duas perspectivas de análise e de
posicionamento das personagens: A força das trevas, do obscurantismo, do
anti-humanismo e a utilização do lume (fonte de luz e calor) para “purificar a
sociedade” Se a luz é redentora, o luar poderá simbolizar a caminhada da
sociedade em direcção à redenção, em busca da luz e da liberdade. Assim, dado k
o luar permitirá k as pessoas possam sair de suas casas (ajudando a vencer o
medo e a insegurança na noite da cidade), quanto maior for a assistência, isso
significará: Para uns, que mais pessoas ficarão avisadas e o efeito dissuasor. Para
outros, que mais pessoas poderão um dia seguir essa luz e lutar pela liberdade...A
fogueira/o lume: assume um papel de fonte de esperança, de apelo para a mobilização
dos esforços do povo contra a opressão do regime, de luz que indica o caminho a
seguir; pode também ter um papel dissuasor, na medida em que impressiona e mete
medo aos menos convictos da causa liberal<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br clear="all" style="mso-special-character: line-break; page-break-before: always;">
</span>
<br>
<div class="MsoNormal">
<br></div>
<div style="border-bottom: solid #4F81BD 1.0pt; border: none; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 4.0pt 0cm;">
<div class="MsoTitle">
Memorial do Convento<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoSubtitle">
Contextualização<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Memorial do Convento evoca a história Portuguesa do
reinado de D. João V, no séc. XVIII, procurando estabelecer um paralelo com as
situações políticas da actualidade. Relata essa época de luxo e de grandeza da
corte de Portugal que procura imitar a corte francesa de Luís XIV. O ouro
proveniente do Brasil permite a resolução de alguns problemas financeiros e
permite ao rei investir no luxo de palácios e igrejas.Com o objectivo de ultrapassar
a grandiosidade do “escorial de Madrid” e do palácio de Versalhes, e em acção
de graças pelo nascimento do seu filho, manda construir o convento de Mafra,
juntamente com um palácio e uma extraordinária basílica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Romance<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">O Memorial do Convento é um romance histórico na
medida em que nos oferece uma minuciosa descrição da sociedade portuguesa do início
do séc. XVIII, marcada pela sumptuosidade da corte, associada à inquisição e
pela exploração dos operários. A referência à guerra da sucessão, em que Baltasar
se vê amputado da mão esquerda, a imponência brutal dos autos de fé, a
construção do convento, os esponsais da princesa Mª Barbara, a construção da
Passarola pelo Padre Bartolomeu de Gusmão confirmam a correspondência
aproximada ao que nessa época ocorre e conferem àobra a designação de romance
histórico. Apresenta-se como romance social porque se preocupa com a realidade
do operário oprimido. Nesta medida, afirma-se como romance social, uma vez que
retracta a história repressiva Portuguesa do séc. XX. O passado presentifica-se
pela intemporalidade de comportamentos, desejos e pela denúncia de situações de
opressão, repressão e censura no momento da escrita. Há uma tentativa de
encontrar um sentido para a história de uma época, que permite compreender o
tempo presente e recolher ensinamentos para o futuro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Romance de espaço</span></b><span style="font-size: 10.0pt;">, porque representa uma época, interessando-se não só
por apresentar um momento histórico, mas também por apresentar vários quadros
sociais que permitem um melhor conhecimento do ser humano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Dimensão
Simbólica/Histórica : </span></b><span style="font-size: 10.0pt;">Observa-se que em Memorial do Convento há uma intenção
de interferência do passado com o presente, com a particularidade de conseguir
utilizar a reinvenção da História como estratégica discursiva para olhar a
actualidade. A história torna-se matéria simbólica para reflectir sobre o
presente, na perspectiva da denúncia e dela extrair uma moralidade que sirva de
lição para o futuro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Estrutura<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">A estrutura de o Memorial do Convento apresenta duas
linhas condutoras de acção: a construção do convento de Mafra e a relação entre
Baltasar e Blimunda (que se interliga com a construção da Passarola).
Subjacente à acção principal estão os sentimentos: medo e engano. No desenrolar
do romance denota-se o medo de Blimunda ao ver sua mãe morta num auto de fé ou
enquanto o Padre Bartolomeu constrói a Passarola às escondidas com medo da
inquisição. O engano faz-se notar
principalmente com a atitude dos padres franciscanos que “chantagearam”
o rei dizendo-lhe que só teria herdeiros se construísse um convento. Na obra
são expostos, os excessos do rei ao “esbanjar” o ouro proveniente do Brasil em
luxos (daí o seu cognome Magnânimo) contrastando com as dificuldades do povo e
a crueldade dos autos de fé. É relatado impressionantemente as condições de trabalho
dos trabalhadores e todo o seu sofrimento (“...a diferença que há entre tijolo
e Homem é a diferença que se julga haver entre quinhentos e
quinhentos”).Paralelamente à acção principal está o amor que une Baltasar e
Blimunda. Amor este, verdadeiro, sentido e mútuo contrapondo-se ao de D. João e
D. M.ª Ana: um amor pouco leal (o rei tem filhos bastardos de uma madre e de
uma freira) e convencional. A construção do convento por sua vez, espelha bem o
tremendo sofrimento do povo, as mortes de que resultou a edificação do convento
e também a dessacralização matrimonial (separação das famílias). Saramago faz
aqui uma critica á igreja, uma vez que para servir a Deus não são precisos
mortes e sacrifícios. Critica também a brutalidade dos autos de fé – profano.
Por outro lado a construção da Passarola (sagrado) simboliza uma esperança de
fugir ao medo e obter liberdade (a arte e a escrita libertam-se da opressão do
poder). A construção é a partilha de um sonho do Padre Bartolomeu com Blimunda
e Baltasar e é com entusiasmo, cooperação e solidariedade que a Passarola é
construída, contrapondo-se à construção do convento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Tempo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">As referências temporais são escassas, ou
apresentam-se por dedução. As analepses são pouco significativas. A data de
1711, tempo cronológico do início da acção, não surge explícita na obra, mas
facilmente se deduz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Narração<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Saramago rejeita a omnipotência do narrador, voz
crítica. A voz narrativa controla a acção, as motivações e pensamentos das
personagens, mas faz também as suas reflexões e juízos de valor. Os discursos facilmente
passam da história à ficção. (Segundo Sartre, estamos perante um narrador privilegiado, com poder de ubiquidade (está
dentro da consciência de cada personagem, mas também sabe o antes e o depois))<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Carga
Simbólica<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Sugere as memórias evocativas do passado + remete para
o mítico e misteriosoao lado da história da construção do convento, surge o
fantástico erudito e popular.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Personagens:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<u><span style="font-size: 10.0pt;">D. João V<o:p></o:p></span></u></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 10.0pt;">– Rei de Portugal, rico e poderoso, preocupado com a
falta de descendentes, promete levantar convento em Mafra se tiver filhos da
rainha. Orgulhoso, vaidoso, prepotente, absoluto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<u><span style="font-size: 10.0pt;">D. Maria Ana Josefa - </span></u><span style="font-size: 10.0pt;">devota, humilde, passiva, submissa, infeliz, sente
culpa pelos sonhos com o cunhado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<u><span style="font-size: 10.0pt;">Baltasar Sete-Sóis </span></u><span style="font-size: 10.0pt;">– maneta, chega a Lisboa como pedinte, conhece Blimunda, ajuda na
construção da passarola, morre num auto-de-fé.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<u><span style="font-size: 10.0pt;">Blimunda Sete-Luas – </span></u><span style="font-size: 10.0pt;">capacidades
de vidente, vê entranhas e vontades, ajuda na construção da passarola, partilha
a sua vida com Baltasar, o seu poder permite curar ou criar. Saramago consegue
dotá-la de forças latentes e extraordinárias, que permitem ao povo a
sobrevivência, mesmo quando as forças da repressão atingem requintes de
sadismo. Intuitiva, extraordinária compreensão e força interior, personagem
invulgar. É possuidora de um do m fantástico: vê dentro das pessoas e através
de determinadas substâncias. É possuidora de um pensamento rigoroso e
inteligente. Tem uma linguagem profética. Tem um código de valores não comuns.
Tem iniciativa, segurança e superioridade moral; muitas vezes fala com
autoridade e de modo sacudido. Nunca foi muito religiosa e, à medida que a
história vai avançando vai se tornando progressivamente paganista. A pouco e
pouco vai deixando de praticar os actos religiosos e só Bartolomeu a coloca na
ordem do sobrenatural pelos poderes que possui. Ama o Baltasar com um amor
incondicional, puro, espontâneo, natural, numa comunhão total de corpos e almas
(amor verdadeiro).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<u><span style="font-size: 10.0pt;">Padre Bartolomeu de Gusmão – </span></u><span style="font-size: 10.0pt;">evita
a Inquisição devido à amizade com o Rei, apoiado por Baltasar, Blimunda e
Scarlatti, morre em Toledo. Personagem complexa, algo controversa, angustiada,
em conflito. O facto de ser investigador e sonhador pode ajudar a compreender a
sua evolução espiritual. Desde o seu aparecimento que apresenta alguma
duplicidade ao nível da linguagem é representante do pensamento livre, moderno,
com os seus sonhos, as usas fraquezas e, por isso mesmo, muito humano.<o:p></o:p></span></div>
<br>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<u><span style="font-size: 10.0pt;">O Povo – </span></u><span style="font-size: 10.0pt;">construiu o convento em Mafra, à custa de muitos
sacrifícios e até mesmo algumas mortes. Definido pelo seu trabalho e miséria
física e moral, surge como o verdadeiro obreiro da realização do sonho de D.
João V<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-42369047035815312682014-04-29T09:44:00.001-07:002014-04-29T09:44:56.007-07:00José & Pilar - O filme<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/iesonOSVTBQ" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-61446485088783997272014-04-29T09:43:00.001-07:002014-06-16T05:00:39.866-07:00José Saramago - Memorial do Convento. Grandes Livros.m4v<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="//www.youtube.com/embed/jPjU-oGiqes" width="480"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-62826806367387224412014-04-29T09:42:00.001-07:002014-06-16T05:00:52.307-07:00OS LUSÍADAS<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/eQ8259wtOAg" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-75325656038759856552014-04-29T09:38:00.001-07:002014-04-29T09:38:30.155-07:00Filme Portugues - Camoes [1946]<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/JE8dsUV8oCU" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-50499462326009035012014-04-29T09:37:00.001-07:002014-04-29T09:37:01.463-07:00Filme Portugues - Frei Luis de Sousa [1950]<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/nG7tGDCfJf0" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-22535848609770459692014-04-29T09:36:00.003-07:002014-04-29T09:36:35.629-07:00Os Maias - Minissérie - Parte 1<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/99YRwglIfjw" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-69800406300213769372014-04-29T09:36:00.001-07:002014-04-29T09:36:07.437-07:00Os Maias - Minissérie - Parte 2<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/wut8vfYGc8Y" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-46475788359586169342014-04-29T09:35:00.001-07:002014-04-29T09:35:31.873-07:00Os Maias - Minisserie - Parte 3<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/o0Yint7cPs0" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-3797629669647884812014-04-29T09:34:00.001-07:002014-04-29T09:34:26.999-07:00Os Maias Minissérie Parte 4<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/ftOGG0X3w0U" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-84530548604160234122014-04-29T09:26:00.001-07:002014-04-29T09:26:01.014-07:00Musical "Felizmente há Luar"<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="//www.youtube.com/embed/e2xAalSOFvk" width="480"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-50197243036539806392014-04-29T09:22:00.001-07:002014-04-29T09:22:46.383-07:00Felizmente Há Luar (2001)<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/bNfxwgCMVRA" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-90382587702027720492013-04-06T03:50:00.000-07:002020-06-23T17:04:24.907-07:00Resumo por capítulos d’Os Maias<br />
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<b>Capítulo I</b><br />
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Os Maias tem início com a descrição e historial do Ramalhete, casa que a família Maia veio habitar em Lisboa, Outono de 1875. Em 1858, quase tinha sido alugada a monsenhor Buccarini pelo procurador dos Maias, Vilaça; nota-se que os Maias eram uma família nobre, mas com sinais de decadência. A casa que tinham em Benfica foi vendida (já pelo Vilaça Júnior) e seu conteúdo passou, em 1870, para o Ramalhete. A Tojeira, outra propriedade, também fora vendida. Poucos em Lisboa sabiam quem eram os Maias, família que vivia até então na Quinta de Santa Olávia, nas margens do Douro.<br />
Os Maias, antiga família da Beira, eram, no momento desta narração, constituídos por Afonso da Maia e Carlos Eduardo da Maia, seu neto, que estudava medicina em Coimbra. Meses antes de este acabar o curso, o avô decide vir morar para Lisboa, no Ramalhete. Reforma-se o Ramalhete sob a direcção de um compadre de Vilaça, um arquitecto e político chamado Esteves. Mas Carlos traz também um arquitecto-decorador de Londres, despedindo assim Esteves. A casa é fechada e, só depois de uma longa viagem de Carlos pela Europa, é que é habitada pelo avô e neto, em 1875. Descrição física de Afonso (p.12). Começa-se, através do contar da vida de Afonso, uma analepse (pp.13-95), onde se conta a ida a Inglaterra, a morte do pai, o casamento, o nascimento de Pedro da Maia, o retorno e exílio a Inglaterra devido às suas ideias políticas; em Richmond, Afonso fica a saber da morte da mãe, em Benfica. Pedro da Maia é educado pelo padre Vasques, capelão do conde Runa, mandado vir de Lisboa. Morre a tia Fanny. Vão para Roma, Itália. Voltam a Benfica, finalmente. Explica-se porque Afonso se torna ateu (pp.18-20). Pedro cresce; tem um filho bastardo, aos 19 anos. A mãe, esposa de Afonso da Maia, morre; Pedro da Maia entrega-se à bebida e distúrbios. Um ano depois, “acalma-se”. Começa a grande paixão de Pedro da Maia (p.22): descrição de Maria Monforte, de origens misteriosas. Alencar vê Pedro e Maria no teatro S. Carlos, no final do I acto do Barbeiro de Sevilha. Pedro pede permissão ao pai para casar com Maria Monforte. Afonso recusa. Pedro casa e vai para Itália.<br />
<br />
<b>Capítulo II</b><br />
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De Itália, Pedro e Maria vão para França. Maria engravida e Pedro trá-la para Lisboa; antes, porém, escreve ao pai. Vai para Benfica, mas o pai, em desfeita, já tinha partido para Sta. Olávia. Nasce uma filha a Pedro; mas este já não o comunica ao pai, Afonso; começa um período de cerca de 3 anos, em que pai e filho não se falam. Descreve-se o ambiente das soirées lisboetas em Arroios. Nasce um menino, Carlos Eduardo. Ao ir a uma caçada na Tojeira, Pedro fere um recém-chegado, um napolitano chamado Tancredo. Trata-o em sua casa. Dois dias depois, Tancredo recolhe-se a um hotel. Descrição do napolitano (p.41). M.ª Monforte isola-se, acaba com as soirées, depois de saber que o sogro voltara a Benfica. Passam-se alguns meses, com a presença habitual de Tancredo. A filha tem já 2 anos. Maria Monforte foge com o napolitano e a filha, deixando o filho, Carlos Eduardo e uma carta. Afonso, por causa disto, reconcilia-se com Pedro. Nessa mesma noite e madrugada, Afonso acorda com um tiro. Pedro suicidara-se. É enterrado no jazigo de família em Sta. Olávia.<br />
<br />
<b>Capítulo III</b><br />
<br />
Passam-se vários anos. Afonso vive com o neto em Sta. Olávia, o Teixeira e a Gertrudes, escudeiro e governanta, respectivamente. Vive lá também uma prima da mulher de Afonso, uma Runa, que era agora viúva de um visconde de Urigo de la Sierra, e o preceptor de Carlos Eduardo, o Sr. Brown. Refere-se a severa educação inglesa de Carlos, em que não entra a religião, para desgosto do abade Custódio. Descreve-se uma noite em Sta. Olávia com os amigos de Afonso. Fala-se dos arrulhos de Teresinha e Carlinhos (p.72). Menciona-se a Monforte, mãe de Carlos (p.78), que dá pelo nome de Madame de l’Estorade. Não se sabe o que é feito da filha que ela levou. Mais tarde, sabe-se por Alencar que Maria Monforte lhe dissera que sua filha tinha morrido em Londres. Vilaça morre (p.84). Manuel Vilaça, filho do Vilaça, torna-se administrador da casa.<br />
<br />
<b>Capítulo IV</b><br />
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Passam-se anos. Carlos faz exames; está prestes a formar-se em Medicina. Contam-se as cenas da vida em Celas, com os amigos. O Teixeira, Gertrudes e o abade já haviam morrido. Descrição de João da Ega (p.92), aluno baldas e grande ateu. Alude-se a uma aventura adúltera passageira de Carlos com uma Hermengarda, mulher de um empregado do Governo Civil. Outra aventura foi com uma espanhola, Encarnacion. Carlos forma-se em Agosto. Parte de viagem para a Europa. Chega o Outono de 1875 e Carlos também. Volta-se ao PRESENTE da narração (p.96). Descrição de Carlos já homem feito (p.96). Carlos instala-se no Ramalhete com toda a sua parafernália de instrumentos de medicina. Passa tudo para um laboratório no Largo das Necessidades e abre um consultório no Rossio. Ninguém lhe aparece para consulta. Ega visita-o no consultório. Diz-lhe que vai publicar um livro, “Memórias de Um Átomo”.<br />
<br />
<b>Capítulo V</b><br />
<br />
Carlos tem a sua 1ª doente, a mulher do padeiro Marcelino. Descreve-se um dos serões no Ramalhete. Às 2.15 a.m., começam a abandonar o Ramalhete. Carlos começa a ter clientes. Ega aparece-lhe ocasionalmente, para ler uma parte do seu manuscrito, para o convidar a ser apresentado aos Gouvarinhos… Conhece-os, por fim, na frisa do teatro.<br />
Capítulo VI<br />
<br />
Carlos visita Ega na sua nova casa, a Vila Balzac, no Largo da Graça, depois da Cruz dos 4 Caminhos. Saem. Encontram Craft. Combinam jantar no Hotel Central, em honra ao Cohen. Chegam os Castro Gomes para se hospedar (p.157). Alencar encontra Carlos da Maia, que tem agora 27 anos. Alencar é contra o Naturalismo e tudo o que lhe cheire a Realismo. Começam a discutir a decadência de Portugal, política e socialmente. Acabam bem o jantar. Ega e Alencar discutem. Reconciliam-se. Saem todos do Hotel Central. Alencar acompanha Carlos até casa. Analepse de uma conversa de Carlos e Ega em que este, bêbado, lhe revelara a verdadeira história da mãe de Carlos. Carlos adormece, pensando na misteriosa senhora do Hotel Central e no Alencar.<br />
<br />
<b>Capítulo VII</b><br />
<br />
Craft tornara-se íntimo no Ramalhete. Carlos, retirado do consultório, passava os dias em casa, escrevendo o seu livro. O Dâmaso pegou-se a ele como uma “lapa”. Ega, endividado, vem pedir mais 115 libras a Carlos. Certo dia, o Dâmaso não aparece, nem nos dias seguintes. Carlos acaba por ir procurá-lo. Chegando ao fim da Rua do Alecrim, encontra Steinbroken, que se dirige ao Aterro. Durante a conversa, passa a misteriosa figura do Hotel Central (pp.202-3). No dia seguinte Carlos volta ao Aterro e ela torna a passar, mas agora acompanhada do marido.<br />
A Gouvarinho, a pretexto da “doença” do filho Charlie, visita-o no consultório. Carlos flirta-a abertamente. Reaparece Dâmaso, de repente, numa caleche, dizendo a Carlos ter um “romance divino”. Tudo indica serem os Castro Gomes a sua companhia. Aparece na “Gazeta” um artigo de J. da Ega elogiando os Cohen. Discutem-no na soirée. Carlos convida o Cruges a ir a Sintra, depois do Taveira lhe ter dito que Dâmaso e os Castro Gomes se dirigiam para lá.<br />
<br />
<b>Capítulo VIII</b><br />
<br />
(Este capítulo demora 2 dias) Viagem a Sintra; instalam-se no Nunes. Apanham o Eusébiozinho com duas espanholas. A Concha faz uma cena quando o Eusébiozinho “se deita de fora” (p.228). Na manhã seguinte, partem em direcção a Seteais detendo-se, porém, em frente ao Lawrence. Pausa de reflexão idílica sobre Sintra. Encontram Alencar (p.234). Na volta, passam pelo Lawrence, vão até o Nunes, e Carlos descobre que Dâmaso e os Castro Gomes já tinham saído no dia antes para Mafra. Pensa disparates românticos sobre a Castro Gomes (p.245). Jantam no Lawrence, um bacalhau preparado segundo o Alencar. Partem de Sintra. Cruges, a meio do caminho, lembra-se de que se tinha esquecido das queijadas.<br />
<br />
<b>Capítulo IX</b><br />
<br />
(1 dia) Já no Ramalhete, no final da semana, Carlos recebe uma carta a convidá-lo a jantar no Sábado seguinte nos Gouvarinhos; entretanto, chega Ega, preocupado em arranjar uma espada conveniente para o fato que leva nessa noite ao baile dos Cohen. Dâmaso também aparece de repente, pedindo a Carlos para ver um doente “daquela gente brasileira”, i.e., os Castro Gomes. É a menina, visto que os pais haviam partido essa manhã para Queluz. Chega ao Hotel, mas a pequena, chamada Rosicler, não teve mais que um mal-estar passageiro. Carlos dá uma receita a Miss Sara, a governanta.<br />
10 horas da noite: ao preparar-se para o baile, aparece o Mefistófeles Ega a Carlos, dizendo que o Cohen o expulsara (ao que parece, descobrira as cartas de Raquel e Ega). Vão a casa do Craft pedir conselho sobre o “provável” duelo. Ceiam.<br />
(1 dia) No dia seguinte, nada acontece, excepto a vinda da criada de Raquel Cohen, anunciando que ela levara uma coça e que partiam para Inglaterra. Ega dorme nessa noite no Ramalhete.<br />
Na semana seguinte, só se ouve falar do Ega e do mau-carácter que ele é. “Todos caem-lhe em cima” (p.289). Carlos vai progressivamente ficando íntimo dos Gouvarinhos. Visita a Gouvarinho e dá-lhe um tremendo beijo (p.297), mesmo antes da chegada do conde Gouvarinho.<br />
<br />
<b>Capítulo X</b><br />
<br />
Passam-se 3 semanas. Carlos sai de um coupé, onde acabara de estar com a Gouvarinho. Nota-se que já estava farto dessas 3 semanas e que se quer ver livre da Gouvarinho. Encontra o marquês pela rua, constipado. Fugazmente, vê Rosicler acenando de um coupé adiante do Grémio. Combina com o Dâmaso, no Ramalhete, levar os Castro Gomes a ver o bricabraque do Craft, nos Olivais. Não se concretiza a ideia. Chega o(s) dia(s) das corridas de cavalos. Confusão à porta do hipódromo. Descrição do ambiente dentro do hipódromo (pp.314-320). Confusão com um dos jóqueis que perdera uma corrida. Briga e rebuliço. Encontra a Gouvarinho, que lhe propõe ir até o Porto (seu pai estava mal), dar uma “rapidinha” em Santarém, e daí cada um seguia para o seu lado. Carlos começa a ruminar no absurdo de toda aquela ideia. Fazem-se apostas. Todos apostam contra Vladimiro, cavalo em que Carlos tinha apostado. Vladimiro vence e Carlos ganha 12 libras, facto muito comentado. Encontra Dâmaso, que lhe informa que o Castro Gomes afinal tinha ido para o Brasil e deixara a mulher só por uns 3 meses. Carlos devaneia. Discute com a Gouvarinho, mas acaba por aceder ao desejo do encontro em Santarém. Sempre pensando na mulher de Castro Gomes, vem a Lisboa, com o pretexto de visitar o Cruges (o Vitorino), agora que sabe que ela mora no mesmo prédio, à R. de S. Francisco. O Cruges não está; Carlos vai para o Ramalhete. Tem uma carta da Castro Gomes pedindo-lhe que a visite, por ter “uma pessoa de família, que se achava incomodada”. Carlos fica numa agitação (de contentamento).<br />
<br />
<b>Capítulo XI</b><br />
<br />
Carlos vai visitar a Castro Gomes, i.e., Maria Eduarda. É a governanta, Miss Sara, que está doente. Descrição de Maria Eduarda (p.348). Examina Miss Sara. Receita-lhe. Falando com Maria Eduarda, descobre que é portuguesa, não brasileira. “Até amanhã!” é agora no que Carlos só pensa; um recado da Gouvarinho indispõe-no. Começa a “odiá-la”. Por sorte, o Gouvarinho decidiu à última da hora ir com a mulher para o Porto, o que convém muito a Carlos, assim como a morte de um tio de Dâmaso em Penafiel, deixando-lhes os “entraves” fora de Lisboa.<br />
Nas semanas seguintes, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda, graças à doença de Miss Sara. Falam ambos das suas vidas e dos seus conhecidos. Dâmaso volta de Penafiel; visita Maria Eduarda. “Niniche”, aninhada no colo de Carlos, rosna e ladra quando Dâmaso tenta lhe fazer festas. “Desconfianças” de Dâmaso. Sabe-se que, por coincidência, os Cohens voltaram de Inglaterra e que Ega está para chegar de Celorico.<br />
<br />
<b>Capítulo XII</b><br />
<br />
O Ega chega e pede “asilo” no Ramalhete. Informa Carlos de que viera com a Gouvarinho, e de que o conde os convidara para jantar na próxima 2ª feira.<br />
(2ª feira) Nesse jantar, a Gouvarinho está mesmo uma chata, mesmo a “pedir nas trombas”, com as suas indirectas e quiproquós. O clima suaviza-se durante o jantar, devido aos ditos irreverentes do Ega. A pretexto de um mal-estar de Charlie, a Gouvarinho beija Carlos nos aposentos interiores. Carlos e Ega são os últimos a sair.<br />
(3ª feira) Depois de ter sido “retido” pela Gouvarinho na casa da tia, Carlos chega atrasado à casa de Maria Eduarda. Leva uma “indirecta”. No meio da conversa, Domingos anuncia Dâmaso; Maria Eduarda recusa-se a recebê-lo. Fala a Carlos sobre uma possível mudança de casa (Carlos pensa logo na casa do Craft). Carlos deixa escapar que a “adora” depois de uma troca de olhares. Beijam-se.<br />
(4ª feira) Carlos conclui o negócio da casa com o Craft. Maria Eduarda fica um pouco renitente com a pressa de tudo, mas acaba concordando, com um novo beijo.<br />
Ega, depois de se mostrar insultado pelo segredo que Carlos faz de tudo, vem a saber que Carlos está a ter mais do que uma aventura com Maria Eduarda.<br />
<br />
<b>Capítulo XIII</b><br />
<br />
(6ª feira) Ega informa a Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo e a Maria Eduarda. Carlos faz os preparativos para a mudança de Maria Eduarda para os Olivais. Encontra Alencar, que refere a crescente antipatia de Dâmaso por Carlos. Aparece Ega. Cumprimentam-se. Do outro lado da rua, aparecem o Gouvarinho, o Cohen e Dâmaso. Carlos atravessa a rua; ameaça Dâmaso.<br />
(Sábado) Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais. Descrição da casa. Têm a sua 1ª relação sexual (p.438).<br />
(Domingo) Aniversário de Afonso da Maia. Tagarelice do marquês: Dâmaso estava a namorar a Cohen. Aparece Baptista a informar de que está uma senhora dentro de uma carruagem que quer falar com Carlos. Era a Gouvarinho. Ela tenta uma “rapidinha” mas, ao se lembrar da imagem de Maria Eduarda, Carlos recua. Discutem. Carlos sai. Terminou tudo.<br />
<br />
<b>Capítulo XIV</b><br />
<br />
O avô parte para Sta. Olávia. Maria Eduarda instala-se nos Olivais. Ega parte para Sintra por alguns dias. Carlos, só, vai passear depois do jantar. Encontra Taveira no Grémio, que o adverte contra Dâmaso. Taveira arrasta-o até o Price, mas Carlos pouco se demora. Ao sair, encontra Alencar e o Guimarães, tio do Dâmaso.<br />
Sabe-se que Carlos e Maria Eduarda pretendem fugir até Outubro para Itália, mas Carlos pensa no desgosto que dará ao avô. A sua felicidade, por fim, supera o avô nos seus raciocínios. Descreve-se as idas de Carlos aos Olivais: os encontros com Maria Eduarda e as relações que tinham no quiosque japonês (p.456). Isto não é o suficiente: eles querem passar as noites também. A 1ª noite é descrita na p.459. Carlos descobre uma outra casa perto da dos Olivais, que servirá para esperar pelos encontros nocturnos dele e de Maria Eduarda. Numa dessas noites, descobre Miss Sara a fazer sexo no jardim da casa com o que lhe parece ser um jornaleiro. Sente vontade de contar tudo a Maria Eduarda mas, à medida que pensa no caso, compara-o com a furtividade do seu. Decide não dizer nada.<br />
Chega Setembro. Craft, regressado de Sta. Olávia para o Hotel Central, diz a Carlos que pareceu-lhe estar o avô desgostoso por Carlos não ter aparecido por lá. Carlos diz a Maria Eduarda que vai visitar o avô. Ela pede-lhe para visitar o Ramalhete, antes. Combinam isso para o dia em que Carlos partirá para Sta. Olávia. Maria Eduarda visita o Ramalhete mas, misteriosamente, desanima-se; Carlos “conforta-a” (p.470). Maria Eduarda refere que às vezes Carlos faz-lhe lembrar a sua mãe (p.471); diz que a mãe era da ilha da Madeira que casara com um austríaco e que tinha tido uma irmãzinha, que morrera em pequena (p.472). Chega Ega. Traz novas de Sintra. Carlos parte para Sta. Olávia. Regressa uma semana depois. Fala a Ega do plano de “amolecer” o avô quanto à relação com Maria Eduarda. Susto! Castro Gomes anuncia-se! Mostra uma carta anónima que lhe haviam mandado para o Brasil, dizendo que a sua mulher tinha um amante, Carlos. Revela não ser marido de Maria Eduarda, que lhe retirava o uso do seu nome, deixando-a apenas como Madame Mac Gren, seu verdadeiro nome. A Carlos “cai o queixo”. Ruminando pensamentos, entre escrever uma carta de despedida ou não, Carlos decide confrontar Maria Eduarda nos Olivais. Ao entrar, sabe por Melanie, a criada, que o Castro Gomes já lá tinha estado. Maria Eduarda, em chôro, pede perdão a Carlos de não lho ter contado; conta a verdadeira história da sua vida. Depois de uma grande cena de chôro, Carlos pede-a em casamento.<br />
Capítulo XV<br />
<br />
Na manhã seguinte, perguntam a Rosa se quer o Carlos como “papá”. Aceita. Maria Eduarda conta toda a sua vida (pp.506-14). Dias depois, ao ir visitar Maria Eduarda com Carlos, Ega diz-lhe pelo caminho que seria melhor esperar que o avô morresse para então se casar. Carlos acalenta a ideia. Jantam nos Olivais e Ega, rodeado deste ambiente, diz querer casar e louva tudo o que até aí era contra (p.523). Aos poucos, os amigos de Carlos (o Cruges, o Ega, o marquês), vão frequentando esses jantares de amizade dados nos Olivais. Meados de Outubro: estava Afonso com ideias de vir de Sta. Olávia (e Carlos de sair dos Olivais), pois o Inverno aproximava-se. Recebe, através do Ega, um n.º da Corneta do Diabo, que o difama em calão “num caso que tem com uma gaja brasileira”. Carlos primeiro pensa em matar a quem escreveu mas, reflectindo na verdade dos escritos, pensa se não será melhor não casar com Maria Eduarda. Volta ao 1º pensamento, em matar. Descobre, pelo editor do artigo, o Palma, que tinham sido o Dâmaso e o Eusébiozinho que lho tinham encomendado. Ega e Carlos vão até o Grémio; encontram o Gouvarinho e Steinbroken. Finalmente, aparece Cruges, a quem pedem que faça de padrinho num duelo de Carlos. Sabe-se, a meio disto, que o Governo caíra, pelo Teles da Gama (p.550). Cruges e Ega vão a casa do Dâmaso. Este faz uma cena ao saber do desafio, mas acaba por escrever uma retractação. Ega escreve-lhe a retractação e ele copia-a. Ega entrega-a, ao sair, a Carlos. Satisfeito, Carlos devolve-lha, para usar como lhe aprouver. No dia seguinte, Ega remói a ideia de fazer conhecer a carta do Dâmaso. Chega uma carta anunciando que Afonso voltava ao Ramalhete. Carlos retorna ao Ramalhete e Maria Eduarda à R. de São Francisco. No dia seguinte, chega Afonso à estação de Sta. Apolónia. Ao almoço, Carlos e Ega falam do projecto de uma revista. Ega vai ao Ginásio. Vê a Cohen e o Dâmaso. Sai do Ginásio; dirige-se à redacção d’A Tarde e pede ao Neves para publicar a carta do Dâmaso. Há um ligeiro rumor nos dias seguintes, mas tudo acalma. Dâmaso “vai de férias” a Itália.<br />
Capítulo XVI<br />
<br />
Antes do sarau da Trindade, Ega ouve com Carlos e Maria, uma parte de “Ofélia” ao piano, na casa desta. Carlos e Maria “enrolam” Ega para fazerem o seu próprio sarau, ali mesmo. Mas lembram-se do Cruges, e Carlos e Ega acabam por ir ao sarau da Trindade. Ouvem o discurso de Rufino. Entretanto, no botequim, dá-se um conversa entre o Guimarães e Ega, a propósito da carta do sobrinho. Ega volta ao sarau, ouve Cruges e sai quando o Prata sobe ao estrado. Carlos vê o Eusébiozinho saindo. Vai atrás dele e dá-lhe uns “abanões” e um pontapé. Voltam ao sarau, onde Alencar já ia declamar. Alencar arrebata a sala com o seu poema, “Democracia”. Ega fica desacompanhado; Carlos, disseram-lhe, já havia saído. O Gouvarinho sai furibundo por causa do poema do Alencar. À saída, de caminho para o Chiado, Ega é parado por Guimarães, que lhe diz ter um cofre da mãe de Carlos para entregar à família. No meio da conversa, descobre inconscientemente uma verdade terrível a Ega: Carlos tem uma irmã; é a Maria Eduarda! (p.615). Guimarães conta a Ega tudo o que sabe sobre M.ª Monforte (p.617), inclusive a mentira que ela dissera a Maria Eduarda sobre a sua origem de pai austríaco. Enquanto Guimarães vai buscar o cofre nessa mesma noite, Ega fica a atormentar-se com os seus pensamentos. Chega ao Ramalhete e deita-se, sempre pensando no incesto como ideia fixa.<br />
Capítulo XVII<br />
<br />
Ega não tem coragem de contar a Carlos. Sai, à procura de Vilaça. Come no Café Tavares e volta à R. da Prata. “Despeja” tudo ao Vilaça. Incumbe-o de contar tudo a Carlos. Abrem a caixa de M.ª Monforte. Encontram um documento provando que Maria Eduarda é filha de Pedro da Maia. Susto! Carlos está em baixo à procura do Vilaça! Ega e Vilaça, atarantados, mandam dizer que não está. Combinam que Vilaça irá ao Ramalhete, às 9 da noite. Mas Carlos não o atende e adia para o dia seguinte, às 11 horas. Ao saber disso, Ega sai para cear no Augusto com o Taveira e duas espanholas. Toma uma carraspana. Acorda ao lado de Cármen Filósofa, uma das espanholas, às 9 da manhã. Chega atrasado ao Ramalhete, às 12 h. Carlos e Vilaça já estavam “lá dentro”. Carlos, insensatamente, não acredita no que lhe contam. Mostra ao avô os papéis da Monforte. Mas Afonso não os refuta, dando a Carlos uma insegurança de que tudo pode ser verdade. Afonso, no corredor, diz a Ega que sabe que “essa mulher” é a amante de Carlos. No jantar dessa noite, estão todos “murchos”. No final do jantar, Carlos escapuliu-se: ia à Rua de São Francisco. Passa pela casa, desce até o Grémio, toma um conhaque e volta à casa de Maria Eduarda; entra. Tenta inventar uma história, mas ela, no quarto, já deitada, puxa-o para si e… Carlos não “resiste”. Na festa de anos do marquês, no dia seguinte, Carlos está muito alegre. Ega desconfia. Ega acaba descobrindo que Carlos continua indo “visitar” Maria Eduarda. Na 3ª feira evita Carlos; só aparece no Ramalhete às 9 da noite para se arranjar para o aniversário de Charlie, o filho do Gouvarinho. Afonso da Maia sabe que Carlos continua a encontrar-se com Maria Eduarda. Ega decide partir; pensa melhor: desfaz a mala. Baptista diz-lhe que Carlos parte amanhã para Sta. Olávia. Carlos debate-se com os seus pensamentos: o desejo e a culpa simultâneos (p.664-65); ao vir de Maria Eduarda, às 4 da manhã, encontra o avô e o seu silêncio acusador, como um fantasma (p.667-68). Já era dia, quando dizem a Carlos que o avô estava desacordado no jardim; estava morto (suponho ser trombose, visto que tinha um fio de sangue aos cantos da boca). Carlos culpa-se a si mesmo dessa morte, pois achava que era pelo avô saber tudo que havia morrido. Vilaça toma as providências. Ega escreve um bilhete a informar Maria Eduarda do facto. Reunião dos amigos da família; recordam Afonso. 1878 (p.681) O enterro é no dia seguinte, à uma hora. Carlos, depois do enterro, pede a Ega para falar com Maria Eduarda, contar-lhe tudo e dizer-lhe que parta para Paris, levando 500 libras. Quanto a Carlos, vai para Sta. Olávia, esperar a trasladação do avô; depois, viajará para espairecer. Convida o Ega para tal. Carlos parte. Ega deixa, atabalhoadamente, a revelação a Maria Eduarda e diz-lhe que ela deve partir já para Paris. Encontra-se com ela na estação de Sta. Apolónia, no dia seguinte. Segue no mesmo comboio até o Entroncamento. E nunca mais a vê.<br />
Capítulo XVIII<br />
<br />
Passam-se semanas. Sai na “Gazeta Ilustrada” a notícia da partida de Carlos e Ega numa longa viagem. Ano e meio depois (1879), regressa Ega, trazendo a ideia de escrever um livro, “Jornadas da Ásia”; Carlos ficara em Paris. (1886) Carlos passa o Natal em Sevilha; de lá, escreve a Ega que vai voltar a Portugal. Chega nesse ano a Sta. Olávia. (Jan. 1887) Carlos chega a Lisboa e almoça no Hotel Bragança com Ega, que está ficando careca; a mãe deste já morrera. Carlos pergunta pela Gouvarinho. Aparece o Alencar. Aparece o Cruges. Reminiscências desses últimos anos. Ega e Carlos vão visitar o Ramalhete. Antes, descem o Chiado. Encontram o Dâmaso perto da Livraria Bertrand. Aos poucos, Carlos toma consciência do novo Portugal que existe agora, anos passados. Passagem de Charlie (insinuação de que ele é maricas, p.705). Passagem do Eusébiozinho. Às 4 h, tomam uma tipóia para o Ramalhete. Dentro, nota-se que a maior parte das decorações (tapetes, faianças, estátuas) já tinham ou estavam a ser despachadas para Paris, onde Carlos vivia agora. Também no Ramalhete estavam os móveis trazidos da Toca. Sabe-se que Maria Eduarda ia casar. Saem do Ramalhete, descem a Rampa de Santos. Carlos olha para o relógio: 6.15! Está atrasado para o encontro com os amigos no Bragança. Desata a correr, junto com Ega, pela rampa de Santos e Aterro abaixo, atrás de um transporte.<br />
Crítica Social<br />
A Corrida de Cavalos<br />
<br />
Objectivos:<br />
Novo contacto de Carlos com a alta sociedade lisboeta, incluindo o próprio rei;<br />
Visão panorâmica dessa sociedade (masculina e feminina) sob o olhar crítico de Carlos;<br />
Tentativa frustrada de igualar Lisboa às capitais europeias, sobretudo Paris;<br />
Cosmopolitismo (fingido) da sociedade;<br />
Possibilidade de Carlos encontrar aquela figura feminina que vira à entrada do Hotel Central.<br />
Existem 4 corridas.<br />
Visão caricatural:<br />
O hipódromo parecia um palanque de arraial;<br />
As pessoas não sabiam ocupar os seus lugares;<br />
As senhoras traziam “vestidos sérios de missa”;<br />
O bufete tinha um aspecto nojento;<br />
A 1ª corrida terminou numa cena de pancadaria;<br />
As 3ª e 4ª corridas terminaram grotescamente.<br />
Conclusões a retirar:<br />
Fracasso total dos objectivos das corridas;<br />
Radiografia perfeita do atraso da sociedade lisboeta;<br />
O verniz da civilização estalou completamente;<br />
A sorte de Carlos, ganhando todas as apostas, é indício de futura desgraça (Sorte no jogo…).<br />
O Jantar dos Gouvarinho<br />
<br />
Objectivos:<br />
reunir a alta burguesia e aristocracia;<br />
reunir a camada dirigente do País;<br />
radiografar a ignorância das classes dirigentes.<br />
Os alvos visados neste jantar são:<br />
Conde de Gouvarinho<br />
voltado para o passado;<br />
tem lapsos de memória;<br />
comenta muito desfavoravelmente as mulheres;<br />
revela uma visível falta de cultura;<br />
não acaba nenhum assunto;<br />
não compreende a ironia sarcástica do Ega;<br />
vai ser ministro.<br />
Sousa Neto<br />
acompanha as conversas sem intervir;<br />
desconhece o sociólogo Proudhon;<br />
defende a imitação do estrangeiro;<br />
não entra nas discussões;<br />
acata todas as opiniões alheias, mesmo absurdas;<br />
defende a literatura de folhetins, de cordel;<br />
é deputado.<br />
Nota-se assim a superficialidade dos juízos dos mais destacados funcionários do Estado; incapacidade de diálogo por manifesta falta de cultura.<br />
A Imprensa<br />
<br />
“A Corneta do Diabo”:<br />
o director é o Palma “Cavalão”, um imoral;<br />
a Redacção é um antro de porcaria;<br />
publica um artigo contra Carlos mediante dinheiro;<br />
vende a tiragem do número do jornal onde saíra o artigo;<br />
publica folhetins reles, de baixo nível.<br />
“A Tarde”:<br />
o director é o deputado Neves;<br />
recusa publicar a carta de retractação de Dâmaso porque o confunde com um seu correligionário político;<br />
desfeito o engano, serve-se da mesma carta como meio de vingança contra o inimigo político;<br />
só publica artigos ou textos dos seus correligionários políticos.<br />
Aspectos a notar: o baixo nível; a intriga suja; o compadrio político; assim como os jornais, está o País.<br />
Sarau do Teatro da Trindade<br />
<br />
Objectivos:<br />
ajudar as vítimas das inundações do Ribatejo;<br />
apresentar um tema querido da sociedade lisboeta: a oratória;<br />
reunir novamente as várias camadas das classes mais destacadas, incluindo a família real;<br />
criticar o ultra-romantismo que encharcava o público;<br />
contrastar a festa com a tragédia.<br />
Neste sarau, destacam-se dois personagens:<br />
Rufino<br />
o bacharel transmontano;<br />
o tema do Anjo da Esmola;<br />
o desfasamento entre a realidade e o discurso;<br />
a falta de originalidade;<br />
o recurso a lugares-comuns;<br />
a retórica é oca e balofa;<br />
a aclamação por parte do público tocado no seu sentimentalismo.<br />
Alencar<br />
o poeta ultra-romântico;<br />
o tema da Democracia Romântica;<br />
o desfasamento entre a realidade e o discurso;<br />
o excessivo lirismo carregado de conotações sociais;<br />
a exploração do público seduzido por excessos estéticos estereotipados;<br />
a aclamação do público.<br />
N.B.: As classes dirigentes estão alheadas da realidade (nota-se isso pela indignação do Gouvarinho). Caracteriza-se a sociedade como sendo deformada pelos excessos líricos do ultra-romantismo.<br />
Espaço e Cor<br />
O Ramalhete<br />
<br />
O Jardim:<br />
A estátua de Vénus Citereia<br />
“enegrecendo a um canto na lenta humidade das ramagens silvestres” (Cap.I)<br />
“parecendo, agora, no seu tom claro de estátua de parque, ter chegado de Versalhes” (Cap.I)<br />
“uma ferrugem verde, de humidade, cobria os grossos membros de vénus Cetereia” (Cap.XVIII)<br />
A Cascata<br />
“uma cascatazinha seca” (Cap.I)<br />
“E desde que a água abondava, a cascatazinha era deliciosa” (Cap.I)<br />
“Por entre as conchas da cascata, o fio de água punha o seu choro lento” (Cap.XVII)<br />
“mais lento corria o prantozinho da cascata, esfiado saudosamente, gota a gota” (Cap.XVIII)<br />
O Cipreste e o Cedro<br />
“um pobre quintal inculto, abandonado às ervas bravas, com um cipreste, um cedro” (Cap.I)<br />
“o cipreste e o cedro envelhecendo como dois amigos tristes” (Cap.I)<br />
“o cipreste e o cedro envelheciam juntos, como dois amigos, num ermo” (Cap.XVIII)<br />
Os móveis do escritório do Afonso:<br />
“Todos os móveis do escritório do avô desapareciam sob os largos sudários brancos.” (Cap.XVIII)<br />
A Toca:<br />
“O melhor é baptizá-la definitivamente com o nome que nós lhe dávamos. Nós chamávamos-lhe a Toca” (Cap.XIII)<br />
“só meter a chave devagar e com uma inútil cautela na fechadura daquela morada discreta, foi para Carlos um prazer” (Cap.XIII)<br />
“uma tarde, (…) experimentaram ambos essa chave” (Cap.XIV)<br />
“tapeçarias, onde desmaiavam, na trama de lã, os amores de Vénus e Marte” (Cap.XIII)<br />
“onde se distinguia uma cabeça degolada”(Cap.XIII)<br />
“uma enorme coruja fixava no leito de amor, os deus dois olhos redondos e agoirentos” (Cap.XIII)<br />
“o famoso armário, o móvel divino de Craft” (Cap.XIII)<br />
“na base quatro querreiros” (Cap.XIII)<br />
“a peça superior era quardada aos quatro cantos pelos quatro evangelistas” (Cap.XIII)<br />
“espigas, foices, cachos de uvas e rabiça de arados” (Cap.XIII)<br />
“dois faunos, recostados em simetria, indiferentes aos heróis e aos santos” (Cap.XIII)<br />
“era ao centro um ídolo de bronze, um Deus bestial” (Cap. XIII)<br />
Os símbolos cromáticos<br />
<br />
O Vermelho:<br />
“aquela sombrinha escarlate (…) quase o envolvia, parecia envolvê-lo todo – como uma larga mancha de sangue” (Cap.I)<br />
“ao lado de Maria, com uma camélia escarlate na casaca” (Cap.I)<br />
“todas as cadeiras eram forradas a repes vermelhos” (Cap.XI)<br />
“abria lentamente o grande leque negro pintado de flores vermelhas” (Cap.XI)<br />
Amarelo e Dourado:<br />
“uma senhora loura, os cabelos loiros, de um oiro fulvo” (Cap.I)<br />
“uma senhora alta, loira” (Cap.VI)<br />
“era toda forrada, paredes e tecto, de um brocado amarelo, cor de botão-de-oiro” (Cap.XIII)<br />
O Negro:<br />
“seus olhos muito negros” (Cap.III)<br />
“o negro profundo de dois olhos que se fixaram nos seus” (Cap.VII)<br />
<br />
Personagens (mencionadas por ordem de aparição)<br />
Sebastião da Maia (p.7);<br />
Condessa de Runa (p.9);<br />
Tobias, um são-bernardo;<br />
Gato angorá, branco c/ malhas louras, chama-se, sucessivamente, Bonifácio/D. Bonifácio de Calatrava/Reverendo Bonifácio;<br />
Vilaça;<br />
Vilaça (o Júnior);<br />
Manuel Vilaça;<br />
Caetano da Maia (Miguelista), pai de Afonso da Maia (Liberal);<br />
Jerónimo da Conceição, confessor de Caetano da Maia;<br />
As Cunhas, primas de Afonso da Maia;<br />
Fanny, tia de Afonso da Maia;<br />
D. Maria Eduarda de Runa, filha de um conde; casa com Afonso da Maia, depois da morte do pai deste, Caetano da Maia;<br />
Coronel Sequeira, amigo de Afonso da Maia;<br />
Pedro da Maia, filho de Afonso da Maia, tem um bastardo aos 19 anos;<br />
Avô da mulher de Afonso da Maia (enlouquecera; julgando-se Judas, enforcara-se numa figueira);<br />
Tomás de Alencar, amigo de Pedro da Maia;<br />
D. João da Cunha, amigo de Pedro da Maia (e de Alencar);<br />
Maria Monforte;<br />
Manuel Monforte, pai de Maria Monforte, açoreano;<br />
André, criado do café Marrare, no Chiado (p.23);<br />
O Melo, conhecido de Pedro da Maia (mais tarde amigo de Alencar, Carlos e Cruges);<br />
Tancredo, o napolitano que foge com Maria Monforte;<br />
O Magalhães, conhecido de Pedro da Maia;<br />
Luís Runa, primo de Afonso da Maia;<br />
Teixeira, escudeiro (ó mordomo) de Afonso da Maia;<br />
Saldanha, personagem aludida, que é demitido do Paço;<br />
Maria da Gama, personagem aludida, frequenta Maria Monforte; é uma troca-tintas;<br />
André da Ega, personagem aludida, frequenta Afonso da Maia em Sta. Olávia;<br />
D. Diogo Coutinho, personagem aludida, frequenta Afonso da Maia em Sta. Olávia;<br />
Dr. Guedes, o médico;<br />
Marquesa de Alvenga, personagem referida;<br />
Velho Cazoti (deve ser professor de música);<br />
Gertrudes, governanta de Afonso da Maia;<br />
Prima da mulher de Afonso, uma Runa, viúva do visconde de Urigo de la Sierra;<br />
Abade Custódio;<br />
Carlos Eduardo da Maia, neto de Afonso da Maia;<br />
Sr. Brown, preceptor de Carlos Eduardo;<br />
D. Ana Silveira (vizinha?), a mais velha, solteira, da família dos Silveiras, da Quinta da Lagoaça;<br />
Teresinha Silveira, “namorada” de infância de Carlos Eduardo;<br />
D. Cecília Macedo, mulher do escrivão (p.67);<br />
Pedra, tia de Carlos Eduardo (p.59);<br />
D. Eugénia Silveira, viúva; tem 2 filhos, Teresinha e Eusébiozinho (o papa-livros, descrição na p.69);<br />
O doutor delegado, que não se decide a casar ou não com D. Eugénia, havia já 5 anos;<br />
O juiz de Direito e D. Augusta, sua mulher;<br />
Recorda-se, na tagarelice, Manuel Branco, da família dos Brancos;<br />
Mr. de l’Estorade, espadachim (mais tarde chamado Vicomte de Manderville);<br />
André Noronha, primo de Afonso da Maia;<br />
Catanni, acrobata (com quem Maria foge para a Alemanha);<br />
Dr. Trigueiros;<br />
João da Ega, sobrinho de André da Ega, amigo de Carlos Eduardo;<br />
Serra Torres, adido em Berlim, amigo de Carlos Eduardo;<br />
Simão Craveiro, amigo de Carlos Eduardo (e de Ega, também);<br />
Gamacho (tocava piano), amigo de Carlos Eduardo;<br />
Baptista, criado de quarto de Carlos;<br />
Amigos de Carlos Eduardo depois do consultório estabelecido: Taveira, vizinho, empregado no Tribunal de Contas; Cruges, maestro, pianista; marquês de Souselas;<br />
Sr. Vicente, mestre-de-obras;<br />
Mr. Theodore, chef de Afonso da Maia;<br />
Jacob Cohen, director do Banco Nacional;<br />
Raquel Cohen, esposa de Jacob Cohen (com quem J. da Ega tem um caso);<br />
Craft, filho de um clergyman da igreja inglesa do Porto, amigo de Carlos e de Ega;<br />
D. Diogo, amigo do whist de Afonso da Maia;<br />
Conde Steinbroken, ministro da Finlândia, visita habitual do Ramalhete;<br />
Tarquínio;<br />
Marcelino, o padeiro;<br />
Marcelina, a mulher do padeiro;<br />
Azevedo, jornalista;<br />
Sá Nunes, jornalista;<br />
Gastão, conde de Gouvarinho;<br />
Margarida, cozinheira de D. Diogo;<br />
Dr. Barbedo;<br />
Amigos do Ega: Dâmaso Salcede, amigo do Cohen; 1 primo da Raquel Cohen;<br />
Viegas, um dos doentes de Carlos Eduardo;<br />
Manuel Pimenta, criado dos Gouvarinho;<br />
Tompson, pai da condessa de Gouvarinho;<br />
Sra. Josefa, rapariga cozinheira do Ega;<br />
Shelgen, um alemão que vivia na Penha de França;<br />
Tio Abraão, um comerciante de bricabraque;<br />
Castro Gomes, o brasileiro;<br />
Joaquim Guimarães, tio de Dâmaso Salcede;<br />
Sra. Cândida, dona de uma venda;<br />
Mateus, criado negro de Alencar;<br />
Dr. Teodósio;<br />
Charlie, o filho dos Gouvarinho;<br />
Lola e Concha, as espanholas do Eusébiozinho;<br />
Palma, amigo do Eusébiozinho;<br />
Carvalhosa, amigo do Alencar, que vive em Colares (p.242);<br />
Médico Smith;<br />
Mª Eduarda, a “esposa” do Castro Gomes;<br />
Melanie, criada dos Castro Gomes;<br />
Miss Sara, governanta dos Castro Gomes;<br />
Rosa (Rosicler), filha de Mª Eduarda;<br />
Godefroy, costureiro que fez o fato de Mefistófeles do Ega;<br />
Sra. Adélia, criada de Raquel Cohen;<br />
Domingos, ex-serviçal do Ramalhete, criado dos Cohen;<br />
D. Maria Lima, tia de Gastão Gouvarinho;<br />
D. Maria da Cunha, amiga da Gouvarinho;<br />
Teles da Gama, amigo dos Gouvarinho;<br />
Torres Valente, político da câmara;<br />
Miss Jones, tia da Gouvarinho, que lhe emprestara a casa à R. de Sta. Isabel para os seus “encontros” com Carlos;<br />
Borges, vizinha de Miss Jones;<br />
Manuela (ou, Manueleta), “conhecida” do marquês de Souselas;<br />
Pe. Serafim, padre da família do Ega;<br />
Clifford, um sportsman de Córdova;<br />
Visconde de Darque, um sportsman português;<br />
Viscondessa de Alvim, presente no hipódromo;<br />
Joaninha Vilar, presente no hipódromo;<br />
As Pedrosos, presentes no hipódromo;<br />
Condessa de Soutal, presente no hipódromo;<br />
Menina Sá Videira, filha do negociante de sapatos de ourelo, presente no hipódromo;<br />
Ministra da Baviera;<br />
Baronesa de Craben;<br />
Concha, amiga de D. Maria da Cunha;<br />
Pancho Calderon, anfitrião de Carlos e Clifford;<br />
D. Pedro Vargas, primo do marquês e comissário das corridas de cavalos;<br />
Mendonça, juiz das corridas;<br />
Pinheiro, o jóquei que montou o “Escocês”;<br />
Josefina do Salazar, acompanhante do Dâmaso;<br />
Bertonni, tenor;<br />
Sra. Augusta, porteira (?) do prédio onde mora o Cruges e a Castro Gomes;<br />
“Niniche”, a cadelinha de Mª Eduarda;<br />
Dr. Chaplain, médico de Mª Eduarda em Paris;<br />
Romão, criado de Mª Eduarda (tinha sido antes do Dâmaso);<br />
Manuelinho, filho do Vicente, mestre-de-obras;<br />
Fillon, o fotógrafo;<br />
Sr. Sousa Neto, amigo do conde Gouvarinho;<br />
Barros, ministro do Reino;<br />
Vicenta, criada da Baronesa de Alvim;<br />
Julinha, mulher do Carvalhosa;<br />
Travassos (deve ser médico);<br />
Mr. Antoine, o chef francês;<br />
Micaela, cozinheira da casa;<br />
Cortês, alfaiate do avô de Carlos;<br />
Conde de Landim;<br />
Patrick Mac Gren, “marido” de Mria Eduarda em Paris;<br />
Silvestre, ajudante no pasquim do Palma;<br />
Viscondessa de Cabelas;<br />
Zeferino, conhecido (?) do Dâmaso, a quem Palma pediu emprestado um relógio;<br />
Nunes, tabelião do Dâmaso, sito à Rua do Ouro;<br />
Neves, político, director d’ A Tarde;<br />
Dâmaso Guedes, político;<br />
Sr. Pereirinha, editor do jornal do Neves;<br />
José Clemente e Rufino, políticos aludidos por Neves;<br />
Gonçalo, político, conhecido do Neves;<br />
Melchior, conhecido do Ega (e do Neves);<br />
D. José Sequeira, comissário do sarau da Trindade;<br />
O Prata, que fala no sarau (e põe toda a gente a “fugir”);<br />
Vieira da Costa, correligionário do Gouvarinho;<br />
Clemence, uma costureira de Levaillant, com quem Guimarães vive;<br />
Simões, um estofador;<br />
Visconde de Torral, amigo (ou cliente) do Vilaça;<br />
Padre Talloux, confessor de Maria Monforte;<br />
Paca e Cármen Filósofa, duas espanholas;<br />
Dr. Azevedo, mora ao pé da padaria, perto do Ramalhete;<br />
Marquês de Vila Medina, amigo de Carlos;<br />
Barradas, pintor do retrato de Cruges;<br />
Leonor Barradas, tia do Barradas, já falecida;<br />
Homens e mulheres que o Ega conhcera: Lucy Gray, Conrad, Marie Blond, Mr. de Menant, Doubs;<br />
Barroso, o amante da mulher de Dâmaso, filha dos condes de Águeda;<br />
Adosinda;<br />
João Eliseu;<br />
Mr. de Trelain, noivo de Mª Eduarda.<br />
<div>
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-33496372750020464442012-12-06T08:12:00.000-08:002012-12-06T08:12:51.691-08:00Sermão de Santo António aos Peixes<br />
<div class="post-header" style="background-color: white; border-bottom-color: rgb(238, 238, 238); border-bottom-style: double; border-bottom-width: 4px; color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 10px; line-height: 22px; padding-bottom: 7px;">
<h1 style="font-size: 2.6em; line-height: 1.1em; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Sermão de Santo António aos Peixes, António Vieira</span></h1>
<div class="date" id="single-date" style="color: #757575; font-family: 'Trebuchet MS', 'Lucida Grande', 'Lucida Sans', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 1.6em; padding-top: 10px; text-align: justify; text-transform: uppercase;">
MAIO 23, 2011</div>
</div>
<div class="meta clear" style="background-color: white; color: #666666; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1.2em; line-height: 22px; margin: 10px 0px 20px;">
<div class="tags" style="float: right; font-style: italic; text-align: right; width: 400px;">
</div>
<div class="author">
</div>
</div>
<div class="entry clear" style="background-color: white; word-wrap: break-word;">
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
1. A vida e obra de António Vieira</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Nasceu a 6 de <a href="http://atena2010.wordpress.com/2011/05/23/sermao-de-santo-antonio-aos-peixes-antonio-vieira/#" id="_GPLITA_0" in_hdr="" in_rurl="http://i.trkjmp.com/click?v=UFQ6MTg0MTk6MzQxOmZldmVyZWlybzo2MmZlY2M0MWZkMDc2YTE2NGJmYzRjNmY5ZWE4ZGRiYzp6LTEzMzUtMTAzMTg3OmF0ZW5hMjAxMC53b3JkcHJlc3MuY29tOjQzMjA6MTMwNjU3NWIxYTdkNmQ5ZWNiMTFhZmY3ZjM0ZTAwYzY" style="color: #772124;" title="Click to Continue > by Browse to Save">Fevereiro</a> de 1608, em Lisboa; o pai, escrivão num tribunal em Lisboa, parte para o Brasil em 1609, por motivos de trabalho, deixando em Lisboa o filho António e a mãe que, entretanto, lhe foi ensinando a ler e a escrever.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O pai de António Vieira regressa a Lisboa em 1612 e volta a partir para o Brasil dois anos depois, em 1614, levando com ele a famíia, agora acrescida de mais um filho.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A família instala-se na cidade da Baía que era na época a capital do Brasil, colónia portuguesa. (O Brasil foi descoberto em 1500 pelo navegador português Pedro Álvares Cabral).</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Aos 15 anos, o jovem António Vieira decide integrar a Companhia de Jesus (a ordem religiosa designada habitualmente por <em>Jesuítas</em>). A motivação para esta decisão está relacionada com a audição de um sermão sobre os castigos do Inferno que impressionou Vieira.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<i><b> Nota breve sobre a Companhia de Jesus ou Jesuítas:</b></i></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A Companhia de Jesus foi criada no século XVI por um padre espanhol (Inácio de Loyola) com o objectivo principal de combater os protestantes, principal preocupação da Igreja Católica. Os padres jesuítas viam-se como soldados da Igreja e achavam que deviam infiltrar-se em todas as actividades sociais e culturais com o fim de eliminar aqueles que pusessem em causa os princípios do Catolicismo.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os Jesuítas chegaram ao Brasil em meados do século XVI e fundaram alguns colégios cuja finalidade era a catequese de adultos, jovens e crianças de todas as classes sociais. Ensinavam os analfabetos a ler, escrever e contar e tinham cursos de nível superior para os que desejavam prosseguir estudos; a estes ensinavam, durante 3 anos, Filosofia, Retórica, Gramática, Humanidades, Física, Metafísica, Matemática, Latim e Grego. O ensino jesuítico era público e gratuito.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Nesta época, os padres jesuítas foram os principais agentes culturais da colónia portuguesa (a sua influência foi marcante a nível das primeiras produções intelectuais e arquitectónicas do Brasil) e não hesitavam em embrenhar-se pelos matos em busca de índios para converter à fé católica e “civilizar” de acordo com as ideias da época.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Regressando à vida de António Vieira:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Quando Vieira decide integrar a Companhia de Jesus, esta não o recebeu com grande entusiasmo porque não admitia menores, mas, uma vez que os pais se responsabilizavam por esta decisão, Vieira acaba por ser recebido como noviço (padre em formação) na Companhia e enviado para uma aldeia de indígenas com o fim de ajudar os missionários que aí trabalhavam.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Pouco tempo depois, António Vieira assiste ao cerco da cidade da Baía por piratas Holandeses que cobiçavam a colónia portuguesa do Brasil. Esta invasão impressiona-o bastante e conclui, no sermão que escreve motivado por este acontecimento trágico, que se trata de um castigo divino contra os Portugueses, povo eleito que estava a ser punido por Deus com esta calamidade devido à corrupção dos magistrados vindos da metrópole:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«<em>Desfazia-se o povo em tributos e mais tributos, em imposições e mais imposições, em donativos e mais donativos, em esmolas e mais esmolas (que até à humildade deste nome se abatia a cobiça), e no cabo nada aproveitava, nada luzia, nada aparecia. Porquê? Porque o dinheiro não passava das mãos por onde passava. (…) O Brasil o dá, Portugal o leva</em>.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Excerto do Sermão IX</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Entretanto, António Vieira mostra-se incansável na actividade missionária que exerceu junto dos ameríndios (Índios da América do Sul) e escravos negros, cujas vidas e direitos defenderá ao longo de toda a sua vida futura;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
para além de ser missionário, é professor de retórica (formou-se em teologia e filosofia) escritor e pregador. A sua obra revela-se profundamente crítica da sociedade e do mundo, com particular incidência na crítica das praxes coloniais no Brasil contra os ameríndios e escravos. Esta missão é continuada em Portugal continental onde se bateu arduamente pelo fim das perseguições inquisitoriais com base no sangue, atingindo sobretudo os judeus e cristãos-novos (judeus obrigados à conversão católica) denunciando ao Papa as práticas cruéis do Santo Ofício.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os sermões proferidos pelo Pe António Vieira tornaram-no célebre, não só devido à defesa intransigente dos direitos de todos os marginalizados e explorados pelos colonos portugueses no Brasil e dos cristãos-novos em Portugal, como também devido à riqueza da sua linguagem, à sua prodigiosa imaginação, à capacidade argumentativa, à arte de impressionar e comover, através de afirmações patrióticas e enérgicas aliadas a um ritmo encantatório, qualquer auditório.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Era brilhante na escrita e possuía ideais nobres que defendia entusiasticamente.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Para celebrar a libertação da Baía dos atacantes holandeses, escreveu 2 sermões, um dos quais foi o Sermão de Santo António aos Peixes. Ao todo, escreveu cerca de 200 sermões (isto é, chegaram 200 sermões até aos nossos dias) e dedicou os últimos 20 anos da sua vida a imprimi-los.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O assunto dos sermões está sempre ligado às circunstâncias concretas (acontecimentos históricos e sociais) em que foram pregados. Vieira transforma os sermões que prega em instrumento de intervenção na vida política e social, em defesa das grandes causas humanitárias a que dedicou a vida.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Vieira: um <em>visionário</em>:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Vieira escreveu também um livro de carácter profético* – A História do Futuro, no qual se mostra sebastianista** e defensor do mito do Quinto Império, mostrando-se convicto do futuro glorioso de Portugal, país cuja grandeza do tempo das Descobertas há-de ser recuperada, tal como Deus determinou (Portugal é um país destinado pelo Céu a um esplendor de que Vieira não duvida) por um rei que estando no presente “<em>encuberto”</em>, aparecerá para transformar Portugal nessa nova potência que será o Quinto Império: «<em>Assim que o Império que promete Daniel ***não é império já passado, senão que ainda está por vir</em>.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
* Uma obra profética (ou texto profético) é aquela em que o autor relata as suas visões, sonhos ou premonições/ intuições de acontecimentos futuros, considerando que é um emissário ou porta-voz de Deus que o escolheu para que anunciasse aos homens comuns o que irá acontecer num país, por exemplo. O profeta é, assim, o escolhido por Deus para transmitir as Suas mensagens.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
**”sebastianista” é aquele que acredita no regresso do rei D. Sebastião (o Encoberto) para salvar o país da má governação e difícil situação económica, social, cultural e política e que o há-de conduzir ao Quinto Império ou reino de paz e glória eternas. O mito sebastianista ou sebástico é o principal mito nacional e teve muitos adeptos ao longo da nossa história, sobretudo em épocas de crise; entre eles, contam-se António Vieira e séculos mais tarde, Fernando Pessoa.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
***Daniel foi um profeta do Antigo Testamento que profetizou a vinda de um quinto império após os quatro já conhecidos: o babilónico, o persa, o grego e o romano.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
As cartas escritas por António Vieira são também importantes para se conhecer o pensamento do autor e acontecimentos de carácter político e social que o marcaram.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«(…) Muito estimo encomendar-me V. Revª que faça visitar mais vezes as aldeias do Maranhão. O que nisto se faz é que na casa do Maranhão e Pará não reside ordinariamente mais que um só sacerdote. Todos os mais estão divididos pelas residências, onde cada um tem três e quatro aldeias à sua conta, e algum há que tem onze; (…) O serviço de Índios é qual V. Revª tem experiência. Necessitamos muito de tapanhunos que já temos pedido à Província, mas não sei se chegaram as cartas porque nem respostas delas se recebeu até agora (…)»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Carta CCCIII, 1660 (excerto)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Retomando a narração da longa e atribulada vida do Pe A.Vieira…</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O Pe António Vieira viveu uma boa parte da sua vida sob o domínio filipino, na sequência da perda da independência portuguesa após o desastre de Alcácer-Quibir. A independência é recuperada em 1640, tendo sido eleito rei de Portugal o Duque de Bragança, futuro rei D. João IV. Este período da vida política nacional é conhecido pela época da Restauração (Portugal foi restituído aos Portugueses após 60 anos de domínio castelhano).</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Quando a notícia da Restauração chega ao Brasil, António Vieira é enviado pela Companhia de Jesus a Lisboa para homenagear o novo rei em nome da colónia brasileira. Entre Vieira e D. João IV desenvolveu-se uma forte amizade que durou até à morte do monarca. A vida de pregador da corte e de diplomata no estrangeiro está para breve. António Vieira é nomeado pregador régio e torna-se conselheiro do rei e passa a ser político e diplomata.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Possivelmente por inveja do sucesso que o pregador tinha alcançado em Lisboa, a Companhia de Jesus mostra-se disposta a expulsá-lo. O grande amor de Vieira à Companhia de Jesus e a protecção de D. João IV evitam a expulsão indesejada.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Regressado do Brasil, o Pe António Viera constata em Lisboa que o reino tinha perdido o brilho da época gloriosa das Descobertas: Portugal era constantemente atacado nas colónias ultramarinas, facto que enfraquecia a economia. Pensou, então, em aconselhar o rei e seu amigo D. João IV, a reintegrar os judeus expulsos de Portugal no tempo do rei D. Manuel I já que estes eram hábeis nos negócios e em lidar com o dinheiro.Os judeus constituíam grande parte da burguesia emergente que, pelo seu poder financeiro, provocavam a inveja de nobres e clero. Estas expulsões foram extremamente prejudiciais para os reinos ibéricos visto que dinamizavam a economia. Ricos e inteligentes, os judeus da Península eram odiados pelo Tribunal do Santo Ofício que tudo fez para os condenar à morte em nome de Cristo. Neste contexto, o Pe António Vieira foi muito ousado ao defender o seu regresso ao país agora empobrecido, junto do rei de Portugal, porque os padres inquisidores dominavam toda a sociedade que, por sua vez, os temia. António Vieira argumenta em defesa dos judeus dizendo que a sua expulsão ia contra a caridade cristã e que, segundo as profecias do Bandarra, a fundação do futuro quinto império comandado por Portugal seria da responsabilidade de judeus. Esta defesa valeu-lhe a antipatia dos padres do Santo Ofício que, mal puderam, se vingaram, prendendo-o.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Em 1646, o Pe A. Vieira é enviado, como diplomata, à Holanda e a França, aonde regressa no ano seguinte, revelando-se um político hábil ainda que não tenha obtido o sucesso ambicionado.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Depois destas missões diplomáticas regressa a Lisboa; a corte não o recebe com bons olhos embora D. João IV continue seu amigo. Face a esta indiferença por parte da grande nobreza portuguesa, decide regressar ao Brasil e continuar a sua missão evangelizadora junto dos indígenas, no estado brasileiro do Maranhão.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os índios chamavam-lhe «paiaçu»: “pai grande”, reconhecendo, assim, o valor humanitário de Vieira junto das tribos índias, habitualmente desrespeitadas pelos colonos exploradores e sem escrúpulos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os maus tratos aos indígenas e negros escravizados na colónia do Brasil levam o Pe A.Vieira a apresentar várias queixas ao rei, contra os colonos portugueses que, longe de Lisboa, faziam as suas próprias leis de acordo com as suas conveniências.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O Sermão de Santo António aos Peixes foi escrito na véspera da partida de A. Vieira para Lisboa (13 de Junho de 1654) com o objectivo de denunciar de viva voz a D. João IV o drama dos ameríndios.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Chegado a Lisboa após uma viagem marítima bastante acidentada, profere dois dos seus sermões mais famosos: o Sermão da Sexagésima e o Sermão do Bom Ladrão.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
D. João IV ouviu-lhe as queixas e toma medidas para proteger os indígenas ordenando que este fiquem doravante a cargo dos padres jesuítas. Os colonos não apreciaram esta decisão que punha em causa a mão-de-obra barata que viam no trabalho indígena e expulsam-no do Brasil depois de assaltos à Companhia de Jesus. Regressa doente a Portugal.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Entretanto morre D. João IV e o Pe António Vieira, sem a protecção real, fica à mercê dos muitos inimigos que foi criando ao longo da vida devido à defesa constante dos mais fracos, fossem índios, negros ou judeus, devido, também, à fama que tinha conquistado como pregador, tanto em Portugal como no estrangeiro, e às missões diplomáticas em que tinha participado e que lhe tinham dado prestígio. Era odiado na Corte e pela Igreja.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os padres do Santo Ofício esperavam uma oportunidade para o prender e tiveram-na quando descobrem que António Vieira não só defendia o mito sebastianista como também que seria D. João IV o tal rei “encoberto” que, ressuscitado, iria conduzir Portugal ao esplendor perdido, chefiando o Quinto Império; os padres inquisidores vêem nesta crença de A. Vieira um atentado à fé cristã e declaram-no réu num processo que se prolongará e irá contribuir para enfraquecer a saúde do pregador que contava nesta altura 56 anos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
No período da contenda com o Santo Ofício começa a escrever a “História do Futuro”, obra que mostra a crença sebastianista do autor e profetiza o Quinto Império para Portugal (época áurea vindoura). Esta obra não teve impacto na sociedade portuguesa e tendo sido apreendida pelo Tribunal do Santo Ofício, leva Vieira à prisão por ordem dos padres inquisidores que consideravam escandalosas as ideias sebastianistas de Vieira. A Inquisição proibe-o de pregar e condena-o a prisão domiciliária.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Algum tempo mais tarde, é-lhe permitido assistir em Roma à canonização de um padre jesuíta que tinha sido assassinado. Acaba por ficar 6 anos em Roma onde veio a ser aclamado pelos seus dotes de pregador e convidado para vir a ser o confessor da rainha Cristina da Suécia, convite que A. Vieira não aceita. É em Roma que consegue que o Papa interceda por ele junto do Santo Ofício.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Liberto da perseguição da Inquisição graças ao Papa, A. Vieira regressa, então, a Lisboa, em 1675, com 67 anos. A corte lisboeta não sentia por ele nenhuma simpatia e, ressentindo-se desta indiferença, decide regressar ao Brasil, agora com 73 anos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Após a sua partida para o Brasil, os estudantes de Coimbra e os padres da inquisição queimam a sua imagem na praça pública.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
No Brasil, e apesar da velhice e de estar quase cego, Viera continua a ler, escrever, a interessar-se pelo que ia acontecendo no mundo e fiel à crença sebastianista que tantos problemas lhe tinha causado.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Aos 86 anos a sua saúde já debilitada piora após uma queda numa escada de pedra.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«(...) Há perto de quinze dias, como tenho escrito e outras, que estou sustentando à capa nesta Quinta a grandes tempestades de catarros, que com pleurises, e sem outra febre mais que a sua natural, ouço que fazem grandes destroços em todas as sortes de vidas e idades.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Enfim me resolvo a deixar este deserto e ir para o Colégio, ou para sarar como homem com os remédios da medicina, ou para morrer como religioso entre as orações e braços de meus padres e irmãos. (…)» Carta CCXC, 1696 (excerto)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O Pe António Vieira morre aos 89 anos, em 1697, no Brasil.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1.3em; line-height: 22px; text-align: center;">
<hr size="2" style="text-align: center;" width="100%" />
</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O contexto político, religioso, social e cultural em que viveu e escreveu o Pe António Vieira:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
1. A situação política vivida em Portugal no século XVII</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- Ao longo dos 3 anos do domínio filipino após a morte de D. Sebastião em Marrocos, sem deixar sucessor para o trono português, a política castelhana foi desrespeitando os compromissos assumidos com Portugal (agora província castelhana). Esta situação criou intabilidade a todos os níveis, contribuindo para aumentar o número de sebastianistas.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os focos de rebelião contra Castela terminaram a 1 de Dezembro de 1640, com a morte dos representantes do governo castelhano em Lisboa, seguida da aclamação de D. João IV como rei legítimo de Portugal.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O reinado de D. João IV não foi nada fácil: a riqueza nacional derivada das colónias ultramarinas estava em decadência assim como o prestígio de que Portugal tinha gozado na restante Europa com as Descobertas. Para este enfraquecimento das finanças nacionais contribuíram os ataques permanentes dos ingleses e holandeses às colónias portuguesas nos diversos continentes, cuja riqueza cobiçavam.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Foi o reconhecimento da debilitada economia nacional que levou o Pe António Vieira a defender o regresso dos judeus expulsos, como já vimos atrás.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
2. O contexto religioso:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
No século XVII, Portugal foi dominado pelo espírito de um movimento religioso designado porContra-Reforma. Como o nome sugere, a Igreja Católica quis <em>reformar uma reforma</em> imposta pelo padre alemão Lutero (1483-1546) e pelo monge holandês Erasmo de Roterdão (1466-1536). Estes pensadores, verdadeiros gigantes intelectuais europeus e hummanistas, estiveram ligados à fé católica numa fase inicial, acabando por pô-la em causa, não porque tivessem perdido a fé, mas porque viam com maus olhos os vícios, a hipocrisia e vida excessivamente dedicada aos prazeres mundanos do Papa e da grande maioria dos membros do clero da época. Manifestam-se, então, contra a Igreja de Roma argumentando que esta não respeitava o Evangelho porque apenas lhe interessava o luxo, a ociosidade e uma vida pecaminosa.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Como é de prever, tiveram a oposição do Papa, do clero obediente à Igreja de Roma e de muitos católicos que, influenciados pelas mensagens deturpadas acerca do que pensavam Lutero e Erasmo, viam neles inimigos da fé que era urgente combater.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: center;">
A Europa dividiu-se entre os apoiantes de Lutero e Erasmo e os apoiantes do Papa romano. Este mal-estar dá origem a lutas terríveis e muito sangrentas entre as duas facções, um pouco por toda a Europa, ainda que com maior incidência nos países da Europa Central.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Assustado com os argumentos dos apoiantes da Reforma da Igreja Católica, o clero peninsular desenvolve um movimento de Contra-Reforma; foi este apego do clero que não queria perder os privilégios que tinha há séculos à tradição católica apostólica romana que originou os excessos cometidos pela Inquisição e as tragédias que muitos inocentes viveram, apoiantes ou não de Lutero. Bastava que tivessem uma maneira de viver e de pensar pouco ou muito diferente daquela que era considerada como a “correcta”, para pagarem essa diferença com a morte nos autos-de-fé do Santo Ofício, cujo poder se manifestava no país inteiro e sobre todos os cidadãos, fossem nobres ou populares.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O Tribunal do Santo Ofício espalhou o terror em Portugal e, devido à intolerância do clero inquisidor, o país ficou isolado da Europa civilizada e culta, facto que está na origem do considerável atraso registado em Portugal no domínio das ciências e das letras.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3. O contexto social: alguns traços marcantes da sociedade seiscentista:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: center;">
</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3.1 Aumenta o número de sebastianistas ou adeptos do mito sebastianista devido à época de crise social que se vivia em Portugal. Os portugueses, populares e nobres, agarravam-se à esperança de que o país mudasse; as trovas do Bandarra que prediziam o regresso de um rei encoberto que viria restaurar o prestígio nacional foram lidas, decoradas e recitadas frequentemente às escondidas do clero que as considerava perigosas para a fé cristã já que o rei encoberto seria um messias terreno e não de origem divina.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3.2 O milagrismo, ou crença em milagres, aumenta em Portugal, país atrasado culturalmente e com grande percentagem de analfabetos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3.3 O patriotismo: para além de sebastianistas, os portugueses que detinham mais cultura elegiam Os Lusíadas como livro preferido para compensar o desânimo que sentiam com as recordações da passada grandeza nacional cantada por Camões.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3.4 Medo: todos poderiam vir a ser vítimas da Inquisição, bastando para tal uma denúncia de um vizinho mal disposto. A Inquisição não poupava nem as mulheres nem as crianças; no que respeita aos encarcerados e mortos, confiscava-lhes os bens.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Para além do terror que as práticas da Inquisição espalhavam entre as populações, estas manifestaram a consciência dolorosa da efemeridade da vida, facto que levou à existência de modos de vida que oscilavam entre a tristeza depressiva e a tendência para uma vida desregrada.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">3.5 Ignorância generalizada. Galileu Galilei, Pascal, Newton, Descartes eram praticamente desconhecidos em Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">3.4 O poder real tornou-se absoluto e a corte um centro de vaidade e de luxo, onde a nobreza ociosa se divertia em serões palacianos em que se recitava poesia ao som do cravo.</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
4. O contexto cultural: a corrente estética designada por Barroco:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
no século XVII surge uma nova corrente estética – o Barroco – que vai dominar a literatura, a pintura e a escultura. O movimento artístico do Barroco nasceu em Itália e propagou-se nos restantes países europeus, atingindo o apogeu em Espanha.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A palavra “barroco” vem de “barrueco” que significa pérola imperfeita. “Barroco” foi, durante muito tempo, uma designação pejorativa para caracterizar modos de escrever, pintar e esculpir considerados, pelos amantes da simplicidade como de mau gosto, demasiado excêntricos, extravagantes e teatrais. A arte barroca é espectacular e faustosa, estando, por isso, longe a simplicidade da época do Renascimento.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
As manifestações da arte barroca caracterizaram-se, em muitos casos, pela tentativa de fuga, por parte dos artistas, a um ambiente pesado e excessivamente vigiado pelo Santo Ofício. Esta falta de liberdade conduziu ao gosto pela evasão e esta manifestou-se de diversas formas, na arte.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A pintura barroca</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O século XVII teve pintores brilhantes, como Caravaggio, Rubens, Rembrandt, Vermeer, Velasquez, Murillo, Zurbaran. O mais influente entre todos foi certamente o italiano Caravaggio, famoso pelas pinturas religiosas. Em Espanha, a pintura atingiu um grande nível artístico com Velasquez, Murillo e Zurbaran. Distinguiram-se ainda o pintor holandês Rembrandt e o flamengo Vermeer. Trata-se de uma pintura caracterizada pelo contraste claro-escuro, luz-sombra, mistura de tons quentes, formas cheias de sensualidade, valorização da emocionalidade sobre a racionalidade, tentativa de impressionar os sentidos do espectador através das cores (vermelho, dourado, amarelo) e formas arredondadas que sugerem a ligação à terra. Sendo profundamente católica e produto do espírito da Contra-Reforma, a arte barroca exprime, frequentemente, mensagens religiosas (cenas bíblicas, retratos de santos, passagens das suas vidas, etc.)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O tema central da pintura barroca reside na antítese vida/morte e os artistas manifestam por um lado o prazer de viver e, por outro, a dor face à efemeridade da vida e ao tempo que tudo destrói. A expressão latina «carpe diem» (aproveita o momento presente) é um dos temas frequentes na arte deste século.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A escultura barroca:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
foi na estatuária e na talha dourada que o Barroco teve uma das manifestações mais ricas. A talha dourada (madeira talhada e dourada de modo a parecer ouro) é abundante em muitas igrejas portuguesas. Esta manifestação artística exprime o gosto pelo luxo e opulência da Igreja que queria, assim, impressionar os fiéis. São vulgares, nas igrejas barrocas, colunas e altares ornamentados com anjinhos, cachos de uvas, conchas, tudo pintado em dourada. Para além da talha dourada, Portugal distinguiu-se, ainda, na azulejaria.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A Literatura barroca:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A produção literária do século XVII está a cargo de uma elite social e cultural que, impedida de ser livre devido ao Tribunal do Santo Ofício, se refugia numa escrita recheada por vezes de frases ou versos difíceis de compreender devido ao recurso excessivo a figuras de estilo (metáforas, hipérboles, antíteses, alegorias, …).</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Em termos gerais, é uma escrita muito imaginativa, extravagante e fútil nos temas, nomeadamente na poesia, arte vista como divertimento de e para nobres, marcada por complicados e imaginativos jogos de linguagem. Por este motivo, poucos são os poetas portugueses desta época que passaram à posteridade.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Na prosa, o nome de vulto é o Pe António Vieira, cujo prestígio chegou aos nossos dias. Foi a ele que Fernando Pessoa chamou « Imperador da Língua Portuguesa».</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Música barroca:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A música está intimamente associada com a vida religiosa. Entre os grandes compositores barrocos, incluem-se Bach, Haendel, Scarlatti e Monteverdi.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
CARACTERÍSTICAS DO SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
1. Introdução</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O Pe António Vieira é considerado o maior orador sacro português e domina todo o século XVII pela sua personalidade vigorosa que capta a atenção dos ouvintes.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Destaca-se, ainda, pela coragem evidenciada na luta, através das palavras, contra a exploração dos povos oprimidos e pelo patriotismo evidenciado na luta pela manutenção da independência nacional, numa época instável como foi a da Restauração.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
É marcante, também, o seu anticonvencionalismo e ousadia ao combater a organização social e religiosa mais poderosa de Portugal – O Tribunal do Santo Ofício – cujas práticas anti-cristãs denuncia, independentemente dos perigos a que se expôs e do sofrimento que tais atitudes lhe causaram.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
2. Razão do título do sermão de Sto António aos Peixes:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O sermão inspira-se na lenda medieval segundo a qual Santo António, numa das pregações destinadas a emendar o comportamento dos homens, decide falar aos peixes ao constatar que os homens não lhe prestam atenção. Compreensivos e atentos, os peixes levantam as cabeças à superfície das águas, comprovando a força da palavra do santo.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">António Vieira imitá-lo-á visto que também não é ouvido pelos colonos do Maranhão que exploram os ameríndios e os escravos negros; à semelhança do santo que tanto venera, falará aos “peixes” – alegoria dos colonos. Deste modo pode criticá-los sem temer represálias.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">3. Contexto em que foi pregado este sermão e objectivo do mesmo:</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Foi pregado na cidade brasileira de São Luís do Maranhão, em 13 de Junho de 1654, «<em>três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino, a procurar o remédio da salvação dos Índios (…) E nele tocou todos os pontos de doutrina (posto que perseguida) que mais necessários eram ao bem espiritual e temporal daquela terra, como facilmente se pode entender das mesmas alegorias.»</em></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3.1 Funções do sermão:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">O sermão tem uma missão social (salvar os ameríndios da cobiça e exploração, isto é, salvá-los da antropofagia que era a prática comum entre os homens na sociedade), e é também um instrumento de intervenção na vida política do país;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">tem também uma missão espiritual: divulgar a palavra de Cristo, o Evangelho e histórias de santos como exemplos de condutas a imitar.</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
4. Intencionalidade comunicativa do pregador:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O sermão é um texto que pretende:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
a) ensinar através do recurso a citações bíblicas, dados da História natural, exemplos da sabedoria popular. Tem, portanto, uma função informativa (informa sobre diversos saberes)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
b) agradar aos ouvintes através do recurso a frases exclamativas, interrogações retóricas, gradações, apóstrofes, alegorias. Tem uma função emotiva (desperta emoções nos ouvintes)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
c) Persuadir os ouvintes através da argumentação por meio do confronto com a Bíblia, emprego do modo imperativo, do vocativo e interrogações retóricas. Tem uma função apelativa(interpela os ouvintes, obrigando-os a reflectir no que é dito)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
d) intervir na sociedade portuguesa da sua época.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5. A estrutura do sermão (a organização temática e discursiva do texto)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
1ª parte do sermão:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5.1 O conceito predicável como ponto de partida:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
o sermão parte de uma afirmação retirada da Bíblia à qual se dá o nome de conceito predicável. O conceito predicável que inicia este sermão é «Vós sois o sal da terra», afirmação retirada por Vieira do Evangelho de São Mateus.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Que pretende dizer o pregador aos seus ouvintes do Maranhão? O sal preserva os alimentos impedindo-os de se estragarem (era assim que antigamente a carne e o peixe eram conservados); ora, tal como o sal preserva os alimentos da corrupção, o mesmo faz a palavra de Cristo a quem a ouve, visto que a palavra divina transmitida pelos pregadores (eles são o sal) impede que os colonos (a terra) se afastem do caminho do bem. O conceito predicável é uma verdade intemporal que tem raízes bíblicas e que, por esse facto, dá credibilidade à pregação já que ninguém se atreve a contestar a palavra de Cristo.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5.2 O Exórdio ou Introdução:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
É uma parte importante porque é através dela que o pregador capta a atenção dos ouvintes, logo, tem que prender e agradar.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O conceito predicável está inserido na 1ª parte do sermão – o Exórdio. Neste, o pregadorapresenta o tema do sermão: a necessidade dos colonos do Maranhão alterarem a sua conduta desumana.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Resumidamente: no exórdio Vieira diz que se as palavras do pregador (o sal) não cumprem a sua função de impedir a corrupção entre os homens, duas questões devem ser analisadas:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
será que o defeito está nos pregadores cujas palavras não convencem porque dizem uma coisa e fazem o contrário do que pregam? A solução para este caso consiste em deitar fora o sal porque não presta: «é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.» (cap.I)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Mas também pode acontecer que o pregador ou sal seja bom e a terra ou colonos o desprezem: «E à terra que não se deixa salgar, que se lhe há-de fazer?» (cap.I)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Este ponto não resolveu Cristo Nosso Senhor no Evangelho; mas temos a sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Assim sendo, Vieira opta por imitar Sto António que deixou os homens e se virou para melhores ouvintes: os peixes.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O Exórdio termina com uma invocação à Virgem Maria ou <em>Domina Maris</em> (Senhora do mar) para obter a inspiração necessária à pregação convincente que deseja.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Fim do cap.I do sermão.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
No que respeita à organização do discurso e linguagem figurada, notar alguns exemplos de:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- encadeamento lógico das ideias;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- paralelismo sintáctico ou estrutural: «ou é porque (…) ou é porque (…) ou é porque (…)»;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- interrogações retóricas que confrontam directamente os ouvintes: «Não é tudo isto verdade?»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- vocativo: «Vós, diz Cristo, (…)»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- repetição da conjunção coordenativa disjuntiva “ou” que inicia várias frases com estrutura idêntica.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- linguagem metafórica: «sal», «salgar», «e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar», «começam a ferver as ondas (…)»…</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- exclamações retóricas: «Ó maravilhas do Altíssimo!»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- enumeração e gradação crescente: «sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- trocadilhos: «é melhor pregar como eles que pregar deles»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- ironia: «o mar está tão perto que bem me ouvirão»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
São ainda de notar as inúmeras afirmações, interrogações e citações bíblicas em latim: mostrar erudição e dar validade ao discurso.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
2ª parte do sermão</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5.3 Os capítulos II – V correspondem à 2ª parte do sermão (o desenvolvimento) e neles o orador desenvolve, através de um discurso fortemente argumentativo, a tese exposta no cap. I: é necessário reformar os costumes dos colonos do Maranhão.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Assim, se existe o Bem e o Mal, o sermão, a partir do cap.I, será dividido em 2 partes, a saber:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- louvor das virtudes dos peixes, em geral – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- louvores aos peixes em particular, no cap. III: serão louvados o Santo Peixe de Tobias, a Rémora, o Torpedo e o peixe Quatro-Olhos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- repreensão aos peixes em geral: cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- repreensão aos peixes em particular – cap. V: são repreendidos os peixes Roncadores, Pegadores, Voadores e o Polvo.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Para defender as suas ideias, Vieira recorre a uma argumentação cerrada, a uma linguagem alegórica* de modo a tornar claras e facilmente compreensíveis determinadas realidades abstractas (os vícios e as virtudes humanas) e a citações bíblicas e ou de padres famosos/ santos para melhor convencer acerca da pertinência das suas ideias.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
* a alegoria é uma figura de estilo através da qual se refere ideias abstractas recorrendo a exemplos comuns do mundo material; os vários peixes elogiados e repreendidos são alegorias da maldade e bondade humanas.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5.4 Capítulo II (1ª parte do desenvolvimento) – síntese das ideias:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
As 2 qualidades dos peixes mencionadas no início deste capítulo estabelecem um contraste com 2 defeitos humanos:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- «os peixes ouvem e não falam», donde se depreende que os homens falam demais e não ouvem os bons conselhos do pregador;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- seguidamente, Vieira informa que quer pregar com a mesma imparcialidade que Santo António usou nas suas pregações porque essa é a atitude que deve manifestar qualquer pregador digno desse nome: «Uma é louvar o bem, outra repreender o mal: louvar o bem para o conservar e repreender o mal para preservar dele.», isto é, o louvor das virtudes (humanas) influencia a continuidade das mesmas e a crítica aos vícios (humanos) leva a que quem os pratica se consciencialize dessa prática errada.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- Vieira justifica, com novos argumentos, o elogio das virtudes em geral dos peixes:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
foram os primeiros animais criados por Deus, são os animais mais numerosos e com maiores dimensões, são ordeiros, tranquilos e ouviram com atenção e devoção a mensagem de Santo António, contrariamente aos homens que a desprezaram «tão furiosos e obstinados».</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Jonas, personagem do Antigo Testamento a quem Deus encarregou de cumprir uma missão, foi deitado ao mar pelos homens e salvo por uma baleia.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
os peixes vivem retirados do convívio com os humanos, facto que revela a sua sensatez pois são independentes e livres:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre!»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Na conclusão do cap II, Vieira interpela directamente os peixes e diz-lhes:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Vede, peixes, quão grande bem é estar longe dos homens.» Como eles procedeu Santo António, cuja biografia é sumariamente narrada na antítese que termina este capítulo: «e por fim acabou a vida em outro deserto, tanto mais unido com Deus, quanto mais apartado dos homens.» </div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5.5 Capítulo III – síntese das ideias</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Neste capítulo, o pregador passa à enumeração dos peixes que serão elogiados e das razões que levam a esses elogios. Cada peixe representa, alegoricamente, virtudes humanas.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
1º peixe elogiado: <span style="text-decoration: underline;">o peixe de Tobias</span>, personagem do Antigo Testamento que, no momento em que ia lavar os pés ao rio, é surpreendido por «um grande peixe com a boca aberta em acção de que o queria tragar. Gritou Tobias assombrado (…)»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Acontece que este peixe assustador ia, afinal, salvar Tobias com as suas entranhas: «o fel era bom para salvar da cegueira e o coração para lançar fora os demónios.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
2º peixe elogiado: <span style="text-decoration: underline;">a rémora</span> «peixezinho tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder»; a rémora é alegoria da energia e força de vontade que devem ser o “leme”/ a orientação das acções humanas. A rémora representa todos os que são imunes, como Santo António, à «fúria das paixões», guiando-se na vida pela racionalidade.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
À alegoria da rémora seguem-se outras alegorias: as “naus” soberba, vingança, cobiça e sensualidade. Estes são vícios humanos decorrentes da falta de racionalidade que arrastam o homem para comportamentos indevidos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3º peixe elogiado: «aquele outro peixezinho, a que os latinos chamam <span style="text-decoration: underline;">torpedo</span>»; este peixe produz uma descarga eléctrica que passa para a mão do pescador, fazendo-lhe tremer o braço. Isto quer dizer que a virtude deste peixe contagia o ser humano, sendo essa virtude a energia para lutar contra a atracção pelo mal. Com esta nova alegoria Vieira critica os padres pregadores que se interessam apenas por falar sem atender à qualidade das suas mensagens evidenciando ausência de espírito crítico e descuido relativamente aos fiéis que “pescam” com os respectivos discursos. Isto nunca acontecia com os sermões de Santo António visto que aqueles que os ouviam “tremiam” de tanta emoção que, «tremendo, confessaram seus furtos; (…) todos enfim mudaram de vida e de ofício e se emendaram.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
4º peixe elogiado: o quatro-olhos -«Tantos instrumentos de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos!»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Tantos olhos num único peixe (2 virados para o céu e 2 virados para baixo) devem-se ao facto de serem muito perseguidos no mar e no ar, pelas aves marítimas. Deste facto o pregador conclui que este peixe ensina os homens a olharem para o céu para praticarem a virtude e a não esquecerem o inferno sempre que olham para a terra.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O capítulo III termina com um elogio a todos os peixes que alimentam os pobres (as solhas); já os salmões alimentam os ricos. Devido a esta boa acção dos peixes, o pregador deseja que se reproduzam em abundância: «Crescei, peixes, crescei e multiplicai, e Deus vos confirme a sua benção.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1.3em; line-height: 22px; text-align: center;">
<hr size="2" style="text-align: center;" width="100%" />
</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5.6 capítulo IV – síntese das ideias</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Neste capítulo, Vieira repreende os peixes em geral porque os peixes grandes comem os pequenos (alegoricamente é referida a antropofagia social, isto é, os homens poderosos aniquilam os mais frágeis, os marginalizados da sociedade: os ameríndios e negros do Brasil). Assim sendo, a terra parece «um açougue» ou matadouro, já que os marginalizados vão morrendo de cansaço, fome e doença, diante da indiferença dos colonos. Mas os homens também se comem uns aos outros mesmo dentro da mesma classe social, porque cobiçam os bens uns dos outros, são interesseiros:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão-de comer e como se hão-de comer. Morreu algum deles, vereis logo tantos sobre o miserável a despedaçá-lo e a comê-lo. Comem-nos os herdeiros, comem-no (…) ainda o pobre defunto o não comeu a terra, e já o tem comido toda a terra.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os homens deviam preocupar-se em lutar pela independência da sua terra atacada pelos piratas ingleses e holandeses em vez de se perderem em lutas por bens menores sem objectivo que as justifique.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os peixes comem-se uns aos outros no mar por razões de sobrevivência, mas os seres humanos aniquilam-se e desprezam-se por amor excessivo ao dinheiro. Esta constatação leva a uma 2ª repreensão geral aos peixes alegoria dos homens: estes dão a vida por insignificâncias, «um retalho de pano», mas os bens terrenos são ilusórios e fonte de discórdias; o costume de se aproveitarem dos bens dos naufragados é condenável: «Pode haver maior ignorância e mais rematada cegueira que esta?» Deviam seguir o exemplo de Santo António que, tendo nascido rico, abandonou tudo para imitar Jesus Cristo.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1.3em; line-height: 22px; text-align: center;">
<hr size="2" style="text-align: center;" width="100%" />
</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Capítulo V – síntese das ideias</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Neste capítulo, Vieira repreende alguns peixes em particular:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Descendo ao particular, direi agora, peixes, o que tenho contra alguns de vós»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Os peixes criticados são alegorias dos piores vícios humanos, ainda que haja uma gradação nesta enumeração porque o polvo será o “peixe” mais criticado.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
1º peixe repreendido:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
o roncador – é a alegoria dos homens arrogantes e vaidosos que prometem e não cumprem porque «o muito roncar antes da ocasião, é sinal de dormir nela»; «Assim que, amigos roncadores, o verdadeiro conselho é calar e imitar a Santo António. Duas cousas há nos homens que os costumam fazer roncadores, porque ambas incham: o saber e o poder.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
2º peixe repreendido:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
o peixe pegador – é a alegoria da adulação e do parasitismo, vícios da alta nobreza e classe política, gostam de receber favores e da adulação daqueles que deles dependem. Estes peixes nadam presos a um «tubarão», membro mais importante na escala social que eles vão explorando como podem: «porque não parte vice-rei ou governador para as Conquistas, que não vá rodeado de pegadores, os quais se arrimam a eles, para que cá lhes matem a fome, de que lá |em Portugal continental| não tinham remédio.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3º peixe repreendido:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
o peixe voador – é a alegoria dos sempre insatisfeitos com a vida e ambiciosos porque não se contentando em nadar no mar, querem voar como os pássaros: «Dizei-me, voadores, não vos fez Deus para peixes? Pois porque vos meteis a ser aves? (…) Peixes, contente-se cada um com o seu elemento. (…) À vista deste exemplo, peixes, tomai todos na memória esta sentença: quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
4º peixe repreendido:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
o polvo, alegoria da hipocrisia e da traição, os vícios piores entre todos. Contra o polvo ergueram-se as vozes de dois santos importantes: S. Basílio e Santo Ambrósio porque o polvo aparenta ser aquilo que não é:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Percebemos o alcance da crítica ao polvo: como ele, também os monges enganam os fiéis, passando por homens piedosos quando não passam de homens imorais e interesseiros que utilizam a palavra de Deus para melhor conseguirem os seus verdadeiros intentos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Através de anáforas, frases paralelísticas e comparações, Vieira descreve a aparência enganadora o polvo que, devido ao mimetismo, se disfarça para melhor enganar os inocentes e que é pior traidor do que foi Judas, o traidor de Cristo.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Se está nos limos faz-se verde, se está na areia, faz-se branco, se está no lodo, faz-se pardo (…) E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado (…) Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque não fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Para além das razões já invocadas contra o polvo, Vieira refere o contraste entre a “sujidade” moral do polvo e a transparência do elemento natural em que habita – o mar:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Oh que excesso tão afrontoso e tão indigno de um elemento tão puro, tão claro e tão cristalino como o da água, espelho natural não só da terra, senão do mesmo céu!»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Vieira intui os argumentos que os peixes/ homens empregariam, se pudessem falar, para rebater as acusações contra o polvo:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Vejo, peixes, que pelo conhecimento que tendes das terras em que batem os vossos mares, me estais respondendo e convindo, que também nelas há falsidades, enganos, fingimentos, embustes, ciladas e muito maiores e mais perniciosas traições. (…) Mas ponde os olhos António, vosso pregador, e vereis nele o mais ouro exemplar da candura, da sinceridade e da verdade, onde nunca houve dolo, fingimento ou engano.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Isto é, é verdade que a terra está infestada de traidores e não apenas o mar onde vivem os peixes acusados, sobretudo o polvo, pior entre os piores. Mas também é verdade que há habitantes da terra que se destacam pela pureza de coração e amor à verdade, como é o caso de Santo António a quem Vieira imita e cita frequentemente no seu sermão. Que se há-de então fazer, já que Santo António é inimitável? Para Vieira, basta que os portugueses do seu tempo se mantenham fiéis aos valores morais e éticos que outrora existiam em Portugal e que agora parecem estar arredados das intenções dos colonos do Maranhão:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«E sabei também que para haver tudo isto em cada um de nós, bastava antigamente ser português, não era necessário ser santo.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O capítulo V termina com uma censura àqueles que roubam os bens dos náufragos que dão à costa e avisa:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Para os homens não há mais miserável morte, que morrer com o alheio atravessado na garganta.» </div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A Peroração ou Conclusão do sermão – cap. VI</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
No último capítulo, Vieira quer “consolar” os peixes, eles que para além de terem sido alvo de duras críticas, também foram excluídos do terceiro livro da Bíblia – O Levítico. Esta desconsideração feita aos animais marinhos num livro sagrado deve-se a esta razão:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«(…) foi porque os outros animais podiam ir vivos ao sacrifício |entenda-se que se tratava de uma oferenda a Deus que passava por sacrificar animais, tal como era habitual nas práticas religiosas ancestrais| e os peixes geralmente não, senão mortos; e cousa morta não quer Deus que se lhe ofereça, nem chegue aos seus altares.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ora, tal como os peixes que morrem antes de chegar a Deus, também «quantas almas chegam àquele altar mortas (…) estando em pecado mortal!»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
No entanto, os peixes estão em vantagem relativamente aos humanos já que nem chegam a aproximar-se de Deus, não o podendo ofender; opostamente, os homens chegam a Deus cheios de pecados, facto que leva o pregador a exclamar:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Peixes, dai muitas graças a Deus de vos livrar deste perigo, porque melhor é não chegar ao sacrifício, que chegar morto.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Mas as vantagens dos peixes não se resumem apenas ao que foi referido antes: o pregador também é humano e dotado de razão, contrariamente aos peixes que agem segundo as leis da natureza. Assim sendo, o pregador inveja «a bruteza» dos peixes porque estes não ofendem a Deus já que nem pensam nem têm vontade própria.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Vieira termina reconhecendo, numa atitude humilde, as fraquezas inerentes aos seres humanos que falham perante Deus porque a inteligência destrói a inocência e pureza que os peixes, seres irracionais, conservam e o livre-arbítrio que falta aos peixes nem sempre o conduz à prática mais cristã :</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Vós fostes criados por Deus para servir ao homem, e conseguis o fim para que fostes criados; a mim criou-me para o servir a ele, e eu não consigo o fim para que me criou.»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Acrescenta a esta confissão da sua indignidade face a Deus, o pedido aos peixes para que louvem a Deus, criador da vida e a quem tudo se deve.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Introdução</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O Pe António Vieira escrevia e pregava o que escrevia em público, nas igrejas, a partir do púlpito ou lugar destinado na igreja aos pregadores. Para que a sua pregação produzisse o efeito pretendido pelo orador, tornava-se necessário agradar aos ouvintes e conseguir prender a atenção destes durante o tempo da pregação. Assim, nenhuma parte dos longos discursos era deixada ao acaso mas, pelo contrário, minuciosamente trabalhada previamente.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Vieira conseguia seduzir os ouvintes à custa dos seus dons oratórios ou capacidade para se expressar oralmente com convicção, através do recurso a figuras de estilo ou de retórica, do encadeamento lógico dos raciocínios, das imagens sugeridas através das associações de vocábulos seleccionados para esse efeito, do recurso a argumentos difíceis de contestar pelos ouvintes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #772124; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 21px; line-height: 22px;"><br /></span></div>
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px;"><span style="font-size: 1em;">Para ter sucesso na pregação e convencer os ouvintes a alterar a mentalidade e modos de agir, Vieira serve-se de variados recursos; para além da argumentação (consulta a página seguinte sobre este assunto), emprega largamente citações bíblicas, normalmente em latim, faz referências à vida de Santos e Doutores da Igreja (Santo António, São Basílio, Santo Ambrósio, Santo Agostinho, São Mateus), refere passagens conhecidas do Antigo Testamento (o episódio de Jonas, no cap.I;o episódio do Dilúvio e a arca de Noé, no cap. I; o episódio de Tobias a quem apareceu o Arcanjo Rafael, no cap. II; passagens da vida do rei David, cap. II, o episódio vivido por Jesus Cristo no Horto, cap.V; a fuga de Jesus para o Egipto, cap. V;…); referências a filósofos e pensadores (Aristóteles, p.ex.); referências à mitologia greco-latina; referências à variedade da fauna marítima e terrestre, a zonas geográficas, à sabedoria popular, …</span></span></div>
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px;">
</span><br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O recurso a abundantes referências bíblicas confere seriedade e credibilidade à pregação já que não há argumentos de peso que se oponham às narrações bíblicas. Como foram escritos para serem ouvidos, os sermões têm um ritmo facilmente captável pela audição. Para além disto, os conceitos mais importantes são acentuados através da repetição e as palavras são escolhidas criteriosamente porque deviam ser, segundo o pregador, “distintas e claras como estrelas”.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
II – Principais recursos estilísticos presentes no Sermão de Santo António aos Peixes:</div>
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1.3em; line-height: 22px;"></span><br />
<div style="margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; line-height: 22px;"><br /></span></div>
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px;"><span style="font-size: 1em;">1. Alegoria: todo o sermão é alegórico ou uma extensa alegoria, a partir do cap. II (os peixes são alegorias dos homens e das virtudes e vícios destes).</span></span></div>
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px;">
</span><br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
2. Anáfora e Paralelismo sintáctico ou estrutural</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Os peixes, pelo contrário, lá <span style="text-decoration: underline;">se vivem nos seus mares e rios</span>, lá <span style="text-decoration: underline;">se mergulham nos seus pegos</span>, lá <span style="text-decoration: underline;">se escondem nas suas grutas»</span> – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2. «Vedes vós <span style="text-decoration: underline;">todo aquele bulir</span>, vedes <span style="text-decoration: underline;">todo aquele andar</span>, vedes <span style="text-decoration: underline;">aquele concorrer</span> às praças e cruzar as ruas, vedes <span style="text-decoration: underline;">aquele subir e descer</span> as calçadas, vedes <span style="text-decoration: underline;">aquele entrar e sair</span> sem quietação nem sossego?» – cap. IV (nota os verbos antitéticos aqui presentes)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex3. «Se <span style="text-decoration: underline;">está nos limos, faz-se verde</span>; se <span style="text-decoration: underline;">está na areia, faz-se branco</span>; se <span style="text-decoration: underline;">está no lodo, faz-se pardo</span>» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3. Apóstrofes</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Vindo pois, irmãos, às vossas virtudes (…)» – cap.I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2. «Vede, peixes, quão grande bem é estar longe dos homens» – cap.I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex.3 «Ah moradores do Maranhão, quanto (…)» – cap.II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex.4 «Parece-vos isto bem, peixes?» (interrogação retórica + apóstrofe) – cap.IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
4. Antíteses</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Uma é louvar o bem, outra é repreender o mal» (paral. sintáctico + antítese)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2 «tanto mais unido com Deus, quanto mais apartado dos homens» – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex3 «tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder»</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex4 «traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex5 «de manhã e de tarde, de dia e de noite» – cap I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex6 «e visse na terra os homens tão furiosos e tão obstinados e no mar os peixes tão quietos e tão devotos» – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex7 «não condeno, antes louvo muito aos peixes este seu retiro» . cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex8 « ou desta hipocrisia tão santa» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5. Anadiplose (repetição de uma palavra nos segmentos de uma enumeração para sugerir uma reacção em cadeia)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.» – cap. III</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2 «E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, (…)» – cap V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5. Enumerações</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Comem-no os herdeiros, comem-no os testamenteiros, comem-no os legatários, comem-no os acredores; comem-no os oficiais dos órfãos e dos defuntos e ausentes; come-o o médico (…), come-o o sangrador, (…)» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex.2 «(…) que também nelas há falsidades, enganos, fingimentos, embustes, ciladas e muito maiores e mais perniciosas traições» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex 3 «primeiro deixou Lisboa, depois Coimbra, e finalmente Portugal» (enumeração + gradação) – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex4 «mudou o nome, mudou o hábito e até a si mesmo se mudou» – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
6. Gradações</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira» – cap.I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2. «Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças fora de água» (enumeração + gradação) – cap.I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex3 «Estes e outros louvores, estas e outras excelências de vossa geração e grandeza (…)» – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex4 «o mar é muito largo, muito fértil, muito abundante» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex5 «de um elemento tão puro, tão claro e tão cristalino como o da água» – cap.V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
7. Comparações</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Rodeia a nau o tubarão nas calmarias da Linha com os seus pegadores às costas, tão cerzidos com a pele, que mais parecem remendos» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2 «O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos parece uma estrela (…)» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
8. Metáforas</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «e esse fel que tanto vos amarga (…) uma é alumiar e curar as vossas cegueiras, e outra lançar-vos os demónios fora de casa» – cap. III</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2 «Quem dera aos pescadores do nosso elemento (…) Tanto pescar e tão pouco tremer!» – cap. III</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex3 «onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes» – cap. III</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex4 «porque a fome que de lá traziam, a fartavam em comer e devorar os pequenos» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex5 «Com aquela corda e com aquele pano, pescou ele muitos» – cap IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex6 «porque ambas incham: o saber e o poder» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
9. Quiasmo</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «mas neste caso os homens tinham a razão sem o uso e os peixes o uso sem a razão» – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
10. Interrogações e exclamações retóricas</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo?» – cap. I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Oh grande louvor para os peixes e grande afronta e confusão para os homens!» – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Pois a quem vos quer tirar as cegueiras, a quem vos quer livrar dos demónios perseguis vós?» – cap. III</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Oh quão altas e incompreensíveis são as razões de Deus, e quão profundo o abismo de seus juízos!» – cap. III</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Parece-vos bem isto, peixes?» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
11. Repetições</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a cidade é que haveis de olhar» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
12. Trocadilhos</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Dizei-me: o espadarte porque não ronca? (…) Contudo que lhe sucedeu naquela noite? Tinha roncado e barbateado Pedro (…) O muito roncar antes da ocasião, é sinal de dormir nela.» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
13. Adjectivação dupla</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Eis aqui, peixinhos ignorantes e miseráveis, quão errado e enganoso é este modo de vida que escolhestes.» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Vê peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Oh que excesso tão afrontoso e tão indigno (…)» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
14. Forte apelo ao sentido da visão</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O sentido da visão é, de todos os sentidos, aquele que está mais em evidência:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Vede, peixes, quão grande bem é estar longe dos homens.» – cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2 «para a cidade é que haveis de olhar» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex3 «Vedes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele andar (…) Morreu algum deles e vereislogo tantos sobre o miserável» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex4 « Vede um homem desses que andam perseguidos de pleitos (…) e olhai quantos o estão comendo. (…) E para que vejais como estes comidos na terra são os pequenos (…)» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex5 «Vede o vosso Santo António, que pouco o pode enganar o mundo» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex6 «Vê, voador, como correu pela posta o teu castigo.» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex7 «Mas ponde os olhos em António, vosso pregador (…)» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
15. Verbos no modo imperativo</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex. «Crescei, peixes, crescei e multiplicai (…)» – cap. III</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ex2 «Vede um homem desses (…) e olhai (…)» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
16. Deícticos espaciais</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Porque cá, no Maranhão, ainda que se derrame muito sangue (…)» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«E começando aqui, pela nossa costa» – cap V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
17. Aforismos</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem» – cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
18. Ironia</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«o mar está tão perto que bem me ouvirão» – cap. I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente.» – cap II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
III – Os conhecimentos de Vieira sobre o mundo</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
São muitos e variados:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
a) Referências a filósofos e pensadores : «Falando dos peixes, Aristóteles diz que só eles, entre todos os animais, se não domam nem domesticam», cap.I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
a propósito dos peixes: «porque há filósofos que dizem que vós não tendes memória» – cap. I</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Olhai como estranha isto Santo Agostinho» , cap. II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
b) Conhecimentos bíblicos: «No tempo de Noé sucedeu o dilúvio que cobriu e alagou o Mundo» – cap.I;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
a história de Tobias, cap. II;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«querei ver um Job destes?», cap. II;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Pilatos roncava de poder», cap. V;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Lá diz a Escritura daquela famosa árvore, em que era significado o grande Nabucodonosor, que (…)», cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">c) História natural: referências a animais exóticos: o bugio (macaco), tigres, leões, papagaio</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">referências a animais europeus: rouxinol, açor, cão, boi</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">referências a peixes diversos conhecidos possivelmente nas viagens marítimas que fez: «navegando daqui para o Pará (…)» cap.II: rémora, voadores, quatro-olhos, baleia, tubarão, ….</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Comerem-se uns animais uns aos outros é voracidade e sevícia e não estatuto da natureza. Os da terra e do ar que hoje se comem, no princípio do Mundo não se comiam, sendo assim conveniente e necessário para que as espécies se multiplicassem», cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Se o rio Jordão e o mar de Tiberíades têm comunicação com o Oceano, como devem ter, pois dele manam todos.», cap. V;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Vai o xaréu correndo atrás do bagre, como o cão atrás da lebre, e não vê o cego que lhe vem nas costas o tubarão» , cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">d) mitologia: «o canto das sereias» (Odisseia de Homero), cap. I; «O que é a baleia entre os peixes, era o gigante Golias entre os homens.», cap. V;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">«depois que Ícaro se afogou no Danúbio não haveria tantos Ícaros no Oceano», cap. V;</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
e) sociedade:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«e os bonitos, ou os que querem parecer, todos esfaimados aos trapos, e ali ficam engasgados e presos, com dívidas de um ano para outro ano, e de uma safra para outra safra, e lá vai a vida. Isto não é encarecimento. Todos a trabalhar toda a vida, ou na roça, ou na cana, ou no engenho, ou no tabacal; e este trabalho de toda a vida quem o leva? Não o levam os coches, nem as liteiras (…)? No triste farrapo com que que saem à rua, e para isso se matam todo o ano.» – cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«São piores os homens que os corvos. O triste que foi à forca, não o comem os corvos senão depois de executado e morto; e o que anda em juízo, ainda não está executado nem sentenciado, e já está comido.» , cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Porque os grandes que têm o mando das cidades e das províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, ou poucos a poucos senão que devoram e engolem os povos inteiros.», cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">«Os mais velhos, que me ouvis e estais presentes, bem vistes neste Estado, (…) que os maiores que cá foram mandados, em vez de governar e aumentar o mesmo Estado, o destruíram; (…) Assim foi; mas, se entre vós se acham por acaso alguns dos que, seguindo a esteira dos navios, vão com eles a Portugal e tornam para os mares pátrios, bem ouviriam este lá no Tejo que esses mesmos maiores que cá comiam os pequenos, quando lá chegam, acham outros maiores que os comam também a eles»</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">cap. IV</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«A vaidade entre os vícios é o pescador mais astuto e que mais facilmente engana os homens.», cap. IV</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
«Nesta viagem, de que fiz menção, e em todas as que passei a Linha Equinocial, vi debaixo dela o que muitas vezes tinha visto e notado nos homens, e me admirou que se houvesse estendido esta ronha e pegado também aos peixes. (…) Este modo de vida, mais astuto que generoso, se acaso se passou e pegou de um elemento a outro, sem dúvida que o aprenderam os peixes do alto, depois que os nossos portugueses o navegaram.», cap. V</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">O Texto Argumentativo</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">1. Argumentar: o que é?</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Argumentar é utilizar os conhecimentos linguísticos de que dispomos com a finalidade de fazer valer as nossas razões, ideias, pontos de vista sobre determinado assunto em discussão.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Argumentar é, portanto, uma prática discursiva oral ou escrita na qual o Emissor visa convencer o/os Receptores/ Destinatários da sua mensagem a acreditar nele, isto é, a aceitar como válidas as suas teses ou ideias. Todos nós temos determinadas ideias sobre determinado assunto ou questão e sabemos que, muitas vezes, o outro, aquele que nos ouve ou lê, nem sempre está de acordo connosco. Sentimos, então, consciente ou inconscientemente, necessidade de afirmar<em>isso</em> em que acreditamos,quer porque gostamos de nos expressar livremente quer porque nos custa a aceitar que esse outro pense de maneira diferente da nossa quer porque precisamos da conivência desse outro para nos sentirmos aceites na sociedade em que vivemos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Também pode acontecer que sintamos necessidade de argumentar em defesa de pontos de vista alheios quando concordamos com eles, evidentemente. No entanto, nem sempre que argumentamos, isto é, defendemos os nossos pontos de vista, chegamos a um acordo com o nosso interlocutor, mas, é através da via argumentativa que criamos a possibilidade de sermos compreendidos, já que argumentar é um processo racional de resolvermos diferendos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Assim, é a posse da capacidade argumentativa oral ou escrita que nos permite participar na sociedade na medida em que, graças a ela, o que pensamos e sentimos é exteriorizado ao ser verbalmente expresso.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Para haver recurso à argumentação é preciso que haja perspectivas diferentes sobre uma questão. Se há acordo total entre o Emissor e o Receptor, o acto de argumentar não tem cabimento.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Por exemplo, se eu sou vegetariana e tu também és, não se torna necessária qualquer argumentação; mas se tu achas que o consumo de carne é imprescindível para que a alimentação seja equilibrada e saudável, “obrigas-me” a explicar-te as razões que me levam a rejeitar o consumo de carne na minha alimentação. As razões em que me vou basear são os meus argumentos. Tu, evidentemente, vais contrapor os teus, tentando levar-me a concordar contigo. A opção que fizemos para fazer valer os nossos pontos de vista é a tal via argumentativa que é indício da nossa pertença a uma civilização que se serve do raciocínio e da palavra para encontrar soluções em vez do recurso à força física.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
2. Argumentação, o que é?</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
É o conjunto de argumentos ou razões a que recorremos para defender ou repudiar um ponto de vista, para convencer um oponente, um interlocutor circunstancial ou até a nós próprios. Estes argumentos juntos num texto ou numa conversa são a nossa argumentação e ela resulta de um acto de raciocínio/ inteligência e revela a nossa perspicácia, cultura, conhecimento da língua e tipo de relação que temos com o interlocutor.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Ora, quem argumenta tem que pensar no interlocutor porque é a ele que a nossa argumentação se dirige. Nesse caso, a nossa argumentação será mais eficaz se conhecermos o modo de pensar/ personalidade/ modo de vida do interlocutor e se tivermos suficiente competência linguística. Se te exprimes, verbalmente ou por escrito, com muitas dificuldades, a tua argumentação além de “pobre” em ideias, não vai prender a atenção do Receptor; nesse caso, o ponto de vista dele poderá impor-se porque ele é mais “forte” do que tu, mesmo que saibas que és tu quem tem razão nesta ou naquela questão. A verdade é que a argumentação depende não tanto da razão de quem argumenta, mas sobretudo do modo como o faz, isto é, ou consegue ser persuasivo e seduzir a mente do outro, ou não e, nesse caso, “perde” a <em>batalha </em>da argumentação.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
É preciso não esquecer que uma argumentação pode ser racional e credível sem que por isso convença o Receptor ou auditório. Nesse caso, a argumentação empregue é má. Por outro lado, uma argumentação que encante o Receptor ou auditório baseada em falácias e em argumentos disparatados e irracionais, é igualmente má e, pior ainda, um embuste.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
A argumentação deve ser racional (não pode ferir a inteligência do interlocutor), deve seduzir ou convencer criando no outro interesse em ouvir ou ler os nossos argumentos (exclui as relações de mando ou poder, evita a repetição dos mesmos argumentos, evita ferir a sensibilidade do outro, não é manipuladora; opostamente, é lógica sem ser seca ou excessivamente fria e analítica, é tolerante, é agradável de ouvir ou ler porque é linguisticamente irrepreensível e emprega argumentos variados que surpreendem o receptor), tem em conta o perfil psicológico, social e cultural do destinatário e, por último, tem em conta o contexto situacional.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Nota: os argumentos não têm que expressar a verdade acerca de uma questão mas, sim, convencer alguém de que temos razão acerca da questão a ser debatida.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
3. Meios de persuasão</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O orador ou aquele que argumenta diante de um público ouvinte como é o caso do Pe António Vieira, tem que passar uma mensagem de credibilidade para quem o ouve/ lê:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
mostrar-se sensato e tolerante, parecer sincero, criar um clima de empatia com os ouvintes, ter boa presença física ou aspecto cuidado, saber usar o tom de voz adequado às partes da sua argumentação, adequar o discurso ao contexto situacional (quem o ouve? quem o vai ler?, que cultura têm os ouvintes/ leitores? em que lugar profere o discurso? em que contexto político, social e económico se insere o que diz?), deve ir ao encontro dos valores morais e éticos da comunidade para a qual fala ou escreve, deve ser respeitado pela comunidade e reconhecido pela sua imparcialidade (ainda que aparente), espírito de justiça, inteligência, conhecimentos e experiência de vida.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Assim, o domínio da arte da Retórica (hoje a Oratória ou arte de falar em público e persuadir veio tomar o lugar da antiga Retórica) é fundamental na argumentação. Em paralelo com a organização dos argumentos, são importantes também os processos estético-estilísticos que contribuem para embelezar o discurso e os códigos para-linguísticos (voz, dicção, entoação e gestos).</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
4. O texto argumentativo</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
As partes de um texto argumentativo são:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- um exórdio- exposição do tema escolhido;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- uma argumentação propriamente dita ou confirmação;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- uma peroração ou conclusão (reforçando a persuasão do auditório).</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">A organização dos argumentos é rigorosamente premeditada e há ainda a considerar o seguinte:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">um argumento que não seja novo não “agarra” os ouvintes;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">um argumento que não seja expresso com energia não convence.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">para cada tese ou ideia a ser apresentada, é necessário expor um conjunto de argumentos (razões, provas, ideias) que a sustentem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">o encadeamento lógico dos argumentos é imprescindível porque é graças a ele que os ouvintes podem acompanhar o discurso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">um argumento deve ser razoável ou credível e nunca arbitrário.</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Na construção de um texto argumentativo convém:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- escrever uma introdução: encontrar o problema;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- encadear os argumentos por afinidade ou contraste;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- fazer sobressair os mais importantes;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- realçar a tese que se quer provar;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- adequar o discurso à dimensão comunicativa;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- procurar possíveis contra-argumentos para parecer imparcial;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- redigir um texto coeso e coerente;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">- redigir a conclusão do nosso raciocínio.</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
4.1 A estruturação do discurso – regras a observar:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O discurso escrito exige uma estrutura sintáctica e lexical e uma correcção morfológica e ortográfica. As palavras isoladas não possuem um verdadeiro sentido comunicativo e, por esta razão, o significado de uma mensagem decorre da disposição das palavras nas frases e daarticulação destas em períodos e parágrafos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Mas há outros factores a ter em conta quando redigimos a nossa mensagem, seja um texto de tipo argumentativo ou de outro tipo:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- observar a adequação discursiva, isto é, adequar o discurso à situação comunicativa em que quero comunicar algo a um interlocutor; isto significa que diferentes contextos situacionais requerem diferentes escolhas linguísticas. Por exemplo, posso optar por um registo formal ou por um registo informal já que tenho de pensar na pessoa a quem vou comunicar alguma coisa. O destinatário da minha mensagem (as informações que tenho sobre ele) é que vai determinar qual dos registos será escolhido por mim, o emissor desse discurso oral ou escrito. Daqui se infere que as normas de natureza sociocultural devem ser respeitadas, sobretudo no caso do discurso escrito porque é nele que os <em>desvios</em> são mais notados e não passíveis de correcção.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- ter em conta a intencionalidade discursiva: de cada vez que produzimos um enunciado escrito ou oral, as palavras que seleccionamos e a organização das mesmas em frases dependem da nossa intenção em comunicar algo a um interlocutor/ receptor. Podemos ter a intenção de contar a verdade, de expressar as emoções que algo despertou em nós, querer influenciar o receptor a tomar determinada atitude ou a mudar a forma de pensar sobre um assunto, mostrar a nossa importância na hierarquia social, etc.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Estas intenções que prevalecem ao acto verbal são os actos ilocutórios directos que já conheces: assertivo, expressivo, directivo, compromissivo, declarativo e declarativo assertivo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Mas pode acontecer que a comunicação verbal expresse ideias diferentes daquelas que quero comunicar: neste caso, os actos ilocutórios são indirectos.</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Imagina que, no decurso de uma conversa telefónica que se alonga, tu dizes a certa altura ao teu interlocutor que lhe telefonas mais tarde para acabar a conversa pela razão de que alguém está a tocar à porta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">O que tu de facto queres dizer é: <em>Estou farto/a desta conversa interminável!</em> No entanto, para preservar a tua imagem social, é improvável que digas a verdade ao interlocutor. O teu discurso será, então, um acto ilocutório indirecto já que afirmas algo diferente daquilo que efectivamente dizes.</span></div>
<br />
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1.3em; line-height: 22px;"></span><br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Depois, cabe ao interlocutor inferir aquilo que não dizes, isto é, reconhecer a mensagem implícita/ subentendida na interacção verbal e, respeitando os princípios de cortesia e de cooperação necessários à vida em sociedade, vai responder à situação de acordo com a mensagem implícita, ou seja, vai respeitar a tua decisão.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
4.4 Coerência Textual</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
- A coerência textual é a propriedade do texto que permite que ele seja compreendido. A coerência manifesta-se tanto na frase como na globalidade do texto. O texto que não revela esta propriedade (a coerência) não é texto, mas um amontoado de frases sem nexo lógico. Então, o texto é coerente quando respeita 3 princípios:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">a) o princípio da não tautologia (o texto não repete constantemente as mesmas informações)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">b) o princípio da não contradição (as ideias expressas respeitam a lógica)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">c) o princípio da relevância (respeita uma ordem temporal e linear do tipo: a – b – c – d – ….introdução – desenvolvimento- conclusão)</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Para além destes 3 princípios, a coerência textual manifesta-se também na continuidade e progressão das ideias.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Conceito de <em>continuidade</em>: o enunciador, ao produzir um texto, vai retomando os tópicos discursivos que estruturam o discurso, contribuindo, deste modo, para a sua coesão; as anáforas linguísticas são, como já sabes, um meio linguístico de assegurar a compreensibilidade do texto e exemplificam os tópicos discursivos que são repetidos (ex. A Ana – ela – viu – a jovem – disseram-lhe – a rapariga – ficou chocada – …);</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Além da continuidade, há a considerar a progressão textual; este processo de progressão textual consiste na informação nova que vai sendo acrescentada às informações repetidas (caso assim não fosse, o texto diria sempre a mesma coisa e não seria um texto, propriamente dito).</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
No mini-texto seguinte os elementos responsáveis pela progressão textual estão sublinhados:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
As flores do jardim (tópico discursivo) estão bem tratadas; o jardineiro rega-as com cuidado. Gosto de passear no jardim florido quando chega a Primavera. Nas noite de Verão, o cheiro das rosas e do jasmim (<span style="text-decoration: underline;">hipónimos do hiperónimo “flores”</span>) sente-se por toda a parte.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
5. Onde se encontram os textos de tipo argumentativo?</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Os ensaios, as teses académicas, os discursos políticos, os textos publicitários, palestras, conversas, sermões religiosos recorrem ao texto argumentativo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Nenhum texto é apenas argumentativo. A componente argumentativa pode ser predominante e então falamos em tipo de texto argumentativo. No entanto, a maioria dos textos ditos argumentativos são, de facto, expositivo-argumentativos.</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
6. Exemplos de argumentação no Sermão de Santo António</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
6.1 capítulo II</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">O pregador vai dirigir o seu discurso aos peixes: porquê?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Argumentos a favor da escolha do auditório (peixes):</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">ouvem e não falam;</span></div>
<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
O pregador decide elogiar e repreender os peixes. Porquê?</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Argumentos a favor desta pregação bipartida (elogia e repreende): Santo António assim procedeu; o grande doutor da Igreja, S. Basílio, está de acordo; no Evangelho, os apóstolos de Cristo (pescadores) recolheram os peixes bons e devolveram ao mar os que não prestavam; assim sendo, «há que louvar e que repreender».</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
Argumentos a favor dos louvores aos peixes em geral:</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; padding: 0px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Argumento 1: foram os primeiros animais a ser criados;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Arg. 2: os peixes existem em maior número e têm maiores dimensões que os restantes animais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Arg.3: Moisés, “cronista da criação”, distinguiu-os exclamando: «Peixes graúdos e tudo o que se move nas águas bem dizei ao Senhor»</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Arg.4: os peixes são obedientes, ordeiros, sossegados e atentos à palavra de Deus difundida nos sermões de Sto António.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Arg.5: os peixes parecem ter inteligência, ao contrário dos homens que sendo racionais não o querem mostrar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Arg.6 Uma baleia salvou Jonas da maldade dos homens que o atiraram ao mar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Arg.7 O filósofo Aristóteles disse que entre todos os animais eles são os mais independentes (não se domam nem domesticam)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Arg.8 Os peixes não se deixam inflenciar porque vivem isolados dos outros animais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 1em;">Arg.9 Qua</span><b style="font-size: 1em; font-weight: bold;">ndo se deu o Dilúvio, os peixes salvaram-se todos; Santo Ambrósio disse que esta salvação se ficou a dever ao facto de habitarem longe dos homens.</b></div>
<div style="font-weight: bold; text-align: justify;">
<b style="font-size: 1em;">Arg.10 Deus decidiu castigar os animais que viviam perto dos homens e poupar os que viviam longe deles.</b></div>
<div style="font-weight: bold; text-align: justify;">
<b style="font-size: 1em;">Arg.11 Santo António também procedeu como os peixes, afastando-se da família e indo viver num deserto.</b></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-55983304335503763112012-11-17T03:04:00.004-08:002020-06-23T17:09:39.179-07:00Sermão aos peixes - Padre Antonio Vieira <p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; mso-outline-level: 2; text-align: justify;"><span style="color: teal; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Introdução</span><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O Sermão de
Santo António aos Peixes foi proferido na cidade de São Luís do Maranhão em
1654, na sequência de uma disputa com os colonos portugueses no Brasil. O
Sermão de Santo António aos Peixes constitui um documento da surpreendente imaginação,
habilidade oratória e poder satírico do </span><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;"><a href="https://knoow.net/arteseletras/padre-antonio-vieira/"><span style="color: #337ab7; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Padre António Vieira</span></a></span><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">, que toma vários peixes (o roncador, o
pegador, o voador e o polvo) como símbolos dos vícios daqueles colonos. Com uma
construção literária e argumentativa notável, o sermão tem como objetivo louvar
algumas virtudes humanas e, principalmente, censurar com severidade alguns
vícios dos colonos. Este sermão foi pregado três dias antes de Padre António
Vieira embarcar ocultamente para Portugal, onde pretendia obter uma legislação
mais justa para os índios, prejudicando assim os interesses dos colonos
europeus. Pode-se especular que a sua saída precipitada do Brasil se devia,
pelo menos em parte, ao receio de represálias por parte dos colonos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; mso-outline-level: 2; text-align: justify;"><span style="color: teal; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Estrutura
externa do sermão</span><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exórdio</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> - capítulo I - apresentação do
tema que vai ser tratado no sermão, a partir do conceito predicável (vós sois o
sal da terra) e das ideias a defender e que, geralmente, termina com uma breve
oração, invocando a Virgem. Esta parte reveste-se de grande importância dado
que é o primeiro passo para captar a atenção e benevolência dos ouvintes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exposição e
confirmação</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> -
capítulos II a V - Retoma a explicitação do assunto, com uma breve explicação
da organização do discurso; desenvolvimento e enumeração dos argumentos,
contra-argumentos, seguidos de exemplos e/ou citações. A exposição situa-se
desde o início do capítulo II até … Santo António abria a sua [boca] contra os
que não se queriam lavar. , no capítulo III; e a confirmação começa a partir de
Ah moradores do Maranhão, enquanto eu vos pudera agora dizer neste caso! e
termina no final do capítulo V.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Peroração/epílogo</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> - capítulo VI - conclusão do
raciocínio com destaque para os argumentos mais importantes. Saliente-se que
esta é a parte que a memória dos ouvintes melhor retém, pelo que deverá conter
os aspetos principais desenvolvidos no sermão, de modo a deixar clara a
mensagem veiculada e a levar os ouvintes a pôr em prática os seus ensinamentos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; mso-outline-level: 2; text-align: justify;"><span style="color: teal; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Estrutura
interna do sermão</span><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exórdio: </span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">o Padre António Vieira apresenta o
conceito predicável, “Vós sois o sal da Terra” e explica as razões pelas quais
a terra está tão corrupta. Ou a culpa está no sal (pregadores), ou na terra
(ouvintes). Se a culpa está no sal, é porque os pregadores não pregam a
verdadeira doutrina, ou porque dizem uma coisa e fazem outra ou porque se
pregam a si e não a Cristo. Se a culpa está na terra, é porque os ouvintes não
querem receber a doutrina, ou antes imitam os pregadores e não o que eles
dizem, ou porque servem os seus apetites e não os de Cristo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; mso-outline-level: 2; text-align: justify;"><span style="color: teal; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Exposição e
confirmação</span><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><u><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Capítulo II -
contempla os louvores aos peixes de carácter geral, que são os seguintes:</span></u></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<ul type="disc">
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">ouvem
e não falam;<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">foram
os primeiros seres que Deus criou (vós fostes os primeiros que Deus
criou);<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">são
melhores que os homens (e nas provisões (...) os primeiros nomeados foram
os peixes);<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">existem
em maior número (entre todos os animais do mundo, os peixes são os mais e
os maiores);<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">revelam
obediência (aquela obediência, com que chamados acudistes todos pela honra
de vosso Criador e Senhor);<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">revelam
respeito e devoção (aquela ordem, quietação e atenção com que ouvistes a
palavra de Deus da boca do seu servo António. (...) Os homens perseguindo
a António (...) e no mesmo tempo os peixes (...) acudindo a sua voz,
atentos e suspensos às suas palavras, escutando com silêncio (...) o que
não entendiam.);<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">não
se deixam domesticar (só eles entre todos os animais se não domam nem
domesticam)<o:p></o:p></span></li>
</ul>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Estas
qualidades são, por antítese, os defeitos dos homens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><u><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Capítulo III
– contempla igualmente os louvores aos peixes, mas agora de carácter particular
e apenas dos seguintes peixes:</span></u></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">do peixe de
Tobias:</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> cura a
cegueira [(...) sendo o pai do Tobias cego, aplicando-lhe o filho aos olhos um
pequeno do fel, cobrou inteiramente a vista] e seu coração expulsa os demónios
[(...) tendo um demónio chamado Asmodeu morto sete maridos a Sara, casou com
ela o mesmo Tobias; e queimando na casa parte do coração, fugiu dali o demónio
e nunca mais tornou];<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">da rémora:</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> é pequena no corpo mas grande na
força e no poder [“(...) se se pega ao leme de uma nau da índia (...) a prende
e amarra mais que as mesmas âncoras, sem se poder mover, nem ir por diante.”;
“Oh se houvera uma rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que
menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo!”; “(...) a
virtude da rémora, a qual, pegada ao leme da nau, é freio da nau e leme do
leme”];<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">do torpedo:</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> faz descargas elétricas para se
defender e, consequentemente, faz passar o bom e a virgindade do Espírito Santo
(Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a bóia sobre a água, e
em lhe picando na isca o torpedo, começa a lhe tremer o braço. Pode haver
maior, mais breve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a
virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol, à linha, da linha à cana e
da cana ao braço do pescador);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">do
quatro-olhos:</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> vê para
cima e para baixo – dois olhos voltados para cima para vigiarem as aves e dois
olhos voltados para baixo para vigiarem os peixes – e representa a capacidade
de distinguir o bem do mal (céu/inferno) ["Esta é a pregação que me fez
aquele peixezinho, ensinando-me que, se tenho fé e uso da razão, só devo olhar
diretamente para cima, e só diretamente para baixo: para cima, considerando que
há Céu, e para baixo, lembrando-me que há Inferno"].<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Todos estes
louvores que Padre António Vieira faz aos peixes são antíteses aos defeitos dos
homens, assim simbolizando os seus vícios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><u><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Capítulo IV –
repreensão dos peixes em geral:</span></u></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<ul type="disc">
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l1 level1 lfo2; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">comem-se
uns aos outros [(...) é que vos comedes uns aos outros];<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l1 level1 lfo2; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">os
peixes grandes comem os mais pequenos (não só vos comeis uns aos outros,
senão que os grandes comem os pequenos);<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="background: white; color: #333333; line-height: 150%; mso-list: l1 level1 lfo2; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">“se
os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos;
mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil,
para um só grande”.<o:p></o:p></span></li>
</ul>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><u><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Capítulo V –
repreensão em particular</span></u></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">dos
roncadores:</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> embora
tão pequenos, roncam bastante, simbolizando assim os arrogantes (É possível que
sendo vós uns peixinhos tão pequenos, haveis de ser as roncas do mar?);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">dos
pegadores:</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> sendo
pequenos, pregam-se nos maiores, não os largando mais e simbolizando os
oportunistas e os parasitas (Pegadores se chamam estes de que agora falo, e com
grande propriedade, porque sendo pequenos não só se chegam a outros maiores,
mas de tal sorte se lhe pegam aos costados, que jamais os desferram);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">dos voadores:</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> sendo peixes, também se metem a
ser aves, simbolizando os vaidosos [Dizei-me, voadores, não vos fez Deus para
peixes? Pois porque vos metei a ser aves? (...) Contentai-vos com o mar e com
nadar, e não queirais voar, pois sois peixes];<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">dos polvos:</span></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> tem uma aparência de santo e manso
e um ar inofensivo, mas na essência é traiçoeiro, maldoso e hipócrita e faz-se
de amigo dos outros e no fim, representando assim os traidores e os hipócritas
“abraça-os” [E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão
santa (...) o dito polvo é o maior traidor do mar].<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><b><u><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Peroração:</span></u></b><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> o orador retoma os pregadores de
que falava no conceito predicável, servindo-se dele próprio como exemplo
alegando que não estava a cumprir a sua função. Alega também que ele (homens) e
os peixes, nunca vão chegar ao sacrifício final, uma vez que os peixes já vão mortos
e os homens vão mortos de espírito. Padre António Vieira diz que a
irracionalidade, a inconsciência e o instinto dos peixes, são melhores do que a
racionalidade, o livre arbítrio, a consciência, o entendimento e a vontade do
homem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Conclui-se
assim, fazendo um apelo aos ouvintes e louvando-se a Deus, tornando esta última
parte do sermão um pouco mais familiar, para que se estabeleça de novo a
proximidade entre os ouvintes e o orador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; mso-outline-level: 2; text-align: justify;"><span style="color: teal; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Recursos
estilísticos predominantes</span><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O Sermão de
Santo António aos peixes é uma alegoria, na medida em que os peixes são a
personificação dos homens. O Padre António Vieira toma como ponto de partida
uma frase bíblica irrefutavelmente aplicável às condições políticas e sociais
da sua época. A pessoa gramatical privilegiada é, obviamente, a segunda, visto
que o seu objetivo é persuadir e contar com a adesão dos ouvintes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Este sermão
teve como ouvintes os colonos do Maranhão e tem grande coesão e coerência
textual graças à utilização de recursos estilísticos, nomeadamente: a
anadiplose, a antítese, a apóstrofe, a comparação, o paralelismo, a anáfora, a
enumeração, a exclamação retórica, a gradação crescente, a interrogação
retórica, a ironia, a </span><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;"><a href="https://knoow.net/arteseletras/literatura/metafora/"><span style="color: #337ab7; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">metáfora</span></a></span><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">, o paradoxo, o quiasmo e o trocadilho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; mso-outline-level: 2; text-align: justify;"><span style="color: teal; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Conclusão</span><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 22.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Century Schoolbook",serif; font-size: 10.5pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Em suma, o
sermão seiscentista obedece à máxima ensinar, deleitar e mover, e o Sermão de
Santo António aos Peixes, sendo um dos mesmos, também obedece à sua estrutura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p> </o:p></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-90928849055451613172012-11-17T03:00:00.001-08:002012-11-17T03:00:16.337-08:00Sermão de Santo António aos Peixes dito por Ary dos Santos<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/S-ptBHbNY1o?fs=1" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-55545985135424665642012-11-17T02:58:00.001-08:002012-11-17T02:58:57.958-08:00Padre Antonio Vieira (2/3) - De Lá Pra Cá - 08/09/2008<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/PJULu921M2E?fs=1" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-15003522881596856262012-11-17T02:55:00.001-08:002012-11-17T02:55:36.798-08:00Grandes Livros - Episódio 6: "Sermão de Santo Antônio aos Peixes", Padre...<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/sXMQlaUPJfw?fs=1" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-29302028669443847592012-11-17T02:50:00.001-08:002012-11-17T02:50:44.510-08:00Grandes Livros - Episódio 6: "Sermão de Santo Antônio aos Peixes", Padre...<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/sXMQlaUPJfw?fs=1" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-77856467120253137642012-11-17T02:41:00.001-08:002012-11-17T02:41:01.882-08:00Padre Antonio Vieira (1/3) - De Lá Pra Cá - 08/09/2008<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/t_zkEx0cLYc?fs=1" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-91583452703938406362012-11-17T02:39:00.001-08:002012-11-17T02:39:27.419-08:00Grandes Livros - Episódio 6: "Sermão de Santo Antônio aos Peixes", Padre...<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/adA2kcMBiFE?fs=1" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-19010802033408781592012-11-17T02:28:00.000-08:002012-11-17T02:32:27.188-08:00Testa os teus conhecimentos sobre o Sermão de Santo António<br />
<br />
<center style="background-color: white;">
<table style="width: 80%px;"><tbody>
<tr><td><img align="LEFT" height="291" src="http://www.eccn.edu.pt/departamentos/dclr/centrovirtual/quizzes/conceicao_quizzes/quizz_sermao/media/mm1_sermao.GIF" width="320" /><b><span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;">Tendo em conta o teu conhecimento global sobre o Sermão, preenche os espaços em branco.</span></b></td></tr>
</tbody></table>
</center>
<center style="background-color: white;">
<table style="width: 80%px;"><tbody>
<tr><td><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><br /></span>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><br /></span>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">O primeiro capítulo, denominado </span><input name="gap003000" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, consiste essencialmente na apresentação do assunto. O autor vai discorrer a partir de um </span><input name="gap003001" size="19" type="text" /><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, uma breve citação bíblica, "Vós sois o sal da terra", enunciado em </span><input name="gap003002" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">. Este capítulo termina com uma invocação à </span><input name="gap003003" size="12" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">.<br />Do segundo ao quinto capítulos, temos a </span><input name="gap003004" size="9" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, que consiste na apresentação circunstanciada de uma matéria didáctica, e a </span><input name="gap003005" size="11" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, onde está presente o desenvolvimento e apresentação de provas dos factos. Aqui torna-se claro que o sermão será dividido em duas </span><input name="gap003006" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, os </span><input name="gap003007" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">e as</span><input name="gap003008" size="11" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">aos peixes, primeiro de um modo </span><input name="gap003009" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, descendo depois ao </span><input name="gap003010" size="10" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">.<br />Relativamente aos louvores em particular, serão referenciados o santo peixe de Tobias, a </span><input name="gap003011" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, o </span><input name="gap003012" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">e o </span><input name="gap003013" size="12" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">.<br />No que diz respeito aos </span><input name="gap003014" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, começa por , de um modo geral, acusar os peixes de se </span><input name="gap003015" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">uns aos outros e ainda pior, os </span><input name="gap003016" size="8" type="text" /><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">comem os </span><input name="gap003017" size="13" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">. Descendo depois ao particular, repreende respectivamente os </span><input name="gap003018" size="10" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, os </span><input name="gap003019" size="9" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, os </span><input name="gap003020" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">e o</span><input name="gap003021" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, que será considerado o maior </span><input name="gap003022" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">do mar.<br />Para terminar, na </span><input name="gap003023" size="9" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ou epílogo, o pregador faz um apelo e uma elevação aos peixes, </span><input name="gap003024" size="10" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">que estes devem louvar a </span><input name="gap003025" size="8" type="text" /> <span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">.</span><br />
<center>
<br /><br /><table style="width: 80%px;"><tbody>
<tr><td><b><span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;">Ainda relativamente aos vícios, Vieira apresenta aos peixes exemplos de homens com as mesmas características negativas que estes possuem e outros que souberam valorizar essas características, tornando-as positivas.<br />Assinala como verdadeiras ou falsas as afirmações seguintes.</span></b><br />
<b><span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;"><br /></span></b>
<b><span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;"><br /></span></b>
<br />
<div align="center">
<table border="0" cellpadding="0" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 1.5pt; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 92%px;">
<tbody>
<tr style="height: 7.15pt; mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0;">
<td style="background: navy; height: 7.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 7.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Um exemplo de roncador no mundo dos homens é S. Pedro, pois prometeu que
nunca negaria Cristo e negou-o três vezes.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 7.15pt; mso-yfti-irow: 1;">
<td colspan="2" style="height: 7.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006000" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006000" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 7.15pt; mso-yfti-irow: 2;">
<td style="background: navy; height: 7.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">B</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 7.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Também Santo António é apresentado como um bom exemplo de roncador.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.15pt; mso-yfti-irow: 3;">
<td colspan="2" style="height: 20.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006001" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006001" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 27.6pt; mso-yfti-irow: 4;">
<td style="background: navy; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">C</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Podem ser considerados pegadores todos aqueles que vivem à custa de
alguém, explorando-o e aproveitando-se dele.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.9pt; mso-yfti-irow: 5;">
<td colspan="2" style="height: 20.9pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006002" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006002" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 27.6pt; mso-yfti-irow: 6;">
<td style="background: navy; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">D</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">David e Santo António também se pegaram a Deus e pagaram caro por essa
afronta.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.15pt; mso-yfti-irow: 7;">
<td colspan="2" style="height: 20.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006003" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006003" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 27.6pt; mso-yfti-irow: 8;">
<td style="background: navy; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Os pegadores morrem não pela sua fome, mas pela fome da boca alheia, o
que é triste.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.9pt; mso-yfti-irow: 9;">
<td colspan="2" style="height: 20.9pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006004" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006004" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 41.05pt; mso-yfti-irow: 10;">
<td style="background: navy; height: 41.05pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">F</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 41.05pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Tal como os voadores, Santo António também tinha asas (ambição, vaidade e
presunção) que utilizou para converter os peixes.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.15pt; mso-yfti-irow: 11;">
<td colspan="2" style="height: 20.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006005" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006005" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 27.6pt; mso-yfti-irow: 12;">
<td style="background: navy; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">G</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Simão Mago fingiu-se filho de Deus e tentou voar, no entanto caiu e
partiu os pés como castigo pela sua ambição.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.15pt; mso-yfti-irow: 13;">
<td colspan="2" style="height: 20.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006006" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006006" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 27.6pt; mso-yfti-irow: 14;">
<td style="background: navy; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">H</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Simão Mago era ambicioso no bom sentido, tal como Santo António.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.9pt; mso-yfti-irow: 15;">
<td colspan="2" style="height: 20.9pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006007" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006007" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 27.6pt; mso-yfti-irow: 16;">
<td style="background: navy; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">I</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Tal como o polvo, santo António foi alvo de traições que o levaram à
morte.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.15pt; mso-yfti-irow: 17;">
<td colspan="2" style="height: 20.15pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006008" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006008" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 27.6pt; mso-yfti-irow: 18;">
<td style="background: navy; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 9.96%;" width="9%">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">J</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: lightskyblue; height: 27.6pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt; width: 88.92%;" width="88%">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Judas é considerado o maior traidor da terra, mas mesmo assim é menos
traidor do que o polvo.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.9pt; mso-yfti-irow: 19; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td colspan="2" style="height: 20.9pt; padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><input name="radio006009" type="radio" /> Verdadeiro <input name="radio006009" type="radio" /> Falso<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
</center>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />
</center>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-62147671059327329562012-11-17T02:17:00.000-08:002012-11-17T02:17:41.404-08:00Sermão de Santo António aos Peixes<br />
<h3 class="post-title entry-title" style="background-image: url(http://img685.imageshack.us/img685/8374/1268508164tagpurple.png); background-position: 0% 0%; background-repeat: no-repeat no-repeat; border: 0px; color: #800040; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 24px; letter-spacing: -2px; line-height: 1.4em; margin: 0px; padding: 0px 0px 4px; text-indent: 30px;">
<a href="http://vanda51-emportugues.blogspot.pt/2009/10/sermao-de-santo-antonio-aos-peixes.html" style="border: 0px; color: #800040; display: block; font-weight: normal; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: initial; text-shadow: rgb(255, 255, 255) 1px 1px 1px;">Sermão de Santo António aos Peixes - Resumo</a></h3>
<span class="post-labels" style="border: 0px; color: #333333; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 0px; padding: 0px;">In <a href="http://vanda51-emportugues.blogspot.pt/search/label/11%C2%BA%20ano" rel="tag" style="border: 0px; color: #666666; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: initial;">11º ano</a>, In <a href="http://vanda51-emportugues.blogspot.pt/search/label/Aprender" rel="tag" style="border: 0px; color: #666666; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: initial;">Aprender</a>, In <a href="http://vanda51-emportugues.blogspot.pt/search/label/Serm%C3%A3o%20de%20Santo%20Ant%C3%B3nio%20aos%20Peixes" rel="tag" style="border: 0px; color: #666666; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: initial;">Sermão de Santo António aos Peixes</a></span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 12px;"></span><div class="post-header-line-1" style="border: 0px; color: #333333; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 12px; margin: 0px; padding: 0px;">
</div>
<h2 class="date-header" style="border: 0px; color: #333333; float: right; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-weight: normal; letter-spacing: -1px; line-height: 1.2em; margin: -50px 0px 0px; padding: 0px;">
01/10/2009</h2>
<div class="post-body entry-content" style="border: 0px; color: #333333; font-family: Trebuchet, 'Trebuchet MS', Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 1.6em; margin: 10px 0px; padding: 0px;">
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="border: 0px; clear: left; float: left; margin: 0px 1em 1em 0px; padding: 0px;"><img alt="antonio_com_peixes" src="http://grijo.files.wordpress.com/2009/06/antonio_com_peixes.jpg?w=238&h=205" style="border: 1px solid rgb(230, 230, 230); margin: 0px; padding: 4px;" /></span><b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></b></div>
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></b><br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /><b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></b><br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /><b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="border: 0px; color: blue; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="border-spacing: 2px; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;"><i style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="border-spacing: 2px; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;"><i style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><span style="border: 0px; color: blue; margin: 0px; padding: 0px;">O Sermão de Santo António aos Peixes, da autoria do Padre António Vieira, é, como sabes, uma obra literária do Barroco português.</span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="line-height: 1.6em; margin: 0pt; padding: 0pt;"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; display: inline !important; margin: 0px; padding: 0px;">
Porquê o nome deste sermão dado por Padre António Vieira?</div>
</b></div>
</b><b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b><br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
-Homenagem ao Sto. António (pregado no dia de Santo António)</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
-Segue o exemplo do sermão de Santo António (aos peixes)</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
-Tal como Sto. António tenta converter os hereges (expulsem os demónios dentro de si), também Padre António Vieira tenta fazer isso com os colonos portugueses no Brasil.</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Objectivos:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
-Pretende agitar as consciências (abrir os olhos), conduzir à reflexão.</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
-Pretende evitar o mal e preservar o bem (sal que tenta salgar)</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Estrutura do Sermão de Santo António aos peixes<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">1. Exórdio - capítulo.I<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Exórdio</b>: Funcionalidade das perguntas retóricas, recursos expressivos, processo do distinguo e relevância das narrativas</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
A partir do conceito predicável "vós sois o sal da terra": "Santo António foi sal da terra e foi sal do mar."</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
A razão pela qual ele nos fala da corrupção no capitulo I (Exórdio) (e nós concordamos), é porque existem várias razões para tal.<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /><br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="border-collapse: collapse; border: none; margin: 0px 0px 10px; padding: 0px;"><tbody style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<tr style="border: 0px; margin: auto; padding: 0px;"><td colspan="2" style="border: 1pt solid windowtext; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 432.2pt;" valign="top" width="576"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Causas Responsáveis pela corrupção<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
</td></tr>
<tr style="border: 0px; margin: auto; padding: 0px;"><td style="border: 1pt solid windowtext; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Pregadores <<sal style="margin: 0pt; padding: 0pt;">> (conservar o bem)<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></sal></b></div>
</td><td style="border-bottom-color: windowtext; border-bottom-width: 1pt; border-right-color: windowtext; border-right-width: 1pt; border-style: none solid solid none; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Ouvintes <<terra style="margin: 0pt; padding: 0pt;">><o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></terra></b></div>
</td></tr>
<tr style="border: 0px; margin: auto; padding: 0px;"><td style="border: 1pt solid windowtext; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
“Sal”<span style="border: 0px; font-family: Wingdings; margin: 0px; padding: 0px;">à</span>”Sal que não salga”</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Falsa doutrina “ Não pregam a verdadeira doutrina”</div>
</td><td style="border-bottom-color: windowtext; border-bottom-width: 1pt; border-right-color: windowtext; border-right-width: 1pt; border-style: none solid solid none; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
“Terra”<span style="border: 0px; font-family: Wingdings; margin: 0px; padding: 0px;">à</span> “Terra não deixa salgar”</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Recusa da verdadeira doutrina “ou não querem receber”</div>
</td></tr>
<tr style="border: 0px; margin: auto; padding: 0px;"><td style="border: 1pt solid windowtext; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="border: 0px; height: 14px; left: 0px; margin: 6px 0px 0px 59px; padding: 0px; position: absolute; width: 14px;"><img height="14" src="file:///C:/DOCUME~1/vanda/DEFINI~1/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image001.gif" style="border: 1px solid rgb(230, 230, 230); margin: 0px; padding: 4px;" v:shapes="_x0000_s1026" width="14" /></span>Palavras = comportamento <span style="border: 0px; font-family: Wingdings; margin: 0px; padding: 0px;">à</span>”Dizem uma coisa e fazem outra”</div>
</td><td style="border-bottom-color: windowtext; border-bottom-width: 1pt; border-right-color: windowtext; border-right-width: 1pt; border-style: none solid solid none; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Imitação de comportamentos incorrectos “imitar o que eles fazem”</div>
</td></tr>
<tr style="border: 0px; margin: auto; padding: 0px;"><td style="border: 1pt solid windowtext; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Vaidade dos pregadores (“Se pregam a si”)</div>
</td><td style="border-bottom-color: windowtext; border-bottom-width: 1pt; border-right-color: windowtext; border-right-width: 1pt; border-style: none solid solid none; margin: auto; padding: 0cm 5.4pt; vertical-align: top; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Egocentrismo, satisfação das vontades (“Servem a seus apetites”)</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /><b style="line-height: 1.6em; margin: 0pt; padding: 0pt;">Síntese:</b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
Neste capítulo, Padre António Vieira critica a humanidade, que está cada vez mais corrupta, e os pregadores, que havendo tantos, não conseguem alcançar os seus objectivos. Utiliza as expressões “sal” para os pregadores e “terra” para os ouvintos. Excepção para Santo António, de quem Padre António Vieira admira bastante e aborda a história sucedida por este em Arimino, onde prega aos hereges e é tentativa de apedrejamento por parte deste anti-cristos. </div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">2-Exposição-capitulo II<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
“Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam”<span style="border: 0px; font-family: Wingdings; margin: 0px; padding: 0px;">à</span> Ironia que crítica os Homens.</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Os peixes neste capitulo, metaforicamente, são os Índios.</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Louvores em Geral dos peixes:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- "ouvem e não falam"</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- "vós fostes os primeiros que Deus criou"</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- "e nas provisões (...) os primeiros nomeados foram os peixes"</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- "entre todos os animais do mundo, os peixes são os mais e os maiores"</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- "aquela obediência, com que chamados acudistes todos pela honra de vosso Criador e Senhor"</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- "aquela ordem, quietação e atencão com que ouvistes a palavra de Deus da boca do seu servo António. (...) Os homens perseguindo a António (...) e no mesmo tempo os peixes (...) acudindo a sua voz, atentos e suspensos às suas palavras, escutando com silêncio (...) o que não entendiam."</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-"só eles entre todos os animais se não domam nem domesticam"</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Síntese:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
Padre António Vieira inicia a exposição com uma pergunta retórica “Que haveremos de pregar hoje aos peixes?” Depois indica a estrutura do sermão “dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios”. O resto do capitulo é abordado por António Vieira com as virtudes dos peixes, dizendo que eram queridos de Deus, se este não gostasse de peixes de peixes não tinha criado tantos, há muitos animais grandes, mas o maior é um peixe (Baleia)… Continuando com palavras características deles: quietos, atentos…</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="line-height: 1.6em; margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">3-Louvores em Particular capitulo III(1º momento da confirmação)</u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Santo Peixe de Tobias<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">-Peixe bíblico:</b> equivalente a pregador/função pregador</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Grande em tamanho e das virtudes interiores</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Virtudes:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- o fel sara a cegueira "o fel era bom para curar da cegueira</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- o coração lança fora os demónios; "o coração para lançar fora os demónios"</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Virtudes em relação a Sto António:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">-coração:</b> bom coração</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">-fel:</b> palavras amargas ditas por Sto António, tentando influenciar a audiência, dizendo que nada está bem, ou as atitudes destes.</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Rémora<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Espécie Natural, com qualidade que seria útil aos homens</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- Tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder;</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Tem uma espécie de ventosa (trava a ambição dos homens)</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Virtudes:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-trava o leme das naus (barcos poderosos da época dos descobrimentos)</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Virtudes em relação a Sto António:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Palavras de Santo António, que pretendem travar os vícios.</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Quatro naus abordadas:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-soberba<span style="border: 0px; font-family: Wingdings; margin: 0px; padding: 0px;">à</span>vaidade</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-vingança<span style="border: 0px; font-family: Wingdings; margin: 0px; padding: 0px;">à</span>batalha, artilharia apontada</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-cobiça</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-sensualidade</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Torpedo<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Espécie Natural, com qualidade que seria útil aos homens</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Metaforicamente funciona como o aviso por parte de Sto António nas suas pregações </div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-É um peixe modesto, não se exibe</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Virtudes:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-faz tremer</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Virtudes em relação a Sto António:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Palavras de Santo António fazem tremer<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /><br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /><b style="line-height: 1.6em; margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Quatro Olhos</u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Espécie natural, equivalente a pregador</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- dois olhos voltados para cima para se vigiarem das aves;</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
- dois olhos voltados para baixo para se vigiarem dos peixes.</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Virtudes:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-Está atento</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Virtudes em relação a Sto António:<o:p style="margin: 0pt; padding: 0pt;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
-O Santo está atento a todos os vícios e tentações</div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: 0px; margin: 0px; padding: 0px;">
<b style="margin: 0pt; padding: 0pt;"><u style="margin: 0pt; padding: 0pt;">Louvores em particular:<br style="margin: 0pt; padding: 0pt;" /><span style="line-height: 1.6em;">Os quatro peixes, Santo peixe de Tobias, rémora, torpedo e quatro-olhos, possuem características que na sua totalidade se vêm a identificar com as principais características de Santo António.</span></u></b></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7683862384192215344.post-67267630074167102972012-11-17T02:11:00.002-08:002012-11-17T02:11:57.867-08:00Breve resumo do Sermão de Santo António<br />
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.899999618530273px;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5qj9ALbiIxP9kyZXFhn8KDNJUA2Ug72AuKbEd_9HO7GL-Av0PSjWQ8Q4umJWKahE-S2mzI4AmPRZi-rKPv-y_TOgfduyobzniglY8GJEXQ-yJsiRqqmPl7I-_7m242lNTakwG6_fbPM_r/s1600-h/peixe2.jpg" style="color: #666666;"><img alt="" border="0" height="280" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5130567916664066226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5qj9ALbiIxP9kyZXFhn8KDNJUA2Ug72AuKbEd_9HO7GL-Av0PSjWQ8Q4umJWKahE-S2mzI4AmPRZi-rKPv-y_TOgfduyobzniglY8GJEXQ-yJsiRqqmPl7I-_7m242lNTakwG6_fbPM_r/s400/peixe2.jpg" style="border: 1px solid rgb(179, 179, 179); height: 199px; margin: 0px 0px 5px; padding: 4px; width: 132px;" width="177" /></a></div>
<div align="justify" style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.899999618530273px;">
Sermão de Santo António pregado na cidade do Maranhão, no ano de 1654, no dia 13 de Junho, dia de Santo António, (Véspera da partida de Padre António Vieira para Lisboa). Nesta época, Portugal tinha recuperado a Independência e o Padre António Vieira vem a Lisboa, junto do rei para apoiar a criação de leis que acabassem com a exploração dos colonos brancos para com os índios brasileiros.<br />O sermão está organizado em seis capítulos e três partes: o Exórdio, que contém o capitulo I; a exposição e confirmação, que contém os capítulos II, III, IV e V e a peroração que contém o capitulo VI.<br /><br />No <strong>Exórdio</strong>, Padre António Vieira apresenta o conceito predicável,<em>“Vós sois o sal da Terra”,</em> e explica as razões pelas quais a terra está tão corrupta. Ou a culpa está no sal (pregadores), ou na terra (ouvintes). Se a culpa está no sal, é porque os pregadores não pregam a verdadeira doutrina, ou porque dizem uma coisa e fazem outra ou porque se pregam a si e não a Cristo. Se a culpa está na terra, é porque os ouvintes não querem receber a doutrina, ou antes imitam os pregadores e não o que eles dizem, ou porque servem os seus apetites e não os de Cristo.<br />Ao apresentar o conceito predicável, Padre António Vieira, introduz o tema do sermão, mas apesar de tudo desvia-se do tema e preocupa-se apenas com a razão pela qual a terra está corrupta, partindo do principio de que a culpa é dos ouvintes. Consegue isto, uma vez que o sermão é proferido no dia de santo António, aproveitando assim o exemplo deste. Santo António não obtinha resultados da sua pregação e os homens até o quiseram matar, em vez de desistir resolveu pregar aos peixes. Assim se viu Padre António Viera, sem obter resultados, a terra continuava corrupta, resolvendo igualmente pregar aos peixes, seguido o exemplo de Sto António.<br />Em primeira parte, o orador vai louvar as virtudes dos peixes e em seguida repreende-los.<br /><br />O <strong>capitulo II</strong> contempla os louvores aos peixes de carácter geral, recorrendo-se ao exemplo de Jonas para mostrar que os homens são muito piores que os peixes. Como suas qualidades temos:<br />- Bons ouvintes / obedientes<br />- Primeira criação de deus<br />- Melhores do que os homens<br />- Livres, puros, longe dos homens<br />Estas qualidades, são por antítese os defeitos dos homens.<br />Neste, como em todos os capítulos, há um exemplo prático de Sto António, para o louvar no seu dia.<br /><br />O <strong>capítulo III</strong> é igualmente de louvor aos peixes, mas agora de carácter particular. Padre António Vieira utiliza quatro peixes para mostras a relação entre o homem e o divino, como os peixes se dão a estes cuidados e os homens não pensam em tais coisas.<br />Peixe de Tobias: Tem umas entranhas e um coração que expulsam os demónios e simboliza o poder purificador da palavra de Deus.<br />Rémora: Peixe que quando se agarra e um navio tem força suficiente para o conduzir sozinha. Simboliza o poder da palavra do pregador – guia das almas.<br />Torpedo: Produz descargas eléctricas que faz tremer o braço do pecador. Simboliza o poder da palavra de Deus, de fazer tremer os pecadores que pescam na terra tudo quanto encontram.<br />Quatro – olhos: Tem dois pares de olhos, uns para cima e outros para baixo. Simboliza o dever dos cristãos em tirar os olhos da vaidade terrena, olhando para o céu sem esquecer o inferno.<br />Todos estes louvores que Padre António Vieira faz aos peixes são antíteses aos defeitos dos homens, assim simbolizando os seus vícios.<br /><br />Seguidamente parte-se para as <strong>repreensões aos peixes</strong>, primeiramente de <strong>carácter geral (Cap. IV)</strong> e depois de <strong>carácter particular (Cap. V)</strong>.<br />No carácter geral, Padre António Vieira acusa os peixes de se comerem uns aos outros, recorrendo a um exemplo dos homens para explicar o que eles faziam. Assim, os homens praticam antropofagia social, ou seja exploração uns dos outros. O orador faz uma comparação entre a antropofagia ritual dos Tapuias (índios brasileiros) e a antropofagia social dos homens, considerando esta ultima mais grave que a anterior, porque muitas vezes procuram tanto a exploração que nem os mortos escapam. O mais grave de tudo é que são os grandes que comem os pequenos, ou seja são precisos muitos pequenos para alimentar um grande. Acusa-os igualmente de cegueira, vaidade e de terem a maldade.<br />Estas repreensões são feitas com o objectivo de mudarem os homens, ou pelo menos fazê-los pensar, mesmo que não haja uma mudança rápida.<br />Aqui, há também um exemplo prático de Sto António que nunca praticou antropofagia social e que trocou a riqueza pela simpleza.<br /><br />De carácter particular, Padre António Vieira usa quatro exemplos de peixes que se referem a tipos comportamentais. O roncador que simboliza os arrogantes, o pegador, que simboliza os oportunistas, o voador, que simboliza os ambiciosos e o pior de todos, o polvo, que simboliza o traidor e o hipócrita. Este último, tem uma aparência de santo e manso e um ar inofensivo, mas na essência é traiçoeiro e maldoso, é hipócrita e faz-se de amigo dos outros e no fim “abraça-os”. Neste capítulo são usados os exemplos de São Pedro, Sto Ambrósio, São Basílio e o Gigante Golias.<br /><br />Por fim, a <strong>despedida, no capitulo VI</strong>, onde o orador retoma os pregadores de que falava no conceito predicável, servindo-se dele próprio como exemplo alegando que não estava a cumprir a sua função. Alega também que ele (homens) e os peixes, nunca vão chegar ao sacrifício final, uma vez que os peixes já vão mortos e os homens vão mortos de espírito. Padre António Vieira diz que a irracionalidade, a inconsciência e o instinto dos peixes, são melhores do que a racionalidade, o livre arbítrio, a consciência, o entendimento e a vontade do homem.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVvzkKvvcqtpq0g2HdWKl6Ogq3as7q6d_OhV_qhV4xg8Eickt52Z3u866d1Wg9Y_7NSCm5wOuO5bEsOx7NWYEjNmaw64ZdGzUmOLqg1K8uRlnIWjeNDoR3-QPoeAKUWY0gJHIjwLfHcf-5/s1600-h/peixe.jpg" style="color: #666666;"><img alt="" border="0" height="279" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5130567912369098914" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVvzkKvvcqtpq0g2HdWKl6Ogq3as7q6d_OhV_qhV4xg8Eickt52Z3u866d1Wg9Y_7NSCm5wOuO5bEsOx7NWYEjNmaw64ZdGzUmOLqg1K8uRlnIWjeNDoR3-QPoeAKUWY0gJHIjwLfHcf-5/s400/peixe.jpg" style="border: 1px solid rgb(179, 179, 179); height: 220px; margin: 0px 0px 5px; padding: 4px; width: 177px;" width="256" /></a>Conclui-se assim, fazendo um apelo aos ouvintes e louvando-se a Deus, tornando esta última parte do sermão um pouco mais familiar, para que se estabeleça de novo a proximidade entre os ouvintes e o orador.<br />Este sermão teve como ouvintes os colonos do Maranhão e tem grande coesão e coerência textual graças á utilização de recursos estilísticos, articuladores do discurso e argumentos de autoridade e analógicos para validar e confirmar os testemunhos narrados. Todo o sermão é alegórico, uma vez que são utilizados os peixes como figuras concretas para a crítica aos homens.</div>
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