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sábado, 16 de junho de 2007

Eça e os Maias

Os Maias é o mais volumoso e complexo romance de Eça e talvez a sua obra-prima. O escritor apresenta uma visão social muito crítica, aos nobres e políticos (Conde de Gouvarinho), aos banqueiros (Cohen), aos diplomatas (Steinbroken), aos românticos (Alencar), aos oradores patrioteiros e verbosos (Rufino), aos jornalistas (Palma Cavalão). Todas as personagens são seres derrotados, vencidos, falhados, mesmo João da Ega, a personagem que se pode encarar como a sua auto-projecção. Todas as personagens são vítimas da sociedade.
A acção passa-se em Lisboa, no final do terceiro quartel do século XIX- Afonso da Maia, aristocrata e proprietário rico, estava casado com uma beata de quem tinha um filho, Pedro da Maia. Após uma vida de libertinagem, Pedro vai viver com Maria de Monforte, que havia chegado a Lisboa havia pouco tempo. Desta relação nascem dois filhos: Carlos e Maria Eduarda. Maria de Monforte apaixona-se por um napolitano e abandona Pedro, deixando-lhe apenas o filho: Carlos da Maia. Com o desgosto e devido ao facto de ser muito frágil, Pedro suicida-se, deixando Carlos com o seu avô, Afonso da Maia. Carlos era um rapaz esbelto e inteligente que tirou o curso de Medicina e tinha todas as hipóteses de vir a ser um homem de sucesso. O seu grande amigo, João da Ega tentava escrever um livro de sucesso: Memórias de um Átomo. Natural de Celorico da Beira, representava o dandismo... e era amante da mulher do banqueiro Cohen. Euzebiozinho era um tipo efeminado que representa a educação portuguesa típica da época. Dâmaso Salcede tinha a mania que era fidalgo e Tomás de Alencar, o poeta ultra-romântico amigo de Pedro da Maia, representa a persistência do Romantismo na sociedade... Depois de um caso com a condessa de Gouvarinho, Carlos apaixona-se por Maria Eduarda. Supostamente esta era casada com Castro Gomes. Através de um baú chegado de Paris é desvendado o terrível segredo: Carlos e Maria Eduarda, os amantes, eram afinal irmãos. Afonso da Maia, o bastião da família, morre de desgosto. Maria Eduarda parte para Paris. Carlos e Ega vão viajar pelo mundo a fim de espairecerem.
Segundo Eça "os Maias sairam uma coisa extensa e sobrecarregada, em dois grossos volumes! Mas há episódios bastante toleráveis. Folheia-os, porque os dois tomos são volumosos demais para ler. Recomendo-te as cem primeiras páginas; certa ida a Sintra; as corridas; desafio; a cena no Jornal A Tarde; e sobretudo o Sarau Literário onde se discute o valor do realismo por oposição ao romantismo... ".
O que mais nos encanta, como sempre, é a sua prosa cheia de maleabilidade, de recursos caricaturais e de fina ironia, impossível de imitar.
Estilo e Linguagem
Eça utilizou a sensibilidade sensorial, o impressionismo e a ironia. Para desenvolver estes três tópicos serviu-se de vários processos linguísticos: o novo emprego da adjectivação dupla e tripla, o advérbio de modo como elemento de caracterização, uma inovadora construção de frases com frequente recurso à hipálage e à sinédoque.
Por tudo quanto acabámos de dizer, facilmente verificamos que foi uma das mais relevantes personalidades literárias na Literatura Portuguesa. Manejando ao mesmo tempo a ironia e o sarcasmo, fixando a vida maravilhosamente, soube tudo dizer numa linguagem dúctil e transparente, ondeante e simples.