Capítulo I
Exórdio ou Introdução: exposição do plano a desenvolver e das ideias a defender.Conceito Predicável: texto bíblico que serve de tema e que irá ser desenvolvido de acordo com a intenção e o objectivo do autor "Vos estis sal terrae".
Invocação: pedido de auxílio divino .
As simetrias evidenciam e são um exemplo da estruturação do sermão um exercício mental da grande lógica, que permitem aos ouvintes atingirem mais facilmente o objectivo da mensagem nas respostas à justificação do facto de a terra estar corrompida e na resposta ao que se há-de fazer ao sal que não salga e à terra que se não deixa salgar.
Para atingir a inteligência dos ouvintes, o orador usa argumentos lógicos, sucessivas interrogações retóricas e a autoridade dos exemplos de Cristo, Santo António e da Bíblia. Para atingir o coração dos ouvintes, usa interjeições e exclamações.
Ao relatar o que fez Santo António quando foi perseguido em Arimino usa frases curtas (Deixa as praças, vai-se às praias…), ritmo binário, anáforas, enumeração.
É evidente que os tipos de frase têm relação directa com a entoação. A frase interrogativa termina num tom mais alto, a declarativa num tom mais baixo, etc.
O titulo do Sermão foi retirado do milagre ou lenda que se conta a respeito de Santo António. Este terá sido mal recebido numa pregação em Arimino, mesmo perseguido, e ter-se-á dirigido à praia e pregado o sermão aos peixes que o terão escutado atentamente, contrastando com os homens.
O pregador invocou Nossa Senhora porque era habitual fazê-lo e ainda porque o nome Maria quer dizer Senhora do mar; os ouvintes do sermão eram pescadores que A invocavam na faina da pesca.
Capítulo II
O sermão é uma alegoria porque os peixes são metáfora dos homens, as suas virtudes são por contraste metáfora dos defeitos dos homens e os seus vícios são directamente metáfora dos vícios dos homens. 0 pregador fala aos peixes, mas quem escuta são os homens.Os peixes ouvem e não falam. Os homens falam muito e ouvem pouco.
O pregador argumenta de forma muito lógica. Partindo de duas propriedades do sal, divide o sermão em duas partes: o sal conserva o são, o pregador louva as virtudes dos peixes; o sal preserva da corrupção, o pregador repreende os vícios dos peixes. Para que fique claro que todo o sermão é uma alegoria, o pregador refere frequentemente os homens. Utiliza articuladores do discurso (assim, pois…), interrogações retóricas, anáforas, gradações crescentes, antíteses, etc. Demonstra as afirmações que faz tirando partido do contraste entre o bem e o mal, referindo palavras de S. Basílio, de Cristo, de Moisés, de Aristóteles e de St. Ambrósio, todas referidas aos louvores dos peixes. Confirma-as com vários exemplos: o dilúvio, o de Santo António, o de Jonas e o dos animais que se domesticam.
Virtudes que dependem sobretudo de Deus
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Virtudes naturais dos peixes
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• foram as primeiras criaturas criadas por Deus
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• não se domam.
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• foram as primeiras
criaturas nomeadas pelo homem
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• não se domesticam.
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• são os mais
numerosos e os maiores
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• escaparam todos do
dilúvio porque não tinham pecado
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• obediência,
quietação, atenção, respeito e devoção com que ouviram a pregação de Santo
António
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Animais
que se domesticam |
Animais que vivem presos |
cavalo,
boi, bugio, leões, tigres, aves que se criam e vivem com os homens, papagaio,
rouxinol, açor, aves de rapina |
rouxinol, papagaio, açor, bugio, cão, boi, cavalo, tigres e leões |
O discurso é pregado; por isso, envolve toda a pessoa do orador. Os gestos, a mímica, a posição do corpo - a linguagem não verbal - têm um lugar importante porque completam a mensagem transmitida.
Alguns Recursos de Estilo
· A antítese
Céu/lnferno, que repete semanticamente a antítese bem/mal, está ligada quer à
divisão do Sermão em duas partes, quer às duas finalidades globais do mesmo.
·
A apóstrofe
refere directamente o destinatário da mensagem e do pregador, aproximando os
dois pólos da comunica ção: emissor e
receptor.
·
A interrogação
retórica como meio de convencer os ouvintes.
·
A personificação
dos peixes associada à apóstrofe e às atitudes dos mesmos.
·
A gradação
crescente na enumeração dos animais que vivem próximos dos homens mas presos.
·
A comparação,
"como peixes na água", tem o carácter de um provérbio que significa
viver livremente.
Capítulo III
Peixe de Tobias
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Rémora
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Torpedo
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Quatro-Olhos
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Efeitos
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• sarou a cegueira do pai de Tobias
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• pega-se ao leme de uma nau
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• faz tremer o braço do pescador
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• defende-se dos peixes
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• lançou fora os demónios
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• prende a nau e amarra-a
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• não permite pescar
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• defende-se das aves
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Comparação
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Peixe de Tobias
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Rémora
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Torpedo
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Quatro-Olhos
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Santo António
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Santo António
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Santo António
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o pregador
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• alumiava e curava as cegueiras dos
ouvintes
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A língua de S. António domou a fúria
das paixões humanas: Soberba, Vingança, Cobiça, Sensualidade
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• 22 pescadores tremeram ouvindo as
palavras de Santo António e converteram-se
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• o peixe ensinou o pregador a olhar
para o Céu (para cima) e para o Inferno (para baixo)
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• lançava os demónios fora de casa
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O pregador usa o
imperativo verbal, a repetição anafórica, a exclamação, a apóstrofe, a leve
ironia ("Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego aos
peixes!").
A língua de Santo António teve a força de dominar as
paixões humanas, guiando a razão pelos caminhos do bem; foi o freio do cavalo
porque impediu tantas pessoas de caírem nas mais variadas desgraças.
Santo António foi muito humilde, aceitando sem revolta o
abandono a que foi votado por todos, ele que conhecia a sua sabedoria. O
pregador pretende condenar os homens que possuem vícios opostos às virtudes dos
peixes.
Recursos estilísticos:
Anáforas: Ah homens… Ah
moradores… Quantos, correndo… Quantos, embarcados… Quantos, navegando… Quantos
na nau… A interjeição visa atingir o coração dos ouvintes; a repetição do
pronome indefinido realiza uma enumeração.
Gradações: Nau Soberba, Nau
Vingança, Nau Cobiça, Nau Sensualidade; "passa a virtude do peixezinho, da
boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do
pescador." O sentido é sempre uma intensificação para mais ou para menos.
Antíteses: mar/terra, para
cima/para baixo, Céu/Inferno. Palavras de sentido oposto indicam as duas
direcções do sermão: peixes - homens, bem - mal.
Comparações: "… parecia um
retrato maritimo de Santo António"; o peixe de Tobias, com um burel e uma
corda, era uma espécie de Santo António do mar: as suas virtudes eram como as
de Santo António. "… unidos como os dois vidros de um relógio de
areia,": o peixe Quatro-Olhos possuía grande visão e precisão.
Metáforas: "… águias, que
são os linces do ar; os linces, que são as águias da terra": sentido de
rapidez e de visão excepcional.
Vocabulário essencial:
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• substantivos
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• velas, vento
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• artilharia,
bota-fogos
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• gáveas
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• cerração
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• adjectivos
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• inchadas
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• abocada, acesos
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• sobrecarregada,
aberta
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• enganados
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• verbos
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• desfazer,
rebentavam
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• corriam,
queimariam
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• incapaz de fugir
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• perder
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a sua língua detém a
fúria
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a sua língua detêm a
cobiça
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a sua língua
contêm-nos
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Capítulo IV
Para comprovar a tese de que os homens se comem uns aos
outros, o orador usa uma lógica implacável, apelando para os conhecimentos dos
ouvintes e dando exemplos concretos. Os seus ouvintes sabiam a verdade do que
ele afirmava, pois conheciam que os peixes se comem uns aos outros, os maiores
comem os mais pequenos. Além disso, cita frequentemente a Sagrada Escritura, em
que se apoia. Lendo hoje este capitulo, assim como todo o Sermão, não se pode
ficar indiferente à lógica da argumentação.
As conclusões são implacáveis, pois são fruto claríssimo
dos argumentos usados.
O ritmo é variado: lento, rápido e muito rápido. Quando as
frases são longas, o ritmo é repousado; quando as frases são curtas, quando se
usam sucessivas anáforas nessas frases, o ritmo torna-se vivo, como acontece no
exemplo do defunto e do réu. O discurso deste sermão, como doutros, é
semelhante ao ondular das águas do mar: revoltas e vivas, espraiam-se depois
pela areia como que espreguiçando-se. Uma das características maravilhosas do
discurso de Vieira é a mudança de ritmo, que prende facilmente os ouvintes.
A repetição da forma verbal "vedes", que deverá
ser acompanhada de um gesto expressivo, serve para criar na mente dos ouvintes
(e dos leitores) um forte visualismo do espectáculo descrito.
O uso dos deícticos demonstrativos tem por objectivo
localizar os actos referidos, levando os ouvintes a revê-los nos espaços onde
acontecem. A substantivação do infinitivo verbal está também ao serviço do
visualismo. O verbo deixa de indicar acção limitada para se transformar numa
situação alargada.
Há uma passagem semelhante no momento em que o orador
refere a necessidade de o bem comum prevalecer sobre o apetite particular:
"Não vedes que contra vós se emalham…".
O orador expõe a repreensão e depois comprova-a como fez
com a primeira repreensão: dá o exemplo dos peixes que caem tão facilmente no
engodo da isca, passa em seguida para o exemplo dos homens que enganam
facilmente os indígenas e para a facilidade com que estes se deixam enganar. A
crítica à exploração dos negros é cerrada e implacável. Conclui, respondendo à
interrogação que fez, afirmando que os peixes são muito cegos e ignorantes e
apresenta, em contraste, o exemplo de Santo António, que nunca se deixou
enganar pela vaidade do mundo, fazendo-se pobre e simples, e assim pescou
muitos para salvação.
Capítulo V
Peixes
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Defeitos
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Argumentos
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Exemplos
de homens
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Os
Roncadores
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soberba
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pequenos
mas muita língua; facilmente pescados
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Pedro
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orgulho
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os
peixes grandes têm pouca língua
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Golias
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muita
arrogância, pouca firmeza
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Caifás
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Pilatos
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|||
Os
Pegadores
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parasitismo
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vivem na
dependência dos grandes, morrem com eles
|
Toda a
família da corte de Herodes
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os
grandes morrem porque comeram, os pequenos morrem sem terem comido
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Adão e
Eva
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Os Voadores
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presunção
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foram
criados peixes e não aves
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Simão
mago
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ambição
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são
pescados como peixes e caçados como aves
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morrem
queimados
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O Polvo
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traição
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ataca
sempre de emboscada porque se disfarça
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Judas
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Comparação entre os peixes e Santo António
Peixes
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Santo António
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Os Roncadores: soberbos e
orgulhosos, facilmente pescados
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tendo tanto saber e tanto poder,
não se orgulhou disso, antes se calou. Não foi abatido, mas a sua voz ficou
para sempre
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Os Pegadores: parasitas,
aduladores, pescados com os grandes
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pegou-se com Cristo a Deus e
tornou-se imortal
|
Os Voadores: ambiciosos
e presunçosos
|
tnha duas asas: a sabedoria
natural e a sabedoria sobrenatural. Não as usou por ambição; foi considerado
leigo e sem ciência, mas tornou-se sábio para sempre
|
O Polvo: traidor
|
Foi o maior exemplo da candura, da
sinceridade e verdade, onde nunca houve mentira
|
Episódio do Polvo
Divisão em partes:- Introdução: a aparência do polvo "O polvo… mansidão" (ll.177-179).
- Desenvolvimento: a realidade "E debaixo… pedra" (ll.179-187).
- Conclusão: a consequência "E daqui… fá-lo prisioneiro" (ll.187-189).
- Comparação: "Fizera… traidor" (ll.190-196).
O mimetismo é o que o polvo usa para enganar: faz-se da cor
do local ou dos objectos onde se instala.
No camaleão, o mimetismo é um artifício de defesa contra os
agressores, no polvo é um artifício para atacar os peixes desacautelados.
O orador refere a lenda de Proteu para contrapor o mito à
realidade: Proteu metamorfoseava-se para se defender de quem o perseguia; o
polvo, ao contrário, usa essa qualidade para atacar.
Os deícticos demonstrativos implicam a linguagem gestual e
têm por intenção criar o visualismo na mente dos ouvintes (leitores). A
anáfora, repetição da mesma palavra em início de frase, insiste no mesmo
visualismo.
Os verbos que se referem ao polvo estão no presente do
indicativo, traduzindo uma realidade permanente e imutável; a forma "vai
passando" gerúndio perifrástico, acentua a forma despreocupada dos outros
peixes que lentamente passam pelo local onde se encontra o traidor; os verbos
que se referem a Judas estão no pretérito perfeito do indicativo porque referem
acções do passado. Há ainda o imperativo "Vê", que traduz uma
interpelação directa ao polvo, tornando o discurso mais vivo.
O polvo nunca ataca frontalmente, mas sempre à traição:
primeiro, cria um engano, que consiste em fazer-se das cores onde se encontra;
depois, ataca os inocentes.
O texto deste capítulo segue a variedade de ritmos dos
outros capítulos e apresenta os mesmos recursos para conseguir tal objectivo.
Basta atentar no parágrafo que começa por "Rodeia a nau o tubarão… " e
no texto referente ao polvo.
Elemento comum entre Judas e o polvo: a traição. Ambos
foram vítimas deste defeito.
Elementos diferentes entre Judas e o polvo: Judas apenas
abraçou Cristo, outros o prenderam; o polvo abraça e prende. Judas atraiçoou
Cristo à luz das lanternas; o polvo escurece-se, roubando a luz para que os
outros peixes não vejam as suas cores. A traição de Judas é de grau inferior à
do polvo.
Animais/Peixes
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Peixes
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Homens
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foram escolhidos para os sacrifícios
estes podiam ir vivos para os sacrifícios ofereçam a Deus o ser sacrificado ofereçam a Deus o sangue e a vida |
não foram escolhidos para os sacrifícios
só poderiam ir mortos. Deus não quer que Lhe ofereçam coisa morta ofereçam a Deus não ser sacrificados ofereçam a Deus o respeito e a obediência |
os homens também chegam mortos ao altar porque vão em
pecado mortal. Assim, Deus não os quer.
|
Capítulo VI
Peroração: conclusão com a utilização de um desfecho forte,
capaz de impressionar o auditório e levá-lo a pôr em prática os ensinamentos do
pregador.
O orador quer que os homens imitem os peixes, isto é,
guardem respeito e obediência a Deus. Numa palavra, pretende que os homens se
convertam (metanóia).
As interrogações têm por objectivo atingirem
preferencialmente a inteligência, enquanto as exclamações visam mais o
sentimento dos ouvintes. As repetições põem em realce o paralelismo entre o
orador e os peixes; as gradações intensificam um sentido.
A repetição do som /ai/ (11 vezes) cria uma atmosfera
sonora cada vez mais intensa e optimista; a repetição das palavras
"Louvai" e "Deus" apontam para a finalidade global do sermão:
o louvor de Deus, que todos devem prestar. O verbo no imperativo realiza a
função apelativa da linguagem: depois de ter inventariado os louvores e os
defeitos dos peixes/homens, não poderia deixar de apelar aos ouvintes para que
louvem a Deus. A escolha do hino Benedicite cumpre fielmente esse objectivo,
encerrando o Sermão com um tom festivo, adequado à comemoração de Santo
António, cuja festa se celebrava. A palavra Ámen significa "Assim
seja", "que todos louvem a Deus". O quiasmo realizado na
colocação em ordem inversa das palavras glória e graça sugere a transposição
dos peixes para os homens: já que os peixes não são capazes de nenhuma dessas
virtudes, sejam-no os homens. Sugere também uma mudança: a conversão (metanóia),
porque só em graça os homens podem dar glória a Deus.
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