APARIÇÃO é um romance de personagem que tem como finalidade não apenas contar histórias, mas apresentar as reflexões que o autor vai expondo a propósito dele próprio, de outras personagens ou do mundo em geral. Segundo palavras do autor, este romance foi “a necessidade de ele se redescobrir e descobrir os limites da sua condição humana.
Há uma personagem que ocupa toda a obra e à volta da qual tudo gira. Há um eu narrador, distanciado dos acontecimentos da narrativa e um narrador-personagem auto e homo-diegético, à volta do qual se movem as outras personagens. O eu-narrador distante move-se num tempo posterior aos acontecimentos narrados.
Alberto Soares é simultaneamente a personagem central e o narrador do que lhe aconteceu em dois planos distintos (na sua aldeia e na cidade de Évora).
Há uma acção principal que abrange a maior parte dos factos narrados ligados a uma trágica revelação ou Aparição, no espaço citadino, e uma acção secundária, ligada ao espaço rural, que completa a acção principal (morte do pai).
2ºCAPÍTULO
Acção Principal - Acontecimentos /Reflexões - Chegada ao Liceu de Évora “A profissão não se escolhe, sai-nos”/ Encontro com o Reitor A descoberta de nós próprios
Acção Secundária
O seu pai ajuda-o na escolha da profissão “Mas eu, eu o que é que sou”
Estrutura
Inútil tentar dormir- Volta à realidade
Banho Conversa com Sr.Machado
“Que as coisas querem-se claras desde o início”
“Lavei-me enfim(...)
Saí com uma tranquilidade nova”
Descrição da cidade de Évora “A cidade resplandecia a um sol familiar,
branca, enredada de ruas (...) Évora mortuária,
encruzilhada de raças,ossuário dos séculos...”
Pausa narrativa
“Escrevo à luz mortal deste silêncio lunar,
batido pelas vozes do vento, num casarão
vazio”
Continuação da descrição da cidade até
Liceu: “E finalmente descubro o edifício
do Liceu”
Tempo de escrita /Tempo da narrativa
“Conto tudo, como disse, à distância de alguns anos(...)
Mas os elos de ligação entre os factos que narro é como
se se diluissem num fumo de neblina...”
“Eis-me, pois, em face do Liceu...”
“Não escolhi a profissão: de algum modo saíra-me”
Espaço da memória: A ESCOLHA DA PROFISSÃO
Professor porquê? Papel fundamental do pai: “Penso que te darás melhor em Letras”
A vida de Professor era tranquila para quem nunca tivera saúde
Interesse demonstrado pelas leituras versos
interesse filosófico pela vida: Quem sou eu?
O Liceu
Espaço
Claustro
Jardim tratado
taça de mármore
silêncio
Tempo
Setembro
Exames de 2ª época
O Reitor
“homem alto e vagaroso”
É recordado como um amigo de “face cansada de quem esgotou a vida” que o ouvia
“do lado de lá do seu cansaço”
“Dois dias depois começavam os exames de 2ªépoca”
Início do trabalho- Mudança no tempo
“O tempo arrefecera bruscamente”
“O sol triste pousa ao de leve nas coisas”
“Um vento inesperado sopra de vez em quando”
Notícia de que o Dr. Moura telefonou e “quer saber onde é que o pode encontrar”
3ºCAPÍTULO
ACÇÃO PRINCIPAL/Acontecimentos Reflexões
Encontro com o Dr. Moura Aparição de Cristina: “Uma criança era
Jantar com a família Moura bastante para erguer o mundo nas mãos”
Regresso à pensão Machado O Mistério da Morte, Deus, Imortalidade.
ACÇÃO SECUNDÁRIA
O trabalho de vestir o pai morto Inverosimilhança da Morte
“Deus está morto porque sim”
“Deus é absurdo porque é”
“O Deus da Infância já não cabe no adulto Alberto Soares”
ESTRUTURA
“Mas não foi fácil encontrarmo-nos”- continuação directa do capítulo anterior
Encontro com o Dr. Moura, no café Arcada, em dia de feira
“vozearia, fumarada e odor a corpos” tornavam difícil o encontro
falam sobre a morte do pai de Alberto.
Memória da casa, “velha casa”
O Dr. Moura fala de Sofia
Pausa: O narrador fala da memória que tem de Sofia: “os teus olhos vivos(...)
tinham o mistério da vitória e do desastre, da violência e do sangue”
Aparece Alfredo Cerqueira, genro do Dr. Moura
Alberto Soares recebe um convite para jantar.
jantar com a família Moura
Descrição da casa
Família Moura:
MADAME- “abundante senhora, loura por antiguidade, ousada e astuciosa”, mulher distante.
ANA- “cabelos longos e lisos, face magra de energia e de ânsia, olhar vivo”
CRISTINA- “Sete anos, saia azul de folhos, arzinho de menina grave”
SOFIA - a última a aparecer
“vestido branco colado como borracha, e um corpo intenso e maleável (...) era assim como se uma descarga da terra a atravessasse toda”
ALFREDO- “docemente calvo, sorria para tudo”
O NARRADOR É ESCRITOR- NÃO É CRENTE
CHICO- (amigo da família Moura). “um tipo baixinho, sólido, quadrado, de uns trinta anos com ar dominador de pugilista.
CRISTINA TOCA PARA TODOS MAGIA
“Eis que chega a tua hora, Cristina”
REFLEXÕES SOBRE CRISTINA “Ana estranhamente acarinhou-a de um modo especial”
Antevisão de uma relação muito especial
“Tu não és de parte alguma, de tempo algum”
“Cristina viera fora do tempo”
“Eu vi abrir-se à nossa face o dom da revelação”
“Súbita aparição foste surpresa em tudo para todos”
“Depois cantou-se”
“Ergui-me enfim para me despedir”
“Saí enfim para a noite”- Conversa com o Chico sobre a cultura na cidade de Évora
De regresso à Pensão o narrador enerva-se com o Sr. Morgado e tem vontade de mudar de pensão.
Necessidade da escrita
REGRESSO À MEMÓRIA
Vestir o pai- “Senti um arrepio na ameaça do contacto com uma carne morta”
“a estúpida inverosimilhança da morte”
“que é que te habita, que é que está em ti”
Descrença total em Deus: “Não cabe na harmonia do que sou”
A morte do corpo/A morte do EU.
4ºCAPÍTULO
Acção Principal/Acontecimentos Reflexões
(não há) “Justificar a vida em face da inverosimilhança da morte”
Acção Secundária
Apresentação parcial da tia Dulce Interrogação sobre a morte e o nada a que esta reduz as pessoas.
ESTRUTURA
Toda a acção se desenrola em torno de um problema existencial: “portanto eu tinha um problema”. (A descoberta do problema deu-se quando o narrador sente repugnância em tocar na carne morta do seu pai)
O homem é produto de tudo e de todos quantos o antecedem
Divagações entre SER e NÃO SER
Do NÃO SER ao NADA: “Quem te habita não é (...) depois serás exactamente um nada”
O ser existe enquanto existe a memória da sua existência
Memória da tia Dulce (tudo o que era mau se esquece e o que resta é apenas “o velho album de fotografias”)
O autor é o herdeiro dos “mistérios da família” que se transmitem através do velho album de fotografias.
TIA DULCE - Irmã do avô - magrinha, sisuda (para impôr o respeito)
Cumpria as regras sociais (não comer muito)
Tinha algo de diferente (“porque em ti vivia a fascinação do tempo, o sinal do que nos transcende”; beata e gananciosa.
5ºCAPÍTULO
Acção Principal/Acontecimentos Reflexões
Início das lições de Sofia O estranho procedimento de Sofia
Recepção de Sofia na Pensão “Porque há-de a vida ter razão sobre
do Sr. Machado. nós? porque havemos sempre de ser
Passeio com o Dr. Moura nós a sumeter-nos?”
História do Bailote
ESTRUTURA
Sofia inicia as suas lições e revela um temperamento inconstante e estranho - “E era assim como se qualquer coisa a habitasse e fosse maior do que ela e do que a miséria das regras de gramática”
O narrador sente-se perturbado com a presença de Sofia.
Sofia rejeita as aulas de latim. A mãe desculpa-a: “temos de ter todos paciência”
Sofia vai buscar Alberto à pensão para um encontro com o Dr. Moura. O sr. Machado ficou muito incomodado.
O Dr. Moura apresenta-lhe uma visão equivalente a um santuário.
O Dr. Moura traça o perfil de Sofia a partir de histórias da sua infância. Revela os seus comportamentos estranhos e os seus gostos mórbidos. Fala-se das suas tentativas de suicídio.
O narrador, servindo-se de uma prolepse, anuncia que Sofia acabou por morrer, “morte inesperada que te evitou o gesto puro de te matares.
Regressa à conversa do Dr. Moura, num dia em que o narrador pela primeira vez viu a Praça da Cidade enfeitada de crisântemos. Percebe-se o gosto de Sofia pelo “absoluto da destruição”
A destruição e a morte predominam. Bailote pede ajuda ao Dr. Moura, numa atitude de desespero, tentando recuperar o gesto e a força perdidos. Pede ao médico um remédio que o cure, que o impeça de ser velho e de se tornar inùtil. O Dr. Moura segue em frente para visitar uma doente. No caminho do regresso apercebem-se de que o homem se enforcou.
6ºCAPÍTULO
Acção Principal/Acontecimentos Reflexões
“era absolutamente necessário que a vida se iluminasse na evidência
da morte”
“Quem sou eu? Quem está comigo?
Encontro com Chico e com o Bexiguinha
Acção Secundária
Narração de uma história de infância A descoberta de que era alguém na
imagem que o espelho lhe devolveu, a “aparição fulminante de mim a mim
próprio”.
ESTRUTURA
O narrador sente “espanto, fúria e terror” pela morte do Bailote. O Dr. Moura fica em silêncio, perturbado.
“Que fazemos nós na vida?”
Alberto Soares sente a necessidade de fazer a conferência para elucidar as pessoas, para elucidar as pessoas, para “revolucionar o mundo”.
Procura Chico por todo o lado até que resolve ir a casa dele.
Fala-se da conferência em que Alberto Soares se propõe falar de uma coisa nova.
Aparece Carolino: aluno de Alberto Soares, primo do Chico, moço bisonho, cara cravada de impigens, tratavam-no por Bexiguinha.
Alberto Soares fala e Carolino escuta-o entusiasmado.
Toca o telefone e interrompe as lucubrações do narrador sobre Nós e o Eu que nos habita. Chico não pode compreender, é um homem do cimento e dos alicerces.
Alberto Soares conta um episódio da sua infância, passado na casa da família, era ele pequeno. As memórias trazem-lhe a imagem do pai a falar-lhe sobre o Universo.
A criança descobre a sua imagem reflectida no espelho e julga tratar-se de um ladrão. Todos acham que ele possui uma grande imaginação e culpam a tia Dulce e as suas histórias de influenciar a criança sensível.
Chico não compreende nada, Carolino fica petrificado. Para Chico o importante e a “única verdade a conquistar é a de que todos os homens têm direito a comer”. Tudo o que Alberto Soares lhe conta é conversa da idade da pedra lascada.
Alberto Soares deseja um humanismo que seja “uma consciência, uma plenitude”
Carolino defende os princípios do seu mestre e mostra ter compreendido tudo, o que muito surpreende Alberto Soares.
7º CAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Continuação das lições a Sofia Há uma vida atrás da vida, uma irrealidade presente à realidade.
Aventura amorosa com Sofia “A descoberta de nós mesmos, a descoberta da gratuidade do milagre de sermos”
ESTRUTURA
Alfredo Cerqueira brinca com Alberto Soares ao vê-lo dar pão a um cão. O narrador percebe que toda a conversa do dia anterior fora comentada por Chico, no jantar em casa do Cerqueira. Para Sofia e Ana as palavras de Alberto Soares são esclarecedoras, mas Cerqueira não percebeu nada.
Cerqueira leva Alberto ao Liceu e diz-lhe que Ana quer falar com ele.
Importância do estado do tempo para o narrador: “a chuva tem para mim o abalo da revelação”.
Reflexões sobre o presente e o passado.
Alberto Soares vai dar lição a Sofia, num dia de muita chuva. Esta espera-o toda vestida de preto. Alberto Soares deixa-se seduzir pela imagem de Sofia e agarra-lhe as mãos.
Recomeça a lição mas Sofia não a deseja e revela a Alberto Soares ter já percebido a perturbação que lhe causa. Sofia beija-o e revela-lhe total compreensão sobre a conversa que este havia tido com o Chico.
Alberto Soares mergulha numa profunda intimidade com Sofia que lhe surge agora como “uma beleza demoníaca, uma criança assassina (...) a boca ávida e sangrenta. E um apelo de uma união trágica e blasfema subiu-me pelo corpo”.
Deram enfim a lição sobre o canto IV da Eneida.
8ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Depois da aventura amorosa, Alberto Soares deambula perturbado e reflecte sobre o vazio da sua vida.
ESTRUTURA
Alberto Soares sai de casa de Sofia muito perturbado
“Será pois vão tudo o que sonho?”
Surge-lhe a imagem de Sofia e o narrador sente vontade de a ver de novo.
Regresso a casa de Sofia. Esta esperava-o, sabia que ele voltaria
Madame Moura observa-o e pergunta-lhe “como vai a nossa estudante”. Recorda-lhe ainda a sua condição de professor e a distância entre ele e Sofia.
9ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Aulas diárias no Liceu “Fixar a vida em torno de uma ideia, de um sentimento, como é difícil”
Visita a casa de Alfredo Cerqueira.
Conversa com Ana.
Jantar com a família Cerqueira.
“Trago comigo a destruição dos mitos que inventaste, desses sofás em que instalaste o teu viver quotidiano” “Deus morreu. Deus não é a minha meta” “Interrogo-me porque a morte é um muro sem portas” “Essa é a base última de um verdadeiro humanismo: instalar o homem mesmo nos aposentos divinos”
Acção Secundária
Narração da situação religiosa da família
A descoberta de si próprio e a morte
Narração da história da sua vida: crente, de Deus.
perdeu a fé, fez-se político, abandonou a política, esteve desempregado, grau zero. Descobre que está vivo, nada mais.
Narração da história da sua vida: crente, de Deus.
perdeu a fé, fez-se político, abandonou a política, esteve desempregado, grau zero. Descobre que está vivo, nada mais.
ESTRUTURA
Instala-se o quotidiano, “e a vida recomeçou”, “o cão espera o osso”
Caminho para o Liceu: descrição dos “Aldrabões de Feira”- Pobre feira da ladra- (a vida)
Encontro com Cristina, no caminho. O narrador é informado de que Ana se encontra doente.
Visita a Ana.
Ana quer saber o que há entre Alfredo e Sofia.
Discutem-se as ideias de Alberto sobre religião. Ana discorda dele e acha que essas ideias podem mudar certas pessoas.
Alberto fala das relações da sua família com a religião:
- Pai- ateu
- Mãe- beata
- Evaristo- Blasfemava como um espanhol
- Tomás- não ia à missa mas não dizia mal dos padres.
- Alberto- Tornou-se ateu porque “o padre ia a nossa casa e arrotava. Depois soube que tinha filhos” Deixou de ir à missa e deixou de rezar. Não lhe aconteceu nada. Afinal Deus não existe”
Descrição do seu percurso a nível das ideias:
“Depois fui político”, mas essas ideias esbateram-se com o passar dos anos.
Atinge então o grau zero e descobre apenas que está vivo, que existia, que era ele.
As reflexões são interrompidas pelo gato preto. Ana serve-lhe um whisky.
Ana pretende retomar a conversa e chamar-lhe pantomineiro. Acha que ele finge tudo aquilo porque “Deus vive no seu sangue” Diz-lhe ainda que não pense que a sua conversa pode perturbar alguém e retoma a conversa sobre Sofia e os seus casos amorosos.
Alberto dispõe-se a partir mas Alfredo chega e retoma a conversa de banalidades. Fala-se na morte do Bailote. A família deste responsabiliza o Dr. Moura pela sua morte.
Alberto mal o ouve. Pensa em tudo o que Ana lhe disse e sente-se incomodado. Abstrai-se e pensa em Sofia, ela não é o que a irmã pensa (“Sofia é maior do que a tua vilania”)
Alfredo resolve mostrar a casa a Alberto, em especial a cama e o colchão.
Chega Chico. Alfredo vai também mostrar-lhe o colchão.
Alberto quer de novo partir. É convidado para jantar. Quando pretende recusar Ana chama-lhe cobarde pois percebe que perturba Alberto e que ele quer sair por causa disso.
Descrição do jantar: Alberto sente-se incomodado. A mesa é demasiado grande, a sala parece pouco acolhedora, a conversa desagrada-lhe. Ninguém o pode compreender.
Fala-se do “Comité de Salvação”, um grupo de amigos que se reune para “redimir o homem de hoje e preparar o homem de amanhã”.
Chico ridiculariza as ideias de Alberto: “È exactamente por isso que nos irrita que alguém nos venha ainda com notícias dos deuses e da água benta”.
Retoma-se a conversa. Alberto afirma-se materialista porque não pode atribuir as culpas aos deuses.
A conversa é interrompida por um telefonema de Cristina para saber o estado de saúde de Ana. Fala-se da presença de Alberto no jantar. Ana diz a Alberto que Sofia perguntou por ele.
Põe-se música. Alfredo cabeceia com o excesso de álcool. Chico pergunta a Alberto se já foi crente.
Alberto retoma a conversa, afirma que deixou de ser crente há sete anos mas Ana interrompe a conversa.
Chico mostra uma certa hostilidade em relação a Alberto e numa espécie de aviso diz-lhe: “Você é responsável por tudo quanto acontecer” e afasta-se.
Alberto vai sozinho para casa. É de noite, as ruas estão desertas, reina o silêncio.
Alberto encontra o pobre do Manuel Pateta como sempre já bêbado.
O narrador recorda com relutância que terá ainda que ir dormir à Pensão do sr. Machado, que este lhe fará mais um sermão. De novo mostra o desejo de ir morar para a Casa do Alto, sozinho, onde ninguém o poderá incomodar.
10ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Aulas diárias no Liceu “Mas eu sabia, eu, que luto há tanto tempo. Novo encontro com Carolino por reconduzir à dimensão humana tudo quanto traz ainda um rasto divino (...), eu,que sou materialista mas não só de um materialismo que se mede a metro, pesa na balança, eu, que sonho com o reinado integral do homem na terra da sua condenação e grandeza”.
ESTRUTURA
Alberto Soares mostra-se entusiasmado com a sua profissão, com os novos métodos que vai experimentando.
O Reitor resolve conversar com ele e avisa-o de que é preciso ter cuidado com a cidade e com o meio. Algumas dessas inovações de Alberto poderão ser mal interpretadas pelo meio.
Carolino resolve procurá-lo.
Alberto e Carolino vão dar um passeio pelo campo.
Carolino fala na destruição da linguagem.
Alberto Soares tenta compreendê-lo. Utiliza-se uma prolepse em que o narrador afirma: “Eu, porém, não queria envenenar-te, ao contrário do que depois de afirmou”.
Carolino fala do homem que se enforcou e expõe algumas ideias que parecem aterradoras:”já não há deuses para criarem e assim o homem (...) é que é deus porque pode matar”.
Alberto afirma que “a vida é um milagre fantástico”.
Carolino acha que pode compreender muito bem um assassino.
A conversa foi interrompida por um porco que lhe saltou no caminho.
Ambos observam a natureza que os rodeia, os vários animais, o rebanho que o cão guarda.
O cão aproxima-se deles. Agarram em pedras para se defenderem. Carolino atira uma pedra, erra a pontaria e mata uma galinha. Fica fascinado ao olhar para a galinha morta. Indícios de que Carolino tem uma personalidade perturbada.
11º CAPÍTULO
Acção Secundária/ Acontecimentos Reflexões
Férias na aldeia “O Natal não é de nunca porque nunca foi do presente”
Morte do cão Mondego
ESTRUTURA
Primeiro Natal depois da morte do pai. Quebra-se a tradição da família toda reunida. Alberto Soares afirma preferir ficar sozinho: “Para mim não faz diferença: estou eu e aquilo que me povoa”. António vai esperá-lo à estação e manifesta o desejo de lhe contar as novidades. Alberto não quer ouvir, quer apenas pensar.
Chegada a casa. Não se vê ninguém. A mãe está deitada. Encontra-se cansada e sem energia. Ele pensa que a mãe está doente.
Ao jantar a mãe pergunta-lhe as novidades mas parece pouco interessada e habituada já ao silêncio.
A casa está triste e silenciosa, Alberto recorda a infância e o cão Mondego. Recorda o desgosto que sentiu pela morte do cão- 1ª imagem da morte.
12ºCAPÍTULO
Acção Secundária/Acontecimentos Reflexões
Visita de Tomás Reflexões sobre a morte
Ceia de Natal “Estou só e sinto-me bem”
ESTRUTURA
Alberto Soares é acordado pelo sol e apercebe-se da rotina que o envolve.
Ao ouvir uma buzina espera reaver todo o quotidiano familiar, espera o som de outras vozes mas é apenas Tomás que chega.
Quebrou-se o hábito familiar. Tomás é agora o chefe da família, “fala paternalmente” com Alberto.
1ºNatal em que a família não se reune.
Fala-se das partilhas e do estranho estado em que a mãe se encontra.
Descrição da ceia de Natal, um momento triste e cheio de ausências em que Alberto Soares fica sozinho com a sua mãe, sob um imenso silêncio.
13ºCAPÍTULO
Acção Secundária/Acontecimentos Reflexão
Episódio das partilhas Reflexão sobre a tranquilidade do
seu irmão Tomás.
A aparição de nós a nós próprios.
ESTRUTURA
Tomás e Alberto levam a mãe à missa e ficam a conversar.
Alberto ouve os cânticos de Natal e considera-os “lavados na sua pureza de um início absoluto, inventados em inocência e em confiança perene”. Não sente saudades do passado mas sonha o sonho.
Os cânticos não significam nada mais que um ritual para os que estão dentro da igreja, esses limitam-se a cantá-los.
Crítica da mãe: “Nem no dia de Natal” os seus filhos assistiram à missa.
Tomás conversa com Alberto e descreve a sua tranquilidade de vida: “Eis-te nos teus domínios (...) como um belo patriarca”.
Almoço em casa dos sogros de Tomás.
Tomás e Alberto, duas realidades diferentes... Alberto considera Tomás um ser “adormecido nesta quietude da terra” que no fundo não sabe “que é mortal”. Tomás acha que Alberto deve ir à missa, que é a sua última tarefa. Alberto não compreende as reflexões que Tomás faz sobre os filhos mas ao vê-los reunidos no almoço compreende finalmente toda a filosofia de vida de Tomás. Ele era de um mundo diferente mas vivia tranquilo.
Chegada de Evaristo com a família.
Conversa sobre as partilhas. Alberto Soares fica incomodado com a conversa e deixa que Evaristo e Tomás resolvam tudo.
Desmembramento da família. Por causa das partilhas “Evaristo cortou relações connosco”.
14ºCAPÍTULO
Acção Principal/Acontecimentos Reflexões
Regresso a Évora e instalação na pensão “O espantoso milagre de estar vivo
Eborense e o incrível absurdo da morte”
Visita a Sofia sem sucesso “Uma vida é coisa séria: uma tese não se medita, fala-se, lê-se, discute-se”
Encontro com Alfredo, Ana e Sofia no café da praça.
ESTRUTURA
Prolepse: A minha história espera-me mais terrível do que nunca, disparando para o seu desfecho.
A pensão Machado fechou. O narrador instala-se na Eborense. Sugere-se apenas que o fecho da pensão se deve a motivos políticos mas a razão mantem-se desconhecida.
Alberto Soares manifesta o desejo de tirar a carta (ideia que lhe surgiu com o sorteio dos bens).
Sente saudades de Sofia e procura-a em casa mas Lucrécia informa-o de que ela não está.
Na Praça encontra Ana e Alfredo e dirigem-se ao café onde também irá ter Sofia. Alberto encontra a oportunidade tão esperada de a rever.
Ana pergunta a Alberto se durante as suas férias aprofundou as suas “teses”.
Alfredo interrompe a conversa com uma “grossera ofensiva”
Chegada de Sofia: “ E ela veio enfim...” mas disse apenas “olá” e anunciou que vinham também Chico e Carolino.
Alberto sente-se perturbado mas não o demonstra. Fica sem palavras: “tudo o que eu dissesse estava a mais”
Carolino está comprometido na presença de Alberto. Instala-se ao pé de Sofia. Alberto sente que há algo entre os dois: “Estais pois unidos secretamente...”
Alberto anuncia a sua mudança para a Casa do Alto. Ana compreende a sua necessidade de se isolar e poder meditar em sossego.
Alberto assume o facto de ter ido a casa do Dr. Moura apenas para procurar Sofia. Mas há algo que se relaciona com as lições de latim, de que ele ainda não sabe.
15ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Advertência de Alberto Soares pelo Reitor “Toda a mulher é um homem não realizado”
Alberto Soares procura descobrir que contou a sua aventura amorosa
Alberto Soares aluga a casa de S.Bento
Alberto Soares sai com Sofia
Alberto recebe de Sofia a revelação de que foi ela quem o denunciou ao Reitor.
ESTRUTURA
O Reitor manda chamar Alberto e fala-lhe nas lições particulares a Sofia.
“Temos inimigos, todos temos inimigos” (...) “todos temos inimigos, era preciso cuidado com os inimigos”
Alberto vai a casa de Sofia e Lucrécia diz-lhe que Sofia está a dar lição. Alberto fala com Madame e esta diz-lhe que Bexiguinha está a ajudar Sofia.
A conversa é interrompida pela música de Sofia.
A vida de aulas recomeça. O narrador reflecte sobre a vida da cidade. “ò cidade estranha, cidade velha (...) cidade milenária”
Alberto muda de casa e recebe um bilhete de Sofia a pedir-lhe que se encontre com ela no Museu.
O pretexto para o encontro foi um convite para almoçar de Alfredo. O convite é para ir à Sobreira.
Sofia resolve sair do Museu com Alberto e vão passear de carro até um descampado.
Sofia seduz Alberto e diz-lhe que afinal veio ter com ele para lhe explicar o que se passara nas férias.
Explica-se a relação entre Sofia e Bexiguinha. Este é visto como o duplo.
Sofia afirma ter denunciado Alberto.
16ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos
Visita à quinta da Sobreira
ESTRUTURA
Alberto chega tarde mas todos mostraram interesse pela sua demora.
Alfredo mostra-se de novo um homem terra-a-terra e tenta falar de porcos.
Alberto fala no silêncio que deseja ter na nova casa.
Chico mostra um certo desdem por Alberto e informa-o de que já não se poderão realizar as conferências.
Alberto estranha a ausência de Cristina e é informado de que ela não veio por estar doente.
Alberto fala com Carolino sobre a sua desistência do Liceu mas o Carolino mostra-se irritado.
Fica em aberto o Carnaval no Redondo.
17ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Instalação na casa do Alto “Só se é homem assumindo tudo o que fale
em nós.”
“O que me excita a escrever é o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo
pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu”.
“Sou. Jacto de mim próprio, intimidade comigo, eu, pessoa que é em mim,
absurda necessidade de ser, intensidade absoluta no limiar da minha aparição em mim”.
ESTRUTURA
Descrição da Casa do Alto.
Reflexões de Alberto: “ A massa de amigos com que fui fraternizando através da vida despreza-me com náuseas”.
“Só se é homem assumindo tudo o que fale de nós”
Alberto arruma a casa e revê o album da tia Dulce. Lembra-se que todos aqueles já morreram. Apesar do seu cansaço todos se mantêm vivos na sua memória: “Mas agora ainda estais vivos, ainda alguém, eu, aqui, silencioso nesta casa solitária, vos liga à vida que freme para lá destes muros na Primavera anunciada(...)”
O narrador lembra uma visita que Sofia lhe fez. Escreve há distância de alguns anos: “Minha mulher dorme”.
18ºCAPÍTULO
Acção Principal/Acontecimentos
Ida ao Carnaval ao Redondo
Desastre com o jeep de Alfredo
Morte de Cristina
ESTRUTURA
Alberto pergunta a Cristina se quer viajar com ele mas ela prefere ir com Alfredo.
Sofia e a mãe viajam com Alberto
Cristina está feliz no seu fato de holandesa, atira serpentinas e enfeita os carros.
Bexiguinha espera-os no Redondo.
Descrição dos mascarados.
Lanche em casa do Bexiguinha.
Regresso a Évora. “Alfredo comeu e bebeu alegremente. Tem a face rubicunda do prazer carnudo”.
Alberto apercebe-se de que Chico e Alfredo estão na estrada, cheios de sangue, devido ao desastre. Cristina respira ainda. Ana, em silêncio, agarra a irmã e leva-a ao colo, no carro de Alberto, para o hospital. O caminho parece demasiado longo, não tem fim. Chegam ao hospital. Não se encontra o Dr. Moura.
Alberto procura o Dr. Moura na Igreja: “Moura desagravava o Senhor dos pecados de Carnaval”
Alberto vai ao pé de Cristina e assiste à sua morte. Cristina mexe os dedos, como se tocasse uma “música do fim, a alegria subtil desde o fundo da noite, desde o silêncio da morte”.
19ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Visita de Carolino ao Dr. Alberto e tentativa “Não procures a noite por não suportares
de assassinato. o dia. Leva para o sol a tua aparição e serás um homem”
ESTRUTURA
Alberto tenta falar com Ana, com o Dr. Moura, mas não encontra ninguém.
Numa noite de forte chuva Carolino visita Alberto na Casa do Alto. Mostra-se enlouquecido e enraivecido.
Alberto não mostra medo de Carolino e revela firmeza no seu comportamento. No fundo acha que o rapaz enlouqueceu.
Carolino afirma: “Eu não tenho medo. De nada. Mesmo da morte, o senhor tem medo da morte, a morte é a gente antes de ter nascido...” Aponta então uma navalha a Alberto Soares. Este revela um comportamento surpreendente. Sente-se cheio de uma força brutal “e na raiva que se apossara de mim, esbofeteei o rapaz até me estafar. Mas eu sentia obscuramente que apenas me esbofeteava a mim”.
Prolepse: “Porque sei agora que o teu crime não era contra mim, não seria contra ela. O teu crime era contra a vida, contra o absurdo que te assolou”.
Carolino parte finalmente.
20º CAPÍTULO
Acção principal/Acontecimentos Reflexões
Alberto é convidado pelo Reitor a deixar “Terei pois, como destino, esta agitação constante, Évora por causa do escândalo que corre esta sufocação de nada?”
pela cidade.
Encontro casual com Ana.
ESTRUTURA
O narrador acha que deveria ter contado a alguém o que se passara com carolino, mas não o faz.
Alberto continua a procurar alguém mas não encontra.
Conversa com o Reitor. Este quer saber se Alberto sai ou não de Évora porque “os ditos chegam sempre, a gente não quer ouvir, mas ouve, não tem outro remédio (...) a gente julga que está procedendo bem, mas é preciso sabermos com quem falamos”.
Alberto encontra Alfredo. Este mostra-se simpático e dá a Alberto notícias da família. Mostra conhecer ou saber o que se passara entre Alberto e Carolino. Fala do sofrimento de Ana e do seu desejo de estar só. Ana sofria “de uma crise”. Sofia partira para Lisboa para uma casa de freiras.
Alberto entra na Sé devido à forte chuva que se faz sentir e encontra Ana. Esta diz precisar daquele silêncio. Lembra o local onde estivera a urna de Cristina e começa a falar, transfigurada, da morte. Percebe que em Cristina havia várias personalidades: a que morreu vestida de holandesa, a que tocava; revela necessidade de estar ali, naquela igreja, porque ali é o lugar “que tem uns restos do que é importante”, é “um lugar onde se ouve bem”.
A chuva pára e saem ambos da Igreja. Alberto acompanha Ana até ao largo.
21ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Alberto é visitado por Chico que o responsabiliza “Duas verdades vividas não podem estabelecer um diálogo”
pelas suas ideias perversas.
ESTRUTURA
Chico visita Alberto, num Domingo de manhã. Estava violento em palavras e atitudes: “ bateu à porta com violência, a violência categórica de quem vem por ordem da justiça”. Quer saber se Alberto se vai embora de Évora.
Alberto fica incomodado por achar que ele não tem nada a ver com isso. Tenta, no entanto, falar com ele com calma.
22ºCAPÍTULO
Acção Pincipal/ Acontecimentos Reflexões
Partida para férias e estadia na aldeia um ou dois dias “Quue maldição pesa sobre a assunção do
nosso destino? Sobre o nosso confronto connosco mesmos? Sobre a evidência da nossa condição?”
ESTRUTURA
Alberto vai viajar pelo país: Lisboa, Sintra, Praia da Areia Branca, Leiria, Figueira, Aveiro, Porto, Vila Praia de Âncora, Amarante, Vila Real. “Desço enfim à minha aldeia”- o tempo mudou. É Primavera, o mês de Abril. A mãe vive a sua solidão: “Somos a mesma carne, o mesmo calor de sangue, dizem-me que me pareço contigo, no olhar ao menos: estamos sós e definitivos aqui à face um do outro”.
Alberto não vê os irmãos e passa pouco tempo na aldeia.
23ºCAPÍTULO
Alberto não vê os irmãos e passa pouco tempo na aldeia.
23ºCAPÍTULO
Acção Principal/Acontecimentos
Regresso a Évora, ao Liceu.
Visita à Quinta da Bouça
Encontro com Sofia
Alberto fala dos mistérios do Universo
ESTRUTURA
Mês de Maio, “O Verão chegou à cidade”. Alberto continua a não ver ninguém. De vez em quando cruza-se com o Dr. Moura que “finge não o ver” ou o sauda discretamente”.
Encontro com Alfredo que lhe dá notícias dos outros e o convida a ir a sua casa.
Alfredo convida Alberto para ir à herdade e dá-lhe notícias de Sofia. Informa-o de que Sofia tentou de novo o suicídio. O Dr. Moura parece preocupado com o futuro de Sofia.
Alberto quer saber notícias de Ana mas Alfredo repete-lhe o convite para ir à herdade.
Num dia de grande calor Alberto vai à Quinta da Bouça, depois de ter dado uma manhã de aulas. Passa no local onde Cristina morreu.
Passa também pelos ceifeiros e perturba-se: “diante de mim, em fila, como em marcha de penitência, homens e mulheres, cosidos com a terra, ceifam uma seara”: “agora sois só os escravos da maldição- maldição dos homens que se enojam de ter as vossas tripas, os vossos ossos.
Alberto vê Ana a ler com duas crianças junto dela e surpreende-se. Percebe que são filhos do Bailote, os dois mais novos. Ana está absorvida com as crianças e com o livro, Alfredo diz que ela é feliz.
Ana fala com Alberto sobre as crianças: “É extraordinário como no corpo destes pequenos há uma pessoa viva, um todo independente, como uma consciência brutal da sua individualidade”.
Sofia aparece e fala com normalidade dos seus projectos, do exame que vai fazer, da sua vida.
Jantam ao ar livre e Alberto continua a observar os ceifeiros.
Alfredo propõe a Alberto que no seu regresso leve consigo Sofia.
Sofia conversa e diz “sou corajosa e não tenho ilusões”. Depois pede-lhe para parar no local onde Cristina morreu e canta. Pede a Alberto para a levar a sua casa.
Alberto e Sofia passam a noite juntos, ficam a ver as estrelas e o universo. Sofia canta de novo mas Alberto sente-se perturbado.
Sofia visita algumas vezes Alberto e subitamente desaparece.
24ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acção Principal Reflexões
Ana torna-se fanática
Notícia da “suposta morte de Chico” “Mas eu queria soluções para toda a vida, eu queria uma certeza assumida, assimilada, para a ameaça de morte”.
“Toda a ambição do narrador tinha sido trazer para a condição do homem, uma condição de Deus”.
ESTRUTURA
Alguém informa Alberto de que Chico morreu mas de facto ele está apenas doente.
Alberto visita Chico e encontra Ana e Alfredo. Chico está perturbado: “Um doente é um ser em decadência”.
Alberto pensa na vida e lembra-se de Florbela Espanca: “para lá do muro gradeado do jardim, Florbela continuava a sua meditação.
25ºCAPÍTULO
Acção Principal/ Acontecimentos Reflexões
Alberto Soares recebe no Liceu um telefonema ameaçador: “O que enfrenta o meu cansaço, o “Só você é responsável. Só Você” que afoga a minha interrogação é esta fácil desautorização da morte”
ESTRUTURA
Noite de S. João, “noite cálida de bruxas e de sonhos”. Festa na praça, noite de feira no Rossio.
Alberto cruza-se com Ana. Esta pergunta-lhe por Sofia. A última vez que Alberto vira Sofia esta estava com Carolino, “num banco secreto do jardim”.
Alberto continua a observar a confusão dos palhaços e dos trapezistas e cruza-se de novo com Ana e Alfredo. Este diz-lhe que se vir Sofia a informe que estão todos no café Luso.
Alberto recorda um telefonema ameaçador que recebeu no Liceu.
Á distância da escrita o narrador afirma: “para que insistir na minha inquietação (...) como quem quer retardar um efeito teatral? Na realidade, no dia seguinte (...) Sofia apareceu num caminho (...) assassinada a punhal”.
C0NCLUSÃO
Alberto, o narrador dá-nos conta da sua partida para Faro.
Chico considera Alberto responsável pela morte de Sofia, tal como já havia afirmado.
Alberto sente-se responsável e assume essa responsabilidade: “ Se algum crime houve em mim foi só o ter nascido”.
Tal como à chegada a Évora, na partida, é Manuel Pateta quem o ajuda a carregar as malas.
O Reitor dispensa Alberto do serviço de exames.
Última noite na Casa do Alto. Alberto surpreende-se com a magia da “queimada”, o incêndio do restolho para a renovação da terra. Imagina toda a cidade a arder. Sente emoção: “Cidade , minha cidade...” A noite avança, a minha cidade arde sempre”. “Acaso será possível construir uma cidade como a imagino, a Cidade do Homem?”
O homem deve construir o seu reino e achar o seu lugar na verdade da vida.
Alberto relembra sempre a música de Cristina.
Alberto “compreende” a loucura de Bexiguinha.
O narrador, à distância de alguns anos casou, adoeceu e retirou-se do ensino.
Na solidão da noite, ao luar, o homem sonha...