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segunda-feira, 21 de maio de 2007

Campos em F. Pessoa

Álvaro De Campos

Personagem nervosa e emotiva, é apresentado quase como um anti-intelectual. De todos os heterónimos é o que mais evolui. Começa por ser decadentista e acaba por ser um moderno cantor dos instintos ferozes e do grande movimento de sociedades industrializadas. Por fim decai no tédio numa vida que se arrasta sem sentido. Campos reflecte duma forma imediatista as sensações do dia-a-dia, de forma enervada e negligente.
Embora opte pela modernidade é um romântico por natureza , segundo ele “toda a emoção verdadeira é mentira na inteligência pois se não dá nela. Toda a emoção verdadeira tem portanto uma expressão falsa. Exprimir-se é então dizer-se o que se não sente”. Assim será possível entender a Ode Triunfal porque ao exprimir o desejo de ser “triturado ou esmagado” pela civilização sabemos que não é esse o seu desejo ao nivel do sentimento e compreendemos então que a civilização construída pela inteligência do homem so poderá conduzi-lo ao tédio e à frustação pois foi essa inteligência que acabou por “matar” o homem na sua essência e que o transformou numa peça dessa engrenagem maldita. Se um “motor” pode ser mais belo que a vitória de Samotrácia é porque chegámos a uma civilização em que a racionalização e a inteligência acabam por aniquilar o sentido da vida e todos os nossos sentimentos. Por isso Caeiro é o Mestre porque escolheu a vida em plena natureza em que o homem pode sentir e ser livre.


Sentir tudo de todas as maneiras é olhar para a vida e tentar tudo o que é novo. Viajar, conhecer outros países e outras sensações nem que seja através do ópio é o mesmo que desejar ser máquina, engrenagem e deixar que o próprio corpo funcione com a velocidade de tudo o que é artificial.
A única coisa que interessa são as sensações fortes mas ficará sempre uma eterna solidão e o poeta será como um livro abandonado que perdeu a sua utilidade embora possua uma imensa sabedoria.