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terça-feira, 12 de junho de 2007

Vergílio Ferreira- Bibliografia Breve









1916 - Vergílio Ferreira nasce em Melo, concelho de Gouveia, na Serra da Estrela.
1926 - Entra para o Seminário do Fundão.
1932 - Estuda no Liceu da Guarda onde conclui o curso liceal.
1936 - Vai para Coimbra, como aluno da Faculdade de Letras. Escreve as primeiras poesias. 1940 - Licencia-se em Filologia Clássica.
1942 - Lecciona no liceu de Faro.
1943 - Publica O Caminho Fica Longe , romance.
1944 - Lecciona no liceu de Bragança.
1945 - Ingressa no Liceu de Évora, onde leccionará durante 14 anos.
1946 - Casa com Regina Kasprzykowsky. Publica Vagão «J», romance.
1949 - Publica Mudança , romance.
1953 - Publica A Face Sangrenta , colectânea de contos e Manhã Submersa, romance.
1959 - Ingressa no Liceu Camões, em Lisboa. Publica Aparição , romance galardoado no ano seguinte com o «Prémio Camilo Castelo-Branco», da Sociedade Portuguesa de Escritores. Publica Cântico Final , romance.
1965 - Publica Alegria Breve , romance galardoado com o «Prémio da Casa da Imprensa».
1971 - Publica Nítido Nulo , romance.
1976 - Publica os Contos.
1979 - Publica Signo Sinal , romance.
1980 - Lauro António realiza a longa--metragem Manhã Submersa , onde Vergílio Ferreira desempenha o papel de Reitor.
1981 - Jubila-se de professor do ensino secundário.

1983 - Recebe os Prémios do Pen Club, daAssociação Internacional dos Críticos Literários, do Município de Lisboa e o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus. Publica Para Sempre , romance.
1984 - É eleito sócio da Academia Brasileira de Letras.
1986 - É homenageado em Gouveia, seu concelho natal. É dado o seu nome à Biblioteca Municipal.
1987 - Publica Até ao Fim, romance.
1988 - Recebe o «Grande Prémio do Romance e da Novela» da Associação Portuguesa de Escritores pelo romance Até ao Fim .
1990 - Recebe o prémio «Fémina» com «Matin Perdu», tradução francesa de Manhã Submersa. Publica Em Nome da Terra , romance.
1991 - Recebe, em Bruxelas, o «Prémio Europália» pelo conjunto da sua obra literária.
1992 - É eleito para a Academia das Ciências de Lisboa. Recebe o «Prémio Camões».
1993 - Realização do «Colóquio sobre Vergílio Ferreira», em homenagem aos seus 50 anos de actividade literária, na Faculdade de Letras do Porto. Torna-se Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
1995 - 10 de Setembro - Inaugura a Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira em Gouveia, à qual doa a sua biblioteca particular.
1996 - 1 de Março - Morre em Lisboa. Está sepultado em Melo «virado para a Serra», como foi seu desejo. É editada a obra inacabada Cartas a Sandra.



Uma voz canta não sei onde.
Ergue-se sobre o silêncio da terra.
[…] É a voz da escuridão e das raízes.

Para Sempre
Uma aldeia perdida num recanto de montanha – a Serra da Estrela.


É uma paisagem familiar, que Vergílio Ferreira conheceu na sua infância e a ela constantemente regressa, descrevendo-a nos seus livros. A casa de família, onde escreveu algumas das sua obras. A paz da aldeia natal, no seu ritmo sereno. A coragem e resignação das suas gentes, os seus cantos de trabalho, as suas preces, as suas festas e tradições. E a montanha, o seu silêncio e solidão, o seu encantamento e mistério. Imensa massa de duro granito, ora coberta de neve, ora vestida de verde, ora estalando ao sol. Recortada contra o azul intenso de um céu de Verão ou emersa nos nevoeiros de Inverno. Topo do mundo, de onde se abarcam horizontes sem fim. Repleta de cores e cheiros da urze, das giestas e pinhais. Percorrida pelo balido das ovelhas, o marulhar das águas livres das ribeiras, o rugido do vento, o som imperceptível da neve a cair... Foi esse o ambiente que formou a sensibilidade do Escritor, a sua forma de viver e sentir, a sua maneira de estar no mundo. É esse o ambiente que tentamos desvendar, e convidamos a descobrir, na presente exposição.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Vida e obra de Virgílio Ferreira

Escritor português, natural de Melo, Gouveia. Passou a maior parte da sua infância com as tias maternas, devido à emigração dos pais para os Estados Unidos. Aos dez anos de idade ingressou no seminário do Fundão, que abandonou em 1932, tempo cuja má recordação, segundo o próprio, só se desfez após a escrita catártica de Manhã Submersa (1954). Depois de deixar o seminário, acabou o curso liceal no Liceu da Guarda e entrou, em 1936, para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se formou em Filologia Clássica, em 1940. Dedicou-se inicialmente (durante a adolescência e o período de formação em Coimbra) à poesia, que, embora nunca tenha publicado, nunca o abandonou, como o prova o lirismo da sua prosa. Em 1939 escreveu o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe, que publicou quatro anos mais tarde. Depois de ter concluído o estágio no Liceu D. João III, em Coimbra, leccionou, até 1981, em diversos liceus do país: Faro (1942); Bragança (1944); Évora (1945-59), que deixou profundas marcas em vários romances, nomeadamente em Aparição (1959); Lisboa, no liceu Luís de Camões (a partir de 1959).

Inicialmente ligado ao neo-realismo, acabou por se desligar deste movimento literário, evoluindo a sua obra no sentido de uma temática existencialista e de um humanismo trágico. A sua obra é atravessada por uma constante reflexão sobre a condição humana, um constante registo das grandes interrogações do homem, da procura de sentido para as razões essenciais da vida e da morte. Esta orientação foi seguida a partir do romance Mudança (1950), ficando definitivamente associada às obras seguintes do escritor.

A par desta interrogação filosófica sobre o destino do homem, os textos de Vergílio Ferreira, nomeadamente os ensaios, traduzem também uma reflexão sobre os problemas da arte e da civilização europeias. No entanto, na sua obra, os aspectos ensaísticos estão também frequentemente implicados nos romances. Considerado um dos grandes escritores portugueses do século XX, Vergílio Ferreira manteve-se à margem de polémicas estritamente políticas e de grupos literários, o que lhe valeu algumas críticas por parte de outros nomes do mundo cultural português.

Vergílio Ferreira publicou as obras de ficção, O Caminho Fica Longe (1943), Onde Tudo Foi Morrendo (1944), Vagão J (1946), Mudança (1950), A Face Sangrenta (1953), Manhã Submersa (1954, obra adaptada ao cinema por Lauro António), Aparição (1959, Prémio Camilo Castelo Branco), Cântico Final (1960), Estrela Polar (1962), Apelo da Noite (1963), Alegria Breve (1965, Prémio da Casa da Imprensa), Nítido Nulo (1971), Apenas Homens (1972), Rápida A Sombra (1975), Contos (1979), Para Sempre (1983), Uma Esplanada Sobre o Mar (1986), Até ao Fim (1987, Grande Prémio de Novela e Romance da Associação Portuguesa de Escritores), Em Nome da Terra (1990), Na Tua Face (1993, Grande Prémio de Novela e Romance da APE) e, já após a sua morte, Cartas a Sandra (1996). É também autor dos ensaios Terá Camões Lido Platão? (1942), Sobre o Humorismo de Eça de Queirós (1943), Do Mundo Original (1957), Carta ao Futuro (1958), Da Fenomenologia a Sartre (1962), André Malraux: Interrogação ao Destino (1963), Espaço do Invisível 1 (1965), Invocação ao Meu Corpo (1969), Espaço do Invisível 2 (1976), Espaço do Invisível 3 (1977), Um Escritor Apresenta-se (1981), Espaço do Invisível 4 (1987), Arte Tempo (1988) e dos diários Conta-Corrente I (1980), Conta-Corrente II ( 1981), Conta-Corrente III (1983), Conta-Corrente IV (1986), Conta-Corrente V (1987), Pensar (1992), Conta-Corrente Nova Série 1 (1993), Conta-Corrente Nova Série 2 (1993), Conta-Corrente Nova Série 3 (1994), Conta-Corrente Nova Série 4 (1994).

Foram-lhe atribuídos, entre outros, o Prémio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários (1985, pelo conjunto da sua obra), o Prémio Femina (1990), o Prémio Europália (1991) e o Prémio Camões (1992).

Várias obras suas foram adaptadas ao cinema: além de Manhã Submersa, já mencionada, Cântico Final, e os contos O Encontro, A Estrela e Mãe Genoveva. Algumas das suas obras encontram-se traduzidas em várias línguas.