os autores, o estilo, as obras, a matéria de Português para exames.... blocos de notas para alunos...
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Curiosidades - Padre António Vieira
Titulos para entrar no céu
V. a nota do trecho A tristeza-Definições e allegorias
Sermões, 5.º vol. 1855.
Lá no céu não se pergunta se veem dos godos,
oomo em Hespanha; ou dos Horbões, como em França;
oudos austriacos, como em Allemanha; mas se veem
ou não veem da grande tribulação. Se não veem da
grande tribulação, ainda que sejam reis ou imperado-
res, não lhes abre S. Pedro as portas do céu; mas se
veem da grande tribulação, ainda que sejam vís, ainda
que sejam escravos, ainda que sejam os mais pobres
miseraveis do mundo, ainda que se lhes não saiba
o appellido, nem o nome, todos teem as portas e en-
tradas do céu francas e abertas, porque assim o diz
a lei universal, que a todos comprehende e a ninguem
exceptua: Per multas tribulationes oportet nos intrare
in regnum Dei.
Trechos Selectos
do
Padre Antonio VieiraPublicação commemorativa do bi-centenario da sua morte
Lisboa
Typographia Minerva Central1897
domingo, 23 de setembro de 2012
Questões a que deves conseguir responder depois de ler o Frei Luís de Sousa
1ºACTO
Cena 1
Cena 1
- O monólogo pode dividir-se em duas partes correspondendo cada uma a dois elementos duma comparação entre Inês de Castro e Madalena.
1.2. Onde termina, na fala de Madalena, a 1ª parte?
1.3. Que palavra marca a oposição entre os dois elementos comparados?
2. Madalena está só. mas em espírito tem presentes duas pessoas.
2.1. A quem se refere quando diz "que o não saiba ele ao menos"?
Sabes tudo sobre os Maias? Consegues responder?
1. A primeira edição d'Os Maias sai em:
2. Uma destas obras não foi escrita por Eça de Queirós.
A cidade e As Serras
Memorial do Convento
O Crime do Padre Amaro
O Primo Basílio
3. Eça de Queirós pertenceu à chamada "Geração de 70".
Verdadeiro
Falso
4. Em 1871, ao participar no ciclo das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, Eça repudia abertamente a ideia da arte pela arte.
Verdadeiro
Falso
5. A acção d' Os Maias passa-se em Lisboa, na segunda metade dos séc. XX.
Verdadeiro
Falso
6. O romance termina com o regresso de Carlos a Lisboa, passados 10 anos, e o seu reencontro com Portugal e com Ega, que lhe diz: - "falhamos a vida, menino!".
Verdadeiro
Falso
7. Vários são os episódios utilizados pelo autor para mostrar a vida da alta sociedade lisboeta. Destaca os mais importantes:
Jantar do Hotel Central
Nascimento de Pedro
Corrida de Cavalos
Jantar dos Gouvarinho
8. A mensagem que o autor pretende deixar com esta obra, tem uma intenção iminentemente É através do paralelo entre duas personagens - Pedro e Carlos da Maia, que Eça concretiza a sua intenção.
9. O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. No primeiro capítulo a está seca porque o tempo da acção d' Os Maias ainda não começou. No último capítulo, o fio de água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que passa.
10. As personagens intervenientes na acção d' Os Maias são cerca de 60. Cingimo-nos portanto, às personagens principais. Indica qual é a personagem que não é central no romance.
Afonso da Maia
Ega
Carlos da Maia
Pedro da Maia
11. As personagens tipo são: João da Ega; Alencar; Conde de Gouvarinho; Condessa de Gouvarinho; Craft; Cruges; Dâmaso Salcede; Eusebiozinho e Sr Guimarães.
12. A acção principal d' Os Maias, desenvolve-se segundo os moldes da clássica - peripécia, reconhecimento e catástrofe. A peripécia verificou-se com o encontro casual de Maria Eduarda com Guimarães;
13. Indica os três tipos de espaço em Os Maias.
14. O espaço social comporta os ambientes (jantares, chás, soirés, bailes, espectáculos), onde actuam as personagens que o narrador julgou melhor representarem a sociedade por ele criticada - as classes dirigentes, a alta e a burguesia. Destac
15. Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional não só, pela originalidade do tema mas também, pela destreza e mestria com que o autor conta o romance. De facto, tanto a crítica social, como a intriga são valorizadas.
16. Realismo é uma reacção contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do . O Realismo é anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos para condenar o que houver de mau na nossa sociedade».
17. Este romance não apresenta um seguimento temporal linear, mas, pelo contrário, uma estrutura complexa na qual se integram vários "tipos" de tempos: tempo , tempo do discurso e tempo psicológico.
18. O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume ; é o tempo filtrado pelas suas vivências subjectivas, muitas vezes carregado de densidade dramática.
19. Em síntese, a obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de gerações, centrando-se depois na última geração e dando relevo aos amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda.
20. é o espaço privilegiado do romance, onde decorre praticamente toda a vida de Carlos ao longo da acção. O carácter central de Lisboa deve-se ao facto de esta cidade, concentrar, dirigir e simbolizar toda a vida do país.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Ficha sobre Conhecimento explícito da Língua - 12º ano
Ficha de escolha
múltipla com a correção no final
“(…) se o
Guadiana foi já cenário [de] (…) disputas bélicas, também foi testemunha de
uniões bucólicas entre Portugal e Espanha. Sempre que os dois reinos decidiam
algum desposório régio, certo e sabido que o ponto de encontro era na fronteira,
perto da confluência entre o rio Caia e o Guadiana. Por regra, as comitivas de
entrega e receção encontravam-se à beira deste rio e a infanta, espanhola ou
portuguesa, ficava então em posse do nobre que a levaria. O seu protocolo foi
alterado no início de 1728, quando os dois países se quiseram unir em duplos
laços matrimoniais, num evento que ficou conhecido pela “troca das princesas”.
Com efeito, em vez de se enviar a infanta portuguesa para Madrid, de modo a
casar com o futuro rei espanhol Fernando VI, e receber em Lisboa a princesa
castelhana para desposar o futuro rei D. José, fez-se o casório em Caia, com o
Guadiana e numerosa comitiva a assistir. E com pompa e circunstância
— além de muito
dinheiro gasto. De facto, para se celebrar os casamentos, fizeram-se dois
palácios em madeira, em ambas as margens, concebidos pelos mais distintos
arquitetos de cada país. No caso de Portugal, foram incumbidos desta tarefa o
bávaro João Frederico Ludovice, arquiteto do convento de Mafra, e pelo romano
António Canevari, o primeiro diretor das obras do aqueduto das Águas Livres, na
região de Lisboa. Haveriam de se desentender e foram substituídos por um
engenheiro militar português.”
In
Visão, Suplemento “Guia dos rios e
barragens”, nº1
1.
As palavras “desposório”, “matrimoniais” e
“casamento” são palavras
a.
derivadas por
parassíntese.
b.
derivadas por
prefixação.
c.
derivadas por
sufixação.
d.
derivadas por
prefixação e sufixação.
2.
Na palavra “arquiteto”, o elemento inicial tem o
significado de
a.
antigo.
b.
chefia.
c.
em volta
de.
d.
excesso.
3.
Qual das palavras que se seguem não é
derivada?
a.
desentender.
b.
engenheiro.
c.
comitiva.
d.
casório.
4.
No enunciado “O seu protocolo foi alterado no início de
1728, quando os dois países se quiseram unir em duplos laços matrimoniais, num
evento que ficou conhecido pela “troca das princesas”.” “que” é
a.
um pronome
relativo.
b.
uma conjunção
subordinativa causal.
c.
um pronome
interrogativo.
d.
uma conjunção
subordinativa consecutiva.
5.
No que concerne ao excerto “No caso de Portugal, foram incumbidos desta
tarefa o bávaro João Frederico Ludovice, arquiteto do convento de Mafra, e pelo
romano António Canevari”, assinala a frase que está correta:
a.
Esta frase
encontra-se na voz ativa.
b.
A frase contém um
modificador apositivo.
c.
A palavra
“bávaro” significa “relativo à Bavária”.
d.
Neste enunciado
existe uma contração.
6.
Em
“ficava então em posse do nobre que a
levaria”, as palavras são, respetivamente:
a.
verbo-conjunção-conjunção-verbo-preposição-adjetivo-conjunção-determinante-verbo
b.
verbo-advérbio-preposição-nome-preposição-adjetivo-pronome-pronome-verbo
c.
verbo-conjunção-preposição-nome-
preposição-nome-pronome-pronome-verbo
d.
verbo-advérbio.-preposição-nome-preposição-nome-pronome-pronome-verbo
7.
Em “O
seu protocolo foi alterado no início
de 1728”, o complexo verbal destacado é constituído por:
a.
verbo auxiliar da
passiva + verbo principal.
b.
verbo auxiliar
temporal + verbo principal.
c.
verbo auxiliar
aspetual + verbo principal.
d.
verbo auxiliar
dos tempos compostos + verbo principal.
8.
Em “Haveriam de se desentender”, a palavra
“se” é
a.
uma conjunção
subordinativa condicional.
b.
uma conjunção
subordinativa completiva.
c.
um pronome
pessoal reflexo.
d.
um pronome
pessoal recíproco.
9.
Em “se o Guadiana foi já cenário [de] (…)
disputas bélicas”, a palavra “se” é
a.
uma conjunção
subordinativa condicional.
b.
uma conjunção
subordinativa completiva.
c.
um pronome
pessoal reflexo.
d.
um pronome
pessoal recíproco.
10.
Em “fez-se o casório em Caia”, a palavra “se” tem um valor
a.
inerente.
b.
passivo.
c.
recíproco.
d.
impessoal.
11.
Atenta na frase
“De facto, para se celebrar os
casamentos, fizeram-se dois palácios em madeira, em ambas as margens,
concebidos pelos mais distintos arquitetos de cada país.”. A oração
sublinhada é
a.
a oração
subordinante.
b.
subordinada
adverbial concessiva.
c.
subordinada
adjetiva restritiva.
d.
subordinada
adverbial final.
12.
De entre os
enunciados que se seguem, assinala a alínea onde encontras uma oração
subordinada adverbial final.
a.
“Sempre que os dois reinos decidiam algum
desposório régio, certo e sabido que o porto o ponto de encontro era na
fronteira, perto da confluência entre o rio Caia e o Guadiana.”
b.
“Por regra, as
comitivas de entrega e receção encontravam-se à beira deste rio e a infanta,
espanhola ou portuguesa, ficava então em posse do nobre que a
levaria.”
c.
“Com efeito, em
vez de se enviar a infanta portuguesa para Madrid, de modo a casar com o futuro
rei espanhol Fernando VI, e receber em Lisboa a princesa”
d.
“E com pompa e
circunstância — além de muito
dinheiro gasto.”
13.
Na frase “Por regra, as comitivas de entrega e
receção encontravam-se à beira deste rio e a infanta, espanhola ou portuguesa,
ficava então em posse do nobre que a levaria.”, a oração destacada é
a.
subordinada
adverbial concessiva.
b.
subordinada
adjetiva restritiva.
c.
subordinada
substantiva completiva.
d.
subordinada
substantiva relativa sem antecedente.
14.
Na mesma frase,
temos três sujeitos. Assinala a opção certa.
a.
O primeiro é
composto e os outros simples.
b.
Todos são
sujeitos simples..
c.
O primeiro é nulo
subentendido, o segundo é nulo indeterminado e o último composto.
d.
O primeiro é
composto, o segundo é nulo expletivo e o terceiro é simples.
15.
Em “Sempre que os
dois reinos decidiam algum desposório régio, certo e sabido que o ponto de
encontro era na fronteira”, a oração destacada é
a.
subordinada
substantiva completiva.
b.
subordinada
substantiva relativa sem antecedente.
c.
subordinada
adjetiva relativa restritiva.
d.
subordinada
adjetiva relativa explicativa.
16. “de modo a casar
com o futuro rei espanhol” - o verbo “casar”
pede
a.
um complemento
direto.
b.
um complemento
oblíquo.
c.
um complemento do
nome.
d.
um modificador do
grupo verbal.
17.
Qual é a função
sintática exercida pelo grupo de palavras sublinhadas em “Haveriam de se desentender e foram
substituídos por um engenheiro militar português.”?
a.
Complemento
direto.
b.
Sujeito.
c.
Complemento
oblíquo.
d.
Complemento
agente da passiva.
18.
O conector “com efeito”, usado no texto, serve
para
a.
dar uma
opinião.
b.
confirmar uma
ideia.
c.
exemplificar.
d.
indicar uma
consequência.
19.
Que outro conector, também usado neste texto,
tem o mesmo valor que “com
efeito”?
a.
No caso
de
b.
Sempre que
c.
de facto.
d.
além de
20.
Quanto à sua
tipologia, este é um texto
a.
argumentativo.
b.
narrativo.
c.
descritivo.
d.
instrucional.
Soluções:
1.c
|
2.b
|
3.c
|
4.a
|
5.b
|
6.d
|
7.a
|
8.d
|
9.a
|
10.d
|
11.d
|
12.c
|
13.b
|
14.a
|
15.a
|
16.b
|
17.d
|
18.b
|
19.c
|
20.b
|
ATENÇÃO AOS USO DOS PRETÉRITOS!!!!
Completa as frases com os verbos entre
parêntesis nos Pretéritos Perfeito, Imperfeito ou
Mais-que-Perfeito (se assim desejares, imprime o exercício, ou copia as
respostas, e entrega ao teu Professor de Língua Portuguesa para que este o
corrija):
Repara que:
O Pretérito Perfeito usa-se quando a acção, de carácter passado, já terminou (Ex: Ela contou uma história às crianças.);
O Pretérito Imperfeito usa-se quando a acção, apesar de passada, se prolongou no tempo (Ex: Quando era mais nova via televisão até de madrugada.);
O Pretérito Mais-que-Perfeito usa-se quando a acção é anterior a outra (ou outras) acções, igualmente passadas (Ex: Quando o condutor se apercebeu (verbo no Pretérito Perfeito) do perigo, já batera no carro da frente.)
1. Quando o despertador _______ (tocar) eu já me _________ (levantar) há 10 minutos.
2. Antigamente ________ (chover) mais no Outono.
3. A Joana _________ (telefonar) à prima para saber se esta _______ (dar) o recado à mãe.
4. Os alunos _________ (estudar) pouco para os testes.
5. A Margarida _________ (jogar) voleibol às terças-feiras quando ainda _______ (morar) no Porto.
6. O pai _________ (zangar-se) sempre que _______ (ligar) a televisão à hora do jantar.
7. O Rui já ________ (ganhar) o totoloto há duas semanas quando a namorada _________ (saber).
8. O Director de Turma __________ (repreender) o Luís porque este ______ (ser) malcriado com a professora de Ciências no dia anterior.
9. Porque é que tu ________ (sair) tão cedo de casa?
10. Vós não _______ (compreender) a matéria sobre os átomos que a professora _______ (explicar) na aula anterior.
11. Quando eu ________ (ser) uma criança, _______ (correr) feliz pelo jardim.
Repara que:
O Pretérito Perfeito usa-se quando a acção, de carácter passado, já terminou (Ex: Ela contou uma história às crianças.);
O Pretérito Imperfeito usa-se quando a acção, apesar de passada, se prolongou no tempo (Ex: Quando era mais nova via televisão até de madrugada.);
O Pretérito Mais-que-Perfeito usa-se quando a acção é anterior a outra (ou outras) acções, igualmente passadas (Ex: Quando o condutor se apercebeu (verbo no Pretérito Perfeito) do perigo, já batera no carro da frente.)
1. Quando o despertador _______ (tocar) eu já me _________ (levantar) há 10 minutos.
2. Antigamente ________ (chover) mais no Outono.
3. A Joana _________ (telefonar) à prima para saber se esta _______ (dar) o recado à mãe.
4. Os alunos _________ (estudar) pouco para os testes.
5. A Margarida _________ (jogar) voleibol às terças-feiras quando ainda _______ (morar) no Porto.
6. O pai _________ (zangar-se) sempre que _______ (ligar) a televisão à hora do jantar.
7. O Rui já ________ (ganhar) o totoloto há duas semanas quando a namorada _________ (saber).
8. O Director de Turma __________ (repreender) o Luís porque este ______ (ser) malcriado com a professora de Ciências no dia anterior.
9. Porque é que tu ________ (sair) tão cedo de casa?
10. Vós não _______ (compreender) a matéria sobre os átomos que a professora _______ (explicar) na aula anterior.
11. Quando eu ________ (ser) uma criança, _______ (correr) feliz pelo jardim.
12. No Verão passado, o sol ________ (brilhar) pouco.
Memorial do Convento
FICHA DE AVALIAÇÃO SOBRE A OBRA "MEMORIAL DO CONVENTO"
I
A
Leia o texto com
atenção e responda às questões que se seguem.
“Enfim o rei bate na testa, resplandece-lhe a fronte, rodeia-o o nimbo da inspiração, E se aumentássemos para duzentos frades o convento de Mafra, quem diz duzentos, diz quinhentos, diz mil, estou que seria uma acção de não menor grandeza que a basílica que não pode haver. O arquitecto ponderou, Mil frades, quinhentos frades, é muito frade, majestade, acabávamos por ter de fazer uma igreja tão grande como a de Roma, para lá poderem caber todos, Então, quantos, Digamos trezentos, e mesmo assim já vai ser pequena para eles a basílica que desenhei e está a ser construída, com muitos vagares, se me é permitido o reparo, Sejam trezentos, não se discute mais, é esta a minha vontade, Assim se fará, dando vossa majestade as necessárias ordens.
Foram dadas. (…) D. João V levantou-se da sua cadeira, beijou a mão do provincial, humildando o poder da terra ao poder do céu, e quando se tornou a sentar repetiu-se-lhe o halo em redor da cabeça, se este rei não se cautela acaba santo.
Retirou-se rasando vénias João Frederico Ludovice para ir reformar os desenhos, recolheu-se o provincial[1] à província para ordenar os actos congratulatórios adequados e dar a boa nova, ficou o rei, que está em sua casa, agora esperando que regresse o almoxarife[2] que foi pelos livros da escrituração, e quando ele volta pergunta-lhe, depois de colocados sobre a mesa os enormes in-fólios[3], Então diz-me lá como estamos de deve e haver. O guarda-livros leva a mão ao queixo parecendo que vai entrar em meditação profunda, abre um dos livros como para citar uma decisiva verba, mas emenda ambos os movimentos e contenta-se com dizer, Saiba vossa majestade de que, haver, havemos cada vez menos, e dever, devemos cada vez mais, Já o mês passado me disseste o mesmo, E também o outro mês, e o ano que lá vai, por este andar ainda acabamos por ver o fundo ao saco, majestade, Está longe daqui o fundo dos nossos sacos, um no Brasil, outro na Índia, quando se esgotarem vamos sabê-lo com tão grande atraso que poderemos então dizer, afinal estávamos pobres e não sabíamos, Se vossa majestade me perdoa a o atrevimento, eu ousaria dizer que estamos pobres e sabemos, Mas, graças sejam dadas a Deus, o dinheiro não tem faltado, Pois não, e a minha experiência contabilística lembra-me todos os dias que o pior pobre é aquele a quem o dinheiro não falta, isso se passa em Portugal, que é um saco sem fundo, entra-lhe o dinheiro pela boca e sai-lhe pelo cu, com perdão de vossa majestade, Ah, ah, ah, riu o rei, essa tem muita graça, sim senhor, queres tu dizer na tua que a merda é dinheiro, Não, majestade, é o dinheiro que é merda, e eu estou em muito boa posição para o saber, de cócoras, que é como sempre deve estar quem faz as contas do dinheiro dos outros. Este diálogo é falso, apócrifo[4], calunioso, e também profundamente imoral, não respeita o trono nem o altar, pões um rei e um tesoureiro a falar como arrieiros em taberna, só faltava que os rodeassem inflamâncias de maritornes[5], seria um desbocamento completo, porém, isto que se leu é somente a tradução moderna do português de sempre, posto o que disse o rei, A partir de hoje, passas a receber vencimento dobrado para que te não custe tanto fazer força, Beijo as mãos de vossa majestade, respondeu o guarda-livros.”
José Saramago, Memorial do Convento
1. Indica as características da personalidade do rei presentes neste excerto, exemplificando com elementos textuais.
2. Explica, por palavras tuas, o sentido das expressões sublinhadas no contexto em que estão inseridas:
· “(…) ainda acabamos por ver o fundo ao saco(…)”
· “(…) isso se passa em Portugal, que é um saco sem fundo (..)”
3. A complexidade do estatuto do narrador de Memorial do Convento está bem presente nesta passagem da obra.
3.1. Aponta dois momentos em que o narrador utiliza um tom irónico em relação ao rei.
3.2. Sinaliza as passagens em que o narrador, assumindo a sua omnisciência, reflecte sobre a sua própria escrita.
4. Como sabes, o verbo haver, conforme o seu significado, pode empregar-se em todas as pessoas ou apenas na 3ª pessoa do singular.
4.1. Indica em qual das frases o verbo haver está na pessoa errada:
a. O rei entedia que eles haviam de construir um convento maior.
b. A gastar daquele modo, eles haverão de ver o fundo ao saco.
c. Foram muitos os governantes que se houveram com o mesmo problema.
d. O dinheiro não era problema, pois haviam dois sacos aonde ir buscá-lo.
e. Havia já alguns anos que as dívidas iam aumentando.
B
Pela leitura que fizeste de Memorial do
Convento, comenta, num texto de sessenta a oitenta palavras, a relação
amorosa de Baltasar e Blimunda por oposição à que o rei e a rainha
mantêm.
II
A. Lê o texto que se segue e selecciona a alínea
correcta para cada questão:
“Este livro reúne alguns dos textos que mensalmente e ao
longo dos últimos anos fui publicando (…). A estranheza do título justifica uma
explicação, para que ele não passe como um mero exercício de estilo.
Quando era pequeno — muito pequeno, talvez oito ou dez anos — lembro-me de estar deitado na banheira, em casa dos meus pais, a ler um livro de quadradinhos. Era uma aventura do David Crockett, o desbravador do Kentucky e do Tenessee, que haveria de morrer na mítica batalha do Forte Álamo. Nessa história, o David Crockett era emboscado por um grupo de índios, levava com um machado na cabeça, ficava inconsciente e era levado prisioneiro para o acampamento índio. Aí, dentro de uma tenda, dia e noite, molhando-lhe a testa com água, havia uma índia muito bonita — uma “squaw”, na literatura do Far-West — que cuidava dele, dia e noite, molhando-lhe a testa com água, tratando das suas feridas e vigiando o seu coma. E, a certa altura, ela murmurava para o seu prostrado e inconsciente guerreiro: “não te deixarei morrer, David Crockett!”
Não sei porquê, esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre, quase obsessivamente. Durante muito tempo, preservei-as à luz do seu significado mais óbvio: eu era o David Crockett, que queria correr mundo e riscos, viver aventuras e desvendar Tenessees. Iria, fatalmente, sofrer, levar pancada e ficar, por vezes inconsciente. Mas ao meu lado haveria sempre uma índia, que vigiaria o meu sono e cuidaria das minhas feridas, que me passaria a mão pela testa quando eu estivesse adormecido e me diria: “não te deixarei morrer, David Crockett!” E, não só por isso, eu sobreviria a todos os combates. Banal, elementar.
Porém, mais tarde, comecei a compreender mais coisas sobre as emboscadas, os combates e o comportamento das índias perante os guerreiros inconscientes. Foi aí que percebi que toda a minha interpretação daquela cena estava errada: o David Crockett representava sim a minha infância, a minha crença de criança numa vida de aventuras, de descobertas, de riscos e de encontros. Mas mais, muito mais do que isso: uma espécie de pureza inicial, um excesso de sentimentos e de sensibilidade, a ingenuidade e a fé, a hipótese fantástica da felicidade para sempre. (…)”
Selecciona a opção correcta para cada questão.
1. Com a afirmação “esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre”, o autor quer dizer que
a. se sentia marcado para toda a vida por aquela frase e aquela cena.
b. transportava consigo, sempre que viajava, um livro de David Crockett.
c. se lembrava daquela frase e daquela cena sempre que viajava.
d. tinha aquela frase gravada na pasta que usava em viagem.
2. Na frase iniciada por “Foi aí que” , o autor assinala o momento em que
a. leu a história aventurosa e acidentada do desbravador David Crockett.
b. tomou consciência de que David Crockett era o símbolo da sua infância.
c. sentiu a necessidade de preservar na memória o herói David Crockett.
d. julgou que era David Crockett, o mítico combatente de Forte Álamo.
3. A perífrase verbal em “e ao longo dos últimos anos fui publicando” traduz uma acção
a. momentânea, no passado.
b. repetida, do passado ao presente.
c. apenas começada, no passado.
d. posta em prática, no momento.
4. A locução “para que” permite estabelecer na frase uma relação de
a. causalidade.
b. completamento.
c. finalidade.
d. retoma.
5. O uso do travessão duplo justifica-se pela necessidade de
a. destacar uma explicitação.
b. registar falas em discurso directo.
c. marcar alteração de interlocutor.
d. sinalizar uma conclusão.
6. O uso repetido do nome “David Crockett”
a. constitui um mecanismo de coesão lexical.
b. assegura a progressão temática.
c. constitui um processo retórico.
d. assegura a coesão interfrásica do texto.
7. Assinala se as afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F):
a. O segmento textual “Este livro reúne alguns dos textos que mensalmente e ao longo dos últimos anos fui publicando” constitui um acto ilocutório directivo.
b. O constituinte “inconsciente” em “Nessa história, o David Crockett (…) ficava inconsciente” desempenha, na frase, a função de predicativo do sujeito.
c. Os vocábulos “batalha” e “combates” mantêm entre si uma relação de antonímia.
d. O antecedente do pronome relativo “que” é “uma índia muito bonita” .
e. Em “molhando-lhe a testa com água, tratando das suas feridas e vigiando o seu coma”, as formas verbais “molhando”, “tratando” e “vigiando” traduzem o modo continuado como a índia cuidava de David Crockett.
f. Na frase “ela murmurava para o seu prostrado e inconsciente guerreiro” ,os adjectivos têm um valor restritivo.
g. Em “não te deixarei morrer, David Crockett” ,“te” e “David Crockett” são referências deícticas pessoais.
h. Na frase “preservei-as à luz do seu significado mais óbvio” , o referente de “as” é “esta frase e esta cena” i. A frase “que vigiaria o meu sono” é subordinada relativa restritiva.
j. O conector “Porém” introduz uma relação de oposição entre o que anteriormente foi dito e a ideia exposta posteriormente.
Quando era pequeno — muito pequeno, talvez oito ou dez anos — lembro-me de estar deitado na banheira, em casa dos meus pais, a ler um livro de quadradinhos. Era uma aventura do David Crockett, o desbravador do Kentucky e do Tenessee, que haveria de morrer na mítica batalha do Forte Álamo. Nessa história, o David Crockett era emboscado por um grupo de índios, levava com um machado na cabeça, ficava inconsciente e era levado prisioneiro para o acampamento índio. Aí, dentro de uma tenda, dia e noite, molhando-lhe a testa com água, havia uma índia muito bonita — uma “squaw”, na literatura do Far-West — que cuidava dele, dia e noite, molhando-lhe a testa com água, tratando das suas feridas e vigiando o seu coma. E, a certa altura, ela murmurava para o seu prostrado e inconsciente guerreiro: “não te deixarei morrer, David Crockett!”
Não sei porquê, esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre, quase obsessivamente. Durante muito tempo, preservei-as à luz do seu significado mais óbvio: eu era o David Crockett, que queria correr mundo e riscos, viver aventuras e desvendar Tenessees. Iria, fatalmente, sofrer, levar pancada e ficar, por vezes inconsciente. Mas ao meu lado haveria sempre uma índia, que vigiaria o meu sono e cuidaria das minhas feridas, que me passaria a mão pela testa quando eu estivesse adormecido e me diria: “não te deixarei morrer, David Crockett!” E, não só por isso, eu sobreviria a todos os combates. Banal, elementar.
Porém, mais tarde, comecei a compreender mais coisas sobre as emboscadas, os combates e o comportamento das índias perante os guerreiros inconscientes. Foi aí que percebi que toda a minha interpretação daquela cena estava errada: o David Crockett representava sim a minha infância, a minha crença de criança numa vida de aventuras, de descobertas, de riscos e de encontros. Mas mais, muito mais do que isso: uma espécie de pureza inicial, um excesso de sentimentos e de sensibilidade, a ingenuidade e a fé, a hipótese fantástica da felicidade para sempre. (…)”
Miguel Sousa Tavares, Não Te Deixarei Morrer, David
Crockett
Selecciona a opção correcta para cada questão.
1. Com a afirmação “esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre”, o autor quer dizer que
a. se sentia marcado para toda a vida por aquela frase e aquela cena.
b. transportava consigo, sempre que viajava, um livro de David Crockett.
c. se lembrava daquela frase e daquela cena sempre que viajava.
d. tinha aquela frase gravada na pasta que usava em viagem.
2. Na frase iniciada por “Foi aí que” , o autor assinala o momento em que
a. leu a história aventurosa e acidentada do desbravador David Crockett.
b. tomou consciência de que David Crockett era o símbolo da sua infância.
c. sentiu a necessidade de preservar na memória o herói David Crockett.
d. julgou que era David Crockett, o mítico combatente de Forte Álamo.
3. A perífrase verbal em “e ao longo dos últimos anos fui publicando” traduz uma acção
a. momentânea, no passado.
b. repetida, do passado ao presente.
c. apenas começada, no passado.
d. posta em prática, no momento.
4. A locução “para que” permite estabelecer na frase uma relação de
a. causalidade.
b. completamento.
c. finalidade.
d. retoma.
5. O uso do travessão duplo justifica-se pela necessidade de
a. destacar uma explicitação.
b. registar falas em discurso directo.
c. marcar alteração de interlocutor.
d. sinalizar uma conclusão.
6. O uso repetido do nome “David Crockett”
a. constitui um mecanismo de coesão lexical.
b. assegura a progressão temática.
c. constitui um processo retórico.
d. assegura a coesão interfrásica do texto.
7. Assinala se as afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F):
a. O segmento textual “Este livro reúne alguns dos textos que mensalmente e ao longo dos últimos anos fui publicando” constitui um acto ilocutório directivo.
b. O constituinte “inconsciente” em “Nessa história, o David Crockett (…) ficava inconsciente” desempenha, na frase, a função de predicativo do sujeito.
c. Os vocábulos “batalha” e “combates” mantêm entre si uma relação de antonímia.
d. O antecedente do pronome relativo “que” é “uma índia muito bonita” .
e. Em “molhando-lhe a testa com água, tratando das suas feridas e vigiando o seu coma”, as formas verbais “molhando”, “tratando” e “vigiando” traduzem o modo continuado como a índia cuidava de David Crockett.
f. Na frase “ela murmurava para o seu prostrado e inconsciente guerreiro” ,os adjectivos têm um valor restritivo.
g. Em “não te deixarei morrer, David Crockett” ,“te” e “David Crockett” são referências deícticas pessoais.
h. Na frase “preservei-as à luz do seu significado mais óbvio” , o referente de “as” é “esta frase e esta cena” i. A frase “que vigiaria o meu sono” é subordinada relativa restritiva.
j. O conector “Porém” introduz uma relação de oposição entre o que anteriormente foi dito e a ideia exposta posteriormente.
III
Selecciona apenas uma hipótese e constrói um texto
coerente entre cento e cinquenta e duzentas palavras:b. Elabora um texto onde tenhas em conta as alterações climáticas, o aquecimento global, as tuas preocupações ambientais e o que fazes para melhorar o mundo.
c. Considera, no romance Memorial do Convento, de José Saramago, a relação entre o título e o conteúdo e refere a importância que o aspecto mencionado assume no universo da obra.
Notas de rodapé:
[1] Superior religioso de uma província eclesiástica
[2] Tesoureiro da casa real.
[3] Livro ou volume com formato de folha de impressão dobrada ao meio.
[4] Não autêntico
[5] “Maritornes”- personagem de D. Quixote, criada asturiana numa hospedaria, bem feita de corpo, mas feia e ordinária; “inflamâncias”- exaltações, entusiasmos.
[1] Superior religioso de uma província eclesiástica
[2] Tesoureiro da casa real.
[3] Livro ou volume com formato de folha de impressão dobrada ao meio.
[4] Não autêntico
[5] “Maritornes”- personagem de D. Quixote, criada asturiana numa hospedaria, bem feita de corpo, mas feia e ordinária; “inflamâncias”- exaltações, entusiasmos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)